FEMINISMO: TEORIA E PRÁTICA NA CONSTRUÇÃO DE UMA SOCIEDADE IGUALITÁRIA1.

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Transcrição:

FEMINISMO: TEORIA E PRÁTICA NA CONSTRUÇÃO DE UMA SOCIEDADE IGUALITÁRIA1. Autora(1): Edilene Silva Amaral; Autor(2): Édila Pinto da Silva; Orientador: (3) João Paulo Rocha dos Passos. (1) Graduanda do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia; (2) Graduanda do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia; (3) Mestre em Física. ¹Universidade do Estado do Pará, edilenesamaral@hotmail.com; ² Universidade do Estado do Pará, edilapds@gmail.com; ³Universidade do Estado do Pará, jprpassos@uepa.br. Resumo Este artigo tem como objetivo apresentar os resultados obtidos em dois dias do minicurso Movimento feminista: uma discussão necessária, por quê? realizado na XXII Semana Acadêmica do Centro de Ciências Sociais e Educação da Universidade do Estado do Pará, onde discutiu-se sobre o movimento feminista e o que o engloba, como: vertentes, história de origem e pautas. A metodologia deste trabalho baseou-se em uma pesquisa qualitativa, onde foram analisadas as ações e práticas dos participantes durante o minicurso. Os cerca de 40 participantes do minicurso, com faixa etária entre 19 e 40 anos, eram em sua maioria mulheres e demonstraram um conhecimento prévio sobre o que é o movimento feminista. A partir da execução do minicurso percebeu-se a importância do debate sobre o movimento feminista na Universidade, a fim de esclarecer distorções sobre o assunto e dar voz as mulheres que sofrem algum tipo de violência dentro da instituição. Palavras-Chave: Feminismo. Discussão. Esclarecimento. INTRODUÇÃO Este trabalho é originário de minicurso intitulado Movimento feminista: uma discussão necessária, por quê?, que foi apresentado na XXII Semana Acadêmica do Centro de Ciências Sociais e Educação da Universidade do Estado do Pará, e teve como finalidade apresentar o movimento feminista no que se refere à origem do movimento, no contexto internacional, nacional e local; suas vertentes (radical, marxista, liberal, transfeminista, LGBT e negro) e expor suas pautas. Diante de uma sociedade ainda imersa no machismo, o movimento feminista vem sendo deturpado pelas mídias sociais e dessa maneira sendo propagado um pré-conceito errôneo de ser um movimento similar ao machismo, porém muda-se o gênero dominante, um movimento que objetiva acabar com os homens da sociedade, entretanto o feminismo é a luta de igualdade de gêneros. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, quando trata sobre os direitos e garantias fundamentais da pessoa humana, no art. 5º diz que: 1 Trabalho originário de minicurso intitulado Movimento feminista: uma discussão necessária, por quê?, que foi apresentado na XXII Semana Acadêmica do Centro de Ciências Sociais e Educação da Universidade do Estado do Pará.

Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; (BRASIL, 1988). Apesar de a igualdade ser garantida perante a legislação, porquê se ter um movimento lutando pela igualdade? O movimento feminista surgiu no período de grandes transformações iniciada na Revolução Francesa e ganhando força na Revolução Industrial e ainda é pertinente devido ao pensamento do regime patriarcal, onde o homem é o grande responsável pela subsistência familiar, o chefe da família, ganhando forma e expressão pelo machismo, que menospreza o ser mulher. O machismo presente na sociedade brasileira ocasiona que essa igualdade entre os gêneros não seja efetivada, visto que mulheres e homens desempenhando a mesma função, o homem recebe o salário maior, enquanto a mulher é remetida ao salário menor, conforme dados do IBGE: As trabalhadoras brasileiras ganhavam, em 2015, 23,6% menos que os trabalhadores. Dados do Cadastro Central de Empresas (Cempre) revelam que, considerando o universo de pessoas ocupadas assalariadas, os homens receberam em média R$2.708,22 e as mulheres R$2.191,59 (IBGE, 2017). Diante do exposto, o objetivo do trabalho em questão é expor os resultados obtidos no primeiro e segundo dia de minicurso realizado acerca do movimento feminista, no que concerne a vertentes, história do movimento, contexto histórico no qual foi construído. METODOLOGIA Este artigo teve como base a pesquisa qualitativa, onde foram analisados dados obtidos a partir da aplicação do minicurso Movimento feminista: uma discussão necessária, por quê?, a pesquisa qualitativa é importante para: [...] descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais, contribuir no processo de mudança de determinado grupo e possibilitar, em maior nível de profundidade, o entendimento das particularidades do comportamento dos indivíduos (RICHARDSON, 1999, p.80). Assim serão ponderadas as ações e práticas dos participantes do minicurso, que ocorreu em três dias, sendo utilizadas duas horas por dia. No primeiro dia foi questionado os participantes o relataram o motivo de terem escolhido o minicurso e também escreveram em um papel o que eles sabiam sobre o movimento feminista, foi exposto aos participantes através de uma aula expositiva a

