FACULDADE MERIDIONAL IMED CENTRO DE ESTUDOS ODONTOLÓGICO MERIDIONAL - CEOM CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENDODONTIA ISABEL KAWSKI PORCIUNCULA



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0 FACULDADE MERIDIONAL IMED CENTRO DE ESTUDOS ODONTOLÓGICO MERIDIONAL - CEOM CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENDODONTIA ISABEL KAWSKI PORCIUNCULA EFICIÊNCIA DE DIFERENTES MÉTODOS NA REMOÇÃO DO MATERIAL OBTURADOR NO RETRATAMENTO ENDODÔNTICO PASSO FUNDO 2012

1 ISABEL KAWSKI PORCIUNCULA EFICIÊNCIA DE DIFERENTES MÉTODOS NA REMOÇÃO DO MATERIAL OBTURADOR NO RETRATAMENTO ENDODÔNTICO Monografia apresentada ao curso de Pósgraduação da Faculdade Meridional/IMED de Passo Fundo-RS como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Endodontia Orientador: Prof. Dr. José Roberto Vanni PASSO FUNDO 2012

2 ISABEL KAWSKI PORCIUNCULA EFICIÊNCIA DE DIFERENTES MÉTODOS NA REMOÇÃO DO MATERIAL OBTURADOR NO RETRATAMENTO ENDODÔNTICO Monografia apresentada ao curso de Pósgraduação da Faculdade Meridional/IMED de Passo Fundo-RS como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Endodontia. Aprovada em / /. BANCA EXAMINADORA: Prof. Dr. José Roberto Vanni - Orientador Prof. Ms. Volmir João Fornari Profª. Ms. Caroline Zamin

3 Dedicatória Aos meus pais, Roger e Maria Elisabete, por todo apoio, incentivo, oportunidade, carinho e amor, sem medir esforços para que meus sonhos se realizassem! Ao meu amor Eric, por ser minha força e a minha segurança!

4 AGRADECIMENTOS A minha família, pela ajuda e estímulo para que eu alcançasse essa conquista. Em especial, a minha irmã Denise. Ao meu orientador, José Roberto Vanni, pela paciência, dedicação, atenção e por disponibilizar sempre seu infindável conhecimento. Aos professores, todos que estiveram presentes nesta jornada, por estarem sempre disponíveis para esclarecer dúvidas, incentivarem a enfrentar novos desafios sem esmorecer e por compartilharem seus conhecimentos para nos tornar profissionais melhores. A todas as minhas colegas do curso de especialização de Endodontia, em especial à Luciana e Andiara, que compartilharam dúvidas, experiências, sonhos e sorrisos!

5 Pouca coisa é necessária para transformar inteiramente uma vida: amor no coração e sorriso nos lábios. Martin Luther King

6 RESUMO O retratamento endodôntico dos canais radiculares é um procedimento comum na prática clínica diária do endodontista, e uma de suas etapas com fundamental importância para a adequada limpeza do sistema de canais radiculares é a remoção do material obturador. De um modo geral, a desobturação é realizada manualmente com limas tipo Kerr ou Hedströem, sendo possível realizá-la também outros métodos como sistemas oscilatórios e sistemas rotatórios. Sendo assim, o objetivo desta pesquisa foi investigar a partir da literatura pertinente quais os instrumentos endodônticos mais eficientes na remoção do material obturador dos canais radiculares no retratamento endodôntico. Para isso, foi realizada uma revisão bibliográfica do período de 2000 a abril de 2012, acessados através do site Bireme BVS. Pode-se concluir que nenhuma técnica de desobturação dos canais radiculares é capaz de remover completamente o material obturador do interior dos canais. O terço do canal radicular mais crítico em termos de limpeza durante o retratamento endodôntico é o terço apical. Cabe ao endodontista a escolha da técnica mais indicada, com melhor relação custo/benefício e a sua correta utilização. Palavras-chave: Guta-percha. Retratamento. Tratamento do canal radicular.

7 ABSTRACT Endodontic retreatment of root canals is a very common procedure as part of the endodontists diary clinical practice, one of the steps which role a fundamental step for an adequate cleaning of the root canal is the filling material full removal. In a general way, the filling removal is manually done with Kerr files or Hedströem files, but it is also possible to be done by using oscillatory and rotary systems. The aim of this research was investigate the existent relevant literature looking forward which endodontic instruments would be more efficient on removing root canals filling material in the endodontic retreatment. With this purpose, a bibliographic review of 2000 to april 2012 was made, in the Bireme BVS website data base. It was concluded that any technique of removal root canals gutta-percha is able to remove the filling material utterly inside the canals. Based on cleaning, the most critical root canal third during the endodontic retreatment is the apical third. It s endodontist responsibility to choose the best technique to each case, considering the cost-benefit analysis. Key Words: Gutta-percha. Retreatment. Root canal treatment.

8 LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS NiTi - Níquel-Titânio GP - guta-percha MEV Microscopia eletrônica de varredura RPM - rotações por minuto N Newtons GG brocas Gates-Glidden CT- comprimento de trabalho ProTaper UR - ProTaper Universal de Retratamento MTwo R MTwo de Retratamento TC Tomografia Computadorizada LAF Lima apical final H - Limas/instrumentos Hedströem K - Limas/instrumentos Kerr FF - Limas/instrumentos FlexoFile AET - Anatomic Endodontic Technology # - diâmetro da ponta do instrumento Nº - número

9 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 10 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA... 12 3 DISCUSSÃO... 32 4 CONCLUSÕES... 37 REFERÊNCIAS... 38 APÊNDICES... 42

10 1 INTRODUÇÃO O retratamento endodôntico dos canais radiculares é um dos procedimentos mais comuns na prática clínica diária do endodontista e é uma tarefa difícil e demorada. A remoção do material obturador é fundamental para a reformulação do sistema de canais radiculares e para alcançar os remanescentes de necrose pulpar ou micro-organismos que podem ser responsáveis pela infecção periapical (DUARTE et al., 2010; FARINIUK et al., 2011). A completa remoção do conteúdo do canal e o acesso ao forame apical em uma abordagem de retratamento são mandatórios para limpeza, conformação e reobturação adequadas (BRAMANTE et al., 2010). A taxa de sucesso para dentes com tratamento endodôntico adequado é de 91% e de 61% para os dentes com tratamento inadequado (TAVARES et al., 2009). Considerando-se os índices gerais de insucesso no tratamento endodôntico, percebe-se que o retratamento é uma ocorrência comum na prática clínica (AUN; CLASEN; ANDRADE, 1997). O mau êxito do tratamento endodôntico é determinado por várias razões: perfuração radicular, obturação inadequada (sobre-extensão ou sub-extensão), percolação apical, canais não localizados e não tratados, lesões com origem periodontal, infiltração coronária por restauração inadequada, controle de infecção inadequado, complexidade do sistema de canais radiculares (FIDEL et al., 2000). Apesar de ser uma tarefa difícil e demorada, o procedimento do retratamento endodôntico convencional é sem dúvida a primeira escolha para a gestão de falhas endodônticas quando o acesso ao canal radicular é possível, para estabelecer condições favoráveis ao processo reparador (DUARTE et al., 2010). Estas falhas podem ocorrer devido a diferentes razões, no entanto, independentemente do motivo, os objetivos do retratamento são a adequada limpeza, desinfecção, conformação e nova obturação do sistema de canais radiculares (BARATTO FILHO et al., 2006; AYDIN; KÖSE; ÇALISKAN, 2009). Para tanto, se faz necessária a completa remoção do material obturador com a finalidade de acesso ao forame apical, aos remanescentes de necrose pulpar e microorganismos que possam ser responsáveis pela lesão periapical persistente (DUARTE et al., 2010; FARINIUK et al., 2011) e, permitir o contato das soluções

