Epidemiologia das Doenças Infecciosas HEP0142_EDI
Objetivos Apresentar os modos de transmissão de agentes infecciosos. Definir infectividade, patogenicidade, virulência e período de incubação. Definir termos usados em epidemiologia das doenças infecciosas. 2
Mensagens Controlar e prevenir doenças infecciosas em comunidades humanas é uma das aplicações mais comuns da epidemiologia. Apesar dos avanços tanto na prevenção como no tratamento das doenças infecciosas, elas continuam a ser causas significantes de morbidade e mortalidade nas populações de países desenvolvidos e em desenvolvimento. 3
Doenças infecciosas emergem e outras reemergem em novos contextos sociais e ambientais. Doenças infecciosas representam ameaças à saúde pública de muitos países. 4
Infecções emergentes e reemergentes de importância global Vírus Vírus Bactérias Parasitas HIV Marburg Anthrax Malária SARS coronavirus Ebola Cólera Leishmanioses Poliomielite Crimean-Congo Tifo Tripanossomíases Influenza A Dengue Peste Difteria Zika Borreliose Lassa Chikungunya Brucelose Rift Valley Febre Oeste do Nilo Sífilis Febre amarela 5
Pandemia de Influenza H5N1 e H1N1 Comportamento humano Mudanças nos ambientes, agentes Emergência de novos vírus Humanos suscetíveis Dispersão eficiente do agente Transmissão efetiva e epidêmica 6
Febre do vírus Zika Comportamento humano Mudanças nos ambientes, vetores e agente Invasão biológica Vetores competentes Humanos suscetíveis Dispersão eficiente do agente Transmissão efetiva 7
O que é doença infecciosa? Doença infecciosa, pode ser entendida como uma doença, humana ou animal, com manifestação clínica que resulta de uma infecção. Infecção é a penetração, alojamento e, em geral, multiplicação de um agente patogênico específico em um hospedeiro suscetível, produzindo-lhe danos, com ou sem o aparecimento de sintomas clinicamente discerníveis. 8
História natural das doenças infecciosas EXPOSIÇÃO HORIZONTE CLÍNICO INÍCIO DOS SINTOMAS DIAGNÓSTICO ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS FASE SUSCETÍVEL DOENÇA SUBCLÍNICA MANIFESTAÇÃO CLÍNICA RECUPERAÇÃO, INCAPACIDADE OU MORTE 9
Conceito de iceberg em doenças infecciosas Manifestações clínicas moderadas Proporção de casos discerníveis clinicamente Óbitos Casos graves Horizonte clínico Proporção de casos não discerníveis clinicamente 10
Espectro de gravidade da infecção INAPARENTE APARENTE MODERADA GRAVE FATAL TUBERCULOSE TÉTANO RAIVA HUMANA 11
INAPARENTE APARENTE MODERADA GRAVE FATAL A B C D Patogenicidade Virulência Letalidade 12
Processo de transmissão Cadeia de infecção Hospedeiro Agente infeccioso Ambiente 13
Componentes do sistema ecológico das doenças infecciosas Agente infeccioso Reservatório Hospedeiro suscetível Porta de entrada e de saída Transmissão direta ou indireta Imunidade de massa 14
Características dos agentes infecciosos Virulência Letalidade Patogenicidade Toxigenicidade Antigenicidade Infectividade Resistência Imunogenicidade 15
Infectividade capacidade de entrar, se multiplicar e produzir a infecção. Pólio, sarampo Patogenicidade capacidade de causar a doença em hospedeiro infectado - Sarampo Virulência capacidade de induzir doença grave 16
Letalidade capacidade de produzir casos fatais. Toxigenicidade capacidade de produzir toxinas Clostridium botulinum - Botulismo. Resistência capacidade de sobreviver em condições ambientais adversas. 17
Reservatórios Homem Com doença clinicamente aparente Sem sinais clínicos, mas alberga o agente (portador) Animais (zoonoses) Leptospirose (roedores e equinos), raiva (várias espécies de mamíferos), doença de Chagas (mamíferos silvestres), Ambiente Água Alimento Solo 18
Infecção aparente - sintomática Pessoas com doença clinicamente aparente Nem sempre o humano infectado tem o papel de reservatório na natureza - hospedeiro terminal Pessoas com sintomas graves, podem não ser bons disseminadores do agente, pois não circulam na população de suscetíveis Portadores assintomáticos são melhores disseminadores 19
Infecção assintomática portadores Portador ativo convalescente: transmite o agente durante e após a convalescença de uma doença infecciosa. Febre tifóide e difteria. Portador ativo crônico: alberga o agente etiológico por mais de um ano após ter estado doente. Mary tifóide. Portador ativo incubado ou precoce: portador durante o período de incubação de uma doença. HIV. Portador passivo: indivíduo que nunca apresentou sintomas de determinada doença transmissível, não os está apresentando e não os apresentará no futuro. 20
PORTA DE SAÍDA DO RESERVATÓRIO PORTA DE ENTRADA NO HOSPEDEIRO SUSCETÍVEL AGENTE AMBIENTE Reservatório Hospedeiro suscetível 21
A transmissão de um agente infeccioso depende dos ambientes físicos, biológicos e sociais. Físico - temperatura, umidade, saneamento. Biológico vetores, agentes infecciosos, interações ecológicas, diversidade. Social - aglomerações, migrações, distribuição da riqueza, distribuição da pobreza, comportamento, estilo de vida. 22
PORTAS DE SAÍDA E DE ENTRADA Existem seis portas no corpo humano 23
