Módulo 7: A CULTURA DO SALÃO



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Transcrição:

Objectivos para orientar o estudo dos conteúdos de História da Cultura e das Artes 11º Ano (2009-2010) Professor: Luís Paulo Ribeiro Módulo 7: A CULTURA DO SALÃO A/ Apresentação do Módulo 7 (ver livro p.4) B/ Leitura e análise do texto introdutório (ver livro p. 5) 1 Responder às questões formuladas no âmbito do texto introdutório (ver livro p. 5) C/ Desenvolvimento do módulo 7 I 1714-1815 -Da morte de Luís XIV à Batalha de Waterloo; da Europa das monarquias à Europa da Revolução (o tempo e o espaço) 2 Situar, no tempo, o período histórico relacionado com a chamada Cultura do Salão (p.6). Entre 1714 (ano da morte de Luís XIV) e 1815 (ano da batalha de Waterloo). 3 Caracterizar, historicamente e de forma sucinta, o período correspondente à Cultura do Salão (p.6). É um período em que, por um lado, se mantêm instituições e estruturas do Antigo Regime (absolutismo monárquico ou despotismo esclarecido e sociedade de ordens) e, por outro lado, se anuncia uma nova era de transformações (as revoluções liberais a par de outras revoluções como a industrial). 4 Enumerar os factores que contribuíram para o surgimento e consolidação do Liberalismo (p.6). a) Revolução Agrícola (novas técnicas e processos de cultivo), b) Desenvolvimento do comércio colonial (comércio triangular), c) Desenvolvimento da indústria manufactureira no contexto da política mercantilista, d) Melhoria das condições de vida (diminuição da mortalidade, aumento da natalidade e crescimento populacional até finais do século XVIII), e) Progresso apoiado num desenvolvimento científico e técnico estimulado pelo racionalismo iluminista. 1

5 Relacionar os referidos factores com o surgimento da Revolução Industrial (pp.6-7). a) Crescimento demográfico, b) Expansão do comércio colonial, c) Revolução Agrícola e Mercantilismo (com os seus respectivos dinamismos produtivos), d) Desenvolvimento científico e técnico, e) Espírito empreendedor da burguesia (iniciativa individual, pragmatismo e racionalismo) e da parte de alguma nobreza mais aberta aos novos tempos que, assim, se constituem numa elite político-económica e sócio-cultural. 6 Descrever a vida social resultante da acção das elites ligadas à Revolução Industrial (p. 7). Devido à sua riqueza e poder, a burguesia e a nobreza, deram origem a um novo modo de vida requintado e confortável pautado por códigos de civilidade social (caçadas, banquetes, passeios e piqueniques) e por um ambiente cultural marcado pela música, canto, teatro, bailes, sessões de leitura, discussões literárias, filosóficas e artísticas. 7 Analisar a nova forma de vida social e cultural à luz da filosofia iluminista (p.7). A nova forma de vida social e cultural surgida no século XVIII e marcada por um grande interesse em torno das questões da educação e da cultura foi, em grande parte, uma consequência do pensamento iluminista que preconizou, em nome da construção de uma sociedade mais feliz, o desenvolvimento do pensamento racional e da ciência como uma condição de Progresso e consequente melhoria das condições de vida sem a qual não seria possível alcançar uma felicidade social. 8 Avaliar a importância conferida à educação pela filosofia iluminista (p.7). Na perspectiva da filosofia iluminista só através da educação seria possível levar os homens a perceber os erros em que viviam e a agir no sentido de reformar as sociedades de acordo com as leis próprias da ordem natural (os chamados direitos naturais traduzidos numa atitude de tolerância e filantropia) e da razão, enquanto capacidade intelectual de reconhecimento desses mesmos direitos naturais). 9 Analisar o impacto das ideias iluministas no despertar das Revoluções Liberais (p. 7). O impacto foi enorme, porque as ideias iluministas foram decisivas para a Proclamação Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão e a consequente consagração dos princípios e 2

valores da Liberdade, Igualdade e Fraternidade que presidiram às revoluções liberais, a começar pela Revolução Francesa de 1789. Princípios e valores, cuja aplicação levou à queda do Antigo Regime e à implantação dos primeiros regimes democráticos do Ocidente. 10 Assinalar, historicamente, os três grandes momentos que estão na origem do triunfo do liberalismo no Mundo Ocidental (p.7). a) A Revolução Parlamentar Inglesa de 1688; b) A Revolução Americana de 1776 que reflectiu a influência ideológica da Revolução Parlamentar Inglesa; c) A Revolução Francesa de 1789 que desencadeou um conjunto de outras revoluções que se prolongaram pelo século XIX alterando a ordem político-social do Mundo Ocidental (Europa e América). II O Salão O novo espaço de conforto e intimidade (o local) 11 Inserir o Barroco e o Rococó nos respectivos contextos sócio-culturais (p.10). Enquanto o Barroco reflecte um ambiente sócio-cultural mais voltado para uma valorização das coisas públicas e, simultaneamente, aposta numa arte opulenta e espectacular ao serviço de uma encenação do poder político e religioso; O Rococó reflecte e prolonga o gosto decorativo do Barroco, não numa perspectiva pública e de encenação, mas numa perspectiva privada baseada na criação de condições de conforto palaciano caracterizado pelo requinte, elegância, luxo e exuberância ao serviço de um modo de vida aristocrático marcado pela frivolidade, sensualidade e intimismo. 12 Relacionar o salão palaciano e a arte rococó (p.10). A relação entre o salão palaciano e a arte Rococó reside no facto de o salão, enquanto centro do novo modo de vida social da aristocracia e enquanto espaço reservado para recepções festivas, se ter constituído num local privilegiado de decoração requintada e faustosa à medida do gosto requintado, elegante e luxuoso da aristocracia que a promoveu. 13 Caracterizar os salões enquanto espaços de convívio sócio-cultural (pp 10-11). Os salões eram espaços privados e íntimos onde as elites intelectuais davam expressão ao seu interesse pelas coisas do espírito traduzidas em reuniões privadas de ambiente elegante e no contexto das quais se apresentavam personalidades e respectivas obras em voga na época (como por exemplo Mozart e a sua música, cantores de ópera, filósofos e cientistas). 14 Identificar um dos salões mais famosos da época das Luzes (p.11). 3