11 irrigadoras e medicações intracanal com as paredes dos canais radiculares (BARLETTA et al., 2007). Vários instrumentos têm sido utilizados para a desobturação dos canais radiculares. De um modo geral, a desobturação é realizada manualmente com limas tipo Kerr (K) ou Hedströem (H), sendo possível realizá-la também com instrumentos aquecidos, solventes, sistemas ultra-sônicos, sistemas oscilatórios, instrumentos rotatórios movidos por motor elétrico, lasers e combinações destes métodos (GU et al., 2008; AYDIN; KÖSE; ÇALISKAN, 2009; KALED et al., 2011). Essa pesquisa é relevante devido à alta ocorrência de dentes tratados endodonticamente que necessitam de reintervenção por apresentarem fracasso da endodontia primária. Conhecer os métodos mais eficientes na remoção do material obturador dos canais radiculares facilita e otimiza o procedimento, o que permite alcançar resultados com maiores índices de sucesso na terapia endodôntica. Sendo assim, o objetivo desta pesquisa é investigar quais são os instrumentos endodônticos mais eficientes na remoção do material obturador dos canais radiculares no retratamento endodôntico, a partir de uma revisão de literatura de artigos científicos publicados em periódicos nacionais e internacionais, no período de 2000 a abril de 2012, acessados através do site Bireme BVS.

12 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA A remoção de guta-percha pode ser dificultada pela complexidade anatômica inerente a cada tipo de dentes, como o grau de curvatura e forma da secção do canal radicular, pela prévia modelagem e obturação, também pelas limitações técnicas do método utilizado pelo profissional, particularmente em canais aparentemente bem condensados (HÜLSMANN; BLUHM, 2004; MASIERO; BARLETTA, 2005; BARATTO FILHO et al., 2006; AYDIN; KÖSE; ÇALISKAN, 2009). Várias técnicas têm sido utilizadas para a desobturação dos canais radiculares, como por exemplo, a realizada manualmente com limas de aço inoxidável tipo Kerr ou Hedströem com o auxílio das brocas Gates-Glidden, a mecanizada com o uso dos sistemas oscilatórios e dos sistemas rotatórios. Os sistemas oscilatórios são peças automatizadas que produzem movimentos alternados, à direita e à esquerda, com variações de amplitude, de acordo com a sua fabricação e utilizam limas manuais acopladas. Alguns dos sistemas disponíveis no mercado são: M4 (Kerr Corporation, EUA); Endo-Gripper (Moyco - Union Broach, EUA); Duratec (Kavo, Alemanha); NSK-TEP-E10R (Adiel Super Endo); AET (Anatomic Endodontic Technology, Ultradent, South Jordan, EUA) (ZMENER; PAMEIJER; BANEGAS, 2006; LIMONGI et al., 2008; PÉCORA;CAPELLI, 2004). Os sistemas oscilatórios (rotação alternada) foram os únicos utilizados na instrumentação automatizada até 1995, quando surgiram os sistemas rotatórios (rotação contínua) (OTOBONI FILHO et al., 2006). Os sistemas rotatórios utilizam instrumentos de níquel-titânio (NiTi) em peças com baixa rotação acionados por um motor elétrico ou pneumático. Ao serem introduzidos e acionados no interior do canal, giram 360 no sentido horário com velocidade constante em direção coroa-ápice. A liga metálica de NiTi permite a utilização dos instrumentos em canais curvos devido a sua flexibilidade, resistência à torção e memória elástica (PÉCORA et al., 2011). Esses instrumentos se ajustam à anatomia do canal promovendo desgaste seletivo e conferindo alto grau de segurança, bem como contribuindo para diminuir o tempo de trabalho, acarretando menor estresse e fadiga ao profissional e ao paciente. Os instrumentos dos sistemas rotatórios, quando comparados às limas estandardizadas, oferecem um aumento da

13 conicidade por milímetro de comprimento da sua parte ativa e alterações na sua conformação, o que permite a confecção de um preparo cônico de canais radiculares atrésicos e curvos, constituindo-se num dos mais revolucionários avanços da Endodontia atual. (RUPP, 2007). Hoje em dia, existe uma infinidade de sistemas rotatórios, dentre eles: ProTaper (Dentsply-Maillefer, Ballaigues, Suíça), RaCe (FKG Dentaire, La-Cheauxde Fonds, Suíça), K3 (SybronEndo-SDS Kerr, Glendora, CA, EUA), Quantec (Tycom, EUA), ProFile (Dentsply-Maillefer, Ballaigues, Suíça), R-Endo (Micro-Mega, Besancon, França), Twisted (Sybron Dental Specialties, Orange, CA, EUA), HERO 642 (Micro-Mega, Besançon, França) e instrumentos de retratamento ProTaper Universal Retratamento (Dentsply-Maillefer, Ballaigues, Switzerland) e MTwo Retratamento (VDW, Munich, Alemanha) (GERGI; SABBAGH, 2007; ÜNAL et al., 2009; BRAMANTE et al., 2010; MARFISI et al., 2010). Com o surgimento dos instrumentos rotatórios na endodontia, diversos estudos têm sido realizados com o intuito de avaliar e comparar a eficiência dos diferentes métodos e instrumentos na remoção do material obturador dos canais radiculares no retratamento endodôntico. Fidel et al. (2000) realizaram uma avaliação comparativa, in vitro, de duas técnicas manuais de retratamento dos canais radiculares assim como a limpeza das suas paredes após a reinstrumentação, sob a luz da microscopia eletrônica de varredura (MEV). Os autores utilizaram 14 dentes humanos unirradiculares obturados há três meses com guta-percha e cimento de óxido de zinco e eugenol (FillCanal) e restaurados com selador provisório, que foram desobturados com brocas Gates Glidden (Maillefer) #3 ou #4 com o auxílio do solvente eucaliptol e divididos em grupos. O grupo 1 foi instrumentado com limas tipo Kerr (Maillefer) associadas às Hedströem (Maillefer) e o grupo 2 com limas FlexoFile (Maillefer) associadas às limas Hedströem. As amostras foram então seccionadas e avaliadas sob MEV, onde se percebeu que os terços apicais apresentaram maior quantidade de detritos em ambas as técnicas e o G2 obteve maior grau de limpeza das paredes. Valois et al. (2001) avaliaram a eficiência do ProFile taper.04 série 29 (Dentsply Tulsa Dental Products, Tulsa), na remoção de guta-percha de canais radiculares curvos durante o retratamento. Foram utilizados 44 primeiros molares inferiores extraídos cujas raízes mesiais apresentavam graus de curvatura entre 26º e 40º. Os dentes foram obturados com guta-percha (Dentsply, Petrópolis, RJ, Brasil)

