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CONSTRUINDO PONTES: SITUAÇÃO DOS MERCADOS VOLUNTÁRIOS DE CARBONO EM 2010 - SUMÁRIO EXECUTIVO Por Katherine Hamilton, Milo Sjardin, Molly Peters-Stanley e Thomas Marcello 2010 O ano de 2009 foi um ano tumultuado para os mercados voluntários de carbono. Inicialmente porque a recessão econômica teve um impacto profundo sobre o número de empresas compensando as emissões de gases de efeito estufa (GEEs). Concomitantemente, as conclusões dos novos regulamentos sobre clima nos EUA levaram os engajados nos mercados voluntários de carbono a buscarem viabilizar seus interesses na geração de créditos em novos programas regulamentados apesar dos altos e baixos do mercado. Ao longo do ano, embora o volume de negócios no mercado voluntário de carbono se manteve relativamente baixo, o mercado se aqueceu com a aparição de protocolos, registros, alianças e tipos de projetos inovadores. Comparando-se aos mercados regulamentados, os mercados voluntários provaram que podiam terer o tamanho de um rato, mas rugem como um leão. Por exemplo, a proposta de projeto da legislação federal sobre o clima dos EUA e os programas federais de compensação da Austrália citam normas que foram desenvolvidas nos mercados voluntários de carbono. E ainda, a redução de emissões de desmatamento e degradação florestal (REDD), um tipo de projeto que ainda é uma exclusividade do mercado voluntário de carbono, foi o foco das atenções nas negociações internacionais sobre o clima em Copenhagen no final de 2009. No ano passado, várias organizações ingressaram nos mercados voluntários de carbono somente como um aquecimento para o mercado regulado. Entretanto, a metade do mercado continua impulsionada por puros compradores voluntários para compensar emissões. Este tipo de comprador evoluiu constantemente em sua complexidade, buscando tipos específicos de créditos de determinados locais. Apesar da recessão, muitas empresas iniciaram programas de compensação ou continuaram o compromisso com metas de compensação. Todavia, o conceito de compensação não perdeu o seu aspecto controverso, e muitos participantes continuaram a enfatizar a importância da redução das emissões internas antes de comprar compensações. Entre os altos e baixos, o mercado continuou a evoluir em ritmo acelerado, adquirindo infraestrutura para assegurar transparência e qualidade, trazendo inovação ao mercado de carbono e desenvolvendo novos projetos de redução de GEEs. Comercializações Registradas de mais de 200 Fornecedores Este quarto relatório anual da Situação dos Mercados Voluntários de Carbono visa proporcionar um panorama geral do volume de negócios, preço dos créditos, tipos de projetos, localidades e as motivações dos compradores deste mercado. Os resultados são baseados em dados voluntariamente informados por 200 fornecedores, bem como as bolsas e registros. Considerando os desafios de levantamento e obtenção de informações deste mercado desagregado, os números apresentados devem ser considerados conservadores. As Transações no Mercado Voluntário de Carbono Reduziram para 94 MtCO 2 e Em 2009 os fornecedores informaram um volume total de 93,7 MtCO 2e negociados nos mercados voluntários de carbono globais. Comparado aos 126,6 MtCO 2e negociados em 2008, o volume se reduziu em 26%, embora este volume de 2009 foi 39% maior que os níveis de 2007. 1

