SUPERVISÃO GERAL DOS TRABALHOS PELA PREFEITURA



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Ano: 7º Turma: 7.1 e 7.2

Transcrição:

PLANO DIRETOR DE RIBEIRÃO DAS NEVES DIAGNÓSTICO E DIRETRIZES BÁSICAS VOLUME II - FEVEREIRO 2006 PREFEITURA MUNICIPAL DE RIBEIRÃO DAS NEVES WALACE VENTURA Prefeito Municipal BÁRBARA LEITE Vice-Prefeito Municipal SUPERVISÃO GERAL DOS TRABALHOS PELA PREFEITURA Clayton Ventura Secretário Municipal de Planejamento e Meio Ambiente ELABORAÇÃO DOS TRABALHOS Prefeitura Municipal de Neves Coordenação Geral dos Trabalhos Clayton Ventura Bruno Leite Lívia de Souza Equipe Senior Luiz Mário Queiroz Lima Dr. Engenharia Hidráulica e Saneamento Helen de Aguiar Economista, Especializada Meio Ambiente e Finanças Públicas Equipe Técnica Luiz Gluck Lima Biólogo / Especialista em biotecnologia vegetal Rogério Silva Engenheiro especializado em saneamento Fábio Alvarenga Engenheiro especializado em engenharia de tráfego Pedro Vieira da Silva Arquiteto, Urbanista e Paisagista Gundisalvo Morales Geólogo especializado em hidrogeologia Gutemberg Feitosa Geólogo especializado em meio ambiente Gislene Azevedo Engenheira Ambiental Alessandro Gonçalves Geógrafo 1

Carlos Melo Ecologista Samantha Cavalcante - Turismóloga José Francisco de Aguiar Pelegrini Desenhista Cecília Maria Advogada Lorena Maia - Advogada Apoio Administrativo Cristina.Maria de Souza Edílson José da Silva Silvinéia de Oliveira 2

PLANO DIRETOR DE RIBEIRÃO DAS NEVES 1. INTRODUÇÃO O processo de desenvolvimento e expansão das cidades exige, por parte do Poder Público e da população, uma discussão contínua sobre as transformações daí decorrentes e seus impactos sobre a estrutura urbana e a qualidade de vida de seus habitantes. Neste sentido, o planejamento urbano é uma ação necessária e imperativa a ser implementada pelos governos municipais, em parceria com os diferentes agentes públicos e privados que atuam e interferem no espaço da cidade. A Constituição Federal de 1988, em capítulo específico sobre política urbana, aponta para a necessidade do Poder Público municipal ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem estar de seus habitantes. O artigo 182 deste capítulo constitucional, em seu parágrafo primeiro, diz que o plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana. O texto constitucional, em seu artigo 30, diz também que compete ao município promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano. A Constituição Federal aponta ainda para um trabalho de planejamento com maior sintonia entre governo e sociedade, de forma a que as propostas e as prioridades em ações e investimentos, ali definidos, possam refletir as necessidades e as aspirações de todos e gerar os benefícios pretendidos. Os dispositivos constitucionais do capítulo sobre política urbana foram regulamentados pelo Congresso Nacional ao aprovar a Lei 10.257/01,denominada Estatuto da Cidade, sancionada no dia 10 de julho de 2001 pelo Presidente da República, e entrando em vigor no dia 10 de outubro de 2001. É importante ressaltar alguns dos dispositivos constantes da Lei Federal 10.257/01 (Estatuto da Cidade), que orientam a ação dos governos municipais em termos do planejamento municipal e da definição de políticas adequadas de expansão urbana, de uso e ocupação do solo, de preservação do patrimônio cultural, histórico e 3

ambiental e, principalmente, de gestão democrática da cidade, garantindo ampla discussão pública sobre as ações de planejamento a serem empreendidas pela Prefeitura e sobre os instrumentos legais de controle urbanístico a serem encaminhados pelo Executivo e aprovados pela Câmara de Vereadores, dentro do Plano Diretor, tendo em vista o desenvolvimento sustentável. 4

