ESTÁGIO SUPERVISIONADO: COMPROMISSO NA FORMAÇÃO Resumo BUENO, Gilmar Duarte Ribeiro Eixo Temático: Didática: Teorias, Metodologias e Práticas Agência Financiadora: não contou com financiamento A temática abordada procura discutir a importância do estágio supervisionado no curso de Administração de empresas. Para realização do estudo partimos de uma pesquisa bibliográfica. As universidades procuram em seus conteúdos curriculares proporcionar ao profissional toda a competência possível para atuar no mercado de trabalho, uma das disciplinas que leva sistematicamente a campo é a disciplina de estágio. Os autores que abordam a importância do estágio discordam da fragmentação que acontecem nos cursos superiores, uma vez que as disciplinas se dividem entre teóricas e práticas, o que compromete muito os resultados, nesse caso, a disciplina de estágio fica com a responsabilidade maior, pois cabe a essa fazer a práxis, ou seja, fazer o exercício de ação-reflexão-ação. A pergunta básica é: de que forma o estágio contribui para a formação do profissional? As situações de sala de aula e de campo de estágio necessitam ser planejadas e executadas com rigor para que o futuro profissional vivencie todas as etapas que possibilitem conhecer o campo que irá atuar. O estágio tem se configurado, muitas vezes na porta de entrada para o primeiro emprego, e isso remete a responsabilidade do professor de estágio e de toda a estrutura pedagógica do curso, pois o exercício de conhecer o cotidiano faz com que muitas pessoas acabem por desistir da profissão. Conclui-se com a pesquisa que o estágio curricular supervisionado é um dos momentos mais importantes no desenvolvimento do curso, uma vez que torna-se práxis e que concretiza o as situações de ensino e aprendizagem. Palavras-chave: Normas de publicação. Anais de eventos. Publicação. Introdução A universidade Brasileira vem formando profissionais em suas mais diversas áreas de atuação. Contudo, há uma constante insatisfação por parte do acadêmico que, via de regra, acha-se incapaz de atuar na sociedade e na profissão escolhida. A área de administração de empresas e, por conseguinte, a Universidade que oferece esse curso não se encontra isenta dessas críticas. A legislação em vigor exige o cumprimento de uma carga horária, de uma avaliação e de um estágio curricular supervisionando, passos esses que obrigatoriamente todas as instituições de Ensino Superior devem cumprir, além de
16119 dispor de laboratórios informatizados, de bibliografia atualizada e de uma qualificação docente programada. Isso tudo se torna muito difícil de ser cumprido pela limitação orçamentária imposta a essas entidades formadoras. Nessa pesquisa, fez-se a análise dos estágios supervisionados, de forma comparativa, em algumas áreas de atuação universitária, com a finalidade de propor uma forma de estruturação do estágio curricular supervisionado, desde o início do curso de administração, para que haja um contato maior dos acadêmicos com as empresas e também com a gestão dessas empresas. O Estágio Curricular Supervisionado se desenvolve no último ano do curso com o objetivo de avaliar a real condição do universitário, pertinente a aptidão e ao desenvolvimento da profissão. Deve ser concedida a oportunidade de se desenvolver profissionalmente, buscando suas habilidades, aprendendo a analisar as situações e propondo mudanças no contexto empresarial. Assim, apresenta uma análise sobre a aplicação do estágio supervisionado nas universidades e nas empresas. O Estágio Supervisionado E Seus Objetivos O Estágio Curricular Supervisionado caracteriza-se por uma atividade didática pedagógica de ordem social, que proporciona ao aluno a participação em situações reais, em que este terá a oportunidade de desenvolver um trabalho relacionado com sua profissão de administrador de empresas. O Estágio Supervisionado é, portanto, a porta de entrada para o futuro profissional. Para a caracterização e definição do Estágio Supervisionado, é necessário que, entre a universidade e as pessoas jurídicas de direito público ou privado, haja um instrumento jurídico, periodicamente reexaminando, em que devam estar acordadas todas as condições de realização do Estágio, inclusive transferência de recursos da universidade, quando for o caso. O Estágio Supervisionado acontece conforme o previsto na estrutura curricular, de acordo com a área específica escolhida pelo estagiário. O universitário tem na grade do curso de administração várias áreas de atuação profissional, a partir daí ele opta pela área que pretende atuar fazendo então a opção para o estágio supervisionado. Independente da opção feita pelo estagiário, a duração do Estágio Curricular é de 360 horas anuais, dividida em horas que deverão ser cumpridas no departamento, isto é, nas
