Direito Tributário Suspensão do Crédito Tributário Professora Giuliane Torres www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Tributário SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I moratória; II o depósito do seu montante integral; III as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV a concessão de medida liminar em mandado de segurança. V a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) VI o parcelamento. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações assessórios dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela consequentes. O que suspende não é o crédito tributário, mas sim, a exigibilidade do crédito. O fisco não poderá cobrar por um período de tempo. Os casos estão no art. 151 do CTN. I Moratória: é a concessão, pelo credor, de um prazo para que o devedor pague seu débito. Normalmente o Poder Público concede uma moratória quando acontece algum fato excepcional no mundo que dificulta de sobremaneira o cumprimento das obrigações tributárias. A moratória pode ser concedida em caráter geral ou em caráter individual. A moratória pode ser restrita a uma região determinada. É uma moratória geral, mas em local delimitado. A moratória também pode ser circunscrita a uma região e de forma individual. Ex.: moratória para produtores de vinho da serra gaúcha em função de evento climático que afetou a região. Tem que comprovar que é produtor de vinho e que mora na serra gaúcha. Art. 152. A moratória somente pode ser concedida: I em caráter geral: a) pela pessoa jurídica de direito público competente para instituir o tributo a que se refira; b) pela União, quanto a tributos de competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, quando simultaneamente concedida quanto aos tributos de competência federal e às obrigações de direito privado; II em caráter individual, por despacho da autoridade administrativa, desde que autorizada por lei nas condições do inciso anterior. www.acasadoconcurseiro.com.br 3
1. Geral: a) autônoma: concedida pela pessoa jurídica que tem competência para o tributo. b) Heterônoma: moratória concedida pela União de tributos que sejam de competência dos Estados, Distrito Federal e municípios, mas simultaneamente concedida a tributos de sua competência e obrigações de direito privado. Obs.: apenas a União pode conceder a moratória heterônoma. Os Estados e os municípios não podem. 2. Individual: em caráter individual, desde que autorizado por lei. Art. 153. A lei que conceda moratória em caráter geral ou autorize sua concessão em caráter individual especificará, sem prejuízo de outros requisitos: I o prazo de duração do favor; II as condições da concessão do favor em caráter individual; III sendo caso: a) os tributos a que se aplica; b) o número de prestações e seus vencimentos, dentro do prazo a que se refere o inciso I, podendo atribuir a fixação de uns e de outros à autoridade administrativa, para cada caso de concessão em caráter individual; c) as garantias que devem ser fornecidas pelo beneficiado no caso de concessão em caráter individual. Art. 154. Salvo disposição de lei em contrário, a moratória somente abrange os créditos definitivamente constituídos à data da lei ou do despacho que a conceder, ou cujo lançamento já tenha sido iniciado àquela data por ato regularmente notificado ao sujeito passivo. Parágrafo único. A moratória não aproveita aos casos de dolo, fraude ou simulação do sujeito passivo ou do terceiro em benefício daquele. Art. 155. A concessão da moratória em caráter individual não gera direito adquirido e será revogado de ofício, sempre que se apure que o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou não cumprira ou deixou de cumprir os requisitos para a concessão do favor, cobrando-se o crédito acrescido de juros de mora: I com imposição da penalidade cabível, nos casos de dolo ou simulação do beneficiado, ou de terceiro em benefício daquele; II sem imposição de penalidade, nos demais casos. Esse artigo também é aplicado para anistia, isenção, remissão e parcelamento. A concessão de moratória, não gera direito adquirido, por isso, poderá ser revogada se os requisitos não forem cumpridos, sendo determinada a anulação do ato, que erroneamente é denominado de revogação pelo código. 4 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Tributário Suspensão do Crédito Tributário Profª Giuliane Torres A multa apenas será devida quando ocorrer infração, com dolo ou a simulação de benefício ou se um terceiro agir em benefício daquele. Além da multa, não será beneficiado pela prescrição, pois não ocorre a prescrição até que ocorra a revogação do benefício. Se for sem dolo, não terá multa. Apenas paga o tributo com juros. Também, se não há dolo, a prescrição continua correndo e o Estado tem que cobrar antes que ocorra a prescrição. II Depósito do montante integral: quando se ajuíza a ação judicial para discutir o débito tributário, fazendo o depósito integral do débito, se suspende a exigibilidade do tributo, enquanto não encerra a ação judicial. Se no final o contribuinte ganhar, levanta o valor depositado. Se o contribuinte perder, o Fisco converte o valor em renda. Se o valor depositado for menor que o exigido pelo fisco, não suspende a exigibilidade do débito. Além disso, o depósito tem que ser em dinheiro, não pode ser em bens. Súmula 112 STJ: Tributário. Depósito. Execução fiscal. Suspensão da exigibilidade. Necessidade de ser integral e em dinheiro. CTN, art. 151, II. Lei 6.830/80, arts. 9º, 4º, 32 e 38. III Reclamação e recurso: quando se impugna as notificações do fisco, bem como se recorre da decisão de primeira instância. Enquanto a notificação ou recurso estiverem sob análise do julgador, a exigibilidade do crédito tributário fica suspenso. IV Medida liminar em Mandado de Segurança: liminar é um pedido de urgência feita na inicial.isso ocorre porque o processo judicial é demorado. Assim, se pede que o juiz antecipe a tutela pleiteada para proteger o direito. É pedir que a autoridade não exija o pagamento até que se julgue o processo. Os requisitos para a concessão da liminar são: o periculum in mora (perigo na demora) e o fumus boni iuris (fumaça do bom direito, a verossimilhança nas alegações, a relevância das alegações). V Liminar ou tutela antecipada em outras ações: da mesma forma que exposto acima no caso do mandado de segurança, mas a liminar será concedida numa ação ordinária. Obs.: o juiz não pode proferir liminar determinando que a autoridade não efetue um lançamento. A liminar é para suspender a exigibilidade do crédito. Exigir que a autoridade administrativa não cobre nada do contribuinte até o processo ser julgado. VI Parcelamento: o código não cria regras para o parcelamento. Quem indica as regras é o credor. O CTN apenas traz as diretrizes, normas gerais. As regras estarão em lei específica, criado por cada ente da federação. A concessão de parcelamento não exclui juros e multas. Para as empresas em recuperação judicial, existe uma lei mais vantajosa para o parcelamento. Assim, a União e os Estados criam as leis específicas para o parcelamento. São leis diferentes da comum do parcelamento, é específica para o caso de recuperação judicial. Se o Estado não criar essa lei, se usa a lei comum e, se o prazo para o parcelamento da lei da União for mais vantajosa, mais extenso, a empresa pode utilizar o parcelamento concedido pela União. Mas apenas no caso do Estado não criar a lei específica para recuperação judicial. www.acasadoconcurseiro.com.br 5