Esta queda de volume pode ser atribuída a dois grandes desafios. Em resposta à crise financeira global, as empresas reduziram recursos alocados a iniciativas de responsabilidade social corporativa, inclusive compensação de emissões. Simultaneamente, as perspectivas da demanda de novos regulamentos permanecem incertas. Nos EUA, a Lei American Clean Energy and Security Act de 2009 (Waxman-Markey) foi aprovada pela Câmara inferior ( House of Representatives ) em Junho e ficou estagnada no Senado no segundo semestre deste ano. Incertezas também rondaram o Australia Carbon Pollution Reduction Scheme (CPRS). Com relação à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, em Inglês), negociadores continuaram a estabelecer detalhes quanto ao financiamento do REDD e o seu respectivo papel no âmbito dos mercados de carbono. Aproximdamente metade do mercado voluntário (41,4 MtCO 2e) foi negociado através da Bolsa Climática de Chicago (Chicago Climate Exchange, CCX) na forma de instrumentos financeiros de carbono (Carbon Financial Instruments,CFIs). Contrastando com 2008, quando o volume de transações junto à CCX cresceu 202%, as transações negociadas em bolsa caíram 40% em 2009. A redução foi causada pela queda nas especulações e transferência para o mercado informal (i.e., mercado de balcão ou over the counter, OTC, em Inglês) através de transações privadas em que compradores exigem créditos de compensação específicos ao invés de CFIs padronizados. Considerando o valor global do sistema CCX, i.e., tanto as transações privadas quanto as transações negociadas em bolsa, o volume total de comercialização caiu 33% 47 MtCO 2e em 2009. A outra metade do volume de transações 50,5 MtCO 2e foi comercializada no mercado (OTC). O volume de transações caiu 12% com relação a 2008. Para este relatório, considera-se que o mercado OTC como todas as transações envolvendo créditos de projetos de compensação que foram negociados bilateralmente, i.e., fora de qualquer ambiente de bolsa. Este número, portanto, inclui também créditos da CCX que foram comercializados bilateralmente e que corresponderem a aproximadamente 5,5 MtCO 2e (11%) com relação ao volume total do OTC. Os volumes do mercado OTC incluem também transações que ocorram em outras plataformas de negociação, tais como a Bolsa Climática de Chicago Futuros (Chicago Climate Futures Exchange) e Climex. Tais plataformas de comercialização de créditos gerados especificamente para os mercados voluntários ganharam ritmo no ano passado, contribuindo com 1,8 MtCO 2e ou 2% do volume total de transações em 2009 crescendo dez vezes com relação aos 0,2% de 2008. De um modo geral, os mercados voluntários de carbono continuam sendo uma pequena parte (1%) do tamanho dos mercados regulados. Em 2009, esses mercados cresceram 7% e negociaram 8,625 MtCO 2e, no valor de US$144 bilhões. Enquanto os mercados voluntários de carbono não cresceram na mesma proporção que os mercados regulados, ainda assim tiveram valores maiores do que a Implementação Conjunta (JI) ou o Esquema de Redução de Gases do Efeito Estufa do País de Gales ( New South Wales Greenhouse Gas Abatement Scheme ). 2

Figura 1: Crescimento do Volume de Transações nos Mercados Voluntários de Carbono 140 120 127Mt 0.2 100 69 94Mt 2 80 60 40 20 0 67Mt 23 44Mt 26Mt 57 52 44 12Mt 10 44 11Mt 12Mt 6Mt 2 1 16 11 6 9 10 pre-2002 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 0.1 41 Bolsas (outras) CCX OTC Obs.: as negociações bilaterais na CCX estão incluídas no volume do OTC. Valor Total do Mercado Retraiu 47% para US$387 Milhões Os mercados voluntários de carbono negociaram US$387,4 milhões em 2009. Os valores caíram aproximadamente 47% desde 2008 quando o valor do mercado foi estimado em US$728,1 milhões. O mercado OTC representou 84% deste valor de mercado, correspondendo a US $325,9 milhões. As negociações na CCX corresponderam a US$49,8 milhões ou 13%. Considerando que os volumes de transações no OTC e na CCX foram semelhantes, essa inconsistência no valor se deve principalmente aos preços substancialmente mais baixos dos créditos negociados na CCX. O preço médido do crédito no mercado OTC retraiu 12% de US$7,3/tCO 2e para US$6,5/tCO 2e. Entretanto, a CCX sofreu queda de 73% no preço da média de US$4.4/tCO 2e em 2008 para US$1,2/tCO 2e. Juntamente com a retração no volume, isso reduziu o valor de mercado da CCX em 84%. Em todo o mercado, créditos foram negociados a valores tão baixos quanto US$0,3/tCO 2e e tão altos quanto US$111.0/tCO 2e no curso de 2009. 3

