FRANQUIA O BOTICÁRIO SÃO FRANCISCO DO SUL (SC) RELAÇÃO COM A COMUNIDADE

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Cíntia Covalski Furtado
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1 FRANQUIA O BOTICÁRIO SÃO FRANCISCO DO SUL (SC) RELAÇÃO COM A COMUNIDADE RESUMO A reconstituição e o resgate da memória do centro de histórico da cidade foi o audacioso trabalho que a franquia O Boticário de São Francisco do Sul fez em benefício da comunidade. A aquisição e restauração de um prédio situado em região tombada como patrimônio histórico, para implantação de uma loja, foi o início de um grande movimento local para a restauração de várias construções e também da revitalização do centro histórico da cidade. 1

A aquisição e restauração de um prédio situado em região tombada como patrimônio histórico, para implantação de uma loja, foi o

2 A franquia O Boticário em São Francisco do Sul (SC) atua no comércio varejista desde Atualmente possui duas lojas que empregam três funcionários. Seu faturamento anual é de R$ ,00. O empresário Rafl Siewerdt nem imaginava ao atender a um pedido de um amigo para ajudá-lo a encontrar um local para abrir uma loja O Boticário em São Francisco do Sul, iria em poucos anos se tornar um franqueado da marca. Quatro anos mais tarde, o amigo propôs que o empresário adquirisse a loja. A proposta foi aceita e enquanto sua esposa Rosa cuidava das vendas, Ralf cuidava da parte financeira e contábil à noite, quando voltava de seu emprego, pois na época atuava em outro ramo. Assim que assumiram a loja em outubro de 1994, mudaram a forma de gestão do negócio, aumentando em pouco tempo seu faturamento. Mas a localização e as dimensões do ponto não ofereciam a possibilidade de crescimento do negócio. Em 1996 surgiu a oportunidade de comprar o local onde funcionara uma antiga farmácia. O ponto ficava no centro histórico da cidade, mas o prédio antigo encontrava-se quase em ruínas, com o telhado apodrecido, o piso devorado pelos cupins e sua fachada já perdera o viço e a beleza originais. Outro poderia ter desistido; afinal, o prédio estava caindo aos pedaços e o preço de venda era alto, mas o empresário e sua esposa viram o que outros não enxergavam naquele local histórico: a possibilidade de fazer o negócio crescer dando a ele um diferencial. Idealizaram um projeto que até então nenhum outro comerciante local havia concebido. Negociaram o preço, compraram o local e arregaçaram as mangas. O desejo de levar o projeto adiante promoveu o encontro entre o empresário e o engenheiro contratado para realizar o projeto de restauração do prédio, que de imediato abraçou a causa. Na época possuíam como referencial apenas uma pequena foto da fachada. O desafio seguinte era o de resgatar o projeto original do prédio, pois sendo tombado pelo Patrimônio Histórico, a reforma deveria manter as características originais da construção. Esta condição intensificou a vontade do empresário em trazer para atualidade o estilo arquitetônico de uma época marcada pelo início do desenvolvimento econômico e cultural da cidade. Restaurar o prédio era resgatar a história daquele local; e significava também o início de sua própria história como um empreendedor que buscava algo mais: agregar valor à marca O Boticário naquela região. O resgate do projeto original os levou a Curitiba, onde vivia a filha do primeiro proprietário do prédio. No fundo do seu baú foi achada uma foto maior, com mais 2

um franqueado da marca. Quatro anos mais tarde, o amigo propôs que o empresário adquirisse a loja.