16120 empresas e escolas conforme o curso. As atividades não podem ser realizadas nos domingos e feriados, nem em períodos de férias docentes. O estágio do curso de administração pode ser realizado por equipes de, no máximo, três acadêmicos do último ano, onde desenvolvam as atividades do estágio e posteriormente serão avaliados. A educação deve estar vinculada ao mundo do trabalho e a prática social. Portanto, é necessário que o aprendizado seja contínuo. O futuro profissional deve se manter atualizado, buscando o aperfeiçoamento tanto na sua profissão quanto nas experiências rotineiras de sua vida, o que aumenta a possibilidade de empregabilidade. Na sociedade moderna o diferencial do mercado de trabalho é a ênfase nas habilidades básicas e gerais. Isto mostra a necessidade de desenvolver capacidade de análise e resolução de problemas e tomada de decisões. Sabe-se que é extremamente importante na vida do profissional, a flexibilidade para continuar aprendendo a se aperfeiçoando na profissão de forma continuada. A Relação Teoria E Prática No Estágio Supervisionado A relação teoria e prática no Estágio Supervisionado têm por objetivo apresentar uma análise de como se desenvolve a aplicação do Estágio Supervisionado. A aplicação adequada do Estágio Supervisionado tende a assumir um carácter científico, representando um papel decisivo na formação profissional e resulta na busca de novas respostas criativas para enfrentar os desafios do mundo empresarial. A articulação entre teoria e prática pode contribuir na formação de indivíduos habilitados para desempenhar as mais diversas funções impostas pelo mercado de trabalho. O estágio, como integrador, só terá resultados positivos se a aplicação for vista como uma atividade que trará benefícios para a aprendizagem, para a melhoria do ensino e para o estagiário. Trata-se da parte do currículo totalmente prática para a aprendizagem e desenvolvimento de experiências, envolvendo a supervisão, análise, revisão e correção das atividades. Deve complementar o processo ensino-aprendizagem, propondo soluções para as deficiências individuais e incentivar a busca pelo aprimoramento profissional, incentivando o desenvolvimento da potencialidade individual, propiciando o surgimento de novas gerações de profissionais empreendedores, capazes de adotar métodos e processos inovadores, fazendo
16121 uso de novas tecnologias e metodologias alternativas. Incentivar a iniciação a pesquisa científica e ao ensino. ABONDANZA¹ (2002, p. 18) destaca: no processo ensino-aprendizagem, a escola não apresenta condições de reproduzir exatamente as situações e a organização da vida técnica e econômica. Compete sim à escola, dotar o indivíduo de uma formação técnica e a de cultivar e desenvolver a cultura profissional. Verifica-se nas Universidades, que o acadêmico somente se integra ao Estágio Supervisionado Pedagógico nos últimos semestres ou anos do seu curso de graduação. A alegação mais plausível para situar o estágio é que somente após concluir a totalidade dos créditos é que o aluno terá condições de iniciar o estágio Panorama Do Estágio Supervisionado O Estágio Curricular Supervisionado Pedagógico deve ser realizado pelo acadêmico acompanhado por um professor orientador, cabendo ao estagiário escolher uma determinada área para então iniciar o processo formal de estágio. Convém observar que o acadêmico escolhe estagiar na área em que já trabalha, julgando ter afinidade, ou dificuldade em ausentar-se do local em que desenvolve suas atividades laborativas. O aluno que inicia o estágio apresenta constantemente queixas de que há uma lacuna entre o que se aprende na Universidade e a realidade. Então, o estágio oferece ao acadêmico a oportunidade de testar na prática e os conhecimentos adquiridos na sala de aula. Esta atividade representa a oportunidade de aplicação dos conhecimentos, especialmente para aquele universitário que já trabalhou. Sabe-se também que parte das empresas contribui para o insucesso do estágio ao colocarem os estagiários para realizarem tarefas repetitivas, sem muitas chances de aprender uma atividade pertinente a área de interesse e á área do futuro profissional, ou mesmo
