Protocolo de Nagoia: Internalização no âmbito do CGEN e o papel da saúde

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Transcrição:

MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos Departamento do Complexo Industrial e Inovação em Saúde Coordenação Geral de Assuntos Regulatórios Protocolo de Nagoia: Internalização no âmbito do CGEN e o papel da saúde Pedro C. Binsfeld (PhD) Titular do MS no CGEN pedro.binsfeld@saude.gov.br

Plano de apresentação - Protocolo de Nagoia - Autoridade Nacional CGEN - Legislação Nacional sobre ABS - Papel da Saúde

Protocolo de Nagoia - ABS Implicações das 45 decisões tomadas na COP-10 para o Brasil no período de 2011-2020 2020

Protocolo de Nagoia - ABS O Índice Planeta Vivo global (IPV), mostrado aqui pela linha média, m caiu em mais de 30% desde 1970, sugerindo que, em média, m as populações de vertebrados diminuíram quase um terço o durante esse período. O IPV Tropical (linha inferior) mostra uma queda mais acentuada, de quase 60%. O IPV Temperado mostrou um aumento de 15%, refletindo a recuperação das populações de algumas espécies em regiões temperadas, depois de declínios substanciais num passado mais distante. Fonte: IPV, CDB, 2010 Protocolo de Nagoya e a Saúde: Buscando novos rumos par a sustentabilidade - Brasília, DF 23 de agosto de 2011

Protocolo de Nagoia - ABS A saúde deve se orientar por uma lógica l ambiental (...) Não é real somente a realidade que conhecemos, mas também m a de que necessitamos (...)

Protocolo de Nagoia - ABS Protocolo de Nagoia: Trata do Acess & Benefit Sharing (ABS), ou seja do Acesso aos recursos genéticos e conhecimentos tradicionais e repartição justa e equitativa dos benefícios;

Protocolo de Nagoia - ABS Objetivo do Protocolo de Nagoia: Repartição justa e equitativa dos benefícios, oriundos do acesso à biodiversidade e aos conhecimentos tradicionais associados à sua conservação e uso sustentável, que é um dos três objetivos da CDB, como medida de combate à evasão e erosão dos RG e CTA. Reconhecimento da soberania dos países e dos conhecimentos locais sobre seus RG.

Protocolo de Nagoia - ABS Segundo o Protocolo de Nagoia: Todo o acesso a recursos genéticos e ao conhecimento tradicional associado, deve passar por um consentimento prévio dos países, segundo sua legislação nacional.

Protocolo de Nagoia - ABS Art. 15 - CDB: - Acesso e Repartição de Benefícios Reconhece direito soberano e a autoridade dos Estados para determinar o acesso a recursos genéticos pertence aos governos nacionais e está sujeita à legislação nacional. O acesso aos RG deve ser com consentimento prévio informado da Parte Contratante provedora desses recursos ( ).( Cada Parte Contratante deve adotar medidas legislativas, administrativas ou políticas, conforme o caso ( )( ) para compartilhar de forma justa e eqüitativa os resultados da pesquisa e do desenvolvimento de RG e os benefícios derivados da utilização comercial e de outra natureza com a Parte Contratante provedora desses recursos. Essa partilha deve dar-se se de comum acordo.

Autoridade Nacional BRASIL: Que participa de forma ativa na construção do mecanismo multilateral 1) Possui Legislação Nacional 2) Autoridade Nacional Conselho de Gestão do Patrimônio Genético CGEN

Autoridade Nacional CF 1988 art. 225 CDB TIRFAA MP 2.186-16/01 16/01 Decretos PNGPG IAA CGEN MMA OEF Usuários

Autoridade Nacional CGEN 1) Guardião da legislação nacional 2) Tem caráter: a) Normativo b) Deliberativo c) Consultivo d) Recursal 3) Composto por 19 órgãos do Governo Federal

Legislação Nacional sobre ABS MP 2.186-16/2001 16/2001 Dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado, a repartição de benefícios para sua conservação e utilização, e dád outras providências. Criou o CGEN Conselho de Gestão do Patrimônio Genético,

Legislação Nacional sobre ABS CTA Brasil reconhece que os conhecimentos tradicionais associados fazem parte de patrimônio cultural brasileiro. A implementação do artigo 8j da CDB tem se dado pela aplicação da legislação em vigor. Art. 8 e 9 da MP tratam dos direitos sobre quem detém m CTA e o acesso não autorizado como ilegal.

Legislação Nacional sobre ABS Repartição de benefícios A MP no arts.. 24 e 25, define a necessidade de repartir benefícios. Reconhece que os RG e CTA são riquezas estratégicas

Legislação Nacional sobre ABS Artigos 15 e 8j da CDB Os compromissos do Brasil com a implementação do Art 15 e 8j vem sendo alcançados ados pelas iniciativas: a) Definição de legislação nacional b) Constituição de autoridade nacional c) Construção de capacidades em acesso e repartição de benefícios.

Legislação Nacional sobre ABS A legislação nacional permite declarar o patrimônio genético como de relevante interesse públicop... Art. 17. Em caso de relevante interesse públicop blico, assim caracterizado pelo CGEN,, o ingresso em área pública ou privada para acesso a amostra de componente do patrimônio genético dispensará anuência prévia dos seus titulares,, garantido a estes o disposto nos arts.. 24 e 25 desta MP....

Inserção da Saúde Dimensão dos RG e CTA para saúde: 1) Equilíbrio dos ecossistemas; 2) Segurança a alimentar e nutricional; 3) Espécies vetores de doenças persistentes, emergentes e reemergentes; 4) Medicamentos e Vacinas 5) Kits diagnósticos e materiais, etc.

Inserção da Saúde Política Nacional de Plantas medicinais e Fitoterápicos Decreto presidencial Nº N 5.183/2006 Programa Nacional de Plantas medicinais e Fitoterápicos Portaria Interministerial nº n 2.960/2008 RENISUS relação de plantas medicinais de interesse do SUS DAF/DECIIS PD&I

Inserção da Saúde RENISUS Rela Interesse ao SUS 71 Espécies Relação Nacional de Plantas Medicinais de Espécies Nº % Exóticas 45 63 Americanas 7 10 Brasileiras 19 27 Fonte: DAF, MS, 2009.

Inserção da Saúde Desafios Nacionais: 1) Aprimorar marco regulatório; rio; 2) Facilitar acesso para PD&I; 3) Estabelecer sistema nacional de Gestão PG e CTA; 4) Solução para questões de PI 5) Controle da evasão e erosão do RG e CTA, etc.

Desafios - ABS Antes da CDB (... até 1992) Biodiversidade como patrimônio da humanidade CDB até MP entre 1992 a 2000 Biodiversidade como patrimônio do Estado Após a MP 2.186/16/2001 Biodiversidade como patrimônio do Estado Livre acesso aos recursos genéticos e CTA Ausência regulatória Erosão da diversidade genética Biopirataria Baixa conservação Livre acesso ao patrimônio genético e CTA Discussão sobre o marco regulatório Erosão da diversidade genética Biopirataria Baixa conservação Acesso controlado ao Patrimônio genético e CTA Implementação do marco regulatório Atenuada a erosão da diversidade genética Ampliação da Consciência Controle da biopirataria Moderada conservação Uso Exploratório Ainda muito uso exploratório Proposta de uso sustentável

OBRIGADO!