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Transcrição:

A música na internet Por Lílian Arruda Dia 15 de março de 2009, em meio a milhares de acontecimentos no Brasil e no mundo, ninguém pensaria que a simples decisão dos moderadores de uma comunidade no site de relacionamento Orkut de fechar a página de fóruns com tópicos sobre música causaria tanta repercussão. O fato chegou a ser noticiado em mais de 20 veículos de comunicação e provocou grandes polêmicas tanto no mundo virtual quanto no real. A Discografias era uma comunidade voltada para a disponibilização e compartilhamento de músicas. Através dela, mais de 800 mil usuários cadastrados podiam postar links de sites de downloads e compartilhar suas músicas entre si. Após receber diversas reclamações de órgãos de defesa dos direitos autorais e ter inúmeros tópicos deletados da comunidade pelo Google em razão dessas mesmas denúncias, a comunidade acabou sendo fechada por seus moderadores. Entre os órgãos reclamantes um dos mais ativos era a APCM (Associação Antipirataria de Cinema e Música). Em nota oficial, a associação confirmou as denúncias feitas ao Google e afirmou que a comunidade Discografias se dedicava a disponibilizar músicas de forma ilegal e seu fechamento é considerado um avanço positivo na rede. De acordo com um dos moderadores da comunidade, que preferiu não se identificar, a decisão de encerrar as atividades da Discografias foi tomada após uma reunião virtual entre os demais moderadores que só se conhecem pela rede. Após ponderarem os acontecimentos, eles consideraram que a melhor ação seria fechar a comunidade por um tempo. Como a APCM gosta de promover apreensões de material pirateado em ações espetaculosas, avaliamos os riscos de termos nossos IP s rastreados e receber uma visita da Polícia Federal e APCM (apesar de ilegal) ou mesmos processados a troco de nada, afirmou o moderador. Aliado a isso, o aumento na carga de trabalho da moderação e a falta de colaboração dos membros da comunidade em aderir a um abaixo-assinado contribuíram para a tomada da decisão. Apesar disso, no mesmo dia em que a Discografias foi fechada, uma nova comunidade foi criada, por novos moderadores, nos moldes da antiga. A nova Discografias já está sofrendo os mesmos problemas da anterior: as exclusões de tópicos, mas conta com um maior apoio dos seus usuários que, em atitude de protesto, continuam renovando os tópicos nos fóruns e disponibilizando suas músicas na rede. Toda essa confusão serviu para chamar a atenção tanto da mídia quanto da população, em especial dos usuários da internet. Isto reforçou uma polêmica que vem crescendo proporcionalmente ao aumento do acesso a tecnologia: a legalidade do compartilhamento de músicas e filmes pela internet.

A pirataria De acordo com a legislação, é classificada como crime de pirataria a reprodução total ou parcial de alguma obra intelectual visando lucro, direto ou indireto, sem autorização do autor. No site da APCM, também é possível encontrar definições para a pirataria, que é exposta como apropriação, reprodução e utilização de obras protegidas por direitos autorais, sem devida autorização.. Quando se trata de pirataria na internet, a APCM classifica como download ou a distribuição não autorizada de conteúdos protegidos por direitos autorais, tais como filmes, músicas, programas de televisão, vídeos-clipe ou programas de computador, com ou sem intuito de lucro.. Segundo a associação, o download de qualquer material na internet sem que este seja disponibilizado pelo autor fere os direitos autorais e, portanto, constitui pirataria, mesmo quando utilizado para consumo próprio e sim fins lucrativos. Dessa forma, sites como Rapidshare, Badoing, Easyshare, entre outros que disponibilizam material para dowloads são considerados piratas, assim como blogs, sites ou fóruns que oferecem os links para esses sites. Um bom exemplo de site nesses moldes é o sueco PirateBay. O site viabiliza a troca de material sem restrições a direitos autorais usando a tecnologia Torrent. Ele está sendo processado pela justiça sueca acusado de quebrar a lei de direitos autorais do país ao ajudar os internautas a encontrar arquivos de filmes, músicas e jogos para download. O julgamento terminou no dia 3 de abril, mas a sentença só será proferida no dia 17. O julgamento é um marco na questão do compartilhamento de músicas na internet, é o primeiro realizado contra um site que utiliza o Torrent. A questão vem sendo acompanhada de perto por milhares de pessoas em todo o mundo, varias campanhas com internautas foram feitas em apoio ao Pirate Bay que chega a ter cerca de 25 milhões de pessoas conectadas simultaneamente. Na Noruega, O partido político socialista norueguês Rødt (Vermelho) lançou em protesto a campanha This Is What A Criminal Looks Like (É Assim Que Um Criminoso Se Parece), em que pede que usuários de programas de compartilhamento dêem o upload de fotos suas, expondo seus rostos. Dentro de toda essa confusão surge a pergunta: de onde vem realmente o interesse nessas restrições pesadas e em delimitar a distribuição desses materiais em função dos direitos autorais? Na opinião dos moderadores da Discografias, os reais beneficiados desse processo são as gravadoras O principal personagem disto tudo se chama ganância e ignorância. Os executivos das empresas de entretenimento ficam sentados esperando que ser negócio dure pra sempre e continue lhes dando o lucro que sempre tiveram ditando os rumos do mercado.. Ainda segundo eles, falta a essas empresas perceberem que o mundo está em constante evolução e cabe a elas evoluir junto, se quiserem continuar tendo força dentro do mercado.