16122 impossibilitando o contato com outros setores da empresa. Nesse sentido, ABONDANZA² (2002, p. 1119), enfatiza: O estágio curricular, segundo a lei 6.494, de 07.12.1977, regulamentada pelo Decreto n 87.497, de 18.08.1982, é considerado como uma forma de complementar o ensino e a aprendizagem acadêmica, devendo ser planejado, executado, acompanhado e avaliado em conformidade com os currículos, programas e calendários escolares, a fim de se constituírem um aperfeiçoamento técnico-cultural e científico. A lei veio ainda facilitar assimilação de estagiários pelas empresas, visto que, em, em todos os cursos estágio é obrigatório. Do ponto de vista da lei está correto, entretanto, sob o ângulo prático não se verifica esta integração: o estagiário é admitido na condição de mão-de-obra barata, tendo em vista o baixo custo de sua contratação. Ao ser admitido na organização nem sempre executa atividades relacionadas á sua formação profissional, contribuindo assim para que a sua formação seja deficiente. O estágio supervisionado se tornou uma opção para os empresários, pelo fato de ser considerado provedor de mão-de-obra barata, desvirtuando seu objetivo e fazendo com que o acadêmico desempenhe funções inerentes a de um funcionário, sendo-lhe atribuída tal responsabilidade. Trata-se de vantagem para os empresários não terem encargos sociais a pagar e não adicionar mais um empregado na empresa. Embora, sendo as empresas de médio e grande porte favoráveis ao estágio supervisionado, estas dadas é preocupante á medida que é cada vez menor o universo de grandes empresas que abrem campo para estágios de novos profissionais. Sabe-se que as empresas, por falta de informações ou falta de estrutura física, não de mostram predispostas a receber estudantes em seus negócios, por não dispor de dados suficientes para alimentá-los. Então, grande parte das dificuldades encontradas pelos estudantes para a realização do processo de estágio, está no fato de que as universidades, com raras exceções, não dispõe de fontes seguras de dados para ofertar aos acadêmicos. Assim as instituições de ensino superior, não conseguem atuar como elo de aproximação do estagiário com as empresas, pela falta de estrutura que possibilitem esta intermediação e ainda por faltarem empresas interessadas em oferecer oportunidades de estágio.
16123 Na tentativa de resolver este problema, as instituições têm recorrido cada vez mais aos serviços prestados por agentes de integração para realizar esta intermediação. De acordo com ROESCH³ (1999), citado por ABONDANZA (2002, p. 20) destaca: Esta solução minimiza as dificuldades do estudante ante ao estágio. Entretanto, apresenta dificuldades que colaboram para que as barreiras do estágio mudem de posição. Tanto o acadêmico quanto o professor orientador ficam sujeitos á disponibilidade de pessoal qualificado na empresa para acompanhar o estagiário, evidenciado dificuldades de aceitação e interesse da empresa pelo projeto apresentado. A despeito das adversidades, o estágio curricular deve inserir-se no currículo de todos os cursos, não somente na sedimentação dos conceitos aprendidos, mas na efetiva integração de todos os conteúdos na vida profissional o acadêmico, concernente ao desenvolvimento do Raciocínio espacial do estudante. Para GIARSIA (1995), citado por ABONDANZA (2002, p.20) discorre que: O ato de ensinar não é empurrar conteúdo para os alunos, o ato de aprender é algo agradável, bem humorado. O mestre brincando junto com o aluno consegue fazê-lo aprender - torna o ato alegre, feliz bem humorado. Aquelas matérias que foram empurradas as crianças criaram nos adultos traumas de infância, resultando na impossibilidade de se encontrar aplicação racional para o que se aprendeu. Também ROBINS (2000), citado por ABONDANZA (2002 p. 20) relata que:... há apenas 30 anos, poucas pessoas possuíam um fax, telefone ou celular, os termos e-mail e modem faziam parte de um círculo restrito de pessoas; os computadores ocupavam enormes salas, e eram operados por um batalhão de técnicos. A revolução tecnológica inseriu todos estes aparelhos em nosso dia-a-dia; a empresa pensa-se seriam inviáveis se eles não existissem. Com todas as mudanças que ocorrem diariamente, é urgente a necessidade de integrar o universitário ás novidades de sua futura profissão, para tanto é preciso investimento e mais recursos nas empresas e organização cedente do estágio, dando-lhe uma melhor qualidade de profissionalização. O Perfil Do Futuro Administrador