MODOS DE TRANSMISSÃO DO AGENTE Fonte 1 Suscetível 2 3 1 - Contato direto 2 - Contato indireto 4 3 - Indireto por veículos (objetos inanimados) 4 - Indireto por vetor biológico 24
Contato direto (contágio) Transmissão direta imediata: depende do contato íntimo do reservatório com o hospedeiro suscetível. Exemplo: DSTs, HIV 25
Contato direto (contágio) Transmissão direta mediata: não depende do contato íntimo do reservatório com o hospedeiro suscetível. Agente infeccioso pode ser transmitido através das "gotículas de flügge". 26
Transmissão direta mediata 27
Transmissão indireta por vetor Dengue Malária Febre amarela Doença de Chagas Leishmanioses 28
Objetos inanimados como reservatórios Água, ar, alimentos, solo agentes resistem ao meio ambiente Legionelose pneumonia por Legionella Alimentos contaminados enterobactérias Histoplasmose micose por Histoplasma capsulatum Fômites objetos diversos e vetores mecânicos (moscas) 29
Imunidade do hospedeiro Imunidade inata barreiras inatas do hospedeiro que impedem a invasão do agente Imunidade adquirida resistência que decorre de exposições prévias ao agente, natural ou artificial 30
Imunidade de massa (da população) Proporção de indivíduos resistentes na população Imunidade inata prevalência de anemia falciforme e proteção contra malária falciparum Imunidade adquirida programas de vacinação em massa O população não precisa ser toda vacinada para evitar a ocorrência de epidemias. Exemplo: sarampo, rubéola 31
Imunidade de rebanho 32
Condições para a ocorrência de IM O agente da doença deve estar restrito a uma única espécie hospedeira. A transmissão deve ser relativamente direta de um infectado para um suscetível. Infecção deve ser capaz de induzir imunidade sólida. A probabilidade de um infectado encontrar indivíduos infectados e suscetíveis na população deve ser a mesma (distribuição aleatória). 33
Epidemias e endemias Epidemia ocorrência de certa doença em número maior do que o esperado em uma comunidade ou região. Febre amarela. 34
Endemia Presença constante de uma doença ou de um agente infeccioso em uma comunidade ou região geográfica. 35
Pandemia Abrangência geográfica continental ou mundial 36
Como ocorre epidemia? Aumento recente na densidade e virulência do agente Introdução recente de determinado agente Modo de transmissão mais efetivo Mudança na suscetibilidade do hospedeiro ao agente Fatores que aumentam a exposição 37
Curvas epidêmicas Técnica gráfica para detectar e acompanhar epidemias Curva gerada com o número de casos da doença pela data de início dos sintomas 38
Curvas epidêmicas indicam Padrão de dispersão Magnitude da epidemia Tendência temporal da epidemia Exposição e /ou período de incubação 39
Padrão epidêmico Pontual por um veículo comum 40
Exposição intermitente Suprimento de água contaminada por esgoto Exposições múltiplas Intermitente Contínua 41
Padrão epidêmico Exposição intermitente 42
Padrão epidêmico Exposição contínua 43
Investigando epidemias Determinar se existe epidemia - excesso de casos em relação ao esperado Clareza na definição dos casos e verificação do diagnóstico de cada caso 44
1) Traçar a curva epidêmica (casos X tempo) 2) Calcular a taxa de ataque Se não existem evidências do surto, calcular a taxa de ataque com base em variáveis demográficas Se existem evidências de surto, calcular a taxa de ataque com base na exposição 45
3) Determinar a fonte de infecção Se não existem evidências óbvias do surto, fazer a distribuição geográfica dos casos por: Residencia/trabalho/escola/localização para reduzir a exposição comum Se existem evidências óbvias do surto, identificar as causas mais comuns e investigar as fontes de infecção para prevenir epidemias 46
3a) Caso índice 3b) Casos primários Pessoa que adquire a doença pela exposição ao caso índice Taxa de ataque 3c) Casos secundários Pessoa que adquire a doença pela exposição ao caso primário Taxa de ataque secundário 47
Cálculo da taxa de ataque por exposição a alimentos contaminados Comeu o alimento X (exposto) Não comeu X (não exposto) Doente Saudável Total Taxa ataque Doente Saudável Total Taxa ataque 10 3 13 77% 7 4 11 64% Taxa de ataque = D / (D + S) x 100 durante um período de tempo Taxa de ataque = (10/13) x 100 = 77% (7/11) x 100 = 64% RR = 77/64 = 1,2 48
Taxa de ataque secundário Taxa de ataque secundário (%) = Número total de casos casos iniciais Número de suscetíveis no grupo casos iniciais x 100 Usada para estimar a dispersão da doença Indica a infectividade do agente e os efeitos de medidas profiláticas (vacinas) 49
Taxa de casos fatais Taxa de casos fatais (%) Número de mortes pela doença X = x 100 Número de casos da doença X Porcentagem de pessoas que morrem em decorrência da doença X na população de doentes da doença X 50
Taxa de mortalidade em decorrência da doença X Taxa de mortalidade anual em decorrência da doença X, ou seja No. de mortes como resultado da doença X em um ano em uma população de 100.000 pessoas = 20 mortes = 0,02% 100.000 Taxa de fatalidade em decorrência da doença X em um ano na mesma população = 20 mortes = 33% 60 doentes 51