O salão da Madame Pompadour, favorita de Luís XIV e que se assumiu como protectora dos enciclopedistas. III As Luzes as rupturas culturais e científicas (síntese 1) 15 Referir o significado do termo Luzes no contexto cultural do século XVIII (p.11). Tinha o significado de conhecimentos racionais entendidos como um saber esclarecido e o único capaz de tornar claro/iluminar todas as coisas. 16 Definir o conceito iluminista (p. 11). Conceito utilizado para designar todos aqueles que punham em prática o conhecimento racional e que, por isso mesmo, os tornava pessoas esclarecidas ao desenvolverem um esforço intelectual no sentido de alcançar um conhecimento verdadeiro e de rejeitar o erro e a superstição em todas as áreas da acção humana. 17 Dizer o que é que a filosofia iluminista ou iluminismo mais valorizava no indivíduo, e porquê? (p 11). Valorizava a inteligência ou razão. Porque, no entender dos iluministas a razão humana, quando exercida em liberdade e sem constrangimentos, era o único meio capaz de: a) Assegurar um conhecimento fidedigno do universo; b) Libertar o Homem da servidão dos preconceitos, dos erros e injustiças que marcavam a época; c) Garantir o conhecimento científico acerca da Natureza e do Homem e, assim, assegurar o progresso e o bem-estar das populações para as conduzir à felicidade, considerada como direito natural de todos os homens e supremo objectivo de toda a existência. 18 Explicitar o conceito de progresso no contexto da filosofia iluminista (p.11-12). No contexto da filosofia iluminista a ideia de progresso significava a construção de um caminho para a felicidade dos homens de acordo com uma visão racionalista e optimista do futuro da Humanidade e cujas raízes remontavam ao Renascimento dos séculos XV e XVI. Na verdade, o Renascimento tinha privilegiado uma valorização do indivíduo e do seu espírito criativo, tendo, assim, dado origem a uma forma de racionalismo e empirismo materialista (dizia-se, então, que a experiência é a mãe de todas as coisas ) que está na base do desenvolvimento científico do século XVII protagonizado por Francis Bacon(que com a obra Novum Organum inaugura o método experimental), Thomas Hobbes (que defende a teoria do Homo homini lupus ), Descartes (autor da obra Dúvida Metódica e da expressão cogito, ergo sum ), Espinosa (defensor do panteismo) e outros como, John Locke que, em 1690, 4

escreveu a obra Ensaio sobre o Entendimento Humano, onde desenvolve a teoria do conhecimento empírico, 19 Analisar a importância do pensamento de John Locke para o desenvolvimento do pensamento iluminista (p.12). A importância do pensamento de Locke para o desenvolvimento do pensamento iluminista reside: a) No facto de o iluminismo valorizar o mundo físico (Natureza) e a determinação das leis naturais considerando-as como as únicas verdadeiramente universais; b) No facto de uma valorização das leis naturais ter associado, igualmente, uma idêntica valorização dos direitos naturais (liberdade e igualdade para todos os homens); c) No facto de, a par das leis e direitos naturais associados a uma moral natural, ter preconizado uma condenação da tradição, enquanto noção oposta à ideia de progresso, sendo de considerar que à noção de tradição estavam associadas as realidades da religião, dos regimes absolutistas e a sociedade de ordens, 20 Avaliar as consequências da forte crença iluminista numa supremacia da Natureza e das leis naturais no governo do Universo e das sociedades (p.12). As consequências foram muito vastas e traduzidas em várias atitudes, tais como: a) A criação de uma nova religião natural (segundo a qual o Bem se identificava com o prazer e o Mal com a dor; b) A recusa do Deus sobrenatural da religião tradicional; c) A adopção de novos conceitos e atitudes religiosas, posteriormente, designados pelas ideias de ateísmo e deísmo; d) A sobrevalorização do Homem e de todo um conjunto de valores a ela associados e traduzidos numa sacralização dos princípios de: - Individualismo, - Liberdade, - Igualdade, - Dignificação pessoal alicerçada no trabalho, na instrução e no progresso. 21 Referir o grupo social que melhor se identificou com os princípios do Iluminismo (p.12). Esse grupo foi a burguesia marcada por um forte crescimento e ascensão económico-social e política que, naturalmente, criou um ambiente social propício à recepção desses princípios por parte das classes dirigentes (aristocracia), bem como alguns homens cultos da época que, assim, 5