16124 O curso de administrador deve ensejar condições para que o bacharel em Administração esteja capacitado a compreender as questões científicas, técnicas, sociais e econômicas da produção e de seu gerenciamento. No seu conjunto, observados os níveis graduais do processo de tomada de decisão, como também desenvolve o alto gerenciamento e a assimilação de novas informações. O administrador deve atuar com flexibilidade intelectual e adaptabilidade nas questões e situações diversas presentes ou emergente nos vários segmentos do campo de atuação. Os cursos de graduação em Administração devem formar profissionais que revelem e desenvolvam competências e habilidades, bem como: reconhecer e definir problemas, equacionar soluções, pensar estrategicamente e introduzir modificações no processo produtivo. Cabe ao administrador atuar preventivamente, transferindo e generalizando conhecimentos e exercer em diferentes graus de complexidade, o processo da tomada de decisão. Deve fazer uso do desenvolvimento da expressão e comunicação compatíveis interpessoais ou dentro dos grupos de trabalho seja da própria empresa ou não. Requer reflexão e atuação crítica sobre a esfera da produção, compreendendo sua posição e função na estrutura produtiva sob seu controle e gerenciamento. Assim, desenvolve o raciocínio lógico, crítico e analítico para operar com valores e formulações matemáticas presentes nas relações formais e casuais entre fenômenos produtivos, administrativos e de controle. Expressando-se de modo crítico e criativo diante dos diferentes contextos organizacionais e sociais; com iniciativa, criatividade e determinações. Exercer vontade política e administrativa, vontade de aprender, possibilitando abertura ás mudanças e consciência da qualidade e das implicações éticas do seu exercício profissional. É preciso que se desenvolva no profissional a capacidade de transferência dos conhecimentos da vida e de experiências cotidianas para o ambiente de trabalho e do seu campo de atuação profissional, em diferentes modelos organizacionais, revelando-se profissional adaptável. Quando se enfatiza os profissionais adaptáveis, enfocam-se os profissionais dos novos tempos. Estes profissionais precisam desenvolver a capacidade de adaptação ás necessidades das organizações, pois, no mundo totalmente globalizado, há necessidade de se adaptar ás mudanças do dia-a-dia.
16125 Mudanças essas que são constantes dentro de todas as organizações, uma vez que nestas não há mais lugar para profissionais que não tenham a capacidade de cumprir o que o mundo atual exige. As visitas realizadas a grandes organizações e a cobrança das atividades orientadas, configuram-se momentos em que o professor orientador exige do estagiário a apresentação de relatórios de formas diferentes, em cada uma das situações vivenciadas pelos estagiários, com dados de uma determinada visita á organização. A conclusão do estágio será feita com a apresentação do relatório de estágio realizado pelo acadêmico para uma banca de professores, os quais irão avaliar todos os requisitos exigidos para a aprovação do futuro profissional. Considerações Finais Enfim, o estágio supervisionado pedagógico constitui-se de um módulo motivador, que complementa a formação profissional, com a intenção de colocar o estagiário frente a frente com a realidade de sua profissão. O estágio supervisionado é comum a todas as áreas de formação e imprescindível para que o profissional seja formado com qualidade. O presente estudo procurou discutir a importância da prática de ensino mostrando o seu funcionamento e os principais autores que tratam da temática. Concluímos que a teoria e a prática não se separam, mas em muitos momentos nos cursos superiores há a fragmentação e isso prejudica a qualidade do profissional, a tarefa do estágio nesse sentido, é a de fazer a práxis pedagógica, ou seja, mostrar que toda prática está mesclada de teoria e toda teoria é determinada por uma prática, o grande desafio nos tornarmos conscientes de qual prática queremos e qual a base teórica que está movendo os atos. O principal objetivo é sair da alienação da prática pela prática, mas o refletir na ação, fazer a reflexão na ação. REFERÊNCIAS ABONANZA, Ivaldo. Estágio Supervisionado: obrigação ou motivação. Revista Brasileira de Administração. Brasília, Ano XII, n. 36, p.18-23. 2002. ROESCH, S. M. A. Projetos de estágios e de pesquisa em administração: guias de estágios, trabalhos de conclusão, dissertações e estudo de casos. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
16126 ROBBINS, Setphen Paul. Administração: mudanças e perspectivas. Tradução Cid Knipel Moreiral. São Paulo: Saraiva, 2000.