14 e cimento Sealer 26 (Dentsply; Petrópolis, RJ, Brasil) e, após sete dias, foram divididos aleatoriamente em três grupos para a remoção da guta-percha: grupo I: Gates-Glidden nº 2 (Maillefer, Ballaigues, Switzerland); grupo II: ProFile Taper.04 Série 29 nº 6; grupo III: ProFile Taper.04 Série 29 nº 7. A avaliação radiográfica permitiu aos autores concluir que os instrumentos ProFile Taper.04 Série 29 removeram maior quantidade de material obturador do que as brocas Gates- Glidden, ainda, não houve diferença estatística significativa entre os dois grupos ProFile. Três instrumentos foram fraturados durante o retratamento, sendo dois ProFile.04 série 29 nº 7 e uma broca Gates-Glidden. Em 2004, Hülsmann e Bluhm, além de avaliarem a eficiência e capacidade de limpeza, registraram a segurança dos instrumentos rotatórios de NiTi FlexMaster (VDW, Munich, Alemanha), GT Rotary (Dentsply Maillefer, Ballaingues, Switzerland) e ProTaper (Dentsply Maillefer) e das limas manuais Hedströem (VDW Antaeos) no retratamento de canais radiculares. Para este estudo, foram utilizados 80 dentes humanos monorradiculares extraídos, instrumentados, obturados com guta-percha e cimento AHPlus (DeTrey Dentsply, Konstanz, Alemanha) e restaurados com Cavit (DeTrey Dentsply). Todos os instrumentos foram avaliados com e sem o uso de solvente eucaliptol. Diferentemente de alguns estudos, os espécimes foram somente desobturados, e não reinstrumentados. A remoção do material obturador foi considerada completa quando o comprimento de trabalho foi obtido e a guta-percha não pode mais ser removida com os instrumentos utilizados. Após divisão longitudinal dos dentes, a quantidade de material obturador restante foi avaliada por fotografias feitas no microscópio óptico. Os sistemas de NiTi FlexMaster e ProTaper apresentaram melhor desempenho do que a instrumentação manual e o sistema de NiTi GT, em termos de tempo de trabalho e de limpeza do canal. Em geral, os resultados de limpeza das paredes para o terço apical foram piores do que para os terços coronal e médio, permanecendo grandes quantidades de detritos, e o ProTaper teve pior desempenho neste terço quando comparado ao sistema FlexMaster e limas Hedströem. Os autores atribuíram este fato ao tamanho final da preparação com ProTaper utilizando o instrumento F3 (diâmetro da ponta de aproximadamente # 30), a qual foi menor do que com os outros sistemas (# 45). O uso do solvente ajudou a reduzir o tempo de trabalho e a melhorar a limpeza do canal radicular. No entanto, nenhuma técnica produziu paredes radiculares completamente limpas. Todos os instrumentos testados foram considerados seguros

15 para o uso, pois não foi registrado nenhum acidente processual como perfuração, desvios, perda do comprimento de trabalho ou fratura de instrumentos. Masiero e Barletta (2005) avaliaram in vitro a eficácia dos instrumentos manuais (limas tipo Kerr, SybronEndo, Orange, CA, EUA), sistemas oscilatórios M4 (SybronEndo) (com limas tipo Kerr) e Endo-gripper (Moyco Union Broach) (com limas tipo Kerr) e sistema rotatório K3 (SybronEndo) na remoção de guta-percha durante o retratamento endodôntico. Para este estudo, foram utilizados 80 prémolares com um único canal reto, que tiveram suas coroas removidas e os canais preparados com limas tipo K através da técnica step-back, ampliados até o #40 no comprimento de trabalho. Os canais foram obturados com guta-percha e cimento Endofill (Dentsply, Petrópolis, RJ, Brasil) por compactação termomecânica, selados com restaurador provisório Cavit (Espe Dental, Medizin, Alemanha) e armazenados a 37ºC e 100% de umidade por oito meses. Após este período, a desobturação de todos os dentes foi iniciada com solvente eucaliptol (Odonto Farma, Porto Alegre, Brasil) e limas tipo K, até que o instrumento #25 atingisse o comprimento de trabalho. Os dentes foram divididos em quatro grupos e a remoção do material obturador continuou com as diferentes técnicas até que o diâmetro apical final correspondesse ao #45 em todos os grupos. Os sistemas oscilatórios utilizaram motor elétrico com torque de 8N e velocidade de 600 rpm. A quantidade de material obturador residual foi medida através de radiografias avaliadas pelo software AUTOCAD 2000. Os resultados mostraram que não houve diferenças significativas entre os métodos, porém, ao analisarem separadamente cada terço dos canais radiculares, constataram que, no terço apical, os instrumentos rotatórios K3 deixaram menor quantidade de material obturador remanescente, e no terço cervical, o mesmo instrumento deixou maior quantidade de detritos, pois permanece centrado dentro do canal radicular durante a rotação e não toca em todas as paredes na maior área do canal. Em geral, o terço apical foi o que apresentou maior quantidade de material obturador remanescente. Nenhuma das técnicas avaliadas foi capaz de remover completamente todo material de preenchimento dos canais radiculares. Barato Filho et al. (2006) avaliaram a influência da velocidade de rotação do sistema ProFile.04 na remoção de obturações feitas com o sistema Thermafill (Dentsply Maillefer, Ballaigues, Switzerland) durante o retratamento endodôntico. Trinta caninos inferiores humanos extraídos foram preparados pela técnica coroa-