criaram as condições para a afirmação de uma forma de governo designada pelo conceito de despotismo iluminado ou esclarecido. 22 Identificar um vasto conjunto de homens cultos que se deixaram inspirar pelos ideais do Iluminismo (p.12). Condorcet, Turgot, Montesquieu, Voltaire, Rousseau, Ribeiro Sanches, Luís António Verney. 23 Mencionar uma das obras mais emblemáticas da difusão do espírito iluminista do século XVIII (p.12). Foi a célebre Enciclopédia, também designada de Dicionário Racional das Ciências, das Artes e dos Ofícios, dirigida por Diderot e d Alembert e cuja primeira edição remonta a 1751, sendo composta por 28 volumes contando com a colaboração de muitas personalidades que através dela divulgavam os seus conhecimentos mais modernos e actualizados sobre todos os áreas do saber e da acção humanos. IV Da festa galante à festa cívica, A revolução da sensibilidade (síntese2) 24 Dizer em que consistiam e qual o significado das chamadas virtudes sociais da sociedade do século XVIII (p.13). Consistiam no cultivo, em ambientes sociais festivos, de hábitos de vida requintada e luxuosa encarados como uma expressão de: a) Civilidade; b) Boas maneiras; c) Galanteria. Significavam um conjunto de cuidados que importava respeitar ao nível: a) Do aspecto pessoal; b) Do vestir bem; c) Do falar rebuscado; d) Do uso de gestos delicados, cheios de floreados e de gentilezas. 25 Relacionar o fim das chamadas virtudes sociais do século XVIII com o início das revoluções liberais (p.13). Devido ao carácter democrático e popular dos ideais revolucionários do liberalismo impõem-se atitudes menos elitistas e de carácter mais pragmático e cívico com o objectivo de criar cidadãos activos, politizados e capazes de intervir de forma responsável nos acontecimentos sociais do tempo. Dentro desse espírito pragmático e cívico, foram criadas as festas cívicas que, em grande parte, tentavam substituir as antigas festas religiosas do Antigo regime. 6

Consistiam essas festas cívicas numa comemoração dos grandes feitos revolucionários da época, em França, e no contexto das quais se procuravam exaltar publicamente as vitórias e os heróis nacionais. V Biografia 26 Responder às questões relacionadas com a vida, obra e pensamento de Jean-Jacques Rousseau (p.15). VI Acontecimento 27 Responder às questões relacionadas com a Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão (p.17). D/ As Artes Rococó e Neoclássica I (Introdução) 28 Definir Arte Rococó (p 18). É uma arte tardo-barroca de composição mais livre e de carácter mais sensual que se opõe ao gosto ostentatório, teatral e heróico do barroco. 29 Definir Arte Neoclássica (p.19). É uma arte que se opõe ao barroco e artes dele derivadas propondo uma nova estética que procura unificar a arte europeia e ocidental retomando os critérios da arte da antiguidade clássica: simplicidade, monumentalidade, clareza e serenidade. II A Arte Rococó o sentido da festa; a intimidade galante 30 Caracterizar, de forma sucinta, o mundo artístico do século XVIII (p.20). É um século marcado por uma grande profusão de estilos contraditórios entre si do ponto de vista decorativo ao apresentarem-se tanto com características exuberantes como sóbrias. Desse conjunto de estilos fazem parte: a) O Barroco tardio (ao serviço das cortes católicas e das sociedades protestantes); b) A Arte versalhesa (réstias da arte do tempo de Luís XIV); c) O Rococó (que cultiva a fantasia dos espaços interiores); d) O Neoclassicismo (baseado nos modelos da Antiguidade Clássica); e) O Pré-Romantismo (que evocou a Idade Média, o nascimento das nações, a imaginação e o fantástico). 31 Caracterizar a Arte Rococó quanto ao: 7

a) Seu percurso regista-se o facto de que nasceu, em França, por volta de 1715-20 e atingiu o seu apogeu em 1730, tendo decaído após o reinado de Luís XIV, ao qual esteve ligado. Ou seja decaiu a partir de 1774; b) Sentido estético foi uma arte que procurou reflectir um espírito tolerante, crítico, irreverente, intimista e individualista próprio do Homem das Luzes; c) Função social a arte rococó foi feita para satisfazer o gosto da elite aristocrática e intelectual amante do exotismo, da fantasia, da alegria e do natural; d) Carácter ornamental - a arte rococó assumiu-se como uma estética essencialmente decorativa privilegiando a arte do desenho no contexto das chamadas artes menores (artes aplicadas/artesanato), tais como: - O mobiliário (com aplicações de tecidos acolchoados e embutidos de metal, de lacas da China, de madre-pérolas ) ; - A cerâmica (com as suas fábricas na Saxónia ); - A ourivesaria; - A tapeçaria; - A prataria; - A ferraria. (p.20). 32 Definir Arte Rocaille (p. 20). É uma arte decorativa que utiliza essencialmente elementos naturalistas como a concha da vieira e que são, habitualmente, conhecidos pela designação de grotescos. Esta forma de arte expandiu-se por toda a Europa e atingiu, igualmente, os impérios português e espanhol. (A arquitectura rococó) 33 Situar, no espaço, a arquitectura rococó (p. 20). Os mais belos monumentos religiosos e civis desta corrente artística encontram-se na Alemanha e na Áustria. 34 Caracterizar, em termos gerais, a arquitectura rococó (p. 22). a) Diferenciação dos edifícios, de acordo com a sua função e consequente atenção aos espaços, à sua articulação e decoração; b) Estruturas arquitectónicas marcadas por um traçado exterior e por um conceito interior orientado para as questões de conforto, comodidade e intimidade; c) Utilização de elementos decorativos barrocos: - Arabescos, - Linhas ondulantes, irregulares e assimétricas, 8

