O USO DAS NOVAS TECNOLOGIAS NAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM - PRÁTICA E ATUAÇÃO DE PROFESSORES Profa. Dra. Soraia Cristina Blank IFTO Campus Palmas Více-líder do grupo de pesquisa NUPEHDIC Membro do grupo de pesquisa NUPLA soraiablank@ifto.edu.br Prof. Mestre Claudemir Figueiredo Pessoa IFTO Campus Gurupi Líder do grupo de pesquisa NUPEHDIC claudemir@ifto.edu.br RESUMO Este artigo nos leva a refletir sobre fatores importantes que influenciam educadores na utilização de computadores na escola e, consequentemente, seus impactos diretos no aprendizado dos alunos. A tecnologia da informação representa um importante papel no cenário da educação, não devendo, entretanto, representar uma finalidade em si mesma, mas, sim, sendo utilizada como ferramenta auxiliar no processo ensino-aprendizagem. Palavras-chave: Conhecimento, Educação, Formação, Tecnologia, Integração. Nas últimas décadas, a aliança feita entre Ciência e Tecnologia provocou grandes mudanças que possibilitaram a aceleração do desenvolvimento tanto de uma, quanto de outra. De 1989 para cá, o avanço da tecnologia teve um ritmo, surpreendentemente, mais acelerado, ocupando espaços cada vez maiores em nossa vida cotidiana, não se podendo hoje conceber muitas de nossas rotinas e hábitos sem a atual tecnologia. Assim, não poderia a tecnologia passar despercebida por um setor bastante relevante da nossa realidade: a Educação. O grande desafio da mediação pedagógica é a formação de pesquisadores críticos e reflexivos para se discutir ou analisar a atuação do professor na utilização dos recursos tecnológicos para ensinar, antes de nos precipitarmos na análise dos vários fatores já conhecidos e vivenciados nos laboratórios de formação pelos educadores - como o medo ou receio da máquina -, que sabemos não serem os únicos responsáveis pelas dificuldades presentes na sua aplicabilidade como ferramenta para ensinar na sala de aula. A educação escolar precisa compreender e incorporar mais as novas linguagens, desvendar os seus códigos, dominar as possibilidades de expressão e as possíveis
manipulações. E é importante educar para usos democráticos, mais progressistas e participativos das tecnologias, que facilitam a evolução dos indivíduos. (MORAN, 2000, p.36) Precisamos, então, analisar a sua formação profissional. A informática aplicada à educação ainda é um mistério para alguns professores e, segundo Valente (2003, s.p.), o nó da questão está na formação docente. Para Tajra (2001, p. 113) a capacitação deve contemplar: conhecimentos básicos de informática; conhecimento pedagógico; integração de tecnologia com as propostas pedagógicas; formas de gerenciamento da sala de aula com novos recursos. A introdução tecnológica no campo educacional ainda sofre restrições e desconhecimento pedagógico. A mudança de sociedade não altera somente a relação professor-aluno, mas também o ambiente histórico e cultural desses alunos em formação. Surgem novas formas de pensar e, consequentemente, alteração na construção de conhecimento, sendo a mediação pedagógica na formação um grande desafio desta na formação de pesquisadores críticos e reflexivos. Muitos educadores ainda não sabem o que fazer com os recursos que a informática oferece e, nesse sentido, a chave do problema é a questão da formação, da preparação dos educadores para saberem utilizar esta ferramenta como parte das atividades que realizam na escola. Esta formação ainda não propicia condições necessárias para que o professor domine a tecnologia como um processo que exige profundas mudanças na maneira de pensar do adulto. O objetivo da formação, além da aquisição de metodologias de ensino, é conhecer profundamente o processo de aprendizagem, como ele acontece e como intervir de maneira efetiva na relação com o computador, propiciando condições favoráveis para a construção do conhecimento. A ênfase do curso deve ser a criação de ambientes educacionais de aprendizagem, nos quais o aluno executa e vivencia uma determinada experiência, ao invés de receber do professor o assunto já pronto. O reconhecimento de uma sociedade cada vez mais tecnológica deve ser acompanhado da conscientização da necessidade de incluir nos currículos escolares as habilidades e competências para lidar com as novas tecnologias. No contexto de uma sociedade do conhecimento, a educação exige uma abordagem diferente em que o componente tecnológico não pode ser ignorado. Poderíamos tratar, então, da competência político-técnica-pedagógica dos professores, como sendo o eixo para viabilizar tais mudanças, como no dizer de Saviani (1983).
