O PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO NA ÁREA DE SAÚDE: HABILIDADES E COMPETÊNCIAS



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O PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO NA ÁREA DE SAÚDE: HABILIDADES E COMPETÊNCIAS EIXO TEMÁTICO: AS PRÁTICAS DO PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO NO CONTEXTO BRASILEIRO: PERMANÊNCIAS E INOVAÇÕES Fernanda Samla Souza Costa 1 Hugo Avelar Cardoso Pires 2 RESUMO O presente trabalho tem por objetivo através de uma pesquisa bibliográfica, traçar um delineamento do profissional bibliotecário na área de saúde, uma área de trabalho pouco explorada ainda no Brasil, evidenciando a sua atuação e as habilidades necessárias que o mercado exige. Para isso fez-se necessário um breve histórico da Biblioteconomia clínica e das bibliotecas hospitalares (o seu campo de atuação). Pouca bibliografia em português pode ser encontrada sobre o assunto. No entanto, foi realizada uma revisão de literatura sobre as três variações de bibliotecários na área de saúde: bibliotecário médico, informacionista e clínico. Pretende-se com isso evidenciar as práticas desse profissional, mostrando mais um campo de atuação do bibliotecário, visto que para Sladek, R.M.; Pihhockt, C., Phillips (2004) ao profissional da informação cabe filtrar e fornecer informações relevantes facilitando as evidências para profissionais da saúde. Palavras-chave: Profissional da Informação na área de saúde. Práticas do Profissional da Informação. Atuação profissional. 1 INTRODUÇÃO O campo de atuação do profissional bibliotecário mudou muito nos últimos anos, ele deixou de atuar apenas em bibliotecas para lidar com modernos centros de informação em diversos locais. No Brasil, ainda que seja um mercado pouco desenvolvido, os centros de informação e bibliotecas em hospitais, por exemplo, 1 têm requerido do profissional da Universidade Federal de Minas Gerais, fernandasamla@ufmg.br, ECI - Av. Presidente Antônio Carlos, 6627 - Campus Pampulha, Belo Horizonte - MG. 2 Universidade Federal de Minas Gerais, hugo_avelar@yahoo.com.br, ECI - Av. Presidente Antônio Carlos, 6627 - Campus Pampulha, Belo Horizonte - MG. 1

informação um domínio cada vez maior dos mais diversos assuntos e maior flexibilidade ao lidar com o usuário. Loeb diz que: As verdadeiras descobertas são, na realidade, feitas na biblioteca e subsequentemente testadas nos laboratórios. Uma invenção é uma nova combinação de idéias antigas e estas combinações são muito mais fáceis de ocorrer à mente do cientista quando medita sobre o pensamento de outros homens, reformulando-o ele próprio, e não quando está empenhado na manipulação de coisas materiais. Nas horas de profunda reflexão, a nova combinação de idéias poderá ocorrer-lhe e, então, recorrerá ao laboratório para verificar sua eficácia ou simplesmente para refutá-la. A biblioteca é assim o grande essencial das invenções. (LOEB, 1923 apud LIMA, 1973, p. 143). A partir das considerações de Loeb e de outros autores, através de pesquisa bibliográfica este estudo tem como objetivo apresentar essa área de trabalho ao bibliotecário, as bibliotecas hospitalares, explicitando as principais capacidades necessárias ao profissional para atuar nesse segmento de mercado. Para um melhor entendimento sobre o assunto, faz-se necessário um breve histórico da Biblioteconomia Clínica. 2 HISTÓRIA DA BIBLIOTECONOMIA CLÍNICA Já no século XV aparecem as primeiras bibliotecas hospitalares na Inglaterra, com destaque para a biblioteca do Hospital São Bartolomeu, onde foi iniciada uma pequena coleção de livros para uso de seus médicos. Nos EUA e nos países escandinavos essas instituições são comuns e muitas delas foram fundadas nos séculos XVII e XVIII (LIMA, 1973). A Biblioteconomia Médica nos Estados Unidos foi reconhecida como uma profissão em 1939, e em 1947, a Medical Library Association adotou um programa de treinamento que foi oferecido na Columbia University School of Library Service em Nova York. Há mais de trinta anos os Estados Unidos e Europa vêm considerando de forma efetiva a atuação do bibliotecário clínico, embasados no conceito criado por Gertrude Lamb em 1971 no qual defende a necessidade de fornecer informação específica aos médicos dentro das equipes de saúde hospitalares, facilitando o intercâmbio entre o conhecimento produzido e como esse chega ao atendimento dos pacientes, levando em consideração que o grande fluxo de literatura produzida nem sempre chega até os profissionais da saúde com eficiência (BERAQUET; CIOL, 2009). 2