trajetória histórica, o contexto no qual se originou o movimento e os personagens de maior destaque que fizeram e fazem parte do movimento no âmbito internacional, nacional e regional, além de que os participantes e para finalizar dividiram-se em dois grupos, onde um teria que explicar o que é um homem e o outro grupo explicaria o que é uma mulher através da dinâmica do extraterrestre. No segundo dia, foram recepcionados através de uma dinâmica, intitulada dinâmica da empatia, onde em um papel descreveriam um problema que estavam passando e não saberiam como resolver, posteriormente a aula expositiva abordando as vertentes e os termos de atitudes ou falas machistas, pois possuem quatro termos que tipificam o machismo: manterrupting, bropriating, mansplaining e gaslighting, e através de uma roda viva os participantes puderam expor suas opiniões e experiências a respeito do feminismo, termos machistas e vertentes abordadas. Para finalizar, no terceiro dia, as ministrantes dividiram-se em 4 grupos, escolheram entre as pautas escritas pelas ministrantes e criaram painéis sobre elas expondo suas opiniões discutidas em grupo, quando havia discordância, os cartazes foram expostos em prós e contra. Porém, em relação aos dados obtidos, nos detenhamos a exposição das discussões do primeiro e segundo dia do minicurso. RESULTADOS E DISCUSSÕES O minicurso contou com cerca de 40 participantes, na faixa etária entre 19 e 40 anos, sendo a maioria mulheres. Percebeu-se que eles já tinham uma noção prévia sobre o que era o movimento feminista, além disso, relataram que haviam escolhido o minicurso, pois achavam importante tais discussões e gostariam de saber um pouco mais sobre ele. No início do minicurso foi solicitado que os participantes respondessem a seguinte pergunta: O que é o feminismo para você?. Todos mostraram respostas parecidas quanto ao que é o movimento feminista, serão mostradas algumas respostas que foram selecionadas tendo como base algumas informações a mais. Para fins deste estudo, os indivíduos serão identificados com a letra P (participante) onde teremos P1, P2 e P3. Luta!!! Pelos direitos das mulheres no mercado de trabalho na vida social e igualdade social em relação ao homem P1 Feminismo é um movimento necessário, devido a realidade que as mulheres enfrentam na sociedade. Um movimento que luta pela igualdade de gêneros e defende os direitos das mulheres. P2

Feminismo é busca de direitos igualitários das mulheres diante de uma sociedade machista e tradicionalista. Não é uma disputa de poder, mas sim o nivelamento da força e o reconhecimento de si como pessoa e não de um objeto frágil e manipulável. P3 Essa busca pelo conhecimento é muito importante para a emancipação feminina, pois O direito ao saber, não somente à educação, mas à instrução, é certamente a mais antiga, a mais constante, a mais largamente compartilhada das reivindicações [do movimento feminista]. Porque ele comanda tudo: a emancipação, a promoção, o trabalho, a criação, o prazer (PERROT, 2007, p.159). A busca do saber é tão importante, pois diante das exposições e discussões que obtivemos, notou-se que apesar de um conhecer e entrar em contato com outras visões sobre o movimento feminista, todos que estavam presentes (Visto que não havia somente mulheres), puderam produzir conhecimento, diálogo e com isso um processo educativo, pois como aponta Freire (1996) sobre o inacabamento do ser, ao notarmos que somos inacabáveis, nos tornamos educáveis. Os participantes foram indagados sobre o ser mulher e o ser homem, onde confeccionaram dois cartazes: Imagem 1 - Cartaz confeccionado pelo grupo sobre o que é ser mulher. Imagem 2 - Cartaz confeccionado pelo grupo sobre o que é ser homem. Ao analisarmos a imagem 1, percebe-se que o ser mulher é o que ela pretender ser, as mulheres não devem ser configuradas a um padrão, pois vive-se em uma diversidade não só de crenças, cor, cultura, mas o ser, a essência é algo particular, logo não cabe amarras ao ser mulher, temos que desconstruir essa visão padronizada, além de que sobre a mulher feminista conforme (CECÍLIA apud COSTA; SARDENBERG, 2008, p. 200): O que me preocupou é o fato de sabermos que esse ser mulher que existia foi construído, não é natural; hoje nós desconstruímos esse ser mulher, o feminismo trouxe a possibilidade de se desconstruir e entender que não queremos ser esse estereótipo da feminista que também foi criado, que a feminista é durona, sapatona, aquela que queima o sutiã e todas as imagens negativas que a mídia criou, não é isso que é ser feminista. Gostaria de saber se estamos conseguindo fazer uma nova identidade que não essa nem