16 ápice e obturados pelo sistema Thermafill com o cimento AHPlus (Dentsply Maillefer, Ballaigues, Switzerland). Após duas semanas, os canais foram desobturados pelo sistema ProFile.04 (Dentsply Maillefer, Ballaigues, Switzerland) na seqüência 90, 60, 45, 40, 45, nas velocidades de 350 rpm e de 2.000rpm. Os espécimes foram seccionados longitudinalmente, escaneados e submetidos à análise em um software denominado ImageTool para avaliação da quantidade de material residual nas paredes radiculares. Os resultados mostraram que nenhuma das técnicas removeu completamente o material obturador. Ainda, não houve diferenças estatisticamente significativas na qualidade de remoção do material obturador para ambas as velocidades usadas e, os carregadores plásticos do Thermafill foram removidos em 100% dos casos. Maciel e Scelza (2006) compararam as técnicas de instrumentação rotatória com a técnica manual para remoção de dois diferentes materiais obturadores das paredes dos canais radiculares durante o retratamento. Cem dentes humanos unirradiculares extraídos foram preparados através da técnica crown-down com limas K até o instrumento #30 no ápice. Metade da amostra foi obturada com gutapercha e cimento Sealer 26 (Dentsply, Petrópolis, RJ, Brasil) e a outra metade com guta-percha e cimento Endofill (Dentsply, Petrópolis, RJ, Brasil). Após três meses, todos os dentes receberam solvente de óleo de laranja e tiveram uma lima k #20 inserida até atingir o CT. A desobturação prosseguiu com instrumentação manual (Gates Glidden [Dentsply Maillefer, Ballaigues, Switzerland] + limas K [Dentsply Maillefer]) ou instrumentação rotatória com os sistemas ProFile (Dentsply Maillefer), ProTaper (Dentsply Maillefer), K3 (Sybron-Endo, Orange, CA, EUA) e Hero 642 (MicroMega, Besançon, França). Foram utilizadas radiografias digitalizadas e também fotografias feitas por estereomicroscópio dos dentes seccionados longitudinalmente para determinar a quantidade de restos de material obturador nas paredes dos canais radiculares. Avaliando os resultados, conclui-se que os instrumentos K3 e ProTaper foram mais efetivos na remoção do material obturador do que os instrumentos manuais. Os instrumentos Hero 642 e ProFile tiveram efetividade semelhante entre si, porém foram menos eficazes do que K3 e ProTaper e mais eficazes que a instrumentação manual. O método de fotomicrografia com epiluminescência foi mais efetivo do que o radiográfico para avaliação dos restos de material obturador nas paredes dos canais. Nenhuma diferença significante foi

17 observada na quantidade de material remanescente removida independente do cimento utilizado. Em 2006, Zmener, Pameijer e Banegas constataram que a instrumentação manual com limas Hedströem (Dentsply Maillefer) e a oscilatória com o sistema AET (Ultradent, South Jordan, EUA) promoveram paredes radiculares mais limpas do que a instrumentação rotatória com ProFile taper 0,04 (Tulsa Dental Products, Tulsa, OK, EUA) especialmente nos terços médio e coronal nos canais radiculares com forma oval, durante o retratamento dos canais. O diâmetro vestíbulo-lingual de canais radiculares com forma oval tende a diminuir em direção ao ápice, proporcionando melhor contato dos instrumentos com as paredes do canal, o que justifica não ter sido encontradas diferenças estatísticas de quantidade de material remanescente neste terço deixada por ProFile, AET e instrumentação manual. Porém, nenhuma técnica foi capaz de produzir paredes completamente limpas. Neste estudo in vitro os autores utilizaram 60 dentes humanos monorradiculares maxilares e pré-molares mandibulares com um único canal com forma oval, que foram instrumentados com limas tipo K (Dentsply Maillefer) e obturados com a técnica de condensação lateral com guta-percha e cimento AHPlus (Dentsply Maillefer). Todos os canais foram preparados para desobturação com brocas Gates-Glidden 4-5 (Dentsply Maillefer, Ballaigues, Switzerland), uma pequena quantidade de clorofórmio e limas K-File #20-25 até o comprimento de trabalho. No comprimento de trabalho, o grupo do Profile foi instrumentado até o instrumento 6 (equivalente ao tamanho 0,36 no sistema ISO), o grupo do AET até o seu instrumento 2 e o grupo das limas Hedströem foi ampilado até o instrumento #35. Barletta et al. (2007) utilizaram 80 canais radiculares (40 mésio-vestibulares e 40 mesio-linguais) de primeiros molares inferiores humanos extraídos para comparar a capacidade de remoção da massa obturadora de um sistema oscilatório e de um sistema rotatório. Os canais radiculares foram previamente instrumentados com limas tipo FlexoFile (Dentsply/Maillefer) e obturados pela técnica de condensação lateral com cones de guta-percha (Tanari Industrial, Manaus, Brasil) e cimento endodôntico Endofill (Dentsply, Petrópolis, RJ, Brasil). Na preparação para a desobturação dos canais radiculares, uma gota do solvente eucaliptol foi aplicada em cada canal durante 3 minutos e, limas tipo K # 25, #20 e #15 abriram um caminho na guta-percha amolecida até que o comprimento de trabalho fosse atingido. Então as raízes foram divididas em quatro grupos de dez dentes cada. Os

18 grupos A1 e B2 foram desobturados com o sistema oscilatório Endo-Gripper (Moyco Union Broach, York, Penn) acoplado a um motor elétrico (Nouvag AG, Goldach, Suíça) em associação com limas tipo K, com 10N de torque e velocidade de 13.000 rpm. Os grupos A2 e B1 foram desobturados com o sistema rotatório ProFile (Dentsply/Maillefer) taper 0.04 acoplado a um motor elétrico com torque de 10N e velocidade de 250 rpm. O instrumento final utilizado em todos os grupos até que o comprimento de trabalho fosse atingido correspondeu ao #30. O volume da massa obturadora restante nas paredes dos canais radiculares foi calculado por um software através de imagens tridimensionais de tomografia computadorizada, obtidas antes e depois da desobturação. Os resultados deste estudo mostraram que nenhum sistema foi capaz de remover completamente o material obturador dos canais radiculares, e o percentual médio de detritos após a remoção mecânica não apresentou diferenças significantes entre o sistema oscilatório e o sistema rotatório. Ainda, o percentual médio de material de obturador restante foi significativamente maior para os canais radiculares mésio-vestibulares, do que para os mésio-linguais, independentemente do sistema mecânico usado, fato atribuído pelos autores à complexidade anatômica daqueles. Gergi e Sabbagh (2007) encontraram mais material remanescente no terço apical das paredes de canais radiculares do que nos demais terços, independente da técnica utilizada, durante um estudo in vitro que avaliou a eficácia de dois sistemas rotatórios (ProTaper e R-Endo) e um instrumento manual (limas Hedströem) na remoção de material obturador em canais severamente curvos. Em geral, não houve diferença estatística significativa na eficácia da remoção de gutapercha entre os métodos de remoção e nenhum método foi capaz de remover completamente o material obturador. Para o estudo, 90 dentes humanos extraídos foram instrumentados até o instrumento #20 taper 0.04 do sistema rotatório Hero 642 (Micro-Mega, Besançon, França), obturados com cimento (Pulp canal sealer EWT, Kerr, Sybron Dental Specialties, Romulus, MI, EUA) e guta-percha através do System B (Analytic Technology, Redmond, WA, EUA). As raízes foram divididas em três grupos de 30. A técnica crown-down e eucaliptol foram utilizados em todos os grupos. Os instrumentos rotatórios foram acionados por um motor rotatório (Teknica Vision, ATR, Pistoia, Itália), com velocidade constante (400 rpm) e baixo torque (4 cm N -1 ). O grupo ProTaper (Dentsply Maillefer, Ballaigues, Suíça) utilizou os instrumentos F3, F2 e F1 e o alargamento apical foi realizado até o instrumento F1