2. METODOLOGIA DO PLANO DIRETOR A elaboração do Plano Diretor de Ribeirão das Neves buscou responder aos princípios básicos do planejamento democrático, da função social da cidade e do desenvolvimento sustentável contidos no Estatuto da Cidade. Assim, os trabalhos se iniciaram com a realização do curso: Plano Diretor de Desenvolvimento Municipal, com carga horária de 36 horas/aula, ministrado pelos técnicos do Instituto de Desenvolvimento Municipal IDM, no período de 04 a 20 de novembro de 2002, tendo a participação de representantes da Prefeitura Municipal, da Câmara de Vereadores, de empresas, entidades e órgãos públicos com sede em Ribeirão das Neves e de lideranças comunitárias e segmentos da sociedade civil. O objetivo principal do curso foi o de promover uma discussão ampla acerca do processo de planejamento municipal, levantando os aspectos estratégicos e metodológicos referentes à elaboração do Plano Diretor e aos instrumentos básicos de gestão municipal ali definidos, bem como discutindo as variáveis que intervêm na transformação e estruturação do espaço urbano, o papel dos diversos agentes que participam dessa transformação e os princípios básicos e instrumentos da política urbana definidos no Estatuto da Cidade. No decorrer dos meses de dezembro e janeiro, foram realizados percursos de campo para reconhecimento da área urbana e um primeiro contato com aspectos relacionados aos problemas da cidade, em seus diferentes bairros. Esses percursos foram realizados pelos técnicos do IDM com o acompanhamento de funcionários da Prefeitura, dando início ao trabalho integrado. Em seguida, e buscando garantir maior participação e comprometimento, com os trabalhos por parte dos produtores da cidade representados pelos participantes do curso, foram realizadas reuniões de trabalho, onde, representantes desses agentes, organizados em Grupos Locais de Trabalho, fizeram sua leitura sobre o processo de desenvolvimento municipal, através de exposições e debates. As Reuniões de Trabalho, em suas etapas de levantamentos, preparação e realização, se iniciaram em fevereiro de 2003 e foram acompanhadas e orientadas pelo Instituto de Desenvolvimento Municipal IDM, que através de seus técnicos foi debatedor nas apresentações e discussões realizadas pelos Grupos Locais de Trabalho. Ocorreram, assim, reuniões temáticas para discutir aspectos relacionados ao desenvolvimento econômico, às políticas sociais, ao saneamento e meio ambiente, ao sistema viário e transportes e à estrutura urbana. Essas reuniões, realizadas de forma integrada, entre a Prefeitura e o IDM, tiveram a participação das Secretarias Municipais, de representantes da Câmara de Vereadores, de Associações Comunitárias, do CIRIN, do CDL, da Defesa Civil, da 5

COPASA e de outras entidades que puderam opinar e contribuir com os temas em discussão. Participaram também representantes dos comitês de microbacias organizados pela ONG Projeto Manuelzão, que desenvolve, no município de Neves, um trabalho de educação ambiental voltado para a preservação dos recursos hídricos das microbacias dos ribeirões das Areias e das Neves, que abrangem o território municipal e integram a Bacia do Rio das Velhas. As reuniões temáticas de trabalho tiveram continuidade com o aprofundamento das questões levantadas nessas reuniões através de trabalho conjunto entre a equipe técnica do IDM e representantes das secretarias municipais, tendo ainda a colaboração de representantes da comunidade e de entidades públicas e privadas. Os resultados dessas reuniões e desse trabalho integrado criaram condições para a elaboração de uma proposta preliminar para a estruturação do espaço urbano e para a formulação de diretrizes de desenvolvimento, com vistas a um plano de ação municipal. Esta proposta foi apresentada no Seminário Plano Diretor de Ribeirão das Neves, com participação ampla, em dezembro de 2003, cumprindo as disposições do Estatuto da Cidade. É importante ressaltar que, no decorrer dos trabalhos e como resultados do processo de planejamento municipal deflagrado pela elaboração do Plano Diretor, foram iniciadas e efetivadas negociações importantes para a consolidação de algumas das diretrizes já definidas, bem como aprovados, dentro do orçamento municipal a ser executado em 2004, ações e investimentos considerados necessários para a implementação do Plano em seus aspectos de estruturação urbana e fortalecimento da capacidade de gestão municipal. O presente documento, portanto, apresenta os resultados desse processo de trabalho e procura, através das análises e diretrizes apontadas, demonstrar o caráter processual e dinâmico do planejamento, e a necessidade de se fortalecer o processo de gestão democrática iniciado no município. Com a mudança de gestão na Administração Municipal, fez-se necessários revisar o Plano Diretor, aplicando novos conceitos metodológicos capazes de garantir a gestão municipal e solucionar os vários problemas verificados no diagnóstico. A empresa Luiz Mário Queiroz Lima, foi responsável pela revisão do Plano Diretor versão 2005/2006. Nessa nova versão, as anomalias e não conformidades foram identificadas e pelas ferramentas da qualidade total e ambiental, utilizando o método de Pareto e análise de causa-e-efeito, auxiliando a Administração Municipal na tomada de decisão para atender as demandas do município em conformidade com os recursos disponíveis e com as leis de nosso país. 6

