EDUCAÇÃO AMBIENTAL E AS COMUNIDADES ESCOLARES DE PAU DOS FERROS/RN

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Transcrição:

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E AS COMUNIDADES ESCOLARES DE PAU DOS FERROS/RN Caio Vinícius Pessoa Gomes Universidade Federal Rural do Semi-Árido tobelikecaio@gmail.com Hortência Pessoa Rêgo Gomes Universidade Federal Rural do Semi-Árido hortenciapessoa@ufersa.edu.br Camila Virgínia Gomes Pessoa Faculdade Evolução do Alto Oeste Potiguar gomes_pessoa@hotmail.com Cícero Nilton Moreira da Silva (Orientador) Universidade do Estado do Rio Grande do Norte ciceronilton@yahoo.com.br

Resumo: A concepção e a abordagem de Educação Ambiental nas escolas devem estar previstas em suas propostas pedagógicas. Para saber em que as ações de EA nas escolas pesquisadas se baseiam, buscamos as propostas pedagógicas das mesmas previstas em seus projetos político pedagógicos, documentos que devem apresentar os objetivos, prever e orientar as ações desenvolvidas nas escolas e avaliar os resultados das mesmas. Os projetos pedagógicos das escolas pesquisadas abordam a EA em seus textos, seja de forma direta ou indireta, propondo que as temáticas relacionadas ao meio ambiente e os problemas a este relacionados, sejam abordadas como temas transversais em seus conteúdos de ensino, em todos os componentes curriculares. No entanto, essas abordagens podem não alcançar os objetivos propostos nos referenciais que norteiam as ações de EA no Brasil, se as temáticas forem tratadas de forma descontextualizada das dimensões econômica e social em que estão inseridas. Os professores afirmaram desenvolver ações de EA, resta-nos saber quais as principais temáticas em sala de aula. Os temas mais trabalhados em sala de aula, segundo os professores, são: problemática da água, reciclagem, desmatamento, aquecimento global, queimadas e poluição. Para alcançar esse objetivo, além das ações individuais nos conteúdos das disciplinas, a adoção de projetos de caráter interdisciplinar é uma das formas mais adotadas pelas escolas pesquisadas para a abordagem das temáticas ambientais. Palavras- chave: Educação, Ambiental, Comunidades, Escolares. INTRODUÇÃO Levando em consideração a temática ambiental, as escolas podem ser consideradas como espaços que permitem uma visão integrada do mundo, no mesmo tempo e espaço, são espaços privilegiados para a implantação de ações que propiciem essa reflexão sobre a importância do comprometimento individual e coletivo com a proteção ambiental. Buscando essa visão integrada relação sociedade e natureza, as escolas devem adotar formas de trabalho que permitam uma percepção dos problemas ambientais como decorrentes das ações humanas, como também, ser resultado do mau uso e descarte inadequado dos resíduos resultantes dessas ações. Assim, as escolas desempenham um papel primordial no desenvolvimento de ações de EA que possam despertar a consciência desses problemas e na busca de uma visão mais crítica sobre os mesmos.os objetivos deste trabalho são conhecer os projetos pedagógicos das escolas pesquisadas e analisar se os mesmos abordam a EA como