19 (#20, taper 0.07). O grupo R-Endo (Micro Mega, Besançon, França) utilizou os instrumentos Re, R1, R2 e R3 (todos com ponta #25, mas diferentes tapers), e o alargamento apical foi realizado com o instrumento R2 (taper 0,06). O grupo da instrumentação manual utilizou limas Hedströem #45, #40, #35, #30, até que o instrumento #25 atingisse o comprimento de trabalho. O material obturador remanescente foi avaliado através de radiografias digitalizadas e analisadas pelo software AUTOCAD 2000. O resultado para o terço apical foi justificado pela existência de curvaturas em muitos planos, sulcos e depressões profundas nas paredes da dentina neste terço, que impedem o contato direto dos instrumentos com as paredes do canal radicular. Contudo, deve-se considerar que a instrumentação inicial no comprimento de trabalho foi realizada até o instrumento #20 e a reinstrumentação durante o retratamento em todos os grupos não ultrapassou o instrumento #25, sendo pouca a ampliação do diâmetro no terço apical. Já nos demais terços, a ampliação do diâmetro do canal foi maior devido aos diferentes tapers utilizados. Dall agnoll, Hartmann e Barletta (2008) utilizaram a tomografia computadorizada para analisar a eficiência da remoção de material obturador utilizando diferentes técnicas. Foram utilizados 60 raízes mesiais de molares inferiores humanos extraídas, preparadas pela técnica step-back até o instrumento #30 tipo K (Dentsply Maillefer, Ballaigues, Suíça) no comprimento de trabalho e obturadas com guta-percha e cimento AHPlus (Dentsply DeTrey, Konstanz, Alemanha) utilizando a técnica híbrida de Tagger. Após seis meses, foi utilizado solvente eucaliptol (IodontoSul, Porto Alegre, RS, Brasil) na entrada dos canais radiculares e um caminho foi criado dentro da massa obturadora amolecida usando #25, #20 e #15 das limas tipo K em seqüência até que o CT fosse atingido. A desobturação prosseguiu de acordo com a técnica de cada grupo: A- instrumentação manual com limas tipo K (Dentsply/Maillefer) (#50 inicial e instrumentos sequenciais em direção ao ápice até o #30 no CT); B instrumentação oscilatória com limas tipo K acopladas ao contra-ângulo NSK (TEP SUPER - NSK; Nakanishi, Tochigi-ken, Japan) (#50 inicial e instrumentos sequenciais em direção ao ápice até o #30 no CT) e C- instrumentação rotatória com sistema ProTaper (Dentsply/Maillefer) (instrumentos S1 e Sx no terço médio, seguidos por S1, S2, F1, F2 e F3, respectivamente, ajustados até o CT). A quantidade do material obturador foi calculada automaticamente pelo programa de software da TC, e a diferença entre a

20 TC inicial e a TC final é a porcentagem de material remanescente. Os dados foram analisados pela análise de variância (ANOVA) e pelo teste qui-quadrado. Não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos na remoção de material obturador. Porém, a análise da associação entre a porcentagem de obturação removida (baixa ou alta) e as técnicas, através teste qui-quadrado, mostrou diferença estatisticamente significante, como a maioria dos casos no grupo B tinham menos de 50% do material obturador removido (baixa remoção). Concluiu-se também que nenhuma das técnicas foi eficaz na remoção completa de material obturador. Também em 2008, Gu et al. investigaram a eficácia do sistema rotatório ProTaper Universal de Retratamento (ProTaper-UR) na remoção da guta-percha dos canais radiculares. Para tanto, foram utilizados 60 dentes humanos extraídos, com um único canal, que foram preparados com brocas Gates 1-3 (Dentsply Maillefer) e limas K (Dentsply Maillefer, Ballaigues, Suíça) até o #30 no CT e obturados com guta-percha e cimento AHPlus (Dentsply, DeTrey, Konstanz, Alemanha) com a técnica de condensação lateral. Após 30 dias, os dentes foram divididos em três grupos para desobturação e reinstrumentação. No grupo A, utilizou-se os instrumentos D1, D2 e D3 do ProTaper UR para desobturação e o refino do preparo foi feito com ProTaper S1 e S3 e F1, F2 e F3. No grupo B, a desobturação começou com Gates 1-3, seguido de limas Hedströem (Dentsply Maillefer) #30, #25 e #20 com solvente e o refino do preparo foi igual ao grupo A. Já o grupo C teve a desobturação realizada da mesma maneira que o grupo B e o repreparo foi feito com limas K até o alargamento apical #35. Para este estudo, a técnica de diafanização dos dentes foi utilizada para avaliar a quantidade de material obturador remanescente. Os autores chegaram à conclusão que todas as técnicas deixaram remanescentes de guta/cimento nas paredes dos canais. Na porção média e apical, os dentes do grupo A obtiveram menor porcentagem de área de cimento/guta quando comparado com o grupo B e C. A diferença entre os grupos A e C foi estatisticamente significante. Ainda, a remoção do material obturador com a técnica do ProTaper no grupo A levou menos tempo do que os outros grupos. Não foi registrado nenhum acidente processual como fratura de instrumentos, perfuração do canal radicular e perda do comprimento de trabalho. Só et al. (2008) avaliaram a eficácia do sistema ProTaper UR (Dentsply/Maillefer, Ballaigues, Suíça) e de instrumentos manuais