3 detalhes, que uma vez ampliada guiou as mãos de um único pedreiro, transformado em artífice no processo de restauro, moldando isopor e gesso, esculpindo madeira para reconstruir a fachada histórica. A reforma começou em 1998 e foi concluída em Para restaurar a fachada foram necessários seis meses de trabalho. Os outros meses foram gastos na reforma da parte interna do prédio, para o funcionamento da loja e de um escritório. Os outros cômodos seriam reformados mais tarde, quando houvesse capital. Até então o investimento havia sido de R$ ,00. Durante o processo de restauração do prédio muitas críticas partiram de moradores e comerciantes locais, que acreditaram ser um desperdício de tempo e dinheiro. Mas o empresário não desanimou. Ele sabia que a restauração do prédio daria mais força ao seu negócio e iria valorizar o centro histórico da cidade, gerando grandes benefícios para a comunidade. Restauração concluída, em junho de 1999 mudaram a loja para o novo local, que adquiriu grande personalidade, unindo a beleza da arquitetura do prédio ao arrojado layout interno da franquia O Boticário. Na parede da loja se encontravam penduradas duas fotos: uma de antes da reforma e outra de depois. As imagens ilustravam o que parecia ser um milagre: o passado voltava repaginado. A antiga farmácia Catarinense dava lugar a uma loja O Boticário. O espaço criado se destacava na paisagem do centro histórico da cidade repleta de antigos prédios abandonados. A mudança por fora levou a outras mudanças dentro do negócio. Em dois meses as vendas aumentaram em 30%, exigindo que o empresário deixasse seu emprego e se juntasse à sua esposa, passando a dedicar-se em tempo integral à franquia. Em pouco mais de um ano conseguiram reunir os R$70.000,00 necessários para concluir a reforma da parte interna do prédio. Três novas salas foram reconstruídas e alugadas. A abertura da segunda loja da franquia não tardou a acontecer, em Enseada, local de veraneio, junto ao mar. O prédio restaurado em São Francisco do Sul passou a ser a primeira referência de projeto de restauro da cidade, reconhecida pelo IPHAN devido à fidelidade ao projeto original e à qualidade da reforma. Inicialmente, os turistas eram os maiores admiradores do prédio restaurado. Ao chegarem no local, além de levarem os produtos O Boticário, levavam fotos e informações sobre como tudo começou. A franquia O Boticário de São Francisco do Sul passava a escrever ali sua própria história. Com a reforma do prédio, começou a acontecer uma mudança de visão sobre o centro histórico da cidade, principalmente entre os comerciantes, que passaram a 3

Os outros meses foram gastos na reforma da parte interna do prédio, para o funcionamento da loja e de um escritório. Os outros cômodos seriam reformados mais tarde, quando houvesse capital.

4 perceber que esse poderia ser revitalizado e que outros projetos de restauração valorizariam a cidade e aqueceriam a economia local. O IPHAN ganhou mais força e credibilidade no município, passando a atuar mais fortemente no resgate e conservação do patrimônio histórico e cultural da cidade, incentivando a Prefeitura Municipal de São Francisco do Sul a desapropriar alguns prédios de relevante interesse histórico, um dos quais se transformou em biblioteca pública. Outro imóvel também foi restaurado pela Prefeitura para uso da administração pública. O Banco Itaú restaurou um outro prédio antigo, implantando uma de suas agências. Mas o impacto maior da obra de restauro onde se instalara a loja O Boticário estava para acontecer. Em 2001 foi implantado o Projeto Monumento, fruto da parceria entre o IPHAN, a Prefeitura Municipal de São Francisco do Sul e o Ministério da Cultura, que captou recursos junto ao Banco Mundial para financiar proprietários interessados na restauração de prédios do centro histórico. Como a demanda era grande e os recursos limitados, os comerciantes e moradores participaram de uma série de reuniões para definir quais moradias e estabelecimentos comerciais necessitavam prioritariamente de reformas. Para alinhar os esforços de revitalização do centro histórico e aumentar o nível de conscientização desse público sobre a importância da manutenção das características originais das construções, o IPHAN realizou uma série de palestras sobre o tema, fornecendo também uma série de orientações sobre o processo de restauração. Em 2003 os recursos foram disponibilizados, sendo realizadas reformas do calçamento do centro histórico, na orla marítima e a restauração do mercado público municipal. Outros seis prédios foram restaurados. E até hoje o movimento continua, sendo realizados trabalhos de restauração e resgate da identidade arquitetônica de São Francisco do Sul, não apenas no centro histórico, mas em outros locais que possuem construções da cidade com valor histórico e cultural. A iniciativa do projeto levou a franquia a ganhar, em 2006, o prêmio em Responsabilidade Social para a Rede de Franquias do O Boticário na categoria Relações com a Comunidade. Segundo o proprietário da franquia, realizar a reforma do prédio onde foi instalada a loja do Boticário foi um desafio que necessitou ser bem dimensionado por um planejamento bem feito. Agregar valor ao produto, por meio da valorização do contexto onde a loja estava inserida, tornou possível concretizar o desejo de ver a imagem da empresa fortalecida e aumentou a projeção da marca na cidade. 4

São Francisco do Sul a desapropriar alguns prédios de relevante interesse histórico, um dos quais se transformou em biblioteca pública.

5 A revitalização do centro histórico, iniciada pela franquia O Boticário de São Francisco do Sul, mobilizou dezenas de pessoas, mudou a visão dos moradores sobre sua cidade e promoveu a sinergia de esforços, contribuindo dessa forma para uma melhoria significativa da qualidade de vida da comunidade. 5

moradores sobre sua cidade e promoveu a sinergia de esforços, contribuindo

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