Em 1970 surge um programa para a formação de especialistas em literatura médica, cuja função seria a de acompanhar os clínicos e residentes em suas rondas médicas para suprir e levantar as necessidades destes usuários em seu ambiente de trabalho. Em 1990, também nos Estados Unidos, foi criada a AMIA - American Medical Informatics Association, através da fusão de três organizações que são: Association for Medical Systems and Informatics, o American College of Medical Informatics e o Symposium on Computer Applications in Medical Care, que reuniam pessoas, instituições e corporações dedicadas ao desenvolvimento e uso de tecnologias da informação para melhorar o cuidado com a saúde (SILVA, 2005). 3 BIBLIOTECAS HOSPITALARES As bibliotecas hospitalares são de extrema importância tanto para o corpo clínico do hospital, no auxílio às pesquisas e na atualização desses profissionais, quanto na ajuda na recuperação dos pacientes. Lima (1973) divide as bibliotecas hospitalares em dois grandes grupos: as destinadas aos pacientes e as especializadas, estas destinadas para o corpo clínico do hospital, que tem como função fornecer informações de caráter altamente especializado a médicos e enfermeiros; aquela com função de possibilitar aos pacientes em especial àqueles internados por um longo período de tempo uma apoio a recuperação através da leitura. Ainda segundo a autora, para se resolver o problema estrutural das bibliotecas de hospitais elas podem ser agrupadas de acordo com as características dos hospitais a que se acham vinculadas. Tem-se então: Bibliotecas de hospitais ligadas a universidades ou escolas de medicina; Bibliotecas de hospitais isolados, localizadas em regiões cujo grau de desenvolvimento comporta a existência de outras bibliotecas médicas, vinculadas a associações médicas, institutos de pesquisa, laboratórios farmacêuticos, etc; Bibliotecas de hospitais isolados, localizadas em regiões desvinculadas dos centros médicos mais desenvolvidos. A autora salienta, entretanto, que essa distinção deve apenas servir para favorecer o estudo da estrutura das bibliotecas hospitalares e não para diferenciação dos objetivos dessas bibliotecas nem de suas implicações docentes. 3

As bibliotecas de hospitais devem ser lugares de fácil acesso para os médicos, em especial para os residentes, com móveis confortáveis e espaço arejado, o que colabora para o estudo e para a reflexão, e consequentemente para um maior aproveitamento do acervo. Não se recomenda a conjugação de salas de reunião com salas de leitura (LIMA, 1973). No Brasil, os recursos destinados à saúde já são poucos e colocar nessa parte de recursos verba destinada às bibliotecas é tarefa absurdamente difícil. Mac Eachern apud Lima enumera algumas alternativas para a manutenção de bibliotecas em hospitais: Todas as despesas da biblioteca do hospital são feitas pelo próprio hospital; O hospital se encarrega das instalações e o corpo clínico assume o pagamento de salário ao bibliotecário e à formação e manutenção do acervo; Os recursos para a manutenção das bibliotecas de hospitais são fornecidos pela Associação de Residentes ou do pessoal componente do corpo clínico; Organização de campanhas para a obtenção de verbas para a formação e manutenção da biblioteca; As bibliotecas dos hospitais existam sob a forma de fundação, com recursos próprios, provenientes de doações de beneméritos. O hospital ou as associações de pessoal fornecem recursos adicionais (LIMA, 1973). Nas bibliotecas de hospitais são de extrema importância os serviços de localização e obtenção dos itens bibliográficos fora da própria biblioteca do hospital, Lima (1973) salienta que a biblioteca de um hospital deve exercer atividades didáticas, que são segundo a autora, as de maior importância, com os objetivos de formação e aperfeiçoamento dos médicos, assim como de qualquer cientista. 4 O BIBLIOTECÁRIO NOS HOSPITAIS Nos tempos atuais o bibliotecário é o profissional que planeja, organiza, direciona e executa as tarefas relacionadas ao bom funcionamento de bibliotecas e centros de informação, tornando-se desta forma, cada vez mais importante o seu papel no mercado de trabalho. 4

