Manejo de casos suspeitos de Febre Maculosa. Outubro de 2018

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Transcrição:

Manejo de casos suspeitos de Febre Maculosa Outubro de 2018

Febre maculosa Conteúdo Epidemiologia e etiologia Definição de caso Manifestação clínica Diagnóstico diferencial Diagnóstico laboratorial Tratamento Prevenção

Epidemiologia e etiologia Agente etiológico: Rickettsia rickettsii (espiroqueta, Gram-negativo, intra-celular obrigatório) Reservatório: Carrapatos do gênero Amblyomma(A. sculptum, A. ovale e A. aureolatum) Brasil (2010 2014): a) Coeficiente de Incidência média: 0,08 / 100.000 habitantes b) Coeficiente de Letalidade médio: (35%) c) 62% dos casos (Região Sudeste) d) Zona rural: 41,86% e) 73% dos casos: sexo masculino f) Necessidade de Hospitalização: 60,7% g) Sazonalidade: Outubro (17,4%) h) 10% dos registros envolvem crianças com menos de 9 anos i) História de contato prévio com carrapato: 72% Estado de São Paulo (2010-2014): a) Coeficiente de Incidência média: 0,12 / 100.000 habitantes b) Coeficiente de Letalidade médio: 55,45% Município de São Paulo (2004 2017): a) Letalidade: 70% b) Locais: Itaquera, Jabaquara, Jardim São Luiz, José Bonifácio, Pedreira e Sacomã http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2016/maio/20/informe-epidemiol--gico-febre-maculosa.pdf http://ftp.cve.saude.sp.gov.br/doc_tec/zoo/fm_inc.pdf

Definição de caso Indivíduo que apresente febre de início súbito, cefaléia, mialgia e que tenha relatado história de picada de carrapatos e/ou contato com animais domésticos e/ou silvestres e/ou ter frequentado área sabidamente de transmissão de febre maculosa, nosúltimos 15 dias; Ou que apresente febre de início súbito, cefaléia e mialgia, seguidas de aparecimento de exantema máculo-papular, entre o 2º e o 5º dia de evolução, e/ou manifestações hemorrágicas. Estados brasileiros com relatos de surtos: São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Bahia, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Distrito Federal http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2016/maio/20/informe-epidemiol--gico-febre-maculosa.pdf

Manifestações clínicas Período de incubação: 2 a 14 dias (em média, 7 dias) Transmissão: Carrapato (A. sculptum) permanece 4 a 6 horas Carrapato (A. aureolatum) permanece 10 minutos Febre (> 38º C) Cefaleia Mialgia intensa Náuseas e vômitos Entre o 2º e 5º dia do início dos sintomas (60 a 70% dos casos): exantema maculo-papular, predominantemente nas regiões palmar e plantar Casos graves: Edema de membros inferiores Hepatoesplenomegalia Distensão abdominal Oligúria Insuficiência respiratória Hemorragias gastrintestinais Manifestações hemorrágicas em SNC http://www.saude.sp.gov.br/resources/ccd/homepage/bepa/edicao-2016/edicao_151_-_julho_2.pdf

Diagnóstico diferencial Leptospirose Sífilis Sarampo, Rubéola Febre tifóide Arboviroses: Dengue, Zika vírus, Chikungunya, febre amarela Doença meningocócica Estreptococcia Parvovirose Enterovirose Adenovirose Doença de Lyme Doença auto-imune: Lupus eritematoso sistêmico; PTI; vasculites Muito importante: Epidemiologia (contato com carrapatos, por exemplo) http://www.saude.sp.gov.br/resources/ccd/homepage/bepa/edicao-2016/edicao_151_-_julho_2.pdf

Exames laboratoriais inespecíficos Anemia (5 30%) Contagem normal de leucócitos ou Leucopenia ou Desvio à esquerda Linfopenia Plaquetopenia TTPA / TP alargados Elevação de AST / ALT / Bilirrubina total e frações Elevação dos níveis séricos de uréia / creatinina + Hiponatremia Elevação de CPK e DHL Radiologia simples de tórax / CT de tórax (sintomas respiratórios): derrame pleural, intersticiopatia Se manifestação neurológica: CT de crânio + LCR: pleocitose com linfocitose e proteínas elevadas

Diagnóstico laboratorial específico a) Sorologia para Febre das Montanhas Rochosas (Imunofluorescência indireta anticorpos IgG / IgM) a.1)colher no dia da suspeita diagnóstica e repetir em 14 a 21 dias para avaliar aumento do título da ordem de 4x. Tempo de liberação: 13 dias. a.2) Custo particular: R$ 478,24 (08/10/2018) b) PCR para Rickettsia rickettsi: Custo particular - R$ 1257.81 Prazo de liberação 7 dias

Tratamento Não aguardar a confirmação sorológica para o tratamento Não indicar tratamento no paciente assintomático, apenas pelo contato prévio com carrapato (somente 1% dos carrapatos são reservatórios) Casos leves e moderados: Adultos: Doxiciclina 100mg VO 12/12h 8 anos 16 anos: Doxiciclina 2 a 4 mg/kg/dia 12/12h (máximo 200mg/dia) xarope 5ml = 50 mg Peso inferior a 45 kg: 2,2mg/kg 12/12h (máximo 200 mg/dia) Casos graves / gestantes : Adultos: Cloranfenicol 1000 mg IV 6/6h Crianças: Cloranfenicol 50 a 100mg/kg/dia, de 6/6 horas (não ultrapassar 2g/dia) Tempo de tratamento: 7 dias, devendo ser mantida por 3 dias, após o término da febre. http://www.saude.sp.gov.br/resources/ccd/homepage/bepa/edicao- 2016/edicao_151_-_julho_2.pdf

Lembre-se: esta é uma doença de notificação compulsória Como notificar? 1º) Preencher a ficha de notificação na suspeita ou caso confirmado (disponível na intranet) Intranet: Doenças Epidêmicas (fichas de notificação compulsória) 2º) Comunicar o SCIH: por e-mail: scih@einstein.br ou grupo 90; em horário comercial: ramais 72616, 72646, 72647 e 72680; fora do horário comercial no celular: (11) 97283-3587

Prevenção Não há vacina Para a transmissão eficaz, é necessário a presença do carrapato aderido ao hospedeiro durante 4 a 6 horas Evitar o contato com carrapatos Manter vigilância no corpo quando exposição de risco para a retirada do carrapato http://www.saude.sp.gov.br/resources/ccd/homepage/bepa/edicao-2016/edicao_151_-_julho_2.pdf