- Formas e motivos aplicados de maneira muito variada e caprichosa às quais se acrescentam novos elementos como conchas, algas marinhas, rocalhos (imitação de rochas) e chinoiseries (chinesices). d) Uso de materiais fingidos (falsos mármores, madeiras e estuques pintados Observação: Mais do que a arquitectura religiosa, o rococó beneficiou a arquitectura civil do hotel particulier e do chateau. 35 Caracterizar a arquitectura civil rococó na sua dimensão exterior (p.22). A arquitectura civil rococó, na sua dimensão exterior, não apresenta a monumentalidade do barroco, na medida em que os seus edifícios têm apenas dois andares com as seguintes características: a) As fachadas alinhadas e alisadas (os elementos decorativos como as colunas, frontões e esculturas são inexistentes; os ângulos rectos são substituídos por curvas audazes e os telhados têm duas águas; b) As balaustradas, os entablamentos e as cornijas mantêm-se; c) As portas-janelas são de maior dimensão, ritmadas e com arcos de volta perfeita ou achatados; d) A decoração exterior concentra-se nas portas e janelas, nas consolas, nas arcadas, na alvenaria, nas ferragens e batentes; e) O ferro forjado (arte da forja) é utilizado abundantemente em belas grades para jardins, lagos e portas; f) Os jardins, à maneira do que acontecia no barroco, integram o cenário arquitectónico e compõem-se de grandes relvados com arvoredos e incluem: esculturas, rampas, lagos, pavilhões, pequenos apartamentos, pagodes chineses e quiosques turcos. Observação: Todos estes espaços funcionavam como locais de reunião íntima e de festa próprios para fogos de artifício, mascaradas e celebrações públicas. É o tempo do efémero e do folguedo. 36 Caracterizar a arquitectura civil rococó na sua dimensão interior (p.24) a) O plano das habitações define como espaço central o salão em torno do qual se dispõem as salas secundárias e a biblioteca. O salão, por sua vez, é antecedido por um vestíbulo do qual parte a escadaria para o andar superior onde existem as divisões privadas dos donos da casa, constituídas pelo (a): - Sala de banho, - Quarto de vestir, - Quarto de dormir, 9

- Boudoir ou antecâmara (para pequenas reuniões); b) As divisões são baixas, pequenas, independentes, arredondadas, com pavimento em parquet e apresentam-se fortemente iluminadas pelas (os): - Portas-janelas, - Grandes e múltiplos espelhos, - Candeeiros e lustres; c) Uma grande variedade de móveis preenchem as divisões: - Cómodas, - Contadores (com pequenos compartimentos secretos para guardar objectos e jóias de valor), - Escrivaninhas e trésor (escrivaninhas para damas), - Grandes relógios, - Poltronas e canapés (forrados de seda e com belas franjas) feitos com madeiras preciosas envernizadas, com incrustações e decorados com bibelots de prata e porcelanas); d) Paredes com decoração rica e exagerada baseada no uso de cores claras e ténues onde sobressai o dourado e o prateado das molduras dos painéis para sublinhar as telas, as tapeçarias, os frescos e os relevos policromados que se prolongam pelos tectos; e) Característica importante do interior rococó são os sofitos (superfícies curvas que fazem a ligação entre a parte inferior do tecto e a cobertura de um aposento ou as paredes). Observação: A decoração excessiva do rococó acentua o horror do vazio que já vinha do barroco, mas que é compreensível atendendo à leveza, graciosidade e elegância das linhas serpentinadas. (A escultura rococó) 37 Referir as especificidades da escultura rococó quanto aos (pp. 24-28): (A estética rococó aproxima-se do barroco ao nível da expressão plástica, mas distingue-se e até se opõe à estética barroca ao nível das formas, dos conteúdos e dos objectivos devido aos): a) Novos cânones estéticos mantendo as linhas curvas e contracurvas do barroco, estas tornaram-se mais delicadas e fluidas assumindo formas estilizadas em (Ss) e em (Cc) e, ainda, em contracurvados duplos. Utilizando, na representação da figura humana o cânone anatómico maneirista de corpos alongados para lhes conferir leveza e graciosidade nos gestos, nas atitudes e posições de modo a realçar-lhes o aspecto galante. Adoptando na representação dos grupos escultóricas composições marcadas por um movimento, um ritmo e um elevado sentido cénico ligando a obra ou obras escultóricas com o cenário de enquadramento. 10

b) Novos géneros escultóricos Devido ao seu carácter ornamental, a escultura rococó apresenta os seguintes géneros: - Uma escultura decorativa que cobre todas as estruturas e superfícies com rebuscados e movimentados relevos de inspiração naturalista. - Uma estatuária de pequeno porte destinada a decorar interiores e que deu origem à tradição dos bibelots. Esta estatuária de reduzida dimensão foi aplicada em modalidades escultóricas, tais como: O retrato (pequenos bustos), Estatuária religiosa (figuras de santos), Composições alegóricas e mitológicas ao gosto da época. c) Novos materiais Na escultura rococó privilegiam-se vários tipos de materiais: - Pedra e bronze (para as grandes obras escultóricas do exterior), - Bronze, ouro e prata para a pequena escultura e objectos ornamentais, - Madeira, argila, estuque e gesso usados na decoração mural dos interiores; - Porcelana ( biscuit tipo especial de porcelana não vidrada e sujeita a dupla cozedura) usada na produção de pequenas esculturas ornamentais e divertidas que acabaram por dar origem a uma indústria de artesanato decorativo, sofisticado e caro destinado às cortes e clientela aristocrática. Observação: Tais esculturas decorativas em porcelana deram origem a uma indústria que se notabilizou na arte de modelar pequenas figuras destinadas aos presépios. d) Novos Temas Os temas na escultura rococó são tratados a dois níveis: - A um nível sério e nobre de grande simbolismo no que respeita à grande escultura (monumental); - A um nível irónico, jocoso, sensual, erótico e galante no que respeita à pequena escultura. Observação: Pela suas características específicas, a arte do rococó, ao nível da escultura parece sugerir uma nova maneira de sentir e viver a arte traduzida num gosto da arte pela arte e que acabou por subsistir até hoje. (A pintura rococó) 38 Caracterizar, em termos gerais, a pintura rococó (p.28). A pintura rococó parece reflectir uma sociedade aristocrática e festiva que privilegia uma temática pastoril e de festas galantes marcada por uma valorização dos sentimentos ligados ao amor, à sedução, ao erotismo e ao hedonismo. 39 Referir as especificidades da pintura rococó quanto (p. 28): a) À técnica Utilizou de forma privilegiada a técnica da pintura sobre tela e, de forma residual, a técnica da pintura mural. 11