aquela da mulher feminina submissa, pois nós também choramos, queremos colinho, não pretendemos ser duronas todas as horas; acho que isso não é ser feminista. Um dos debates que o movimento feminismo discute é sobre esse eu mulher, que ainda é recorrente, propagado em torno do que se é mulher e sobre o que é uma mulher feminista. E ao atentarmos o olhar sobre o ser homem, ocorre a exposição sobre o fator biológico e social, que nos implica dizer, sobre seus privilégios pelo ser homem: superestimados, pois eles são vistos pelo patriarcalismo como o responsável por prover o lar, por isso devem buscar posições na sociedade de reconhecimento e valorização; liberdade, principalmente ao que diz respeito a sexualidade, visto que ao se relacionar com quantas mulheres puderam, é naturalizado, enquanto as mulheres, se fizerem o mesmo, são discriminadas, humilhadas, são desonrosas. Entre alguns assuntos apresentados aos participantes no segundo dia, todos relataram desconhecer os termos abaixo. Tais termos citados vêm do inglês, e segundo o blog Think Olga (2015), Manterrupting é a palavra é uma junção de man (homem) e interrupting (e interrupção). Em tradução livre, manterrupting significa homens que interrompem. Bropriating é uma junção de bro (curto para brother, irmão, mano) e appropriating (apropriação) e se refere à quando um homem se apropria da ideia de uma mulher e leva o crédito por ela em reuniões. Já o Mansplaining é a junção de man (homem) e explaining (explicar). É quando um homem dedica seu tempo para explicar a uma mulher como o mundo é redondo, o céu é azul, e 2+2=4. E fala didaticamente como se ela não fosse capaz de compreender, afinal é mulher. E o Gaslighting é a violência emocional por meio de manipulação psicológica, que leva a mulher e todos ao seu redor acharem que ela enlouqueceu ou que é incapaz. CONCLUSA O No cenário atual brasileiro, o movimento feminista ganha cada vez mais visibilidade, tornando-se uma discussão necessária em vários âmbitos da sociedade. Assim é importante a compreensão sobre o que é o movimento, a fim de evitar conclusões erradas e mostrar a importância do mesmo para a sociedade. É necessário também a compreensão de que há várias vertentes dentro do movimento, cada qual com seu pensamento, porém todas vem lutando em prol de uma única causa, que é a igualdade e o respeito as mulheres. A partir da execução do minicurso Movimento feminista: uma discussão necessária, por quê?, percebeu-se a importância de se ter mais debates sobre o movimento feminista dentro da Universidade, a fim de esclarecer distorções sobre o feminismo que aparecem nas mídias sociais e

dar voz as mulheres que sofrem algum tipo de violência dentro da instituição, assim como conscientizar não somente as mulheres, mas homens. Além disso foi de grande importância perceber a participação de homens, mesmo que em pouco número, no minicurso, demonstrando que eles também têm interesse pelo assunto, que é de grande importância para todos. REFERE NCIAS BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado, 1998. COSTA, Ana Alice Alcantara; SARDENBERG, Cecília Maria B. (orgs). O Feminismo do Brasil: reflexões teóricas e perspectivas. Salvador: UFBA, Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher, 2008. Disponível em: <http://www.neim.ufba.br/wp/wpcontent/uploads/2013/11/feminismovinteanos.pdf>. Acesso em: 17. Jul. 2017. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas-novoportal. Acesso em: 20.out.2017. O machismo também mora nos detalhes. 2015. Disponível em < http://thinkolga.com/2015/04/09/o-machismo-tambem-mora-nos-detalhes/>. Acesso em Acesso em 07. set. 2017. 19:23. PERROT, Michelle. Minha história das mulheres. São Paulo: Contexto. 2007. p.159. RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa Social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1999.