No Brasil, a graduação em Biblioteconomia proporciona uma formação generalista, poucas instituições oferecem cursos voltados especialmente para a área biomédica e de ciências da saúde. Dentre elas pode-se citar o Curso de Especialização em Informações em Ciência da Saúde para Bibliotecários e Documentalistas, da Universidade Federal de São Paulo, no modelo de pós-graduação; e a Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo que oferece o curso de Aprimoramento Profissional na Área da Saúde com duração de um ano. Segundo Silva (2005): No Brasil, os bibliotecários da área médica desempenham suas atividades nas bibliotecas médicas de instituições de ensino ou de saúde e seus clientes são geralmente, além da comunidade externa, estudantes, professores, pesquisadores, e profissionais da saúde. Bibliotecários são importantes parceiros das equipes de cuidados de saúde, nas pesquisas médicas e na educação dos profissionais de saúde, assim como no fornecimento de informação de alta qualidade para o público em geral. (SILVA, 2005, p. 134). Sladek, R.M.; Pinnockt, C.; Phillips, P.A. (2004) dizem que ao profissional da informação cabe filtrar e fornecer informações relevantes, facilitando as evidências para profissionais da saúde. Estudo realizado por Beraquet et al (2005) com profissionais da informação que atuam na área de saúde da cidade de Campinas identificou que além de saber trabalhar em equipes multidisciplinares, o bibliotecário da saúde deve possuir conhecimentos em informática e redes, bases de dados e demais fontes de informação em saúde; noções de saúde pública e sobre o Sistema Único de Saúde, e ter capacidade de estabelecer boa relação interpessoal com diferentes profissionais. Além disso, deve ter boa comunicação verbal e escrita, bom senso e ética, flexibilidade e domínio do inglês, bem como dominar as terminologias da área de saúde e sobre epistemologia, estatística e políticas públicas. Iniciativas tais como a criação de bibliotecas virtuais, bem como a manutenção de bases de dados voltadas ao campo da saúde (como a LILACS, por exemplo) podem ser consideradas esforços para facilitar o trabalho do profissional da informação na área de saúde. Lima (1973) discute as objeções que muitos têm em relação ao bibliotecário coordenar centros de informação destinados à área de saúde, objeções que se prendem à falta de conhecimentos especializados no assunto. Muitos defendem que esses centros de informação sejam coordenados por médicos, que conheceriam o conteúdo dos livros e poderiam prestar melhor assistência aos usuários, entretanto, esses se esquecem que não é necessário para se exercer a função de bibliotecário apenas cultura e memória, mas sim 5

sistemas complexos de organização de informação. Lima (1973) discute ainda que em um país como o Brasil que já carece tanto de médicos, não se caberia fazer como na Europa, onde são organizados cursos de Biblioteconomia e Documentação para médicos e outros profissionais que queiram se dedicar exclusivamente à pesquisa bibliográfica. Segundo Silva (2005) os bibliotecários da área médica trabalham em bibliotecas ou em centros de informação localizados em: Universidades comunitárias e universidades de ensino superior; Corporações; Hospitais e clínicas; Agências governamentais; Portais de Internet; Bibliotecas públicas; Centros de pesquisa e fundações. Através da Internet o bibliotecário age na obtenção e disponibilização de informações, pode obter excelentes resultados em suas pesquisas e gerenciar o acesso e conteúdo disponível da unidade de informação em que trabalha. Porém, esse trabalho na internet somente será possível através de uma revisão técnica por um profissional ou equipe de profissionais da saúde especializados, os quais terão conhecimentos para avaliar o conteúdo informacional pesquisado pelo bibliotecário médico. Para Lima (1973) ao iniciarem o trabalho em hospitais, os bibliotecários muitas vezes se veem perdidos e preocupados em organizar as coleções e a informação, destinando assim, pouco tempo aos estudos bibliográficos para conhecer mais do assunto. Desta forma, tornam-se meros arrumadores de estantes, não podendo auxiliar de forma correta o usuário e sendo dispensada muita das vezes a sua ajuda. Beraquet; Ciol (2009) dividem o bibliotecário que atua em hospitais em três grupos: bibliotecário médico, informacionista e bibliotecário clínico. 4.1 BIBLIOTECÁRIO MÉDICO Esses profissionais atuam nas instituições de ensino ou em hospitais, porém não integram às equipes clínicas, apenas colaboram com os médicos no sentido de cooperar no diagnóstico, realizar pesquisas acadêmicas para os estudantes, docentes e pesquisadores de medicina, disseminar informações sobre saúde aos usuários e usar diferentes canais de comunicação, como Internet e bases de dados. Para Wolf (2002) os bibliotecários médicos 6