Observação: A pintura sobre tela manteve a tradição do retrato segundo três orientações: - O retrato histórico, sereno e burguês, - O retrato psicológico, - O retrato colorista, delicado e de tons suaves e sensíveis onde as gradações cromáticas fazem lembrar o sfumato renascentista. b) Aos temas Tratados de forma ligeira e superficial com referência aos deuses mitológicos (Vénus, Diana e pequenos cupidos) c) À composição Composições rítmicas e exuberantes e de tendência decorativa. d) À ornamentação Ornamentação rica e ligada ao mundo marinho (conchas e ondas) com um cromatismo baseado nos brancos, azuis e nos nacarados das conchas). Observação: A França é o país impulsionador do rococó e dele fazem parte os artistas mais importantes desta arte cortesã (ver autores na P. 30 do livro). (Da Europa para o Mundo) 40 Equacionar a questão da relação entre o Barroco e o Rococó, no contexto do século XVIII (p. 30) O Barroco foi uma arte dominante durante os séculos XVII e XVIII, na medida em que o rococó se limitou a uma decoração de interiores e à pintura decorativa mural a fresco, nas igrejas e palácios. 41 Caracterizar a Arte Rococó na Itália (pp. 30-32) Surge ao nível da pintura e escultura em relevo. A pintura é considerada de um tipo menor e de invenção veneziana e, por isso, tem a designação de vedute, uma espécie de pintura de género que descreve a panorâmica da cidade e cujos principais representantes são Canaletto, e Francisco Gualdi. A par desta pintura menor existe uma forma de pintura maior praticada por outros artistas como Giambattista Tiepolo que revelou um grande talento ao nível da expressão visual, típica de uma arte palaciana de cores claras e límpidas, marcadas por um brilho colorido de tradição veneziana. 42 Caracterizar a Arte Rococó na Europa Central e do Norte (pp. 32-34). O rococó na Alemanha foi desenvolvido nos estados alemães de confissão católica e assumiu um carácter essencialmente ornamental. Nas regiões da Europa Central e do Norte, o rococó esteve ao serviço de uma arquitectura de exteriores sóbrios e elegantes e de interiores com uma decoração/ornamentação exuberante, alegre, própria de ambientes festivos. Viena, Dresden, Munique e Copenhaga são cidades com uma importante decoração rococó. 12

Na Suécia e Inglaterra, o rococó resume-se à decoração de interiores e a uma aplicação nas artes decorativas. Na Inglaterra, especificamente, a pintura rococó atingiu um grande desenvolvimento, ao nível do retrato (na representação de animais e crianças), ao nível da caricatura e, ainda, ao nível pintura social e paisagística. 43 Caracterizar a Arte Rococó em Espanha (p. 34). O rococó em Espanha reflecte a influência do churriguerismo (corrente artística criada por Alberto Churriguera (1676 1740), que consiste numa utilização abundante de decoração no contexto do barroco espanhol Observação: Tanto o barroco como o rococó foram exportados para a América Latina onde se juntaram elementos estéticos pré-colombianos. 44 Caracterizar a Arte Rococó em Portugal (pp.34-38). O rococó português inspirou-se no rococó alemão e alcançou expressão significativa no Norte do país, especialmente em Braga e em toda a região do Minho. Como principais representantes do rococó português temos os nomes de: - André Ribeiro Soares da Silva (1720 1769) arquitecto do Santuário de Nossa Senhora dos Remédios de Lamego; - Mateus Vicente de Oliveira (1760 1786) arquitecto do Palácio de Queluz; - Machado de Castro (1731 1822) Estátua equestre de D. José I, no Terreiro do Paço; - António Ferreira (legou-nos presépios de barro com grande valor artístico). Observação: Componente importante da estética rococó, em Portugal, é a produção de talha, entre 1750 e 1785, empregue em igrejas, mobiliário, coches e bibliotecas e segundo duas tendências: - Uma tendência, dita do Norte, caracterizada por uma decoração aparatosa e fantasista. - Uma tendência, dita do sul, caracterizada por um aspecto mais austero e simples. Merece especial realce a azulejaria pela importância desempenhada no revestimento e decoração de paredes no contexto do estilo rococó, sendo de salientar o gosto por uma policromia baseada, especialmente, no uso do amarelo suave e por uma representação de cenas galantes e motivos de inspiração naturalista, como grinaldas, aves e conchas. Na produção da azulejaria desempenharam importante trabalho a Real Fábrica do rato, em Lisboa, bem como as fábricas de Coimbra, de Alcobaça e do porto. 45 Caracterizar a Arte Rococó no mundo americano (Minas Gerais) (p. 38). No período de decadência do barroco na Europa, o Brasil conheceu condições de desenvolvimento económico e cultural favoráveis ao desenvolvimento da arte rococó, a qual contou com o contributo de um artista de renome chamado Manuel Francisco Lisboa, cuja obra 13