Edgar Morin (2004), ao explicar o processo da complexidade, nos faz compreender a escola, os professores, que possuem o poder da educação e da formação, e diz não haver um único elemento, além da relação e a interação entre os elementos que interagem, e que produzem um efeito novo, deficiente em cada pessoa, dificilmente mensurável, qualificável no que diz respeito ao grau de importância que cada um deles possui. Vale aqui destacar que no processo formativo, todos os elementos têm a sua inferência, sua colaboração, com formas, níveis, momentos, lugares, importâncias diferente, e nesse contexto, as tecnologias da informação e comunicação surgem como instrumentos facilitadores da globalização do conhecimento. As vertiginosas evoluções sócio-culturais e tecnológicas do mundo atual geram incessantes mudanças nas organizações e no pensamento humano e revelam um novo universo no cotidiano das pessoas. Isso exige independência, criatividade e autocrítica na obtenção e na seleção de informações, assim como na construção do conhecimento. Hoje, apesar de se supor que atingimos um ensino universalizado quanto ao acesso, seja na cidade, seja no campo, o mesmo não se pode afirmar quanto à democratização do conhecimento. A Inclusão Digital de professores e professoras da Educação do Campo deve ser um instrumento de preparação desse profissional para a vida numa perspectiva de mundo globalizado, em que as fronteiras do rural e urbano caminham cada vez mais para o encurtamento do campo, como historicamente vem ocorrendo no país, onde o campo é visto como lugar de atraso e a cidade de desenvolvimento. Conforme Almeida (1988, p.9). a educação do meio rural não pode tratar somente dela mesma, mas sim deve ser inserida na discussão da problemática mais ampla do campo hoje. Não se está falando da enxada, fala-se da tecnologia apropriada. Está-se defendendo a reforma agrária e uma política agrícola para agricultura camponesa. Propósito é conceber uma educação básica do campo, voltada aos interesses e ao desenvolvimento sócio-cultural e econômico dos novos que habitam e trabalham no campo, atendendo as suas diferenças históricas e culturais para que vivam com dignidade e para que, organizados, resistam contra a expulsão e a expropriação, ou seja, este do campo tem o sentido do pluralismo das idéias e das concepções pedagógicas: diz respeito a identidade dos grupos formados da sociedade brasileira (conforme os artigos 206 e 216 da nossa Constituição). No contexto de transformação e de novas exigências que o mundo globalizado exige em relação ao aprender, as mudanças presentes não dizem respeito à adoção de métodos diversificados, mas sim à atitude diante do conhecimento e da aprendizagem bem como a uma nova concepção de homens, de mundo e de sociedade. Isso significa que o professor terá papéis diferentes a desempenhar, o que torna necessários novos modos de formação que possam prepará-lo para o uso pedagógico do computador, assim como para refletir sobre a sua prática e acerca do desenvolvimento, da aprendizagem e de seu papel de agente transformador de si e de seus estudantes.
Na LDB é garantida a formação/capacitação em seus artigos 61, 67 e 87, inclusive em serviço, mas não basta constar em lei esse direito: é necessário que se prepare os professores para atuar no mundo, no qual diversos meios levam ao raciocínio e ao conhecimento e que, a aprendizagem pode acontecer de várias maneiras, além da tradicional aula expositiva. Nesse sentido, a escola e o professor têm papel fundamental na formação do aluno para a sociedade tecnológica, sem ficar à margem de seu processo, atingindo a todos com igualdade e possibilidades para sua participação na construção de conhecimento relevante à sua vida no meio social. A plena participação no mundo letrado também inclui conhecimento tecnológico, cuja mediação está pautada no trabalho docente. O objetivo de introduzir novas tecnologias na escola é promover novas ações e práticas pedagógicas que não se podem realizar de outras maneiras. O aprendiz, utilizando metodologias adequadas, poderá utilizar estas tecnologias na integração de matérias estanques. A escola passa a ser um lugar mais interessante que prepararia o aluno para o seu futuro. A aprendizagem centra-se nas diferenças individuais e na capacitação do aluno para torná-lo um usuário independente da informação, capaz de usar vários tipos de fontes de informação e meios de comunicação eletrônica. Às escolas cabe a introdução das novas tecnologias de comunicação e a condução do processo de mudança da atuação do professor - que é o principal ator destas mudanças - e, ainda, a capacitação do aluno para a busca correta da informação em fontes de diversos tipos. É necessário, também, conscientizar toda a comunidade escolar, especialmente os alunos, da importância da tecnologia para o desenvolvimento social e cultural. O salto de qualidade utilizando novas tecnologias poderá se dar na forma de trabalhar o currículo e, também, através da ação do professor, além de incentivar a utilização de novas tecnologias de ensino, estimulando pesquisas interdisciplinares adaptadas à realidade brasileira. As mais avançadas tecnologias poderão ser empregadas para criar, experimentar e avaliar produtos educacionais, cujo alvo é avançar um novo paradigma na Educação, adequado à sociedade de informação para redimensionar os valores humanos, aprofundar as habilidades de pensamento e tornar o trabalho entre mestre e alunos mais participativo e motivante. A integração do trabalho com as novas tecnologias no currículo, como ferramentas, exige uma reflexão sistemática acerca de seus objetivos, de suas técnicas, dos conteúdos escolhidos, das grandes habilidades e seus pré-requisitos, enfim, ao próprio significado da Educação. No entanto, hoje já não basta às escolas estarem com seus laboratórios instalados. São necessárias mudanças profundas em procedimentos, que começam pela formação de toda a