Tabela 1: Volumes e Valores Negociados, Mercado Global de Carbono, 2008 e 2009 Mercados Volume (MtCO 2 e) Valor (US$ million) 2008 2009 2008 2009 Voluntário OTC 57 51 420 326 CCX 69 41 307 50 Outras Bolsas 0.2 2 2 12 Total: Mercados Voluntários 127 94 728 387 EU ETS* 3.093 6.326 100.526 118.474 MDL Primário 404 211 6.511 2.678 MDL Secundário 1.072 1.055 26.277 17.543 Implementação Conj. 25 26 367 354 Kyoto [AAU]** 23 155 276 2.003 New South Wales*** 31 34 183 117 RGGI**** 62 813 241 2.667 Alberta s SGER***** 3 5 34 61 Total: Mercados Regulados 4.713 8.625 134.415 143.897 Total Mercados Globais 4.840 8.719 135.143 144.284 Fonte: Ecosystem Marketplace, Bloomberg New Energy Finance, Banco Mundial. Obs.: A soma desses valores podem não ser iguais devido ao arrendondamento. * Comércio de Emissões Europeu ** Unidade ( moeda ) de comercialização dentro dos mercados regulados *** Mercado do País de Gales **** Iniciativa Regional de Gases de Efeito Estufa (do Nordeste dos EUA) ***** Regulação Específica para Emissão de Gases de Alberta (Canadá) Créditos de Metano foi o Tipo de Projeto Mais Popular no OTC A maioria absoluta de créditos no mercado voluntário OTC se origina de projetos de compensação. Em 2009 projetos de destruição de metano corresponderam a 41% das transações no mercado OTC, seguido por projetos de florestamento (24%) e de energia renovável (17%). Comparando-se com 2008, os projetos de metano e florestamente praticamente dobraram em termos de participação de mercado em relação aos projetos de energia renovável. 4

Semelhante a 2008, a maior parte dos créditos gerados pela destruição de metano se originaram especificamente de projetos de aterros, que corresponderam a 31% do volume do mercado. Projetos de florestamento comuns incluem florestamento/reflorestamento (10%), redução de emissões geradas por desmatamento e degradação (7%) e melhor manejo florestal (3%). A maior parte dos projetos de energia renovável foi dividida em partes iguais entre desenvolvimento de energia eólica (8%) e projetos hidrelétricos (7%) muitos dos quais usufruem da queda nos cursos de rios. Figura 1: Volume de Transações por Tipo de Projeto, OTC (2009) 3% 3% 4% 4% 1% 1% 1% 7% 2% 3% 3% 4% 7% 7% 8% 31% 10% Aterro Afor/Reflor Eólica Hidro Desm. Evitado Metano oriundo de animais Eficiência Energética (EE) & Troca de Combustível Mina de carvão Seq. Geológico Manejo Florestal Permissões Solo Agricultura Energia Renovável (outros) Tratamento de água agrofloresta Restante Não especificados Semelhante aos anos anteriores, os preços de tipos de projetos divergem substancialmente devido a fatores variáveis como volume envolvido na transação, padrões e posição dos vendedores na cadeia de suprimento. De um modo geral, as tendências de preços por tipo de projeto foram semelhantes aos verificados em 2008. Os cinco tipos de projeto mais rentáveis (baseados no preço médio do crédito) no mercado foram principalmente atividades envolvendo energia renovável: solar (US$33,8/tCO 2e), biomassa (US$12,3/tCO 2e), metano-outros (US$9,6/tCO 2e), eficiência de energia (US$9,2/tCO 2e) e eólica (US$8,7/tCO 2e). Estes tipos de projeto tradicionalmente têm preços acima da média em virtude do seu alto custo de produção e por serem atraentes aos compradores no mercado voluntário. 5

