ARQUITETURA E URBANISMO ROMANO



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Transcrição:

ARQUITETURA E URBANISMO ROMANO

A tipologia residência O DOMUS

A Domus é a residência urbana das famílias abastadas na Roma Antiga, e, portanto, na sua maioria, das patrícias, nome pela qual é denominada a nobreza romana. Há também a domus da plebe, onde habitavam comerciantes e artesãos romanos, ainda que as suas residências não fossem grandes, suntuosas e sofisticadas como as dos patrícios. Os cidadãos com menos posses, membros da plebe, viviam em casas alugadas, as insulae, apartamentos exíguos e sobrepovoados situados em prédios de vários andares. No campo, as casas das famílias patrícias tinham o nome de villae (singular: villa). A domus dos patrícios era uma propriedade grande, sofisticada e luxuosa em regiões residenciais em meio a cidade. A palavra deriva de dominus, nome por que eram designados os chefes das famílias patrícias. A erupção do Vesúvio, no ano de 79, sepultou sob as suas cinzas as cidades de Pompeia e de Herculano. O estado de conservação de muitas habitações é excelente, pelo que foi possível aos arqueólogos ficar a conhecer profundamente a sua arquitetura.

Uma das vias principais do centro comercial da cidade de Pompeia

A domus desenvolvia-se na horizontal, embora pudesse haver um segundo piso. As divisões que davam para a rua, denominadas tabernae, eram geralmente arrendadas a terceiros, sendo usadas como lojas ou oficinas. Não havia vitrine no sentido moderno do termo e a taberna abria diretamente para a rua. Por vezes, os comerciantes ou artesãos alugavam igualmente o segundo piso, onde viviam com a sua família. Ao entrar na casa de habitação, o visitante era conduzido pelo vestibulum, o qual se abria para o atrium (átrio). O teto deste possuía uma abertura central, o complúvio (compluvium), por onde entrava a água da chuva, que era recolhida no implúvio (impluvium), uma cisterna quadrangular no centro do átrio. Elemento central da domus, era no átrio que eram colocadas as imagens dos antepassados (imagines maiorum) e que o patrono vinha saudar os seus clientes ou convidados. Em seu redor articulavam-se as outras divisões: os pequenos quartos de dormir (cubicula; singular: cubiculum), o triclínio (triclinium) ou sala de jantar, o tablinium, onde o pater familias tratava dos seus negócios, e a cozinha (coquina ou culina). Havia ainda o lararium, divisão destinada ao culto das divindades domésticas (Lares e Penates) e dos familiares falecidos (Manes). Ao fundo da domus, encontrava-se por vezes uma área reservada aos banhos e um pequeno jardim (hortus), geralmente decorado com uma fonte.

A domus não tinha vista para a rua. As janelas eram muito pequenas, a fim de proteger a casa de ruídos, do frio (o vidro era uma raridade) e, sobretudo, dos ladrões. Em consequência, as divisões recebiam luz solar essencialmente do complúvio ou do peristilo. Algumas casas tinham não só água canalizada mas também aquecimento central (o hipocausto). As paredes e por vezes o teto eram decorados com afrescos. O chão era pavimentado com tijolos de terracota, mosaicos ou mármore, dependendo por um lado do tipo de divisão e, por outro, das posses do proprietário. Na maior parte das casas, a mobília dos cubicula resumia-se a uma simples cama de madeira. O triclínio deve o seu nome aos três leitos, dispostos em torno de uma mesa central, onde os comensais comiam reclinados. Geralmente a cozinha era uma divisão exígua, com um pequeno fogão de pedra, estando a preparação das refeições a cargo dos escravos. Não havia espaços próprios para os escravos. Estes circulavam em toda a casa e à noite dormiam à porta do cubiculum do seu senhor. Também as mulheres não estavam confinadas a quaisquer aposentos, dedicando-se às suas atividades no átrio ou noutras divisões, quando os homens saíam para o fórum. Não havia igualmente uma distinção clara entre espaços domésticos privados e públicos.

Casa de patrícios, em Pompeia

Domus republicano

Jardim de uma casa, em Pompeia

Insulas, próximas ao Capitólio

Embora derivada da arquitetura grega, com a qual, segundo os historiadores compõem o que chamamos de arquitetura clássica, os romanos desenvolveram uma série de tipologias não completamente ou inteiramente desenvolvidas pelos gregos por uma série de razões de ordem prática. Entre os grandes feitos da arquitetura romana, que ecoaram por séculos e chegam ao nosso tempo ainda repletos de utilidades em várias comunidades, podemos citar: aqueduto, a basílica,o anfiteatro, arcos do triunfo e o Panteão. Os monumentos romanos emprestaram à arquitetura clássica seu componente associado à solidez e exatidão, enquanto os gregos emprestaram à mesma o seu componente estético inovador. Aprenderam com os etruscos o emprego do arco, assim como a abóbada ou teto curvo, que os gregos e egípcios não conheceram. Construíram também catacumbas, fontes, obeliscos, pontes e templos.

Aquedutos Aqueduto é um canal ou galeria, subterrâneo ou à superfície, e construído com a finalidade de conduzir a água. Os aquedutos são normalmente edificados sobre arcadas ou sob plataformas de vias de comunicação. Os aquedutos romanos eram construções extremamente sofisticadas. Eles eram construídos para operarem dentro de parâmetros muito precisos de tolerância. De modo que o caimento (de Pont du Guard, por exemplo) é de apenas 34cm por quilômetro. Descendo apenas 17m verticalmente em um percurso de 50km. O desafio consistia no fato de que o aqueduto tinha que ter o caimento exato, uma vez que se fosse muito grande a água transbordaria, se fosse muito baixo, a água empoçaria. Totalmente, impulsionado pela gravidade, percorria muito quilômetros de modo muito eficiente.

Aqueduto de Pont du Guard sul da França

Aqueduto em Nerja - Espanha

Trajeto do aqueduto de Pont du Guard

Aqueduto de Segóvia - Espanha

Modelo em escala do trajeto do aqueduto na antiga cidade romana

Aqueduto passando pela Muralha Aureliana, em Roma

Esquema de um antigo aqueduto e um moderno aqueduto

Aqueduto da Carioca, Rio de Janeiro imperial

Os arcos da Lapa

Basílica Basílica é um grande espaço coberto, destinado à realização de assembléias cuja origem remonta à Grécia Helenística. O seu modelo foi largamente desenvolvido pelos Romanos, sendo mais tarde, já na época do Império Romano, adaptado como modelo para os templos cristãos. A Basílica romana descende das Ágoras colunadas gregas. Na sua gênese, as basílicas romanas eram edifícios multifuncionais, que poderiam albergar áreas públicas, políticas, comerciais e sociais. Eram espaços de reunião destinados a assembléias cívicas, funcionando muitas vezes como tribunais ou espaços comerciais (lota/leilões), tornando-se um edifício central e indispensável em qualquer cidade importante. A basílica era um edifício grande e longo, geralmente composto por uma nave central, duas colaterais e uma ou mais ábsides. As naves laterais são mais baixas, por forma a não obstruir as janelas altas (clerestório) na parte superior da nave central. Numa posição bem visível, ao fundo, estava a tribuna que mais tarde seria adaptada transformando-se no altar e no púlpito do culto cristão.

Restos da Basílica de Constantino