RELATÓRIO icfo EDIÇÃO ESPECIAL DO IMPEACHMENT ÀS ELEIÇÕES. EDIÇÃO ESPECIAL icfo

Documentos relacionados
RELATÓRIO icfo EDIÇÃO ESPECIAL DO IMPEACHMENT ÀS ELEIÇÕES. EDIÇÃO ESPECIAL icfo

RELATÓRIO icfo 2 TRIMESTRE DE RELATÓRIO icfo

RELATÓRIO icfo 1 TRIMESTRE DE RELATÓRIO icfo

RELATÓRIO icfo 4 TRIMESTRE DE RELATÓRIO icfo

RELATÓRIO icfo 3 TRIMESTRE DE RELATÓRIO icfo

RELATÓRIO icfo 1 TRIMESTRE DE RELATÓRIO icfo

RELATÓRIO icfo 2 TRIMESTRE DE RELATÓRIO icfo

Relatório Conjuntura Econômica Brasileira 1º trimestre de 2013

Retração do PIB apresenta tímida melhora

O desempenho dos principais indicadores da economia brasileira em 2008

Nova queda do PIB não surpreende mercado

No cenário externo, ambiente segue estável; no Brasil, o governo interino tomou posse e propõe reformas fiscais

Concessões de Crédito - Recursos Livres Variação acumulada em 12 meses. fev/15. nov/14. mai/14. mai/15. ago/14 TOTAL PF PJ

Relatório Conjuntura Econômica Brasileira 2º trimestre de 2013

Uma análise dos principais indicadores da economia brasileira

NÍVEL DE ATIVIDADE, INFLAÇÃO E POLÍTICA MONETÁRIA A evolução dos principais indicadores econômicos do Brasil em 2007

Quarta 25 de janeiro 08h00 Sondagem do Consumidor FGV

COMENTÁRIO ECONÔMICO Primeiro trimestre de 2019 foi de alta volatilidade

PERSPECTIVAS DA ECONOMIA BRASILEIRA

Conjuntura econômica fraca persiste no terceiro trimestre. PIB Trimestral em %

PIB trimestral tem crescimento em relação ao mesmo período do ano anterior após 3 anos

1. Atividade Econômica

O SINAL E O RUÍDO Adriana Dupita

Balanço 2016 Perspectivas PIB e Performance do Agronegócio

Crise de confiança. Roberto Padovani Setembro 2013

O PIB BRASILEIRO EM 2018

9 Ver em especial o site:

COMENTÁRIO ECONÔMICO Primeiro trimestre (1T18): Mais uma queda dos juros e crescimento moderado

Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) OUTUBRO/2013

Produto Interno Bruto - PIB Var. 12 meses contra 12 meses anteriores (%) Atividades selecionadas, 2016

Revisão do Cenário Econômico Doméstico: Navegando em Águas Turbulentas. Jun/2018

Resultados de junho 2017

NÍVEL DE ATIVIDADE, INFLAÇÃO E POLÍTICA MONETÁRIA Uma avaliação dos indicadores da economia brasileira em 2007

Resultados de fevereiro

Investimentos apresentam sinais de recuperação

Relatório Conjuntura Econômica Brasileira 1º trimestre de 2014

Inflação, nível de atividade e setor externo: o desempenho dos principais indicadores da economia brasileira

Resultados de maio 2018

Conjuntura - Saúde Suplementar

Massa Salarial Real Média móvel trimestral (R$ milhões) jul/14. jul/15. jan/15. set/15. jan/16. set/14. nov/14. nov/15. mai/15. mar/15.