foi prosseguida pelo seu filho António Francisco Lisboa, que ficou conhecido pelo epíteto de Aleijadinho. Foi este artista que deixou obras emblemáticas na região de Ouro Preto tanto ao nível da escultura como da arquitectura, tendo realizado obras de grande expressividade na representação de santos com mãos deformadas, rostos emagrecidos e cujos ossos parecem romper a pele suscitando, assim, um forte sentimento de piedade. Deste escultor são conhecidas as célebres estátuas dos doze profetas do A. Testamento, realizadas em pedra-sabão e colocadas no adro da Igreja do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonas do Campo, em Minas Gerais. III A Arte Neoclássica a estética do Iluminismo: o regresso à ordem 46 Dizer em que consistia, no essencial, a proposta da filosofia iluminista (p.40). Consistia na defesa de uma fé cega na razão, na liberdade e no progresso das ciências como meio para atingir a felicidade humana. 47 Enunciar alguns dos objectivos inerentes à referida proposta da filosofia iluminista (p. 40). Necessidade da realização de uma crítica social, religiosa e política (como caminho indispensável para desencadear uma ) Mudança de mentalidades e das estruturas do Antigo Regime, contrárias aos princípios iluministas. 48 Relacionar a filosofia iluminista com o surgimento da arte neoclássica (p. 40). A Filosofia iluminista propõe a defesa do regresso à ordem clássica e a criação de uma nova ordem social e político-económica tendo em conta a valorização de dois campos com as seguintes características-base: a) Campo técnico-formal caracterizado pela procura do virtuosismo e da beleza idealizada pelos Antigos e a desenvolver nas academias; b) Campo conceptual e temático caracterizado pelo recurso a conteúdos eruditos, abstractos e moralizantes inspirados na História, na Literatura, na religião e na mitologia. Observação: Assim a Arte Neoclássica como um saber estético em que o sentido do belo é colocado ao serviço da Ética sendo susceptível de ser traduzido nesta ideia muito iluminista: A arte deve instruir e dar exemplo e o artista deve converter-se num educador público ao serviço de todo o povo. Razão pela qual a arte neoclássica surgiu como uma expressão das ideias iluministas e como uma estratégia ao serviço das revoluções liberais. 14

(A arquitectura neoclássica) 49 Descrever as características gerais da arquitectura neoclássica (pp. 40-42). a) Conciliação da estética estrutural e formal clássica com os novos sistemas construtivos, as novas maquinarias e os novos materiais (como era o caso do ladrilho cozido e do ferro próprio da indústria que antecedeu a Revolução Industrial); b) Emprego de materiais nobres e tradicionais (pedra, mármore, granito, madeiras) que, a par dos materiais inovadores (ladrilho cozido e ferro), se destinavam a servir as exigências de grandiosidade da época; c) Uso de processos técnicos inovadores ao serviço de sistemas construtivos simples (o trilítico) aliados a sistemas mais complexos estruturados, em grande parte, a partir do arco redondo; d) Concepção de plantas baseadas em formas regulares, geométricas e simétricas (como o quadrado, o círculo e o triângulo); e) Criação de volumes corpóreos e maciços bem definidos por paredes lisas (planos murais) de modo a dar uma visão arquitectónica de conjunto marcada pela simplicidade formal e estrutural que assim pretendia salvaguardar a verdade e evitar a ilusão; f) Adopção de 3 tipos de cobertura: Tecto plano, em madeira ou estuque, Abóbadas de berço ou de arestas artesoadas, Cúpulas erguidas em zonas centrais e assentes em tambores rodeados de colunas sob entablamentos circulares; g) Aplicação à estrutura arquitectónica neoclássica da gramática formal clássica baseada no uso dos: Pórticos colunados, Entablamentos direitos, Frisos lisos ou decorados, Frontões triangulares com tímpanos esculpidos, Cânones clássicos, embora encarados com alguma liberdade ao nível da sua métrica; h) Especial atenção à decoração interior, não só mediante o recurso a elementos estruturais com formas clássicas, mas também contemplando a pintura mural e o relevo em estuque reproduzindo, por vezes, motivos inspirados nas casas das cidades arqueológicas de Pompeia e Herculano (conservando, no entanto, um 15