tema curricular, saber se os professores desenvolvem ações em EA, se conhecem a proposta pedagógica da escola em que trabalha e se estas fazem menção à EA em seus textos. METODOLOGIA A Pesquisa foi desenvolvida na cidade de Pau dos Ferros (RN), especificamente em escolas do Ensino Médio e do Ensino Fundamental, da Rede Estadual de Educação, que serão identificadas no corpo do trabalho pelas denominações: Escola A, Escola B e Escola C, respectivamente, para garantir o anonimato das mesmas e dos dados obtidos. Foi aplicado um questionário entre os professores, entrevistas com a equipe pedagógica sobre as ações de formação docente e a inserção ou não de ações de EA nas atividades curriculares. Foram solicitados e consultados documentos oficiais das escolas pesquisadas, como Projeto Político Pedagógico (PPP), relatórios de encontros de formação docente, dada a importância desse documento e necessidade de formação para a constante melhoria do desempenho docente. Além da aplicação de questionário sobre as ações de EA nas referidas escolas. O contato com os professores ocorreu em variados momentos, durante todo o processo de aplicação do trabalho de campo nas comunidades escolares supracitadas: antes do início das aulas, nos intervalos, nas reuniões para planejamento pedagógico. O questionário foi entregue a todos os professores que se disponibilizaram a respondê-lo, independente da área de formação e atuação, dado o caráter interdisciplinar da EA, após a apresentação dos objetivos da pesquisa. Foram desconsiderados os professores que não quiseram participar da pesquisa. O recebimento dos questionários dependeu da disponibilidade destes. O questionário apresentado foi composto por questões abertas e fechadas. As questões abertas permitem ao informante responder livremente, usando linguagem própria e emitir opiniões, As questões fechadas são aquelas em que o informante escolhe sua resposta entre duas opções, tais como: sim e/ou não (Markoni e Lakatos, 1999, p.103). As questões abordaram aspectos sobre o desenvolvimento de ações relativas a este tema na escola e sua presença ou não na proposta pedagógica da mesma. As perguntas foram elaboradas visando verificar a concepção de EA dos professores e os referenciais teóricometodológicos consultados por estes na realização de ações de EA nas escolas. Buscou-se elaborar perguntas claras e compreensíveis para os respondentes, não causando desconforto ou dúvidas, tentando não induzir respostas, abordando um aspecto de cada vez. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A concepção e a abordagem de EA nas escolas devem estar previstas em suas propostas pedagógicas. Para saber em que as ações de EA nas escolas pesquisadas se baseiam, buscamos as propostas pedagógicas das mesmas previstas em seus projetos político pedagógicos, documentos que devem apresentar os objetivos, prever e orientar as ações desenvolvidas nas escolas e avaliar os resultados das mesmas. O PPP da escola é o eixo norteador da concepção de educação apresentada pela escola, não devendo ser feito com caráter estritamente burocrático, para dizer que possui o documento e arquivado sem o conhecimento da comunidade escolar. Não é apenas um agrupamento de planos de ensino e atividades diversas, é um documento que deve propor uma direção política e pedagógica para o trabalho escolar, detalhando metas e objetivos, prevendo ações, procedimentos, instrumentos de ação e avaliação. Deve ser de elaboração coletiva, com a participação de todos os segmentos da comunidade escolar: gestores, professores, alunos, pais e comunidade. É uma ação intencional, com um sentido explícito, com um compromisso definido coletivamente (VEIGA, 2002, pag.13). Na dimensão pedagógica, o PPP da escola deve realizar uma reflexão sobre a ação dos homens, formulando objetivos sociais e políticos, dando uma direção ao processo educativo, indicando o que e como se ensina e, sobretudo, as finalidades sociais e políticas do processo escolar. É também político por estar articulado ao compromisso sócio-político da escola, que é a formação do cidadão para o exercício da cidadania baseada nos interesses reais e coletivos da população, no exercício participativo, compromissado, crítico e criativo, definindo as ações educativas e as características necessárias às escolas de cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade. Deve também propor o currículo, que é o referencial concreto da proposta pedagógica. Para Veiga, (2002, p. 27) Currículo é um importante elemento constitutivo da organização escolar. Currículo implica, necessariamente, a interação entre sujeitos que têm um mesmo objetivo e a opção por um referencial teórico que o sustente. Ao propor a organização curricular é preciso considerar alguns pontos básicos: o currículo não é um instrumento neutro; o currículo não pode ser separado do contexto social, uma vez que ele é historicamente situado e culturalmente determinado; o tipo de organização curricular que a escola deve adotar. Entretanto, nossas instituições têm sido orientadas para a organização hierárquica e fragmentada do conhecimento escolar, desconsiderando os fatores mencionados anteriormente. Geralmente, separam o conhecimento em áreas e disciplinas isoladas. Este tipo