21 (Dentsply/Maillefer) na remoção do material obturador em canais radiculares preenchidos com guta-percha e dois tipos de cimento (Endofill - Dentsply, Petrópolis, RJ, Brasil - e AHPLus - Dentsply De Trey GmbH, Konstanz, Alemanha). Para este estudo, foram usadas 60 raízes palatinas de primeiros molares humanos estraídas instrumentadas e obturadas, que foram retratadas endodonticamente com duas técnicas: instrumentação manual (uso de bocas Gates-Glidden, limas H e FlexoFile- FF) e, instrumentação rotatória (desobturação com ProTaper UR e refino do canal com instrumentos ProTaper S1, Sx, S2, F1, F2 e F3). As raízes foram seccionadas, fotografadas e as imagens foram analisadas pelo software AutoCAD 2004. A instrumentação manual deixou menos resíduos nas paredes dos canais do que a instrumentação rotatória nos terços cervical e médio. Já no terço apical, não houve diferença estatística entre as técnicas de retratamento. Também não houve diferença estatística significativa entre a quantidade de material residual nas paredes dos canais radiculares obturados com cimento Endofill e dos obturados com AHPlus. Somma et al. (2008) testou a efetividade da instrumentação manual e rotatória no retratamento de canais radiculares preenchidos com três diferentes materiais obturadores: guta-percha + cimento Pulp Canal Sealer (Kerr); Resilon + primer Real Seal + cimento Real Seal (SybronEndo, Orange, CA, EUA); e gutapercha revestida por resina + cimento EndoRez (Ultradent Products Inc, South Jordan, UT, EUA). No estudo in vitro, foram utilizados 90 pré-molares unirradiculares humanos, instrumentados com Mtwo até o instrumento #40 taper.04 no CT e obturados com os diferentes materiais. Os dentes foram divididos em três grupos e desobturados por instrumentação manual (limas H, associadas a brocas Gates- Glidden e solvente) ou rotatória com o sistema ProTaper de retratamento (Dentsply- Maillefer, Ballaigues, Suíça) e com o sistema Mtwo R (Sweden & Martina, Padova, Itália). As raízes foram seccionadas longitudinalmente e avaliadas sob estereomicroscópio óptico e microscopia eletrônica de varredura. Em conclusão, todos os instrumentos deixaram restos de material obturador nas paredes do canal radicular, independentemente do material obturador usado. O terço do canal radicular que apresentou mais material residual foi o terço apical, seguido do terço médio e, por último, o coronal. Canais radiculares obturados com EndoRez resultaram em paredes radiculares mais limpas, enquanto que o material obturador Resilon e ambas as técnicas rotatórias com instrumentos de NiTi resultaram em paredes do canais menos limpas de acordo com a análise. Ainda, o Mtwo R,

22 ProTaper UR e material de obturação Resilon teve um impacto positivo na redução do tempo de retratamento. Ambos os sistemas Protaper UR e Mtwo R mostraram uma maior extrusão de detritos para a região apical. Garcia Júnior et al. (2008) testou a eficiência de diferentes instrumentos rotatórios no retratamento endodôntico através de radiografias escaneadas e analisadas com o software Microsoft Photo Editor. Os autores utilizaram 60 prémolares inferiores humanos extraídos, com canal único e reto, instrumentados com o sistema rotatório GT (Dentsply-Maillefer, Ballaigues, Suíça) até o #30 taper.04 e obturados com guta-percha (Tanariman, Manucapuru, Brasil), e cimento Sealer 26 (Dentsply, Petrópolis, Brasil) pela técnica híbrida de Tagger. O retratamento foi realizado de acordo com as seguintes técnicas: ProFile (Dentsply-Maillefer, Ballaigues, Suíça), ProTaper (Dentsply-Maillefer, Ballaigues, Suíça), GT (Dentsply- Maillefer, Ballaigues, Suíça), manual com limas K (Dentsply-Maillefer, Ballaigues, Suíça) e com uso de solvente (Eucaliptol, S.S.White, Rio de Janeiro, Brasil), K3 (Sybron-Endo, Orange, CA, EUA) e Hero 642 (Micro Mega, Cedex, França). Avaliando os resultados, percebe-se que os grupos ProFile, ProTaper, GT e manual deixaram menos resíduos nas paredes dos canais do que os grupos K3 e Hero 642. Entre os grupos com melhor desempenho (ProFile, ProTaper, GT e manual) não houve diferença estatística significante. O grupo controle (limas K), apesar de ter baixos valores de material residual, quando avaliado por terços, apresentou a maior quantidade de material remanescente no terço apical. Todavia, ao analisar os resultados segundo terços nos demais grupos, constata-se que o terço apical e médio apresentaram menor quantidade de material obturador residual do que o terço cervical. Sydney et al. (2008) avaliaram a capacidade de remoção do material obturador no retratamento endodôntico com o sistema Protaper UR (Dentsply/Maillefer, Ballaigues, Suíça) e com a técnica hídrida manual realizada com limas K (Dentsply-Maillefer) auxiliada pelos instrumentos Pré-Race e solvente (óleo de laranja, Citrol, Fórmula & Ação, São Paulo, Brasil). Foram selecionados 24 incisivos inferiores humanos extraídos preparados e obturados com guta-percha (Dentsply-Maillefer) e cimento Endofill (Dentsply, Petrópolis, RJ, Brasil), que, após serem desobturados, foram radiografados, as radiografias digitalizadas e as imagens analisadas pelo software Image Tool 3.0 para determinar a quantidade de material obturador remanescente. Os resultados mostraram que a técnica híbrida manual

23 apresentou melhores resultados na remoção do material obturador quando comparado à técnica rotatória. Independente da técnica empregada, remanescentes de material obturador ainda permaneceram nas paredes dos canais radiculares. Outro estudo in vitro comparou a eficiência dos instrumentos manuais tipo K e H (Dentsply Maillefer) e dos rotatórios ProFile (Dentsply Maillefer), R-Endo (Micro Mega, Besançon, França) ou instrumentos de retratamento ProTaper UR (Dentsply Maillefer, Ballaigues, Suíça) na remoção de guta-percha em canais radiculares curvos. Os resultados mostraram que os instrumentos ProTaper UR e R-Endo foram menos eficientes na remoção de material obturador das paredes do canal radicular quando comparados aos instrumentos manuais e ProFile. Observou-se também neste estudo que, uma maior quantidade de guta-percha residual no terço apical do que no médio e cervical, independentemente da técnica utilizada. Mais erros processuais (cinco instrumentos fraturados e duas perfurações) foram observados na utilização do ProTaper. As perfurações foram atribuídas ao desenho agressivo com capacidade de corte de guta-percha e da camada superficial de dentina e ponta cortante ativa do D1. Já as fraturas foram relacionadas com os maiores tapers do instrumento D3 (0,07). Na desobturação com R-Endo, houve dois instrumentos fraturados. Para chegar a estes resultados, foram utilizados 56 molares superiores humanos com canais curvos instrumentados com o sistema rotatório ProFile (até o instrumento #30 taper 0,06 no CT) e obturados com GP (System B - Analytic Technology, Redmond, VA, EUA - e Obtura II - Obtura Spartan, Fenton, MO, EUA) e cimento AHPlus (De-trey-Dentsply, Konstanz, Alemanha). Para os dentes desobturados com instrumentos manuais, utilizaram-se brocas Gates-Glidden (Dentsply Maillefer), limas tipo K e H até a ampliação apical #30 no CT. No grupo do ProFile, vários instrumentos foram utilizados até que finalmente o #30 taper 0,06 foi usado no comprimento de trabalho. No grupo do R-Endo foram usados os instrumentos Rm, Re, R1, R2, R3 e por último o Rs (#30, taper 0,04) no CT. O grupo do ProTaper UR utilizou os instrumentos D1, D2 e o CT foi atingido com D3. Todos os grupos utilizaram solvente e a mesma velocidade de 300 rpm foi selecionada para todos os instrumentos rotatórios. A área de material obturador restante foi analisada através de imagens radiográficas digitais no software AUTOCAD 2000 (ÜNAL et al., 2009). Aydin, Köse e Çaliskan (2009) investigaram a efetividade do sistema rotatório HERO 642 (MicroMega, Besançon, França) versus limas Hedströem (Dentsply