tornam as bibliotecas de hospitais um espaço ativo orientado a serviços (BERAQUET et al, 2005). Os meios que o bibliotecário médico utiliza, tais como busca em bases de dados, Internet e literatura especializada, podem colaborar significativamente para um diagnóstico preciso sobre o problema de saúde apresentado pelo paciente. Essa interação entre o corpo clínico e o bibliotecário é benéfica para ambas as partes, uma vez que proporcionam uma troca mútua entre o desenvolvimento das pesquisas realizadas pelo bibliotecário através da análise dos resultados obtidos pelos profissionais da saúde e sua aplicação ao paciente (SILVA, 2005). 4.2 INFORMACIONISTA Segundo Beraquet et al (2005): O informacionista realiza análises de informação próprias dos especialistas em suas respectivas especialidades clínicas. Caracteriza-se como profissional de informação em saúde com qualificações adicionais obtidas por meio de formação universitária ou experiência que capacitam esse indivíduo a trabalhar colaborativamente em nível de igualdade com médicos e outros profissionais de saúde de forma a encontrar a informação necessária durante o cuidado ao paciente e a pesquisa médica. (BERAQUET et al, 2007 p. 5). Em sua definição aparece como profissional e sua formação converge para Biblioteconomia com as Ciências Médicas. Tem a função de comunicar os resultados de pesquisa da área de saúde à comunidade médica, exercendo um papel de interlocutor entre a experiência e conhecimento implícito do médico com a informação baseada nas melhores evidências científicas disponível na literatura. 4.3 BIBLIOTECÁRIO CLÍNICO Para Gertrude Lamb (1971), o bibliotecário clínico caracteriza-se como um bibliotecário treinado para participar das rondas médicas, cujo desempenho seria medido como uma contribuição à melhora do atendimento ao paciente (WOLF, 2002). Segundo Curty (1999) e Crestana (2002) apud Beraquet; Ciol (2009): O bibliotecário clínico se ocupa das atividades de recuperação e transferência da informação, adaptando-a às necessidades de informação dos usuários; tanto um 7

médico quanto um bibliotecário clínico podem chegar a ser um informacionista, considerando que esse último precisa possuir uma formação multidisciplinar para atuar em saúde, o que nem sempre é essencial ao bibliotecário clínico. Com relação à experiência brasileira, alguns trabalhos têm abordado a atuação do profissional da informação na Saúde sem, no entanto, falar da sua inserção no ambiente clínico. (BERAQUET; CIOL, 2009, p. 6). Dessa maneira, o bibliotecário clínico possui uma atuação nas equipes clínicas oferecendo suporte aos médicos que permitam tomar decisões certas em relação aos pacientes, com base na informação científica disponível, contribuindo assim para o melhor atendimento à população. Ocupa-se das atividades de recuperação e transferência da informação, adaptando-as as necessidades de informação dos usuários, num papel de mediador dessa informação, e não mais de intermediário (BERAQUET et al, 2005). Para Harrison e Sargeant (2004) o bibliotecário clínico deve ter habilidades tais como construção e manutenção de boa relação profissional com os médicos, capacidade de fazer perguntas, capacidade de aprender e interesse por questões clínicas e científicas. Com relação aos conhecimentos, espera-se que saibam sobre anatomia e fisiologia (conhecimento clínico), termos e descritores médicos, gestão de projetos, busca em bases de dados, prática baseada em evidências, métodos de pesquisa e noções de epidemiologia (BERAQUET et al, 2005). 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Cabe ao bibliotecário hospitalar atualizar-se constantemente, para que assim, possa atender ao seu usuário de forma objetiva, rápida e clara, já que a ciência evolui com absurda rapidez nos tempos modernos, tornando o atual obsoleto. Em países em desenvolvimento, como o Brasil, o número de bibliotecas hospitalares ainda é muito baixo, e quando essas existem muitas vezes se encontram em situações precárias. Ao bibliotecário da saúde, cabe buscar maiores recursos para sua biblioteca para que ela possa proporcionar ao seu usuário informações sempre atualizadas, colaborando assim para mudar a imagem que grande parte da sociedade tem do profissional da informação, como um profissional pouco produtivo e um mero arrumador de livros nas estantes. O profissional bibliotecário atuante deve buscar também aproximar não só o corpo clínico do hospital à biblioteca, mas procurar desenvolver projetos que auxiliem os pacientes, em especial aqueles internados por um longo período de tempo a frequentarem a 8

biblioteca, sendo que através da leitura os pacientes sentirão menos os efeitos do tratamento, pois além do trato convencional o ato de ler pode ser considerado uma forma de terapia que contribui no aumento das chances de cura. O bibliotecário e a biblioteca devem ser instrumentos de colaboração nas novas descobertas da ciência, em especial na área da saúde, uma vez que esta é sempre sedenta por inovações, tanto no aspecto tecnológico quanto no aspecto científico, e que ainda possui um grande o número de doenças sem tratamento eficiente ou cura. Destarte, ao criar um ambiente salutar e de fomento à pesquisa, a biblioteca e o bibliotecário ratificam o pensamento de Loeb que diz que são nas bibliotecas que as grandes descobertas ocorrem. 9