3. DIRETRIZES E PLANO DE AÇÃO 3.1. ASPECTOS ECONÔMICOS E SOCIAIS 3.1.1. Situação atual Abrangendo uma área de 154,67 km2, segundo o IGA/MG, o Município de Ribeirão das Neves é uma das cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), definida pelas Leis Complementares 56/2000 e 65/2002. A RMBH é composta de 34 municípios, com um total de 4 357 942 habitantes, dos quais a população de Ribeirão das Neves representa 5,67%. Os municípios que compõem a RMBH são: Baldim, Belo Horizonte, Betim, Brumadinho, Caeté, Capim Branco, Confins, Contagem, Esmeraldas, Florestal, Ibirité, Igarapé, Itaguara, Itatiaiauçu, Jaboticatubas, Juatuba, Lagoa Santa, Mário Campos, Mateus Leme, Matozinhos, Nova Lima, Nova União, Pedro Leopoldo, Raposos, Ribeirão das Neves, Rio Acima, Rio Manso, Sabará, Santa Luzia, São Joaquim de Bicas, São José da Lapa, Sarzedo, Taquaraçu de Minas e Vespasiano. A divisão administrativa do município é composta de 2 distritos, o distrito sede e o Distrito de Justinópolis. Situado na bacia hidrográfica do Rio das Velhas que integra a Bacia do Rio São Francisco, o município tem sua sede localizada às margens do Ribeirão das Neves e seus afluentes, Córregos do Café e Cacique. O distrito de Justinópolis é cortado pelo Ribeirão das Areias e seus tributários. O município apresenta uma altitude máxima de 1 019 m, na cabeceira do Córrego do Café. A menor cota altimétrica, por sua vez, é registrada na foz do Córrego Água Fria, com 730 m. A sede municipal, situada a 800 m de altitude, está entre as coordenadas geográficas de 19 0 45` 59`` de latitude sul e 44 0 05`12`` de longitude oeste. Ribeirão das Neves, assim como Venda Nova, em Belo Horizonte, é um dos núcleos mais antigos da região, tendo surgido por volta de 1747, quando foi erigida a Capela de Nossa Senhora das Neves. Somente a partir de 1943 passou a chamar-se Ribeirão das Neves e sua emancipação como município se deu em 12 de dezembro de 1953. Somente a partir da construção da Penitenciária Agrícola de Neves é que seu núcleo urbano começou a se desenvolver, principalmente a partir da migração de parentes de penitenciários. 7

O estigma da penitenciária, agravado pela construção de mais uma penitenciária e de uma casa de detenção, no entanto, desestimulou seu crescimento e sua base econômica incipiente se sustentava apenas na produção de hortigranjeiros e na exploração de areia nos córregos do município. A partir da década de 50, o município, que tinha 2 253 habitantes, passa a sofrer as conseqüências do processo de metropolização, quando lhe é imposta a condição de periferia. As correntes migratórias, que demandavam os empregos ofertados principalmente no eixo leste/oeste da RMBH e, em menor escala, no eixo norte, esbarravam no alto custo dos terrenos, nos postos de emprego, no processo de retenção especulativa e na ausência de oferta de moradias para a população de baixa renda. A maior parte desta demanda reprimida passou a se assentar em Ribeirão das Neves, alimentada pela oferta massiva de lotes sem qualquer infra-estrutura. Isto consolidou um processo de ocupação talvez inédito no país, dado à sua velocidade no tempo e o seu caráter seletivo, concentrando exclusivamente população de baixa renda. O município registrou, na década de 70, um crescimento urbano da ordem de 21,36% a.a., a mais alta taxa registrada na RMBH. Esta dinâmica demográfica pode ser explicada pelos seguintes fatores: 1. A estrutura fundiária é fragmentada, com grande número de pequenos proprietários, com baixo poder econômico, com reduzida capacidade de explorar de forma mais rentável suas terras ou mesmo de praticar a retenção especulativa. 2. O estigma da presença dos presídios provocou a desvalorização dos imóveis no município, impedindo o surgimento de empreendimentos imobiliários destinados a população de nível de renda mais elevado. 3. A topografia é favorável, com predominância de declividades próximas de 10%, o que tornava extremamente baixo o custo de abertura de ruas, único serviço oferecido pelos loteadores. 4. Havia ausência de normas municipais para controle de loteamentos, pelo menos até a década de 70. A ocupação do município de Ribeirão das Neves, ao longo dos últimos 50 anos, se deu tanto na forma de invasão da mancha urbana do aglomerado como também através do inchaço do seu núcleo sede com o crescimento periférico 8