Figura 2: Preço Médio do Crédito e Faixa de Preço por Tipo de Projeto, OTC (2009) US$/tCO 2e 111 max 40 35 33.8 30 25 20 15 10 12.3 9.6 9.2 8.7 7.3 6.8 6.7 6.6 6.7 8.6-5 5.8 5.7 5.5 5.2 4.6 3.6 2.9 2.4 1.7 1.2 0.8 0.2 Solar (4) Biomassa (15) Metano outro (4) Eficiência Energética (20) Eólica (46) Manejo Florestal (8) Aterro (66) Preço médio balanceado por volume Preço máximo Preço mínimo Renováveis (RE) outro (14) Troca de combustíveis (16) Pequenas Centrais Hidrelétricas (26) Metano oriundo de criação de animais (28) Mina de Carvão (12) Agrofloresta (5) Aforest/Reflor (51) Metano de tratamento de água (9) Desmat. Evit. (10) Seq. Geológico & Gás Industrial (4) Grandes Hidrelétricas (5) Solo Agrícola (25) Outro (solo) (18) Permissão (15) Outro (3) Combinado/Não específico (7) Obs.: Dados baseados em 410 casos. Fornecimento Passa para os EUA como a Fonte Dominante de Crédito Quanto à geração regional de créditos em 2009, a América do Norte assumiu a liderança pela primeira vez, desde 2006, com 56% do volume de transações no mercado OTC (comparando-se com 28% em 2008). Em 2007 e 2008 a Ásia foi a região onde mais créditos foram negociados. A liderença reassumida da América do Norte pode ser atribuída às fortes atividades em virtudes das futuras regulamentações nos EUA. Novamente, os EUA forneceram o maior volume (24,2 MtCO 2e, comparado com 15,0 MtCO 2e em 2008) do que qualquer outro país. Seguindo, de longe, vem a América Latina que conquistou 16% (6,8 MtCO 2e) da participação de mercado em 2009. A Ásia, que foi a maior fonte de créditos em 2008, ficou em terceiro lugar (12%) em 2009 considerando a participação de mercado por volume com a Índia e a China liderando a região asiática com 2,9 MtCO2e e 1,7 MtCO 2e, respectivamente. Estes dois países historicamente dominam a origem asiática de reduções verificadas de emissões (RVEs) bem como Reduções Certificadas de Emissões (RCEs). Em 2009, padrões líderes consolidaram suas respectivas posições de mercado e se firmaram nos mercados voluntários de carbono. No ano passado, semelhante a 2008, mais de 90% dos créditos negociados aderiram a padrões de terceira-parte. Cerca de 18 padrões de terceira-parte estão atualmente ativos no mercado. Padrões, registros e bolsas têm se tornado ferramentas essenciais para a garantia de qualidade e transparência. No ano passado muitas dessas ferramentas evoluíram para padrões e outros provedores de infraestrutura para 6

aumentarem a eficiência e liquidez destas plataformas. Padrões também desenvolveram uma variedade de novas metodologias e alcançaram novas regiões. Figura 3: Volume de Transações por Local de Projeto, Mercado OTC (2009) 5% 1%1% 2% 2% 5% EUA América Latina Ásia 12% 16% 56% Turquia África Canadá AU/NZ EU Semelhante ao tipo de projeto, os preços variaram substancialmente por local do projeto. De um modo geral, os preços médios mais altos se originam da União Européia, Ásia Ocidental (representada apenas pela Turquia), Oceania e África. Na media, os créditos mais baratos se originam da América Latina e América do Norte (EUA, em particular). Somente em três regiões os preços aumentaram de 2008 para 2009: UE (aumento de 69%), Turquia (9%) e África (57%). A maior queda ocorreu na América Latina, onde o preço retraiu 41% para US$4,3/tCO 2e, correspondendo ao menor preço médio por região. Também observou-se preços menores em 2009 na Oceania e EUA. Figura 4: Preço Médio de Crédito por Região, Mercado OTC 2008 vs. 2009 (US$/tCO 2 e) 16 14.9 13.9 14 12 10.4 9.5 9.8 10.0 10 8.9 8.2 8.0 7.7 8 7.0 6.9 7.3 5.9 6 5.1 5.3 4.3 4 2.2 2 0 (6) (5) (13) (25) (35) (19) (12) (26) (13) (11) (101) (6) (88) (118) (56) (35) (7) (3) EU Turquia AU/NZ África Canadá Ásia EUA A. Latina Não esp. 2008 2009 7

O Voluntary Carbon Standard Fortaleceu a sua Liderança no Mercado, Enquanto CAR fez Vigilia pré-regulamentação Os padrões de terceira-parte favoritos em 2009 foram o Voluntary Carbon Standard (VCS) com 35% do volume de transações, seguido pelo Climate Action Reserve (CAR) com 31% e a CCX com 12%. Juntos, os três principais padrões de 2009 tiveram uma fatia maior do mercado com 77% do que os três principais padrões em 2008 (VCS, CAR e Gold Standard), que detinham 69% do mercado. Essa tendência confirma a consolidação que vêm sendo constatado no mercado nos últimos anos. Figura 5: Utilização de Padrão de Terceira-Parte, Mercado OTC (2009) 1.6% 1.3% 4% 2.4% VCS 2.1% 4% 35% 7% CAR CCX Gold Standard ACR 12% ISO-14064 Social Carbon CCB 31% Interno Outro (todos os outros padrões) Cada padrão tem uma vasta gama de preços, variando tanto por padrão como por tipo de projeto. Créditos de MDL/IC vendidos a compradores voluntários encabeçam a lista com US$15,2/tCO 2e, mais que o dobro do preço médio de mercado OTC em 2009, mas ainda assim 29% menos que em 2008. Greenhouse Friendly alcançou o segundo preço médio mais alto a US$12,1/tCO 2e. Também acima dos preços médios se encontra o Gold Standard (US$11,1/tCO 2e), bem como CarbonFix ($10.9/tCO 2e) e Plan Vivo (US$8,9/tCO 2e), que consistem em dois padrões desenvolvidos somente para projetos de florestais. Créditos do SOCIALCARBON com o VCS tiveram um leve acréscimo no preço médio em 2009 (US$7,6/tCO 2e), novamente acima da média devido à disposição dos compradores em pagar um prêmio pelos co-benefícios sociais e econômicos. 8