equipe escolar e que esta seja de forma prática e contínua, pois a Educação é dinâmica (gente chegando... gente saindo...) e o nosso compromisso deve ser numa visão de desenvolvimento humano em seu sentido mais amplo - de criação, transformação, autonomia e emancipação. Muitas vezes, as aulas oferecidas aos professores limitam-se a encontros de treinamento, apresentação de softwares, palestras sobre a importância do uso da informática e, quando não, a um treinamento tecnológico com fundamentação pedagógica excelente, mas sem aplicabilidade e oportunidade de análise e construção de seu uso na prática pedagógica. Capacitação e formação que levem a mudanças devem ir além do passar informação de técnicas operacionais, e sim, deve ser de forma integrada, ou seja, que o pedagógico e o técnico possam ser construídos juntos, mediante a necessidade. Apesar de as tecnologias mais modernas, principalmente a Internet, não estarem acessíveis de forma democrática, em função da comercialização elitista é sabido que elas detêm enorme poder de motivação para o aluno porque proporciona ambientes atraentes e dinâmicos de informação e dados, textos e imagens, que podem ser reconstruídos. Neste sentido, integrar as tecnologias como apoio ao ensino-aprendizagem é um grande desafio para a educação, especialmente na rede pública de ensino para dar igualdade de condições aos educandos. O educador necessita buscar ferramentas eletrônicas para atender a necessidade e curiosidade dos educandos. São necessárias novas competências e atitudes para que o processo de ensino-aprendizagem seja significativo, possibilitando criar, recriar, enriquecendo o processo. "O manejo inteligente da presença virtual requer professores devidamente preparados. Esta é a condição decisiva. De pouco adianta colocar computador e parabólica na escola se os professores não souberem transformá-los em meios para a aprendizagem do aluno" (Demo, in Silva, 2003, p. 84). Para Dowbor (2001), a educação assume a função de ponte entre escola e esse universo de tecnologias de informação, sendo ao mesmo tempo um desafio e uma oportunidade. Desafio porque invade nosso cotidiano e exige que nos atualizemos. Mudar e adaptar-se rapidamente às mudanças é questão de sobrevivência e oportunidade, no sentido que o conhecimento é a base da educação, influenciando e determinando o nosso desenvolvimento. E ainda, pensando no potencial que os computadores têm em despertar a curiosidade e aumentar a criatividade, principalmente nos casos de utilização no auxílio à aprendizagem, e por serem uma ferramenta poderosa de auxílio no uso de softwares educacionais, proporcionar produtividade maior em relação ao tempo para os estudos e à necessidade de uma formação continuada. Ressaltando-se, ainda, a importância do preparo dos educadores
através da utilização de técnicas relacionadas com a tecnologia, o que significará um aperfeiçoamento efetivo no ensino e, neste caso, a eficácia da viabilização de projetos de uso das tecnologias nas instituições de ensino que se faz cada vez mais necessários. Com o objetivo de analisar a atuação dos professores de uma escola da rede municipal de um dado município do estado de Tocantins, no uso do computador como ferramenta pedagógica de ensino, é que nós propusemos a, através de observação e pesquisas, diagnosticar qual o papel do educador no uso do computador como recurso bem como, analisar situações, durante as aulas, ou em sua preparação, de como o computador é utilizado e ainda, o que pensam os educadores com relação ao uso do mesmo contribuindo assim, para o despertar da importância para o desenvolvimento das diversas habilidades humanas centrada numa proposta de nova prática pedagógica para o desenvolvimento de seu trabalho com o uso do computador. Com as observações durante a realização deste artigo será possível concluir que estas proporcionam aos educadores a oportunidade de mudança de postura em suas práticas pedagógicas, com o enfoque no uso do computador e a visão sobre a sua utilização. REFERÊNCIAS ALMEIDA, F. J. Educação e Informática. Os computadores na escola. São Paulo: Cortez, 1988. ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini. Informática e Formação de Professores. Cidade MEC, 2000. (Col. Estudos de Educação a Distância, vol. 2). Ed. Mec. Série de Estudos de Educação a Distância, volume 2. 2000. BRANDÃO, C. R. O trabalho do saber. Porto Alegre: Sulina, 1999. BRASIL. Rede Nacional de Formação Continuada da Educação Básica. Brasília, 2005.. Educação Básica 2005: Ano da Qualidade da Educação. Brasília, 2005. BRASIL. Política Nacional de Educação do Campo, Caderno de subsídio, (2003, p.33). BUZATO, Marcelo El Khouri. Inclusão digital como invenção do quotidiano: um estudo de caso. Revista Brasileira de Educação, v.13, n.38, p.325-342, maio/ago. 2008. CASTELLIS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Vozes, 1999. DEMO, P. Instrucionismo e nova mídia. In: SILVA, M. (Org.) Educação online teorias, práticas, legislação, formação corporativa. São Paulo: Loyola, 2003. DOWBOR, Ladislau. A Comunidade Inteligente: visitando as experiênciasde gestão local. São Paulo: Pólis; Programa de Gestão Pública e Cidadania/EAESP/FGV, 2001.
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