As gravadoras Até agora, toda essa briga parece envolver dois personagens distintos: as gravadoras e os consumidores. Sob a alegação de pirataria, as empresas do entretenimento vasculham a internet de forma indiscriminada atrás de criminosos que, na verdade, são em sua maioria consumidores. O compartilhamento de arquivos pela internet já se tornou tão natural que nenhum internauta consegue conceber a idéia de que, mesmo que para uso pessoal, adquirir esse material por sites seja de fato pirataria. A falha das produtoras foi não acompanhar o avanço do universo virtual e não terem conseguido visualizar o quanto ele influenciaria no cenário cultural. É consenso tanto para o moderador da Discografias, quanto para os integrantes da comunidade que se surpreenderam com o seu fechamento, que existe um perfil de usuário e consumidor de músicas traçado. O que falta é as grandes empresas do entretenimento perceberem isso e entenderem que medidas protecionistas não vão salvar o mercado, é necessária uma nova configuração, pensar em novas formas de atrair os clientes que, ultimamente, andam se distanciando cada vez mais, não só pelas facilidades desse compartilhamento, mas pela perseguição que esse vem sofrendo. É necessária uma conscientização, que não ocorrerá de uma hora pra outra, de que para que um bom trabalho continue sendo feito é preciso contribuir de alguma forma com os artistas. Ainda assim, esse será um processo lento e que necessitará ser feito de forma cautelosa, já que um usuário não aceitará pagar R$0,99 por uma mídia a qual costumava ter acesso gratuito. Em meio a esse desgastante processo, ironicamente, quem mais precisava conquistar o consumidor é quem está cada vez mais se afastando dos interesses do mesmo. A música e os músicos No exterior, vários músicos, totalizando mais de 140 bandas ou cantores formaram um grupo chamado The Featured Artits Coalition (FAC). A coalizão, que tem a presença de músicos conhecidos no cenário musical internacional como Robin Williams, Billy Brag e Ed O brien, luta em favor dos artistas e da democratização da música. Eles defendem que as gravadoras não podem mais se comportar como donas dos artistas. Esse mesmo grupo criticou uma proposta que vem sendo discutida na Europa visando tornar crime o ato de baixar músicas pela internet. Em declaração aos jornais, Billy Brag falou que essas medidas protecionistas equivalem a colocar a pasta de dente outra vez no tubo. A FAC defende que o artista deve ser o titular dos seus direitos autorais e cabe a ele, e não às gravadoras, decidir quando sua música pode ser usada gratuitamente ou quando será cobrada. O Brasil não fica atrás quanto a esse posicionamento. Curiosamente, no mesmo dia em que, cedendo à pressão das grandes empresas, a comunidade Discografias foi fechada por seus moderadores, vários músicos se reuniam em Brasília para a divulgação