de organização em disciplinas e áreas de conhecimento fragmenta o conhecimento e não permitem uma visão holística dos problemas da sociedade e dificultam o trabalho interdisciplinar, proposto nos referenciais de Educação Ambiental. Solicitamos estes documentos nas primeiras visitas que fizemos às escolas pesquisadas. Após a leitura destes documentos, detectamos o seguinte quadro: Na Escola A, o Projeto Político Pedagógico (PPP) diz que as propostas curriculares devem contribuir para um projeto de nação, em que aspectos da Vida Cidadã, expressos nos Temas Transversais, se articulem com os conteúdos mínimos das áreas de conhecimentos. (p.18). Além disso, diz que, baseado nas Diretrizes Curriculares Nacionais, Os componentes curriculares permearão temas abrangentes e contemporâneos tais como: saúde, sexualidade e gênero, vida familiar e social, assim como os direitos das crianças e adolescentes, preservação do meio ambiente, educação para o consumo, educação fiscal, trabalho, ciência e tecnologia e diversidade cultural (PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO/ESCOLA A, 2015, p. 23). No PPP da Escola B, diz-se que a Escola visa promover formação pautada numa visão humanística e ancorada nos seguintes princípios: Justiça social, com igualdade, cidadania, emancipação, ética e sustentabilidade ambiental; (p. 8). Além disso, apresenta os projetos como alternativa metodológica para o desenvolvimento dos conteúdos curriculares, pois o trabalho com projetos pode ser desenvolvido de forma disciplinar ou interdisciplinar, sendo concebida como um componente organizador do currículo. Salienta que os projetos interdisciplinares possibilitam a integração entre os conteúdos, as disciplinas e entre diferentes áreas do conhecimento (p. 9). Ressaltando, assim, os projetos interdisciplinares como meios de integração entre os conteúdos de diferentes áreas do conhecimento o que oportuniza a exploração da problemática ambiental e a gama de subtemas a esta adjacentes. No PPP da Escola C, afirma-se que a missão da mesma é formar cidadãos críticos capazes de compreender o mundo de uma visão holística fundamentada nos valores morais e na consciência ambiental que assegure a preparação para o trabalho e o efetivo exercício da cidadania. (p. 13); que as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio preconizam a Educação Ambiental (Lei Nº 9.75/99 Política Nacional de Educação Ambiental) como tema social a ser trabalhado na forma transversal e integrado, permeando todo o currículo, no âmbito dos componentes curriculares (p. 20), e que um dos objetivos educacionais da Escola

é desenvolver ações que despertem a conscientização ambiental em parceria com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente. (p. 15) Assim, percebemos que os projetos pedagógicos das escolas pesquisadas abordam a EA em seus textos, seja de forma direta ou indireta, propondo que as temáticas relacionadas ao meio ambiente e os problemas a este relacionados, sejam abordadas como temas transversais em seus conteúdos de ensino, em todos os componentes curriculares. No entanto, essas abordagens podem não alcançar os objetivos propostos nos referenciais que norteiam as ações de EA no Brasil, se as temáticas forem tratadas de forma descontextualizada das dimensões econômica e social em que estão inseridas. A desigualdade social, desemprego, ocupação de áreas de risco, depredação do patrimônio natural, poluição de mananciais, desertificação, entre outros problemas socioambientais são decorrentes, principalmente, do modo de produção capitalista que busca o lucro na produção sem se preocupar com os impactos sobre a natureza e a sociedade. Ao abordar essas temáticas, deve-se levar em consideração este aspecto, senão incorre-se no risco de abordar apenas a responsabilidade individual pelos problemas ambientais, sem relacioná-los ao modo de produção capitalista e seu incentivo ao consumo, deixando de relacionar a responsabilidade coletiva na resolução dos mesmos. É, também, uma das tarefas das escolas, contribuir para que os indivíduos sejam educados com uma nova visão de que os problemas ambientais são decorrentes do consumo excessivo de produtos e serviços, incentivado pelo modo de produção capitalista, bem como conscientes de suas responsabilidades individuais e coletivas poderão intervir e atenuar as consequências destes para o Planeta Terra e, principalmente, pelos problemas sociais associados que interferem diretamente no modo de vida das comunidades, sejam elas locais, regionais ou globais. Entretanto, as escolas podem atuar como mantenedoras e reprodutoras de uma cultura que é predatória ao ambiente, limitando-se a ser somente reprodutoras de informações, não desempenhando o papel de ambiente de formação cidadã, despertando para uma visão crítica dos problemas socioambientais. As reflexões que devem dar início a implementação da EA nas escolas devem contemplar aspectos que possam gerar alternativas para a superação desses problemas, buscando revertê-los e favorecer a compreensão da importância de todas as formas de vida