Figura 6: Preço Médio por Padrão, Mercado OTC (2009) US$/tCO 2 e 40 35 30 25 20 15 10 5-111 max 15.2 12.1 11.1 10.9 10.3 8.9 9.2 8.1 7.6 7.0 7.5 6.2 5.8 4.7 3.4 1.2 0.8 (7) (3) (34) (3) (3) (17) (15) (11) (39) (5) (11) (109) (9) (11) (112) (10) (18) MDL/ICGHG Friendly GS CarbonFix VER+ Plan VivoISO-14064 Soc. Carb CAR Green-e CCB VCS ACR Interno CCX Nenhum Outro Preço médio balanceado por volume Preço máximo Preço mínimo Registros Crescem em 2009 Nos últimos três anos o rastreamento de titularidade e emissão de créditos através de um registro de terceiraparte vem se tornando cada vez mais essencial para promover liquidez e transparência no mercado voluntário. Até o final de 2009, a maioria dos principais padrões está vinculada a registros. O mercado voluntário continuou a se consolidar em torno de alguns registros principais que buscaram parcerias e aquisições para expandirem suas respectivas participações, e por sua vez aumentarem a confiança dos compradores de compensações de carbono como um instrumento financeiro. Na ocasião da publicação deste relatório, existiam no mínimo 17 registros de terceira-parte nos mercados voluntários de carbono. Em 2009, 51% dos créditos negociados foram colocados em um registro, representando quase o dobro dos créditos registrados comparado com 2008, quando somente 29% dos créditos foram registrados em órgãos de terceira-parte. Em decorrência do crescimento dos registros, este ano nós analisamos os créditos negociados e emitidos por diferentes registros, bem como relatórios individuais dos registros de créditos emitidos, mas não necessariamente negociados. A Figura 8 demonstra a pesquisa acerca do uso do registro por volume negociado em 2009. Tendo em vista que os registros padronizados se tornaram disponíveis na Internet em 2009, a participação destes créditos registrados reflete com razoável precisão a fatia de mercado dos padrões em 2009. Por exemplo, em Março de 2009, o Sistema de Registro do VCS foi lançado, consistindo em três provedores separados APX, Caisse des Depots e Markit. Estes registros cresceram substancialmente em 2009. 9

Figura 7: Volume de Transações, por Registro, Mercado OTC 2008 vs. 2009 2008 1% 11% 4% 8% 5% 22% 14% 34% 2009 21% 17% 15% 10% 8% 8% 7% 1% 13% VCS (APX) CAR CCX Caisse des Depots Markit Gold Standard ACR Interno Outro Fornecedores de créditos informaram que 21% dos créditos negociados foram listados no registro APX VCS. Quanto ao volume negociado, o registro CAR, operado pela APX, ficou alguns pontos percentuais atrás com 17% (4,4 MtCO 2e) dos créditos negociados no ano passado (comparado com 12% em 2008). Os outros 10% foram negociados através do registro de VCS Caisse des Depots, e 8% através da Markit (anteriormente denominada TZ1) que opera vários em vários padrões tais como VCS, SOCIALCARBON e Plan Vivo. No mercado OTC, a CCX cresceu consideravelmente em 2009 tendo em vista os créditos registrados, junto à CCX, alcançarem 15% dos créditos negociados e registrados em 2009, comparado com os 4% em 2008. O crescimento da importância da CCX é devido à maior disponibilidade dos dados do comércio bilateral da CCX que basearam este relatório (embora isso tenha sido irrisório nos anos anteriores). Alternativamente, o American Carbon Registry caiu da liderança de posição comparado com 2008 (24% de participação de mercado) detendo somente 7% dos créditos negociados e registrados em 2009. Seguindo o American Carbon Registry, o registro de MDL/IC também teve uma pequena participação de mercado (4% em 2008 e 2009) apesar dos volumes registrados terem crescido 74% ao longo do ano. Já que a emissão de créditos é outra forma de medir a participação dos registros, examinamos também o volume total de créditos emitidos, mas não necessariamente negociados, pelos principais registros em 2009. Neste caso, a Markit assumiu a liderança com 10,1 MtCO 2e emitidos em vários padrões, seguido pela APX VCS (7,9 MtCO 2e), Caisse des Depots (1,9 MtCO 2e) e Gold Standard (2,0 MtCO 2e). 1 Fornecedores descreveram o mercado voluntário de carbono em 2009 como um mercado de compradores, no qual esses tiveram um grande acréscimo em experiência de como se portar na alta demanda de créditos. Uma parte substancial dos créditos negociados em 2009 se destinou a compradores esperando regulamentações, e focados em adquirir créditos que podem ser elegívieis no futuro mercado regulado. O outro lado do mercado foi direcionado por compradores que buscavam somente créditos voluntários focados em projetos de carbono com histórias 2 e/ou compensações baseadas em um orçamento definido. 1 Operado pela APX. 2 Compradores que não buscam somente a compensação de emissões, mas sim os co-benefícios dos projetos de carbono. 10