Conjuntura ISAE SUMÁRIO EXECUTIVO DA SEMANA. Quarta 22 de fevereiro 08:00 Sondagem do Consumidor (fev) FGV - Sondagem da Construção (fev) FGV

Economia Brasileira cresce 0,8% no terceiro trimestre de 2018 com crescimento em todos setores e componentes da demanda

Para onde vai o Brasil? Essa foi a questão que os especialistas da Geral Investimentos tentaram responder ao longo da noite de 08/08, durante evento

INDX apresenta alta de 2,67% em março

Resultados de junho 2018

A recuperação da atividade industrial perdeu fôlego no 1º trimestre

VISÃO GERAL DA ECONOMIA

Nível de Atividade: Finalmente Economia em Recuperação

Resultados de outubro

Já chegamos ao topo? Esse questionamento balizou as colocações e problemáticas abordadas pela palestra promovida pela Geral Investimentos no dia 28

Relatório PRODUTO-RESULTADO - nº 1 - maio de 2017

Relatório Conjuntura Econômica Brasileira 4º trimestre de 2013

Desempenho negativo da Construção e das Indústrias de Transformação prejudicam o setor industrial

Conjuntura - Saúde Suplementar

Resultados de setembro

Relatório Conjuntura Econômica Brasileira 3o. Trimestre 2012

PESQUISA FEBRABAN DE PROJEÇÕES MACROECONÔMICAS E EXPECTATIVAS DE MERCADO

VISÃO GERAL DA ECONOMIA

Carta ao Cotista novembro 2017

PIB se mantém em queda pelo décimo primeiro trimestre consecutivo

4,90 5,13 5,07 5,59 3,49 3,42 10,50 11,63 50,75 0,58 0,75-26,00 45,00 70,00 5,50

Índice de Confiança do Empresário da Pequena e Média Indústria São Paulo. Empresários da pequena indústria saem do pessimismo em julho

Os últimos resultados da economia e o conturbado cenário nacional. Reunião CIC/FIEMG Econ. Ieda Vasconcelos Março/2016

Ibovespa cai na semana contrariando comportamento das bolsas internacionais.

Conjuntura Econômica do Brasil Agosto de 2013

RELATÓRIO DE GESTÃO AVONPREV

Carta Econômica Mensal - Abril de Ainda Incertezas...

INDX recua 6,31% em setembro

Resultados de julho 2018

Informativo Mensal Investimentos

SUMÁRIO. Empresas no Simples. Inadimplência. Síntese. Inflação PIB. Crédito. Empreendedorismo. Juros. Expediente. Emprego. Confiança.

Resultados de março 2017

Junho/2015. Apresentação ECO034 - Macro

Resultados de abril 2018

BOLETIM ECONOMIA & TECNOLOGIA Informativo do Mês de Junho de 2011

Universidade Federal do Piauí UFPI Campus Universitário Ministro Petrônio Portella Centro de Ciências Humanas e Letras CCHL Departamento de Ciências

Central de cursos Prof.Pimentel Curso CPA 10 Educare

Quarta 18 de janeiro 05h00 IPC FIPE. 12H30 Fluxo cambial BACEN. - Índice de Confiança do Empresário Industrial - ICEI CNI

Volatilidade cambial e commodities. Cenários para 2016

SUMÁRIO. Empresas no Simples. Inadimplência. Síntese. Inflação PIB. Crédito. Empreendedorismo. Juros. Expediente. Emprego. Confiança.

Indústria e Investimentos recuam no 2º trimestre e Economia Brasileira mantém ritmo lento de crescimento

PESQUISA FEBRABAN DE PROJEÇÕES MACROECONÔMICAS E EXPECTATIVAS DE MERCADO

Indústria. Prof. Dr. Rudinei Toneto Junior Prof. Dr. Luciano Nakabashi Renata de Lacerda Antunes Borges Simone Prado Araújo

Resultados de setembro

SUMÁRIO. Empresas no Simples. Inadimplência. Síntese. Inflação PIB. Crédito. Empreendedorismo. Juros. Expediente. Emprego. Confiança.

SUMÁRIO. Empresas no Simples. Inadimplência. Síntese. Inflação PIB. Crédito. Empreendedorismo. Juros. Expediente. Emprego. Confiança.