coexistentes no Planeta e dos impactos negativos das ações predatórias na vida destas, incluindo a espécie humana, em todas as comunidades em que habitam. Dentro do espaço escolar, deveremos buscar meios efetivos para que cada um dos membros da comunidade escolar compreenda que as ações humanas trazem consequências para si, para os demais membros de sua espécie, para os outros seres vivos e para o ambiente. Na busca que cada um desenvolva as suas potencialidades e adote posturas pessoais e comportamentos sociais construtivos, colaborando para a construção de uma sociedade socialmente mais justa e um ambiente saudável, sensibilizando-os na busca de valores que permitam uma convivência mais sustentável com o ambiente e as demais espécies que habitam o Planeta. Segundo Dias (1992) os trabalhos relacionados à EA na escola devem ter como objetivos: a sensibilização e a conscientização; buscar uma mudança comportamental; formar um cidadão mais atuante; sensibilizar o professor, principal agente promotor da EA; criar condições para que, no ensino formal, a EA seja um processo contínuo e permanente. Através de ações interdisciplinares globalizantes e da instrumentação dos professores; procurar a integração entre escola e comunidade, objetivando estimular a proteção ambiental em consonância com o desenvolvimento sustentado. Esse processo de sensibilização da comunidade escolar pode fomentar iniciativas que transcendam o ambiente escolar, alcançando, primeiramente, o bairro no qual a escola está inserida e, posteriormente, comunidades mais afastadas nas quais residam alunos, professores e funcionários. O estreitamento das relações entre a comunidade escolar e a comunidade externa pode ser bastante útil na conservação do ambiente, principalmente o ambiente escolar. Na medida em que, conscientes da importância da preservação do espaço escolar, as ações de vandalismo e poluição com resíduos sólidos, por exemplo, dentro e nos arredores da escola podem diminuir. Com as temáticas ambientais permeando todas as disciplinas do currículo e contextualizados com a realidade social, a escola ajudará a comunidade escolar a perceber a correlação dos fatos e a ter uma visão holística do mundo em que vive. Para isso, a EA deve ser abordada de forma sistemática e transversal, em todos os níveis e modalidades de ensino, assegurando a presença da dimensão ambiental de forma interdisciplinar, nos currículos das disciplinas e atividades escolares.

Assim, a escola deve ser o espaço social e o local para a sensibilização para os problemas ambientais e o desenvolvimento de ações ambientais para que, fora do âmbito escolar, os indivíduos sejam capazes de dar sequência ao seu processo de socialização. Os projetos voltados para a temática ambiental deverão abordar questões advindas das necessidades da própria comunidade escolar. Esse processo oferece possibilidades para que os professores atuem de maneira a englobar toda a comunidade escolar e do bairro, na coleta de dados para resgatar a história da área para conhecer o meio em que está inserida, fazendo um levantamento dos problemas ambientais e, a partir da coleta de dados, à elaboração de pequenos projetos de intervenção, com o intuito de amenizá-los e, se possível, resolvê-los. Tornando a aprendizagem significativa e permitindo que a comunidade escolar participe ativamente, desenvolva competências e avalie os resultados de suas ações. O questionário aplicado era constituído de duas partes. Uma primeira que tratava da formação e área de atuação dos professores na escola e uma segunda parte que tratava, especificamente, das ações de EA. A primeira pergunta era se o professor costumava trabalhar com as questões ambientais em sala de aula. Para essa pergunta, a resposta foi positiva em quase todos os questionários. Somente um professor afirmou não trabalhar com a temática. Também afirmou não ser tema integrante dos conteúdos curriculares da disciplina que leciona. Gráfico 1: Número de professores que abordam as temáticas ambientais em sala de aula e se as temáticas ambientais fazem parte dos currículos das disciplinas que lecionam.

Fonte: Resultados da pesquisa de campo. Elaboração: da autora. Assim, o professor que não trabalha a temática em sala de aula, também acredita que não faz parte dos conteúdos da disciplina que ministra. Também responderam se nos Projetos Político Pedagógicos das Escolas há alguma orientação/menção ao desenvolvimento de ações de EA. 10 (dez) responderam que sim, 02 (dois) responderam que não e 01 (um) não respondeu. Quanto à menção ou não da EA nos Projetos das Escolas, já tratamos no tópico específico sobre o tema. Gráfico 2: Respostas dos professores sobre a menção à EA nos PPP das Escolas. Fonte: Resultados da pesquisa de campo. Elaboração: da autora.

Os professores que responderam positivamente, afirmaram que os mesmos orientam a tratar da temática de diversas formas. Por se tratar de uma questão subjetiva, diversas respostas foram mencionadas. Vejamos algumas delas: Quadro 1 : Menção à EA nos PPP das Escolas de acordo com os professores da Escola A. Professor 1 Orientação para manter a escola limpa. Professor 2 De acordo com os PCN, que norteiam o PPP, no aspecto dos Temas Transversais. Professor 3 Existe alguns projetos na escola e todo ano é trabalhado uma semana dedicada às questões de preservação. Professor 4 Cuidar do espaço físico, com limpeza e organização, e projetos voltados para esse tema. Fonte: Resultados da pesquisa de campo. Quadro 2: Menção à EA nos PPP das Escolas de acordo com os professores da Escola B. Professor 1 Reciclagem, coleta, etc... Professor 2 Trabalhar a temática de forma interdisciplinar Professor 3 Desenvolver ações consoante os PCN. Professor 4 Coletar material seletivamente e colocar nas devidas lixeiras. Professor 5 Não respondeu Fonte: Resultados da pesquisa de campo. Quadro3: Menção à EA nos PPP das Escolas de acordo com os professores da Escola C. Professor 1 Não me recordo no momento Professor 2 Destacar a escola como agente de transformação e atuar de forma cidadã e reflexiva. Professor 4 Não respondeu. Professor 5 Não respondeu. Fonte: Resultados da pesquisa de campo. Como já tratamos, anteriormente, sobre a EA nos Projetos Pedagógicos das Escolas, não nos detivemos mais sobre esse aspecto. No entanto, as respostas obtidas apontam que os professores desconhecem, em parte, o teor dos textos destes documentos, ao afirmar que não abordam a temática ou afirmar que abordam, mas não sabem mencionar com precisão as orientações contidas nos mesmos sobre a temática. CONSIDERAÇÕES