PROFESSIONAL INFORMATION IN THE FIELD OF HEALTH: SKILLS AND COMPETENCIES ABSTRACT This paper aims through a literature search, trace an outline of the professional librarian in the health area, a desktop still little explored in Brazil, pointing to his performance and skills that the market demands. For this it was necessary a brief history of clinical librarianship and the hospital libraries (your field of expertise). Little literature in Portuguese can be found on the subject. However, we conducted a literature review on the three variations of librarians in the area of health: medical librarian, and clinical informationist. Is intended to show that the practices of a trader, showing a further field for librarian, since for Sladek, RM; Pihhockt, C., Phillips (2004) to professional responsibility to filter information and provide relevant information to facilitate evidence health professionals. Keywords: Information Professional in the area of health. Practices of the Information Professional. Professional performance. 10

REFERÊNCIAS BERAQUET, V.S.M. et al. Bases para o desenvolvimento da biblioteconomia clínica em um hospital da cidade de Campinas. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIENCIA DA INFORMAÇÃO, 7, 2006, Marília. Anais do VII ENANCIB. Marilia: UNESP 2006. 12 p. 1 CD-ROM. BERAQUET, V. S. M.; CIOL, R. et. al. BIBLIOTECÁRIO CLÍNICO NO BRASIL: em busca de fundamentos para uma prática reflexiva. VIII ENANCIB Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação. Salvador, 2007. BERAQUET, V.S.M., CIOL, R. O bibliotecário clínico no Brasil: reflexões sobre uma proposta de atuação em hospitais universitários. DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação. v.10, n.2, abr 2009. Disponível em: <www.datagramazero.org.br/abr09/art_05.htm>. Acesso em: 20 jun. 2009. CURTY, M. G. Busca de informação para desenvolvimento das atividades acadêmicas pelos médicos docentes da Universidade Estadual de Maringá. 1999. 139f. Dissertação (Mestrado em Biblioteconomia e Ciência da Informação) Faculdade de Biblioteconomia, PUC Campinas, Campinas, 1999. LIMA, Etelvina. Bibliotecas de hospitais. Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1973. v.2 n.2 set. 1973. p. 141-159. LOEB, J. Library s place in research. Ex Libris, Paris, 1:74. sept. 1923. Apud: STRAUSS, L. J.; STRIEBY, I. M.; BROWN, A. L. Scientific and technical libraries. New York, Interscience, 1964. p. 19. Apud LIMA, Etelvina. Bibliotecas de hospitais. Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1973. v. 2 n.2 set. 1973. p 141-159. SABBATINI, R. M. E. Tecnologias de Informação e o Hospital Moderno. Informática médica. v. 2, n. 3, mai - jun 1999. Disponível em: <http://www.informaticamedica.org.br/informaticamedica/n0203/sabbatini.htm>. Acesso em: 20 jun. 2009. SILVA, Fabiano Couto Corrêa da. Bibliotecário da área médica. In:. Bibliotecários especialistas: Guia de Especialidades e Recursos Informacionais. Brasília: Thesaurus, 2005. cap.11, p. 100-124. SILVA, Fabiano Couto Corrêa da. A Atuação do bibliotecário médico e sua interação com os profissionais da saúde para busca e seleção de informação especializada. Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação. Campinas, v.3, n. 1, p. 131-151, jul./dez. 2005. Disponível em: <http://polaris.bc.unicamp.br/seer/ojs/viewarticle.php?id=53&layout=abstract>. Acesso em: 25 jun. 2009. SLADEK, R. M.; PINNOCKT, C.; PHILLIPS, P. A. The informationist in Australia: a feasibility study. Health information and libraries journal, v. 21, n. 2, p. 94-101, 2004. 11

WOLF, D. G. et al. Hospital librarianship in the United States: at the crossroads. J. Med. Libr. Assoc., v. 90, n. 1, Jan 2002, p. 38-48. 12