A invasão ocorreu via Venda Nova, na região de Justinópolis, ou mesmo na região da BR-040, na divisa com Contagem. Esta situação é diferente de outras cidades que sofreram as conseqüências da formação de periferias em seu território, mas que preservaram seus núcleos sede deste processo. Este talvez seja o aspecto mais cruel e que dá a verdadeira dimensão do processo de periferização que se consolidou em Ribeirão das Neves. Ou seja, a rigor, seu núcleo sede é uma periferia nas mesmas condições das demais periferias que se formaram em seu território. A concentração de uma população de baixo nível de renda, que atingiu a marca de 246 846 habitantes no Censo de 2000, a falta de uma base econômica capaz de absorver pelo menos parte desta força de trabalho no local de assentamento, a falta de recursos públicos para fazer frente à demanda de serviços e infra-estruturas decorrentes desta ocupação acelerada, são fatores que desenham um quadro de misérias, carências e exclusão, que tende a se agravar nas próximas décadas. As taxas médias anuais de crescimento demográfico deste meio século dão a dimensão estarrecedora deste quadro. Entre 1950 e 60, 8,87%, entre 1960 e 70, 4,27%, entre 1970 e 80, o índice absurdo de 21,36%, entre 1980 e 91, 7,16%, entre 1991 e 96, 6,49%, e finalmente entre 1996 e 2000, 5,80%. 3.1.2. Análise das não conformidades/anomalias Considerando os aspectos econômicos sociais, pode-se resumir como anomalias e não conformidades os seguintes tópicos: Estrutura fundiária fragmentada, com grande número de pequenos produtores com baixo poder aquisitivo; Estigma da presença de presídios desvalorizando os imóveis e afastando investimentos necessários ao desenvolvimento sócio-econômico do município; Imobiliarismo descontrolado, invasões, loteamentos clandestinos, enfocando a falta de uma política urbana adequada; Crescimento demográfico acelerado, fato que dificultou as atividades de planejamento, acarretando o descontrole do processo de desenvolvimento urbano; 9

Falta de uma política de desenvolvimento urbano capaz de frear o crescimento desordenado e revelar e ampliar as potencialidades do Município. 3.1.3. Análise de Causa-e-Efeito Conforme o diagrama de causa-e-efeito, as questões sociais do Município tem haver com a existência de presídios, a estrutura fundiária fragmentada e o imobiliarismo, dentre outros fatores, os quais devem merecer atenções da atual Administração Municipal. 10

3.1.4. Análise de Pareto A análise de Pareto evidencia que três fatores devem ser prioritários na reversão do quadro atual : meio ambiente, método e medidas. Análise de Pareto Significância (%) 35 30 25 20 15 10 5 0 30 30 30 Meio Ambiente 10 Método Medida Mão de obra Meio Ambiente Método Medida Mão de obra Fatores Influentes 3.1.5. Diretrizes Básicas Como diretrizes básicas recomendamos as seguintes ações preliminares: Implementar a Lei de Municipalização Ambiental; Revisar e atualizar a lei de uso do solo, objetivando minimizar os problemas de loteamentos e condomínios residenciais; Implementar medidas mitigadoras e compensatórias sobre o impacto dos presídios no município; Criar mecanismos de inibir o fenômeno do imobiliarismo acelerado através de um sistema de controle e fiscalização; Criar mecanismos de inibição do crescimento populacional desordenado, pelo controle de loteamentos clandestinos, invasões e exercício do poder de polícia delegado ao Município. 11

3.2. INSERÇÃO REGIONAL 3.2.1. Situação atual Com a finalidade de conhecer melhor a inserção de Ribeirão das Neves na RMBH e no Estado de Minas Gerais, serão utilizados três indicadores, o Produto Interno Bruto - PIB, o Índice de Condições de Vida - ICV - e o Índice de Desenvolvimento Humano - IDH, que serão sucintamente conceituados a seguir. O PIB é um índice estritamente econômico, que agrega de modo sintético o valor da produção de bens e serviços da unidade que se quer analisar, por exemplo, município, estado ou país. Até o final da década passada, as comparações entre países eram feitas com base no PIB. Desde 1990, a Organização das Nações Unidas - ONU - introduziu o IDH para que se pudesse captar os aspectos sociais do desenvolvimento, além da dimensão econômica. Este índice é, portanto, mais complexo do que o PIB, combinando, com pesos iguais, as dimensões de renda, educação e longevidade. Além de mais amplo, ele é também mais pertinente ao nível municipal do que o PIB, porque nem toda a renda apropriada por um município foi nele gerada, assim como nem toda a renda aí gerada foi por ele apropriada. A Fundação João Pinheiro, juntamente com o IPEA, operacionalizou o IDH para ser aplicado aos municípios mineiros. No trabalho da FJP e do IPEA, o indicador de longevidade é obtido com base na esperança de vida ao nascer; o indicador de educação, com base na taxa de alfabetização e no número médio de anos de estudo e o de renda, com base na renda familiar per capita média. Segundo os valores obtidos, os municípios podem ser classificados como apresentando IDH baixo (de 0 até 0,5), médio (entre 0,5 e 0,8) ou alto (acima de 0,8). O terceiro índice criado pela FJP e IPEA, acima referido, foi o ICV. É ainda mais abrangente que o IDH, pois não só acrescenta um bloco de dados específicos sobre a condição da infância, como amplia as informações dos blocos de renda, longevidade, educação e habitação. O bloco infância compreende informações sobre infreqüência, defasagem escolar média, atraso escolar maior que um ano e crianças que trabalham. As modificações efetuadas nos outros indicadores são: no bloco renda, ao indicador renda familiar per capita são acrescentadas estimativas sobre desigualdade de renda e situação da pobreza; 12