PIB. PIB Trimestral 3,9% 2,6% 2,3% 2,3%

Instituto de Economia - Gastão Vidigal. Boletim de Conjuntura

Carta Econômica Mensal - Maio de Um mês partido ao meio

A recessão avança. Econ. Ieda Vasconcelos Reunião CIC/FIEMG Novembro/2015

Real Estate Watch. Cenário. Cenário otimista para 2017 perde força. Dezembro 2016

RENDA FIXA TESOURO DIRETO

SINCOR-SP 2017 MAIO 2017 CARTA DE CONJUNTURA DO SETOR DE SEGUROS

A economia brasileira em 2013 Guido Mantega Ministro da Fazenda

Resultados de outubro

Confiança do empresário industrial paulista atinge o menor patamar desde janeiro de 2009

Relatório de Mercado Semanal

COMENTÁRIO ECONÔMICO 100 mil pontos e captação em fundos de ações

Nota de Crédito PJ. Novembro Fonte: BACEN. Base: Setembro/2014

NÍVEL DE ATIVIDADE, INFLAÇÃO E POLÍTICA MONETÁRIA. O desempenho dos principais indicadores da economia brasileira em 2006

Transcrição:

EDIÇÃO ESPECIAL icfo 1

MENSAGEM INICIAL A mensuração do nível de confiança de uma economia é um dos elementos centrais para o processo decisório de qualquer executivo. Sua formação se dá pela soma das confianças de todos os agentes econômicos, que são pessoas, empresas, governos nacionais e estrangeiros, que no conjunto de suas expectativas determinam um nível de confiança para sustentar suas ações. Nesse contexto, o Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo (IBEF-SP) e a Saint Paul Escola de Negócios, unem representatividade e rigor técnico, e apresentam a toda a comunidade de executivos de finanças e à sociedade brasileira o Índice de Confiança do CFO, o icfo. O IBEF-SP contribuirá com sua representatividade, visto que a riqueza gerada pelos seus associados supera 20% do Produto Interno Bruto (PIB) doméstico. A Saint Paul, com o time acadêmico e de pesquisa de uma das melhores escolas para executivos do mundo. Juntos, temos o objetivo de apresentar à sociedade a perspectiva de confiança dos executivos de finanças na economia brasileira, nos setores produtivos da economia e no desempenho esperado para suas organizações. Assim, IBEF-SP e a Saint Paul cumprem seus respectivos propósitos, de contribuir com seus stakeholders e com a sociedade. Prof. Dr. José Cláudio Securato, presidente da Saint Paul Escola de Negócios 2

O Índice de Confiança do CFO (icfo) busca capturar o nível de confiança dos CFOs quanto ao desempenho futuro do país e dos negócios no Brasil. E nessa edição especial o índice completa um ciclo de flutuações econômicas vivenciados pelo país desde o impeachment até as eleições, abrangendo o período do início de 2016 ao término de 2018. O acompanhamento de momentos tão cruciais para o cenário econômico brasileiro traz importantes reflexões e insights para o mapeamento de relações entre o icfo e indicadores macroeconômicos selecionados. Além do acompanhamento da evolução do icfo ao longo do período, essa edição especial também apresenta uma pergunta inédita feita aos CFOs, que foram questionados a respeito do nível de influência das eleições presidenciais sobre o seu nível de confiança. Para 89,5% dos respondentes, as eleições influenciaram o seu nível de confiança evidenciando os fortes efeitos não apenas do cenário econômico, mas também do cenário político, no processo decisório dos executivos. 1. Evolução do icfo e as Eleições de 2018 Para atingir o objetivo de captar a confiança dos CFOs quanto ao desempenho futuro do país e dos negócios no Brasil, o icfo verifica as expectativas desses executivos quanto a macroeconomia, o seu setor de atuação e a sua empresa de atuação, para os próximos 12 meses. A periodicidade do icfo é trimestral, e o gráfico abaixo apresenta a evolução do índice do 1º trimestre de 2016 até o 3º trimestre de 2018 que permanece apresentando resultados otimistas, apesar da queda de 10,5 pontos verificada no último trimestre. Índice de Confiança do CFO - icfo 160,0,0,0 100,0 80,0 87,4 93,0 107,6 117,4 122,8 117,7 124,4 136,0 138,9 129,2 118,7 60,0 40,0 20,0 A escala de pontuações do icfo vai de 20 a 180, sendo 100 pontos o marco que representa a neutralidade das expectativas do CFO com relação aos próximos 12 meses. O limite inferior da escala do índice, de 20 pontos, indica o maior nível de pessimismo; enquanto o limite superior da escala, de 180 pontos, indica o maior nível de otimismo do CFO em relação às expectativas para os próximos 12 meses. 3