24 Maillefer, Ballaigues, Suíça) para remoção da obturação de guta-percha em canais radiculares curvos em um estudo in vitro. Quarenta molares inferiores curvos humanos foram instrumentados com limas H com a técnica step-back até lima #25 ou #30 (canais mesiais) e #40 ou #45 (distais), obturados com guta-percha e cimento Diaket (3M, ESPE, Seefeld, Alemanha) por condensação lateral e, restaurados com Cavit-G (3M, ESPE). Após um ano, as raízes foram seccionadas horizontalmente em três porções (terço apical, médio e coronal). Os cortes foram fotografados para avaliar a quantidade e qualidade da obturação. Depois as porções foram coladas e mergulhadas em silicona densa (Zetaplus, Zhermack, Badia Palestine, Itália) contida numa caixinha plástica e os dentes divididos em 4 grupos: grupo 1 utilizou limas Hedströem para desobturar e para reinstrumentar os canais radiculares (até #40 nos mesiais e #50 nos distais, mais três limas acima da LAF no retrocesso); o grupo 2 utilizou a mesma técnica do grupo 1, mais solvente Copalite (Cooley and Cooley, Houston, TX, EUA); o grupo 3 utilizou instrumentos HERO 642 #25 ou #30 taper 0,06 para desobturação e os dentes foram instrumentados com Hero 642 #35 ou #40 taper 0,02 no CT (mesiais) e #45 taper 0,02 (distais); o grupo 4 utilizou mesma técnica do grupo 3 mais solvente. Foram tomadas novas fotos de todos os cortes dos dentes, que foram sobrepostas às fotos anteriores no computador. Os resultados mostraram diferenças significativas, com paredes radiculares mais limpas no grupo 2 do que nos grupos do HERO 642, mas não houve diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos de limas manuais. Quando os terços radiculares dos grupos foram comparados, a diferença estatisticamente significativa esta presente somente no terço médio, onde os grupos de limas manuais mostraram resíduos de obturação significativamente menores que os grupos HERO 642. Os canais mesiolinguais e distais não apresentaram diferenças estatísticas de resíduos de obturação entre os terços dos canais. Nos canais radiculares mesiovestibulares, todos os instrumentos deixaram mais material remanescente no terço apical. Diferentemente de outros estudos, Bramante et al. (2009) avaliaram a influência da velocidade de rotação do sistema rotatório Quantec SC (Sybron, Orange, CA, EUA) na capacidade de remoção do material obturador no retratamento endodôntico. Vinte incisivos inferiores extraídos foram instrumentados até lima K #40, obturados pela técnica da condensação lateral com guta-percha e cimento Ketac-Endo (Ketac Endo, Espe Germany). Após seis meses, os dentes foram

25 desobturados com instrumentos do sistema Quantec SC acionados com motor TC 3000 (Nouvag G, Goldach,Switzerland) usado nas velocidades de 350 e 700 rpm. Os espécimes foram seccionados longitudinalmente, escaneados e a limpeza das paredes dos canais radiculares foi avaliada usando o software Sigma Scan. Os autores constataram que todos os canais exibiram resíduos de material obturador; a 700rpm o tempo de remoção da obturação foi menor, porém, a 350rpm menor quantidade de resíduos de guta-percha e cimento foram observadas. Houve um maior número de perfurações e desvios do trajeto do canal na velocidade de 350rpm. Takahashi et al. (2009) testaram a eficácia do sistema rotatório ProTaper UR (Dentsply Maillefer, Ballaigues, Suíça) versus instrumentos manuais (Dentsply Maillefer) de aço inoxidável (limas K juntamente com Gates-Glidden) para remoção de guta-percha, ambos com e sem solvente. Quarenta dentes anteriores superiores humanos extraídos foram preparados com a técnica crown-down com limas manuais K até o instrumento #35 no ápice, obturados com guta-percha e cimento Endofill (Dentsply, Petrópolis, RJ, Brasil) pela técnica híbrida. Após 30 dias, as raízes foram retratadas com as quatro técnicas já mencionadas, seccionadas longitudinalmente e fotografadas. As imagens foram analisadas e os restos de obturação foram quantificados usando o software Image Tool. Nenhuma técnica foi capaz de remover completamente o material obturador. Não houve diferença estatísticamente significativa entre as técnicas na quantidade de material obturador removido. Ainda, o sistema rotatório foi mais rápido do que as limas manuais para remover as obturações. Betti et al. (2009) compararam a eficácia do sistema ProFile série 29 taper.04 (Tulsa Dental, Tulsa, OK) e limas manuais (Dentsply Maillefer) na remoção de gutapercha durante o retratamento de canais radiculares. Vinte incisivos centrais superiores humanos extraídos, com canal reto, foram preparados com limas K até #40 no CT, obturados com guta-percha e cimento Endométhasone (Septodont, Saint-Maur-des-Fossés, França) pela técnica de condensação lateral. Após um ano, a amostra foi dividida em dois grupos. O grupo ProFile taper.04 série 29 utilizou os instrumentos tamanho 5 a 8 sequencialmente até o comprimento de trabalho para remover o material obturador. O grupo dos instrumentos manuais usou limas Hedströem até o #40 no CT. Radiografias foram feitas e então os dentes foram seccionados. Cada metade das raízes e cada radiografia foram digitalizadas usando