aspecto contido, austero e rigoroso limitado aos suportes estáticos e assumindo, assim, o carácter de uma decoração essencialmente estrutural). 50 Enunciar os dois principais objectivos da arquitectura neoclássica (p. 44). a) Realçar a racionalidade estrutural e formal das construções; b) Conferir às construções um carácter de robustez, sobriedade e monumentalidade, enquanto valores simbólicos do neoclassicismo. 51 Referir as duas tipologias da arquitectura neoclássica (p. 44). a) As de directa inspiração clássica; b) As novas tipologias criadas para responder às necessidades da vida social, política e cultural da época, sobretudo nos espaços urbanos: hospitais, museus, bibliotecas, escolas, salas de teatro e de ópera, bolsas, bancos, repartições públicas, sedes de governo. 52 Inserir a arte neoclássica no contexto do mundo cultural e revolucionário, em França (pp. 44-46). O mundo cultural francês, mesmo na época do Barroco e do Rococó, conservou o gosto clássico. Tal facto ditou o desenvolvimento de uma arte directamente inspirada no classicismo e assumida no período revolucionário como uma forma de imitar o ideário estético da Roma imperial. 53 Mencionar algumas manifestações utópicas do neoclassicismo francês (p. 44). Apesar de académico, formal e rigoroso, o neoclassicismo francês foi também inventivo e original como o comprovam os projectos visionários e utópicos dos arquitectos Boullé e Ledoux, os quais se basearam na exploração de formas puramente geométricas (hemisférios, cilindros e cubos sem qualquer decoração. 54 Identificar os dois primeiros arquitectos neoclássicos franceses (p. 46). Jacques-Ange Gabriel, autor do Petit Trianon do Palácio de Versalhes; Jacques-Germain Sufflot, autor do projecto para a Igreja de Santa Genoveva, depois transformada em Panteão Nacional, em Paris. 55 Identificar os arquitectos neoclássicos franceses do período revolucionário (p. 46). Jean François Chalgrin, autor dos Arcos de Triunfo e do Carrossel; Pierre Vignon, autor da Igreja da Madeleine; Gisors, autor da Sala dos Quinhentos do Palácio Bourbon; 16

François-Joseph Bélanger, autor da Bagatelle; Victor Louis, autor do projecto para o Teatro de Bordéus. 56 Caracterizar o neoclassicismo em Inglaterra, na Alemanha, na Itália, na Espanha, na Rússia e na América do Norte (pp. 46-48) A par da França, a Inglaterra através do neopalladianismo (tipo de arquitectura inspirada nos cânones renascentistas e maneiristas de Palladio), foi um dos principais centros difusores da arquitectura neoclássica. Na Alemanha a escola neoclássica caracterizou-se por um grande rigor científico e formal e por uma predominância da ordem dórica grega. Na Itália e em Espanha é notória a influência do neoclassicismo francês em centros como Milão e Nápoles. Na América do Norte, o Neoclassicismo é o primeiro estilo nacional dos americanos e nele se reflecte a influência inglesa e grega. A este propósito, importa referir a existência de diversas tipologias de arquitectura neoclássica nos E. U A. (bibliotecas, universidades, igrejas e mansões residenciais). (A pintura neoclássica) 57 Determinar o tempo de vida da pintura neoclássica (p. 48). Desde os finais do século XVIII até meados do século XIX. 58 Indicar as raízes ideológicas da pintura neoclássica (p.48). As raízes ideológicas derivam do Iluminismo, Humanismo, Cientismo e Individualismo próprios da época. 59 Relacionar a pintura neoclássica com o classicismo e a arqueologia da época (p.48). - Redescoberta do classicismo. - Inspiração nas descobertas arqueológicas das cidades romanas de Pompeia e Herculano. 60 Mencionar as principais características da pintura neoclássica (p.48). Caracteriza-se por um (a): a) Composição geométrica; b) Desenho rigoroso; c) Perfeccionismo técnico; d) Tratamento muito elaborado da luz e do claro-escuro; 17

e) Predominância da linha, do contorno e do volume sobre a cor, pintando os corpos como se de baixos-relevos se tratasse. 61 Explicar a razão de ser da reduzida variação cromática da pintura neoclássica (p.48). A reduzida variação cromática deve-se ao facto de a pintura neoclássica assumir uma função essencialmente simbólica e fazer mais apelo ao pensamento e à razão do que à emoção. 62 Analisar o carácter naturalista da pintura neoclássica (p.48). Sem deixar de ser simbólica e racional, a pintura neoclássica é também naturalista, na medida em que imita a vida e a natureza através do recurso a valores expressivos universais marcados pela idealização da realidade, pela adaptação e repetição de modelos absolutos e perfeitos. Tal concepção de arte neoclássica acabou por dar origem ao academismo dos temas, técnicas e formas da pintura neoclássica presente nos principais pintores, tais como: Jacques-Louis David, Antoine-Jean Gros e Jean-Dominiques Ingres. 63 Relacionar autores e obras da pintura neoclássica (p.50). Jacques-Louis David: O Juramento dos Horácios, A Morte de Marat, A Sagração/coroação de Napoleão. Madame Recamier. Observação: O seu lema era saber desenhar e por isso nas suas obras a figura humana é tratada com expressão clara e despojada de sentimentalismo. Antoine-Jean Gros: Os Pestíferos de Jaffa Observação: Reflecte o gosto pelo academismo. Jean-Dominiques Ingres. A Odalisca, O Banho Turco. Observação: apresenta um desenho delicado e marcado por uma grande suavidade cromática através da utilização de cores claras e luminosas e o uso do preto como forma de criar contrastes e assim reforçar a modelação. 18