Para essa edição especial, que contempla pesquisa realizada durante o 3T18 ou seja, antes da realização do 1º turno das eleições - os CFOs também declararam as suas perspectivas com relação às eleições presidenciais se pessimistas ou otimistas, e 71,1% se declararam pessimistas em relação ao futuro no cenário eleitoral pelo qual o Brasil estava passando. Você acredita que as eleições estão te deixando mais otimista ou mais pessimista em relação ao futuro? 15,8% 13,2% 71,1% Pessimista Otimista Indiferente Quando perguntados quanto aos por quês de suas preocupações em relação a isso, aqueles que indicaram visões pessimistas levantaram questões como, por exemplo: O excesso de instabilidade prejudica quaisquer perspectivas de investimentos, ou mesmo o estabelecimento de plano de curto prazo, uma vez que os cenários não se sustentam; A composição do Congresso Nacional é um fator de preocupação, já que é com esse Congresso que o presidente precisará negociar, e não sabemos até onde os interesses na Nação se sobrepõem aos interesses individuais ; Já em relação aos otimistas, foram levantadas questões como: Os brasileiros estão chegando a um momento de inflexão quanto a tolerância da corrupção, com maior exposição à informação e aumento da percepção dos impactos negativos da manutenção do status quo. O icfo é composto por 3 diferentes indicadores, que têm o objetivo de capturar 3 distintas dimensões da percepção da confiança dos respondentes: i. icfo m: índice de confiança em relação à macroeconomia; ii. icfo s: índice de confiança em relação ao setor de atuação de sua empresa; iii. icfo e: índice de confiança em relação à empresa em que atua. 4

icfo: Macroeconomia, Setor e Empresa 160,0,0,0 100,0 80,0 60,0 40,0 icfo icfom icfos icfoe O icfo m, que representa o índice de confiança em relação à macroeconomia, foi o componente que apresentou maior volatilidade ao longo da série, indicando alto pessimismo com relação ao cenário macroeconômico nos períodos que antecederam o impeachment da presidente Dilma Rousseff, evidenciados nos valores da série do 1º trimestre de 2016 (logo após a aceitação do processo, em 2 de dezembro de 2015) ao 3º trimestre de 2016 (com o encerramento do processo em 31 de agosto de 2016, resultando na cassação do mandato de Dilma). Nos trimestres subsequentes, com a retomada do controle e da estabilidade macroeconômica, o icfo m também passou a apresentar relativa estabilidade e aproximou-se dos demais componentes. O gráfico a seguir isola apenas o índice icfo m para facilitar o entendimento dos ciclos: 5