de um movimento intitulado Música Para Baixar (MPB). O movimento busca uma maior democratização da música, fugindo à ditadura dos meios de comunicação de massa e das grandes gravadoras. Com críticas semelhantes as do grupo europeu, o MPB acredita que é necessária uma maior união entre os artistas em prol de utilizar a crise das gravadoras como uma forma de se facilitar a produção e distribuição de músicas. Os músicos cada vez mais percebem a importância da internet como ferramenta para divulgação do seu trabalho. O fácil acesso da rede contribuiu para ressaltar a dicotomia entre grandes bandas produzidas por gravadoras e o ascendente cenário independente, cada vez mais diversificado. Atualmente o sonho de ter um grupo e ser escutado não é mais tão distante da realidade, com auxílio das novas tecnologias é possível montar um estúdio caseiro e disponibilizar suas gravações na internet, uma rede de extensão inimaginável onde, uma hora ou outra, se é escutado. A internet, mais do que para a divulgação, tem sido um veiculo de libertação dos músicos, que não mais ficam tão restritos ao poder das gravadoras. Internet e cultura Uma das coisas que torna músicos e ouvintes cada vez mais próximos é o fato de ambos serem consumidores de material cultural. Atualmente é praticamente impossível conhecer algum internauta que nunca tenha utilizado a rede para baixar algum conteúdo musical. Os próprios músicos são parte desse grupo e utilizam a rede tanto para a divulgação do seu trabalho quanto para adquirir novos materiais. Através de sites como MySpace, Lastfm, ou blogs, os artistas permitem aos fãs conferir sua agenda de show, novos lançamentos e projetos para o ano e ainda dá uma oportunidade de interação entre fã e músico jamais experimentada antes. Exemplos de músicos que conseguiram despontar graças a internet não faltam. No Brasil, temos o clássico exemplo da cantora Mallu Magalhães, que conquistou o reconhecimento e fãs pelo seu MySpace. No exterior podemos citar o curioso caso da banda britânica Artic Monkeys. Os rapazes gravaram vários CDs demos e distribuíram para o público, porém, como a oferta era limitada, alguns fãs copiaram as canções para o computador e passaram a disponibilizá-las pela internet. Não tardou pra que as músicas se espalhassem por todos os cantos do mundo e a banda hoje é internacionalmente conhecida. Além desses casos, diversas bandas alcançaram o reconhecimento, mesmo que não em tão grandes proporções. Um exemplo é a banda Terra Celta, o grupo faz um som diferente com arranjos inusitados e músicas tradicionais da Escócia, Irlanda e Galícia. A banda atribui seu sucesso à divulgação pela internet. De acordo com Edgar Nakandari, integrante da banda, a internet hoje é uma ferramenta indispensável para promover qualquer tipo de negócio, principalmente o entretenimento. A banda, que confirma também utilizar a internet para fazer downloads de músicas, afirma que a internet é um meio lícito para a divulgação da cultura, e isso inclui o compartilhamento desse material. Para o vocalista da banda, Elcio Oliveira, a mobilidade da internet é algo fascinante. hoje um rapaz da periferia pode se divertir ouvindo rap, mas pode escutar

musicas da Eslovenia ou até mesmo do Nepal se quiser. Ele tem acesso a culturas que provavelmente sem a internet não teria jamais., afirmou Elcio. Aqui no Brasil também existem páginas voltadas para a divulgação de novas bandas, entre eles esta o Bandas de Garagem (BDG). O site oferece um espaço para que várias bandas possam disponibilizar suas músicas, além de possuir rankings de mais escutadas e fazer reportagens especiais sobre o cenário musical. De acordo com Bruno Collaço, um dos participantes do site, o compartilhamento não é mais uma grande preocupação para as bandas, independente da sua fama. Ele atribui isso ao fato da vendagem de CDs não ser mais a mesma de antigamente. As bandas sobrevivem com o que arrecadam de shows, patrocínios, publicidade, parcerias, etc., Para Bruno, a polêmica do compartilhamento de músicas está na incerteza de que as musicas realmente serão baixadas para o uso pessoal.. O download de certa música deveria ser o cartão de visita do artista. Você ouve, aprecia, compra o cd e vai ao show, mas isso acontece na minoria das vezes, infelizmente., acrescentou Collaço. Cabe a essas empresas, se quiserem se manter de pé e com prestígio, achar um preço que seja condizente com o mercado, investir em shows e em materiais e compilações especiais para fãs. Como as gravadoras conseguirão driblar essa situação ainda não é certo. Luz no fim do túnel A verdade é que hoje é necessária uma revisão dos conceitos, tanto das gravadoras quanto dos consumidores. O cd a cada dia mais se torna uma mídia obsoleta, assim como aconteceu com o vinil (que agora está retornando ao mercado como artigo de luxo) e as fitas K-7. O conceito de mobilidade está cada vez mais próximo do consumidor. O formato mp3 se propagou rapidamente, grande parte da população possui um Ipod, ou aparelho mp3, fora as novidades (mp4 até o mp9). A conversão das músicas para esse formato, assim como a facilidade de transporte dos aparelhos, torna muito mais cômodo o acesso a essa mídia. É possível para o usuário organizar suas músicas selecionando apenas as que gostaria e levá-las para qualquer lugar. A circulação de músicas pela internet tem plena condição de trazer vantagens para o cenário musical. O perfil do usuário mudou e o perfil das bandas também. A tendência é que agora a música em si seja mais valorizada do que um álbum inteiro. O consumidor pode escolher e adquirir apenas as faixas que lhe interessam e não é mais obrigado a comprar uma mídia inteira apenas por uma ou duas músicas. A mudança se torna positiva, haja vista que incentiva as bandas a se preocuparem em dobro com a qualidade de cada canção, e ainda dá mais liberdade aos artistas de produzir livremente sem estar muito presos a uma temática de álbum. Além disso, o grupo terá de realizar mais shows (onde sempre o músico teve mais lucro), o que poderia ser considerado vantagem para os artistas e principalmente para os fãs.