D ISCUSSÃO C APÍTULO 7

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229 Nunca a pesquisa cessa e todavia há um momento em que não cuidamos como se nada antes houvesse sido e é fim sem fim e é princípio ANTÓNIO RAMOS ROSA (1988). C APÍTULO 7 D ISCUSSÃO

230 ESTUDO AUXOLÓGICO DAS CRIANÇAS DE LISBOA AOS 7 ANOS

DISCUSSÃO 231 A realização deste estudo partiu do pressuposto de que as condições ambientais afectam o crescimento físico dos elementos de uma população, o que está bem documentado na bibliografia. Procurou-se evidenciar os factores mesológicos que condicionam a variabilidade antropométrica das crianças de Lisboa delineando uma estratégia que consistia na comparação dos valores das observações das crianças de uma amostra aleatória das escolas oficiais com os valores das observações das crianças de quatro escolas particulares de prestígio que facilitaram o acesso às suas instalações (amostra de conveniência). Os resultados desta comparação são apresentado detalhadamente no capítulo 3. A estratégia inicial foi complementada com um inquérito às condições de vida e hábitos da criança por forma a tentar esclarecer que aspectos da variabilidade ambiental estariam associados à diversidade antropométrica observada. Os resultados obtidos com o inquérito são apresentados de uma forma elaborada no capítulo 5. A reduzida taxa de devolução dos inquéritos e o deficiente preenchimento de muitos dificultou seriamente os objectivos deste estudo. A definição à posteriori de múltiplos grupos de classificação teria como resultado uma diminuição no poder de identificação de diferenças significativas. Este efeito com o qual já se contava foi claramente agravado pela inesperada falta de respostas em muitos dos inquéritos. As diferença entre as médias de muitos dos parâmetros antropométricos observados nas crianças das escolas oficiais e das escolas particulares são significativas. Verificou-se que as diferenças entre as médias das variáveis antropométricas nos vários grupos classificatórios definidos

232 ESTUDO AUXOLÓGICO DAS CRIANÇAS DE LISBOA AOS 7 ANOS pelas variáveis sobre as condições de vida e de comportamento das crianças tinham uma magnitude semelhante ou maior que a verificada na comparação inicial, mas o aumento dos erros estatísticos resultantes da diminuição e fragmentação das amostras impossibilitou o estabelecimento de qualquer diferença significativa. Após dezenas de comparações utilizando vários processos de recodificação e agrupamento dos dados do inquérito, que serviram apenas para confirmar a influência da diminuição da informação no resultado dos testes comparativos, optou-se por construir uma única variável designada grupo socio-económico. Nas duas amostras definidas inicialmente, escolas oficiais e escolas particulares, não se efectuou qualquer controlo sobre o nível socioeconómico das famílias. Assumiu-se que as condições de vida das crianças das escolas particulares seriam acima da média e que as das crianças das escolas oficiais seriam médias ou abaixo da média. Depois do tratamento da informação do inquérito, verificou-se que em geral aquela hipótese se confirma, mas em qualquer das amostras existe uma percentagem de crianças com condições de vida diferentes do esperado. A tabela 7.1 apresenta a distribuição dos valores da variável grupo sócio-económico nas duas amostras consideradas. Tabela 7.1. Distribuição dos grupos sócio-económico nas amostras das escolas oficiais e particulares Amostra: Escolas oficiais Escolas particulares Grupo sócioeconómico: Meninos Meninos Meninos Meninos N % N % N % N % Abaixo da média 39 32,2 41 37,3 1 * 3,2 0 Médias 67 55,4 56 50,9 4 12,9 4 17,4 Acima da média 15 12,4 13 11,8 26 83,9 19 82,6 Total 121 110 31 23 * Menino filho de uma funcionária da limpeza que frequentava o colégio gratuitamente.