26 um scanner para avaliar a limpeza das paredes dos canais radiculares. Os autores concluíram que a instrumentação manual produz paredes mais limpas que o sistema ProFile série 29, todavia, o sistema ProFile provou ser mais rápido do que instrumentos manuais na remoção do material obturador. Ainda, a análise radiográfica mostrou uma menor porcentagem de material residual do que a análise da hemisecção das raízes. Bramante et al. (2010) além de avaliarem a capacidade de limpeza, avaliaram também a liberação de calor e o tempo gasto na remoção de material obturador no retratamento endodôntico com instrumentos manuais (Dentsply/Maillefer) e com sistemas rotatórios de retratamento Mtwo R (VDW, Munich, Alemanha) e ProTaper UR (Dentsply/Maillefer, Ballaigues, Suíça). O Mtwo R foi o menos eficiente em termos de limpeza, todavia, todas as técnicas deixaram material remanescente nas paredes dos canais radiculares. Vale ressaltar que a instrumentação manual contou com o auxílio do uso de solvente e de limas H. Houve diferenças significativas entre os terços dos canais radiculares. A melhor limpeza foi encontrada no terço cervical seguido dos terços apical e médio nos canais radiculares desobturados com instrumentos rotatórios e, nos terços médio e apical nos canais radiculares desobturados com limas tipo K. O ProTaper UR liberou mais calor e o Mtwo R exigiu mais tempo de trabalho na remoção da guta-percha. A liberação de calor dos instrumentos automatizados plastifica a guta-percha e pode ajudar na sua remoção no terço coronal. Os autores sugerem o uso combinado de instrumentos manuais e rotatórios para melhorar a limpeza dos canais radiculares. A amostra utilizada nesse estudo foi 60 incisivos centrais superiores permanentes humanos extraídos com um único canal instrumentados com limas tipo K e obturados com guta-percha e Endofill (Dentsply, Petrópolis, RJ, Brasil). A desobturação com ProTaper foi realizada com os instrumentos D1, D2 e D3, já no grupo Mtwo R somente o instrumento R2 foi usado e no grupo de instrumentação manual foram utilizadas brocas Gates-glidden 1 a 3, limas tipo K e H #30 e solvente (Xilol - Dinâmica Ltda, Diadema, São Paulo, Brasil). Duarte et al. (2010) realizaram um estudo in vitro com o objetivo de avaliar a efetividade da instrumentação manual e rotatória na remoção de material obturador de canais radiculares de raízes palatinas de molares superiores humanos. Foram utilizadas 48 raízes, destas, 24 foram instrumentadas com limas K (Dentsply/Maillefer, Ballaigues, Suíça) e obturadas com guta-percha, cimento de óxido de zinco e eugenol (Endofill - Dentsply, Petrópolis, RJ, Brasil) e armazenadas

27 em solução salina durante seis anos. Outras 24 raízes foram tratadas da mesma maneira e armazenadas por uma semana. Os canais radiculares foram desobturados no terço cervical com brocas Gates-Glidden (Dentsply/Maillefer), após foi usado solvente e uma lima K para amolecer a guta-percha. O retratamento prosseguiu com limas manuais tipo K (#20 e #30, e mais dois instrumentos no recuo progressivo) ou instrumentos S1, Sx, S2, F1 a F4 do sistema ProTaper (Dentsply Maillefer, Ballaigues, Suíça). Após a digitalização, imagens microscópicas das raízes seccionadas verticalmente e imagens radiográficas foram processadas no software AutoCAD-2004 para avaliação da quantidade de material obturador residual. Os resultados não demonstraram diferenças estatisticamente significativas entre as técnicas manual e rotatória para a remoção do material de preenchimento, independentemente do tempo de obturação dos canais radiculares. No entanto, quando apenas o tempo de realização da obturação foi levado em consideração, as obturações mais recentes que permaneceram nos terços médio apresentaram uma percentagem significativamente mais elevada em comparação com as obturações mais antigas. Independente da técnica utilizada e do tempo de realização da obturação, o terço apical apresentou mais material residual do que os outros terços radiculares. Todos os canais radiculares revelaram resíduos de material obturador após o retratamento endodôntico. A análise microscópica foi mais efetiva do que a radiográfica na detecção de remanescente de obturação do canal radicular. Diferentemente de outros estudos, Marfisi et al. (2010) avaliaram a eficiência de sistemas rotatórios na remoção de obturações de canais radiculares realizadas com dois tipos de materiais obturadores e dois tipos de cimentos. Os elementos dentários utilizados no estudo foram separados em seis grupos de 15 espécimes cada, e os materiais e técnicas utilizadas em cada grupo estão listadas no quadro abaixo: Material Obturador Cimento Sistema Rotatório Grupo 1 Guta-percha AHPlus (Dentsply De Trey, Konstanz, Alemanha) ProTaper UR (Dentsply Maillefer, Ballaigues, Suíça) Grupo 2 Resilon (Resilon Research Real Seal (Sybron Endo, ProTaper UR LLC, Madison, CT, EUA) EUA) Grupo 3 Guta-percha AH Plus Mtwo R (Sweden & Martina, Padova, Itália) Grupo 4 Resilon Real Seal Mtwo R Grupo 5 Guta-percha AH Plus Twisted (Sybron Dental Specialties, EUA) Grupo 6 Resilon Real Seal Twisted Quadro 1 Materiais e técnicas utilizadas por Marfisi et al. (2010).

28 Nenhum sistema rotatório avaliado foi capaz de remover completamente o material obturador das paredes dos canais radiculares e não foram observadas diferenças significativas entre os sistemas rotatórios em termos de material remanescente deixado dentro dos canais radiculares. Resilon foi removido significativamente melhor das paredes do canal radiculares do que a guta-percha, independentemente dos instrumentos rotatórios utilizados. Foram registradas três fraturas de instrumentos, sendo um instrumento Mtwo R e dois Twisted. Os métodos utilizados para avaliar a quantidade de material obturador remanescente no interior dos canais radiculares foram a secção longitudinal dos dentes (cada metade foi fotografada usando um microscópio óptico) e a tomografia computadorizada de feixe cônico. A TC apresenta a vantagem de fornecer imagens mais fidedignas, sem distorções e permitir uma avaliação em imagens tridimensionais sem a necessidade de corte ou destruição dos dentes (MARFISI et al, 2010). Em 2011, Fariniuk et al., a partir de um estudo in vitro, afirmaram que os instrumentos rotatórios GT (Dentsply-Maillefer, Ballaigues, Suíça) deixaram significantemente menos material obturador remanescente durante o retratamento do que os instrumentos manuais tipo K (Dentsply-Maillefer) e os instrumentos Hero 642 (MicroMega, Cedex, França). Os resultados mostraram que não houve diferença estatisticamente significante entre o sistema GT e as técnicas ProFile (Dentsply- Maillefer), ProTaper (Dentsply-Maillefer) e K3 (Sybron Dental Specialties, Orange, CA, EUA). Observaram que nenhuma das técnicas por eles investigadas foi capaz de remover completamente a massa obturadora dos canais radiculares. Observaram também, que o terço apical apresentou a menor quantidade de material obturador restante, seguido pelos terços médio e cervical, em todos os grupos. Neste estudo, 60 pré-molares inferiores humanos com um canal reto foram instrumentados com sistema rotatório GT, obturados com guta-percha e AHPlus (Dentsply De Trey, Konstanz, Alemanha) pela técnica híbrida de Tagger. Os dentes foram divididos em seis grupos de dez espécimes, e cada grupo utilizou uma técnica de retratamento. As raízes foram seccionadas longitudinalmente, imagens digitais foram criadas através de um scanner, e as áreas de remanescentes de material foram medidas usando o programa Image Tool 1.21. Kaled et al. (2011) testaram a efetividade de três métodos na remoção da obturação dos canais radiculares em 30 caninos humanos extraídos, que possuíam um canal único e reto. Os espécimes foram instrumentados com limas K (Dentsply-