PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA DANO MORAL E O ERRO MÉDICO

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Transcrição:

DANO MORAL E O ERRO MÉDICO Sessão da Tarde com o Prof. Joseval Viana patrocinada pelo Curso de Pós-Graduação em Direito Médico e da Saúde e Pós-Graduação em Direito do Consumidor 1

Responsabilidade Civil e o dano moral no erro médico Artigo 927 do Código Civil Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. 2

Diferença entre dano material e dano moral Artigo 186 do Código Civil Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 3

Conceito de dano moral O dano moral consiste na lesão de direitos não patrimoniais, isto é, dignidade da pessoa humana e direitos da personalidade. Exemplos: vida privada, intimidade, honra, imagem, nome etc. 4

Artigo 1º, inciso III, da Constituição Federal A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: III - a dignidade da pessoa humana. 5

Na hipótese dos autos, em Hospital Municipal, recém-nascido teve um dos braços amputado em virtude de erro médico, decorrente de punção axilar que resultou no rompimento de veia, criando um coágulo que bloqueou a passagem de sangue para o membro superior. Ainda que derivada de um mesmo fato - erro médico de profissionais da rede municipal de saúde -, a amputação do braço direito do recém-nascido ensejou duas formas diversas de dano, o moral e o estético. O primeiro, correspondente à violação do direito à dignidade e à imagem da vítima, assim como ao sofrimento, à aflição e à angústia a que seus pais e irmão foram submetidos, e o segundo, decorrente da modificação da estrutura corporal do lesado, enfim, da deformidade a ele causada. (REsp 910.794/RJ, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/10/2008, DJe 04/12/2008) 6

O professor Ingo Wolfgang Sarlet define o que é dignidade da pessoa humana: Temos por dignidade da pessoa humana a qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa corresponsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão dos demais seres humanos. (In A eficácia dos direitos fundamentais. 2. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2001, p. 60). 7

Ao tratar da proteção aos direitos da personalidade, Carlos Roberto Gonçalves afirma que a pessoa pode mover imediatamente ação indenizatória por danos materiais e morais, de natureza repressiva, com pedido de antecipação de tutela, como tem sido admitido. Em ação movida contra administradora de plano de saúde, que negava a autorizar tratamento médico-hospitalar do associado, decidiu o Tribunal de Justiça de São Paulo. (In Direito civil brasileiro. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 192). 8

A personalidade consiste no conjunto de caracteres próprios da pessoa. É objeto de direito por ser alusivo a tudo que se referir à natureza do ser humano. Exemplos: vida, integridade física, liberdade, sociabilidade etc. (Prof. Maria Helena Diniz) 9

Artigo 12 do Código Civil Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. 10

RESPONSABILIDADE CIVIL - Erro médico - Autor acometido de sequelas físicas em virtude de infecção manifestada após cirurgia - Laudo pericial a atestar que a demora no tratamento do quadro infeccioso contribuiu para seu agravamento - Negligência caracterizada - Comprovado o nexo de causalidade entre o resultado danoso e a conduta médica - Configuradas, portanto, a culpa e a responsabilidade do médico que acompanhava o autor - Responsabilidade solidária da clínica onde o médico realiza as consultas, do hospital onde o atendimento foi realizado e do plano de saúde que colocou o profissional à disposição dos seus beneficiários - Danos morais e estéticos evidentes - Ressarcimento devido - Valor da indenização que não comporta redução - Juros a incidir desde a citação - Devido, também, o pagamento de pensão mensal vitalícia, ante a total e definitiva incapacidade laborativa - Sentença mantida - RECURSOS NÃO PROVIDOS. (TJSP; Apelação 0005640-06.2013.8.26.0009; Relator (a): Elcio Trujillo; Órgão Julgador: 10ª Câmara de Direito Privado; Foro Regional IX - Vila Prudente - 1ª Vara Cível; Data do Julgamento: 27/11/2018; Data de Registro: 28/11/2018) 11

APELAÇÃO CÍVEL. Ação de indenização por danos morais fundada em erro médico. Sentença que julgou a demanda parcialmente procedente. Responsabilidade do hospital que em regra é objetiva. Apuração da responsabilidade mediante a verificação de culpa do profissional envolvido no atendimento médico-hospitalar. Laudo pericial que é claro e conclusivo no sentido da relação de causalidade entre a conduta médica e os alegados danos sofridos pela vítima. Responsabilidade evidenciada. Danos morais. Ocorrência. Juízo "a quo" analisou corretamente as questões suscitadas e o conjunto probatório. Incidência do artigo 252 do Regimento Interno do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Desnecessária repetição dos adequados fundamentos expendidos pela r. sentença recorrida. Quantum indenizatório mantido. Manutenção dos ônus sucumbenciais. Decaimento de parte do pedido pelo autor. Recursos improvidos. (TJSP; Apelação 4001847-91.2013.8.26.0008; Relator (a): José Joaquim dos Santos; Órgão Julgador: 2ª Câmara de Direito Privado; Foro Regional VIII - Tatuapé - 5ª Vara Cível; Data do Julgamento: 11/12/2018; Data de Registro: 12/12/2018) 12

Art. 951 do Código Civil O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização devida por aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho. 13