DISCUSSÃO 233 A discrepância entre as pressupostas condições de vida dos elementos das duas amostras e a realidade revelada pelos inquéritos sugere que as diferenças observadas estarão subestimadas. Por um lado as crianças das escolas oficiais provenientes de famílias mais abastadas terão melhores condições para expressar o seu potencial de crescimento e por outro as crianças das escolas particulares originárias de famílias com condições sócioeconómicas médias, serão provavelmente penalizadas pela diminuição de disponibilidades resultantes do esforço para as manter numa escola que absorve uma percentagem considerável dos recursos das suas famílias. As diferenças entre as médias dos valores observados nas crianças das escolas oficiais e das escolas particulares revelam uma cabeça mais alongada, maior tamanho e maior frequência de obesidade nas crianças das escolas particulares. Com excepção do diâmetro torácico antero-posterior nos dois sexos e da espessura do pulso no sexo feminino, todas as dimensões do corpo reflectem as diferenças de tamanho. A comparação entre os valores médios obtidos neste trabalho e as normas antropométricas da população infantil de Lisboa de 1992, baseados em crianças de escolas oficiais (FRAGOSO, 1992) mostra que os parâmetros antropométricos de tamanho da amostra das escolas particulares reportados neste estudo não diferem significativamente do valor médio das normas de 1992 enquanto a adiposidade média em 1984 era significativamente menor em qualquer das amostras estudadas (ver figura 7.1.).

234 ESTUDO AUXOLÓGICO DAS CRIANÇAS DE LISBOA AOS 7 ANOS Estatura Peso Diâmetro Biacromial Prega Cutânea Tricipital Figura 7.1. Comparação dos valores médios da estatura, peso, diâmetro biacromial e prega cutânea tricipital das duas amostras de 1984, com as normas antropométricas da população infantil de Lisboa (FRAGOSO, 1992). Os círculos representam as médias com os intervalos de confiança a 95%, a cheio das escolas particulares e a branco das escolas oficiais.

DISCUSSÃO 235 Estudos recentes PADEZ (2003), mostram que a tendência secular positiva tem já uma expressão quase residual nos indivíduos do sexo masculino do distrito de Lisboa ver tabela 7.2. Tabela 7.2. Valores da estatura dos mancebos (sexo masculino) observados em Lisboa em várias décadas Cohort 1886 1967 1972 1982 Obser 1904 1985 1990 2000 N Média N Média D.P. N Média D.P. N Média D.P. Estatura 1319 164,2 12860 171,58 6,52 5529 172,75 6,36 6395 172,79 6,47 Dados de PADEZ (2003) A confirmar-se a estabilização da média da estatura na população de Lisboa é provável que a expressão do potencial de crescimento das crianças de Lisboa esteja próximo de ser atingido. As crianças observadas neste estudo nasceram em 1978 e provavelmente serão adultos com uma diversidade antropométrica idêntica às das cohorts de 1972 e 1982. Numa investigação parte-se de uma ou mais hipóteses que se pretendem confirmar ou rejeitar com os dados recolhidos, mas por vezes os próprios dados sugerem novas hipóteses e conduzem a novas investigações. Neste estudo foram observados dois aspectos do desenvolvimento das crianças que não estavam previstos e que necessitam de ser confirmados por futuras investigações. Um primeiro aspecto é a distribuição da massa muscular referida no capítulo 3. As crianças observadas, independentemente das amostras consideradas, apresentam valores de massa muscular do braço desajustados dos valores de referência com um excesso de valores acima do percentil 50 e um défice de valores nos percentis mais baixos. Outro aspecto tem a ver com as diferenças da dolicocefalia, resultante do maior comprimento máximo da cabeça, que confirmam um fenómeno observado nalgumas populações europeias (BURETIC et al., 2004) associado às

236 ESTUDO AUXOLÓGICO DAS CRIANÇAS DE LISBOA AOS 7 ANOS melhorias das condições de vida e às tendências seculares daí resultantes. Esta constatação é a única confirmada na comparação entre os elementos dos diferentes grupos socio-económicos. Todo o estudo foi orientado no sentido da população mas as populações humanas são constituídas por indivíduos e no caso da população infantil por crianças para quem estes estudos são uma oportunidade de cuidados específicos e exclusivos numa época em que a atenção com cada criança individualmente é relativamente pouco frequente. Todas as crianças que foram medidas tinham sido observadas por um médico e eram aparentemente saudáveis. Apesar das diferenças médias aqui relatadas resultantes de factores genéticos e ambientais e da sua interacção, é importante sublinhar que a variabilidade genética, dentro de certos limites, não exclui a possibilidade de quaisquer tamanhos. Salvo as situações patológicas (BROOK, 1982), ser pequeno, por si só, não significa anomalia ou desvantagem do indivíduo. Já em termos globais, as diferenças de tamanho constituem um bom indicador do estado geral de saúde e bem estar das populações.