No primeiro trimestre da pesquisa (1T16) o icfo m registrou 43,8 pontos, indicando que os CFOs apresentavam alto pessimismo com relação ao cenário macroeconômico como mencionado anteriormente, trata-se do período logo após a aceitação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Com o encerramento do processo de impeachment e a posse do presidente Michel Temer, em 31/Ago/2016, o icfo m ainda estava em território pessimista, com 92,8 pontos no 3T16. A primeira reforma aprovada pelo novo governo foi a Emenda Constitucional do Teto dos Gastos Públicos, em 15/Dez/2016, e levou o icfo m ao patamar otimista de 113,6 pontos no 4T16. Otimismo esse que foi brevemente abalado apenas no 2T17, que registrou 117,2 pontos ante 121,2 pontos do trimestre anterior, com o desenrolar de eventos relevantes associados à operação Lava Jato, como a denúncia do presidente Temer, o caso JBS, entre outros. A aprovação da Reforma Trabalhista em 13/Jul/2017 leva a percepção dos CFOs com relação ao ambiente macroeconômico a patamares mais positivos, e o icfo m registra 123,8 pontos no 3T17. O índice registra o maior nível da série no 1T18, atingindo 141,1 pontos, mesmo período no qual a taxa Selic atinge a mínima histórica de 6,5% a.a.. Com a deflagração de Greve dos Caminhoneiros em 21/Mai de 2018 o índice volta a apresentar queda, e atinge o nível de,2 pontos no 2T18, uma perda de 10,9 pontos em relação ao trimestre anterior. E na pesquisa mais recente, realizada no 3T18, o icfo m apresenta nova queda, atingindo 118,7 pontos em vésperas às eleições presidenciais que estão influenciando o nível de confiança dos CFOs e deixando a maior parte deles pessimistas em relação ao futuro, conforme indicado anteriormente nessa edição especial. 160,0,0,0 100,0 80,0 60,0 40,0 4,0 2,0 0,0-2,0-4,0-6,0 icfom PIB A retomada da confiança dos CFOs com relação ao ambiente macroeconômico foi acompanhada pela retomada da atividade econômica, o que pode ser observado pela evolução das séries do icfo m e do crescimento do PIB no gráfico acima. O período que houve o maior descolamento entre essas duas séries foi no 4T16. Neste período, pode ser que os CFOs tenham sido influenciados sobremaneira pela aprovação da primeira reforma do governo de Michel Temer, a Emenda Constitucional do Teto dos Gastos Públicos. Mas esse otimismo com relação às reformas não parece ter refletido na mesma medida em crescimento econômico, medido pela evolução do PIB. 6

160,0,0,0 100,0 80,0 60,0 40,0 30% 25% 20% 15% 10% icfom Preocupação da liderança com o ambiente político Também vale ressaltar que, apesar de as preocupações com o ambiente político terem alto impacto sobre a percepção dos CFOs com relação ao ambiente macroeconômico, elas não representam o único fator levado em consideração pelos respondentes em sua avaliação do cenário econômico. No gráfico acima é possível observar os descolamentos recorrentes entre a série do icfo m e o indicador do nível da preocupação da liderança com o ambiente político, também investigado pela pesquisa, e que agrega as preocupações com relação ao ambiente político, a aspectos regulatórios e às políticas governamentais e/ou setoriais de incentivos, desonerações e investimentos. O icfo s, por sua vez, que representa o índice de confiança em relação ao setor de atuação de sua empresa, esteve mais próximo do índice geral ao longo de todo o período da pesquisa o que indica que, em geral, os CFOs têm como expectativas para os setores produtivos da economia algo muito próximo ao que esperam ocorrer no desempenho da economia como um todo. Já o icfo e, que representa o índice de confiança em relação à empresa em que atua, foi sempre mais otimista em relação ao demais componentes, evidenciando que apesar do cenário político e econômico, os CFOs tendem a ser mais otimistas em relação ao desempenho e performance dos negócios das empresas nas quais atuam. 7

2. A relação do icfo com indicadores macroeconômicos selecionados A cada pesquisa os CFOs são questionados sobre a sua expectativa com relação aos principais indicadores macroeconômicos: inflação (IPCA), taxa de juros (Selic), taxa de câmbio (R$/US$) e PIB. A comparação das expectativas dos respondentes com os dados realizados nos possibilita avaliar a sua proximidade e, por sua vez, o nível de acerto dos respondentes com relação a esses indicadores, como pode ser observado nos gráficos abaixo. IPCA 10,0% 8,0% 6,0% 4,0% 2,0% 0,0% Perpectivas IPCA - icfo IPCA realizado Selic 15,0% 10,0% 5,0% 0,0% Perpectivas Selic - icfo Selic realizada 8