Como afirmaram desenvolver ações de EA, resta-nos saber quais as principais temáticas em sala de aula. Os temas mais trabalhados em sala de aula, segundo os professores, são: problemática da água, reciclagem, desmatamento, aquecimento global, queimadas e poluição. Levando-se em consideração que, além de estarmos numa região semiárida, as cidades da Região Oeste do Rio Grande do Norte estão passando por uma crise hídrica. Assim, todos os professores, através dos questionários, e equipes pedagógicas, pelas entrevistas, relataram que a temática da água é a mais abordada nas salas de aula e projetos nos últimos cinco anos. Para alcançar esse objetivo, além das ações individuais nos conteúdos das disciplinas, a adoção de projetos de caráter interdisciplinar é uma das formas mais adotadas pelas escolas pesquisadas para a abordagem das temáticas ambientais. Nas datas comemorativas relacionadas às temáticas ambientais, as escolas costumam desenvolver projetos voltados para as questões ambientais atuais, tais como: falta de água, resíduos sólidos urbanos, contaminação do solo e desertificação, entre outros que abordam assuntos referentes aos problemas ambientais, decorrentes do uso inadequado e sem planejamento dos recursos naturais. As atividades descritas envolvem leituras e produções textuais referentes às temáticas, exposições dos trabalhos produzidos, campanhas pelo bairro em que a escola está localizada, produção de objetos utilizando materiais recicláveis, entre outras. Além disso, foi relatado que os professores abordam as temáticas ambientais nos conteúdos curriculares das respectivas disciplinas, como temáticas relacionadas ou transversais a essas. Assim, disciplinas como Ciências, Biologia e Geografia tem as temáticas ambientais como obrigatórias em seus conteúdos abordados, principalmente nos livros didáticos. Disciplinas como Língua Portuguesa, Educação Física, Sociologia e Filosofia abordam os problemas ambientais como tema transversal. Essas são as formas de trabalho disciplinar, em que os professores desenvolvem atividades relacionadas à temática dentro dos conteúdos de suas disciplinas. Para desenvolver ações de EA, que levem em consideração referenciais e documentos que a orientam, obras que abordam a temática, PCN, leis como a PNEA e o ProNEA, é necessário o conhecimento e análise dos mesmos. Com o objetivo de desenvolver ações que possuam caráter efetivo, apresentem resultados como a mudança de atitude em

relação ao meio ambiente e compreensão da problemática ambiental como relação complexa entre os seres humanos e o meio ambiente, intensificada pelo sistema capitalista de produção. Uma forma de conhecer esses referenciais são os cursos de formação continuada de professores sobre a temática. Dos professores pesquisados, 06 (seis) disseram já ter participado de algum curso de formação em Educação Ambiental. 07 (sete) disseram nunca ter feito cursos na área. No entanto, todos disseram conhecer algum referencial teórico que trata de Educação Ambiental. REFERÊNCIAS BRASIL, Ministério do Meio Ambiente. Programa Nacional de Educação Ambiental - PRONEA. Disponível em: <http:/ /www.mma.gov.br/port/sdi/ea/og/pog/rq s/pronea3.pdf>. Acesso em: 20 de ago. 2015. Ministério da Educação. Programa parâmetros em ação, meio ambiente na escola: guia para atividades em sala de aula. Brasília: MEC; SEF, 2001.. Lei n 9795/99. Disponível em: <http://www.planalto.g ov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm>. Acesso em: 22 de set. 2015..Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental. Temas Transversais: meio ambiente. Brasília: MEC; SEF, 1998 DIAS, G. F. Educação ambiental: princípios e práticas. São Paulo: Gaia, 1992. MARCONI,.M. A; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1999