Figura 8: Volume Negociado vs. Emissão por Registro, Mercado OTC (2009) MtCO 2 e 12 10 10.1 8 7.9 6 5.6 4 2 2.0 2.9 2.9 1.9 2.5 2.0 1.9 4.4 0 Markit (vários padrões) APX (VCS) American Carbon Registry Caisse des Depots (VCS) 0.0 0.2 0.02 Gold Standard CAR Blue Registry Issued Transacted Compradores puramente voluntários, com a intenção de aposentar 3 imediatamente os créditos, novamente assumiriam a liderança como o principal vetor de transações em 2009, captando 48% da participação do mercado (24 MtCO 2e), superando 2008 em que 32% de créditos vendidos para serem aposentados. Importância maior foi vista com relação à compensação em setores com os sem-fins lucrativos (7%, comparado com 1% em 2008) e os compradores que antecipam regulamentações (23%, comparado com 1%). Compradores nos EUA ultrapassaram os europeus como a principal fonte de demanda no mercado voluntário em 2009. A pesquisa mostra que as duas regiões combinadas compraram 90% de todos os créditos, com os compradores europeus (41%) caindo atrás dos compradores dos EUA (49%). Em 2009 os EUA corresponderam à maior participação no mercado de demanda e no fornecimento (56%), confirmando o papel importante que o mercado de pré-regulamentação assumiu durante o ano. Compradores da Nova Zelândia e Austrália vêm em terceiro correspondendo a 4% dos créditos muito decorrente de projetos domésticos. A proporção de compradores em países em desenvolvimento cresceu de 1%, em 2008, para 4% em 2009. Participantes do Mercado Esperam a Continuidade no Crescimento nos Mercados Voluntários de Carbono Em 2010 a perspectiva da legislação federal dos EUA sobre mudanças climáticas diminuiu substancialmente, enquanto a recuperação econômica aparentemente está em curso. Consequentemente, este ano poderá refletir uma migração do mercado de pré-regulamentação voltando para mercados puramente voluntários, como ocorreu nos anos anteriores. 3 Aposentar o crédito significa tira-lo do Mercado em nome de uma entidade e, de fato, compensar as emissões da mesma (do Inglês, retire). 11

Entrevistados desta pesquisa se mostraram muito positivos quanto às perspectivas dos mercados voluntários globais e acreditam que as transações crescerão para aproximadamente 400 MtCO 2e em 2012, 800 MtCO 2e em 2015 e 1.200 MtCO 2e em 2020. Se este crescimento irá ocorrer de fato será algo a ver, embora isso demonstra um forte otimismo quanto à atividade futura do mercado voluntário. Quanto aos padrões, muitos dos entrevistados pretendem utilizar os VCS (64%), seguido de perto pela Gold Standard (42%), Climate Action Reserve (34%) e o MDL (33%). Isso sugere de um modo geral uma continuação da tendência verificada nos últimos anos embora o uso estimado do MDL é notável com o surgimento de padrões voluntários populares. A projeção de uso de registro segue em grande parte os padrões, com as escolhas mais populares sendo dois dos três registros no VCS Registry System APX (43%) e Markit (36%) seguido pelo Gold Standard (36%), CAR (33%) e o registro MDL/IC (26%). 12