(A escultura neoclássica) 64 Caracterizar a escultura neoclássica quanto: (p.52) a) Aos temas Trata temas históricos, literários, mitológicos e alegóricos; b) Às formas de representação da figura humana Representa a figura humana (homens e mulheres) com roupagens e poses semelhantes à dos deuses gregos e romanos dando, assim, origem a estátuas de corpos inteiros ou simples bustos e relevos com um aspecto pouco pessoal. 65 Explicar o carácter pouco pessoal da escultura neoclássica (p.52). Tal carácter pouco pessoal deve-se ao facto de a escultura neoclássica estar ao serviço da glorificação e publicidade de políticos e figuras públicas para serem colocadas em locais públicos. Com igual sentido alegórico e honorífico foram realizados os relevos destinados a revestir as frontarias dos edifícios públicos e palácios. 66 Caracterizar, em termos estéticos e técnicos, a escultura neoclássica (p.52). Em termos estéticos e técnicos a escultura neoclássica copiou as formas de representação dos modelos clássicos com grande fidelidade, minúcia, perfeição e sentido estético donde resultou um aspecto inexpressivo e impessoal bem revelador da frieza própria do rigor na aplicação dos cânones que acabou por eliminar a imaginação inerente à liberdade criativa. 67 Justificar o facto de o mármore branco constituir o material predilecto da escultura neoclássica (p.52). Tal predilecção deve-se a dois factores: a) Às propriedades naturais do mármore (pureza, limpidez e brilho) que lhe conferiam um carácter nobre; b) Ao facto de se pensar e considerar que o mármore havia sido o material eleito dos clássicos. 68 Identificar alguns dos mais importantes escultores neoclássicos (p.52). a) António Canova (1757 1822) Obras: Vénus e Marte, Perseu, Psiché Reanimada pelo Beijo do Amor, Paulina Bonaparte; 19

b) Jean-Antoine Houdon (1741 1828) Obras: Voltaire, Diderot, Rousseau, Washington. c) Thorvaldsen (1770 1844) Obra: Jasão com o Velo de Ouro (baseado nos cânones da escultura grega). (O Neoclassicismo em Portugal) 69 Explicar a resistência à introdução do Neoclassicismo em Portugal (p.54). As muitas vicissitudes político-militares da 1ª metade do século XIX (invasões francesas, domínio inglês, Revolução de 1820, independência do Brasil, guerras liberais) explicam a entrada tardia do neoclassicismo em Portugal, bem como a sua persistência, até ao século XX, no que respeita à arquitectura pública onde é notória a: a) Influência italiana em Lisboa: Teatro de S. Carlos, Palácio da Ajuda, Teatro Nacional D. Maria II, Assembleia da República; b) Influência inglesa (neopalladiana) no Porto: Hospital de Santo António, Feitoria inglesa, Igreja da Ordem Terceira de S. Francisco, Palácio das Carrancas, Igreja da Ordem da trindade, Museu Soares dos Reis, Faculdade de Ciências do Porto (antiga Academia da Marinha e Ciências). 70 Identificar algumas figuras cimeiras da escultura neoclássica em Portugal (pp.56-58). a) Machado de Castro liderou os estaleiros do Convento de Mafra; b) João José de Aguiar liderou os estaleiros do Palácio da Ajuda). 20

Observação: João José de Aguiar foi considerado o melhor e mais sofisticado escultor do seu tempo, cuja aprendizagem se fez no atelier de Canova, em Roma e nos estaleiros da Ajuda onde trabalhou com Machado de Castro. Obras: Lealdade e Consideração (alegorias) Monumento a D. Maria I, Estátua de D. João VI. Observação: Machado de Castro escreveu uma importante obra teórica Conversações sobre a Pintura, a Escultura e Arquitectura e Colecção de Memórias produzida em 1828. Nela conta a vida dos artistas portugueses e estrangeiros que realizaram obra em Portugal. 71 Salientar os dois momentos da pintura neoclássica em Portugal (p.58). a) 1º Momento a pintura neoclássica esteve dependente de artistas nacionais e de artistas estrangeiros que produziram obras de gosto classicizante e que trabalharam nos estaleiros de Mafra e da Ajuda; b) 2º Momento - a pintura neoclássica alcançou o seu auge e autenticidade baseada no génio artístico de dois pintores que podem ser igualados aos seus pares europeus: Vieira Portuense e Domingos Sequeira. 72 Caracterizar a obra pictórica de Vieira Portuense e de Domingos Sequeira (pp.58-60). Tanto Vieira Portuense como Domingos Sequeira trabalharam em várias cidades da Itália e da Inglaterra, bem como na decoração do Palácio da Ajuda. Vieira Portuense (1765 1805) apresenta uma obra marcada por influências da pintura italiana (quanto ao método de compor e de executar o desenho e quanto à adopção de tonalidades claras e pouco contrastantes). Por influências da pintura inglesa (quanto à visão colorista da paisagem que faz dele um precursor do romantismo). Pela adopção de uma temática mitológica, paisagista e de retrato privilegiando a representação de figuras religiosas com envolvimentos luminosos e místicos, sem nitidez de contornos nem corporeidade como se pode ver na obra Santa Margarida de Cortona. Domingos Sequeira (1768 1837) - Criou obras que, segundo Reynaldo santos, aparecem marcadas por uma visão impressionante do desenho. Obras realizadas: S. Bruno em Oração (de carácter religioso), Alegoria à Constituição (de carácter alegórico), Retrato do Conde de Farrobo (baseado no retrato). 21

Observação: Defensor dos ideais liberais foi exilado, em Paris, onde conheceu Géricault e Delacroix e expôs duas telas: A Fuga do Egipto (obra de cariz neoclássico), A Morte de Camões (obra desaparecida e considerada como a 1ª obra romântica portuguesa devido ao ambiente triste e tons escuros). Observação: Como obras-primas conhecem-se numerosos esboços onde a luz e a cor são trabalhadas à maneira de Goya, como são os casos: A Adoração dos Magos A Descida da Cruz (que lembra Rembrandt e que está a um passo do Impressionismo) IV Casos Práticos 73 Ler e analisar os elementos informativos relacionados com os dois casos práticos descritos nas páginas 62-67 do livro. O professor: (Luís Paulo Ribeiro) 22