Taxa de câmbio 5,00 4,00 3,00 2,00 1,00 0,00 Perpectivas Câmbio - icfo Taxa de câmbio realizada PIB 4,0% 2,0% 0,0% -2,0% -4,0% -6,0% Perpectivas PIB - icfo PIB realizado Os descasamentos observados em relação às perspectivas e ao realizado para o PIB em alguns trimestres podem estar relacionados a um cenário de bastante incerteza, que permeou os períodos do processo de impeachment e das eleições presidenciais. Mas também pode ter relação com os vieses cognitivos que limitam a qualidade do processo decisório quando diante do excesso de informação. No entanto, apesar dos descasamentos pontuais de perspectivas versus realizado com relação do PIB, em geral o icfo representa um importante indicador antecedente da tendência do nível de atividade econômica no país. E para o PIB do 3T18, que foi divulgado apenas no final de novembro nas Contas Nacionais calculadas pelo IBGE, já havia a indicação de nova tendência de queda no nível de crescimento da atividade econômica. Ao avaliar o PIB pela ótica da demanda, que soma todos os produtos e serviços finais consumidos pela economia, incorpora-se o consumo das famílias, os gastos do governo, as exportações líquidas (ou seja, exportações menos importações) e o investimento produtivo ou seja, o investimento na economia real, não o investimento no mercado de capitais. O investimento produtivo é o principal pilar de crescimento econômico sustentável, uma vez que estimula diversos encadeamentos setoriais, ativando a expansão econômica em diferentes setores e ao longo de mais períodos de tempo. Também é importante notar que quanto maior for o nível de otimismo das empresas com relação ao crescimento econômico, maiores são as perspectivas percebidas com relação aos retornos futuros, o que aumenta o estímulo ao investimento produtivo. Por outro lado, baixos níveis de confiança podem 9

provocar uma realocação para o investimento mercado de capitais em virtude dos baixos níveis de retorno que passam a ser esperados em investimentos produtivos o que pode prejudicar a retomada da pujança na economia real, pois surgem opções mais atrativas no mercado de capitais, retardando o processo de retomada da recuperação econômica do país. Para avaliar essa relação entre expectativas dos agentes econômicos e os níveis de investimento produtivo versus investimento em mercado de capitais, foram avaliadas as relações entre o icfo e o investimento produtivo, e entre o icfo e o investimento em mercado de capitais representado pelas relações com o (i) nível de depósitos a prazo 1, (ii) investimentos em renda fixa 2 e (iii) investimentos em renda variável 3. 150 100 90 80 10,0 5,0 0,0-5,0-10,0-15,0-20,0 icfo Investimento Produtivo* * Variação em volume em relação ao mesmo trimestre do ano anterior - % Conforme evidenciado no gráfico acima, a relação entre o icfo e o investimento produtivo é direta quanto maior é o nível de expectativas dos CFOs quanto ao desempenho futuro do país e dos negócios no Brasil, maior é o crescimento do volume de investimentos produtivos feitos no país. 150 100 90 80 900 850 800 750 700 650 600 550 500 icfo Depósitos a prazo* * Saldo total com rendimentos incorporados, em bilhões de reais. 1 Inclui os títulos privados oferecidos pelas instituições financeiras com o objetivo de captação de recursos junto ao mercado, com taxas e prazos negociados ou seja, CDBs e RDBs. 2 Índice de Mercado Anbima Geral IMA. Índice composto por carteiras teóricas de títulos públicos federais, agregados de acordo com seus indexadores e prazos. Em cada carteira, os pesos de cada título (vencimento) são os mesmos que a sua participação relativa no saldo de todos os títulos em poder do público. 3 Índice mensal do Bovespa, em pontos. 10

A relação do icfo com o volume de depósitos a prazo, por outro lado, parece ser inversa. Ou seja, baixos níveis de confiança dos CFOs em geral são acompanhados de níveis maiores de depósitos a prazo o que pode ser decorrente do baixo incentivo que as empresas possuem em fazer investimento produto, ou seja, na economia real, em momentos de maior incerteza e pessimismo. 150 100 90 80 5.100 4.900 4.700 4.500 4.300 4.100 3.900 3.700 3.500 icfo Renda Fixa Títulos Públicos - Índice Anbima 150 100 90 80 95.000 85.000 75.000 65.000 55.000 45.000 icfo Renda Variável Bovespa - Índice mensal Já com relação aos investimentos em mercado de capitais direcionados para renda fixa ou variável, estes também apresentam relação direta com o icfo. Ou seja, temos evidências de que o alto nível de expectativas dos CFOs quanto ao desempenho futuro do país e dos negócios no Brasil influencia positivamente não só o investimento produtivo, mas também o volume de negócios feitos no mercado de capitais, tanto em títulos públicos quanto no Ibovespa. Isso sugere que diante de maior otimismo, os investidores apresentam maior apetite de risco em suas decisões de investimento. Para corroborar essa visão foi avaliada a relação entre o indicador da pesquisa que avalia a frequência de CFOs que tem expectativa de aumento de ROE return on equity, e os indicadores de investimento produtivo e em mercado de capitais. A relação entre esses indicadores aponta que quanto maior é a expectativa dos CFOs com relação a maiores níveis de ROE, maior é o nível de investimento produtivo e de investimento no mercado de capitais direcionados para renda fixa ou variável, e vice-versa. Isso corrobora a visão anterior de que altos níveis de expectativas otimistas capturados pelo icfo indicam mais investimentos em geral e, consequentemente, maior crescimento econômico. 11

90,0% 80,0% 70,0% 60,0% 50,0% 40,0% 30,0% 10,0 5,0 0,0-5,0-10,0-15,0-20,0 CFOs que esperam aumento no ROE Investimento Produtivo 90,0% 80,0% 70,0% 60,0% 50,0% 40,0% 30,0% CFOs que esperam aumento no ROE Renda Fixa Títulos Públicos - Índice Anbima 6.000 5.500 5.000 4.500 4.000 3.500 3.000 90,0% 80,0% 70,0% 60,0% 50,0% 40,0% 30,0% CFOs que esperam aumento no ROE Renda Variável Bovespa - Índice mensal 90.000 80.000 70.000 60.000 50.000 Além das relações entre indicadores macroeconômicos selecionados com o indicador geral do icfo, também foram avaliadas algumas relações com as outras dimensões da percepção da confiança dos respondentes o icfo s, que captura a confiança em relação ao setor de atuação de sua empresa, e o icfo e, que captura a confiança em relação à empresa que atua. Para o setor de atuação da empresa, foi identificada uma relação inversa com a inflação e com a taxa de câmbio. Ou seja, maiores níveis de inflação ou taxa de câmbio tendem a influenciar negativamente 12

a percepção dos CFOs com relação ao seu setor de atuação, provavelmente por indicar que a instabilidade no nível de preços pode impactar diretamente determinados setores, como o varejista. 150 100 90 10,0% 8,0% 6,0% 4,0% 2,0% 0,0% icfos IPCA 150 100 90 3,90 3,70 3,50 3,30 3,10 2,90 2,70 2,50 icfos Taxa de Câmbio (R$/US$) Já para o icfo e, que captura a confiança em relação à empresa, foi identificada uma relação inversa com a taxa de desemprego, e uma relação direta com o nível de consumo das famílias mas com defasagens temporais. Ou seja, maiores taxas de desemprego podem influenciar negativamente a percepção dos CFOs nos períodos subsequentes com relação à sua empresa, ou diante de maior pessimismo pode ser que sejam estimuladas mais demissões como estratégia para redução de custos, provocando aumento no desemprego. E altos níveis de consumo das famílias, que em geral são decorrentes de baixos níveis de desemprego, influenciam positivamente a percepção dos CFOs em relação à empresa nos períodos seguintes - provavelmente porque esses fatores garantem a demanda interna pelos bens e serviços produzidos pelas empresas. 13

135 125 115 15,0% 14,0% 13,0% 12,0% 11,0% 10,0% 9,0% 8,0% icfoe Taxa de Desemprego 135 125 115 4,0 2,0 0,0-2,0-4,0-6,0-8,0 icfoe Consumo das famílias 14

COORDENAÇÃO Prof. Dr. Adriano Mussa, sócio e diretor acadêmico e de pesquisas da Saint Paul Escola de Negócios Rubens Batista Junior, vice-presidente de comunicação e marketing do IBEF SP EQUIPE Profa. Dra. Bruna Losada Pereira Profa. Me. Eliane Teixeira dos Santos Mestranda Lealis Vaz Meleiro Lopes 15 Contato: pesquisa@saintpaul.com.br