no bloco longevidade, ao indicador esperança de vida ao nascer foi adicionada a informação sobre taxa de mortalidade infantil; no bloco educação, o número de anos de permanência na escola (inclusive aqueles devidos à repetência) foi acrescentado aos indicadores constantes do IDH (taxa de alfabetização e número médio de anos de estudo) no bloco habitação, foram incluídas a porcentagem da população vivendo em domicílios com densidade superior a duas pessoas por dormitório potencial, a porcentagem de população vivendo em domicílios duráveis e a porcentagem da população vivendo em domicílios com abastecimento adequado de água e instalação adequada de esgoto. Analisando-se a evolução de Ribeirão das Neves em relação ao PIB da RMBH e do estado, observa-se que o PIB do município apresentou, no período 1985/95, uma taxa de crescimento médio anual bastante superior à verificada na RMBH e no Estado. Constata-se, entretanto, que em todos os anos registrados (1985, 1990 e 1995), a contribuição do Município para a formação do PIB estadual é ínfima. Quanto ao PIB por habitante, observa-se que seus valores absolutos para o Município são bem menores que os da RMBH e do estado. Não obstante, constatase que, entre 1985 e 1995, o PIB por habitante de Ribeirão das Neves apresentou taxas positivas de crescimento, ao contrário do apresentado pela RMBH. Tais taxas, no período considerado, revelaram-se bem superiores às apresentadas pelo Estado. O IDH de Ribeirão das Neves apresenta, desde 1980, valores que o situam entre os municípios de médio desenvolvimento. De acordo com o IDH, o Município apresentou ligeira evolução entre 1970 e 1991. Observa-se uma tendência à contínua melhora da tendência dos indicadores de longevidade e educação, enquanto o indicador renda revela um crescimento expressivo entre 1970 e 1980 e um declínio posterior, seguindo a tendência da RMBH e do Estado. Comparando-se a localidade sob análise com a RMBH e o Estado de Minas Gerais, observa-se que os indicadores sociais do Município encontram-se em níveis 13

inferiores aos da RMBH e do Estado, no que diz respeito à longevidade, renda e educação. Em 1970, o IDH do Município se mostrava semelhante ao estadual (0,408 e 0,412, respectivamente). No decorrer dos anos seguintes, nota-se que os índices do município mantiveram-se sistematicamente abaixo dos índices apresentados pelo Estado. O IDH passa para 0,699 no Estado como um todo, enquanto em Ribeirão das Neves registrou-se 0,588 (84,1% da média estadual). Observa-se que os três indicadores (longevidade, educação e renda) tiveram um desempenho inferior ao do Estado como um todo. No que diz respeito à comparação entre o Município e a RMBH, nota-se que, em 1991, os valores do IDH relativos ao Município de Ribeirão das Neves mostram-se inferiores aos da RMBH em todos os indicadores considerados. Também quanto ao ICV, constata-se ser o desempenho do Município inferior ao da RMBH, para todos os indicadores considerados, entre 1980 e 1991. Em comparação com o ICV do Estado de Minas Gerais, Ribeirão das Neves mostra um desempenho inferior no período considerado em todos os indicadores (com exceção do indicador longevidade). A Fundação João Pinheiro e o IPEA divulgaram os resultados do IDH por município para o ano de 2000. Entretanto, devido a mudanças na metodologia de cálculo, os resultados de 2000 não são comparáveis aos calculados para o período 1970-1991.O IDH de Ribeirão das Neves foi de 0,749 em 2000, sendo o índice de longevidade de 0,773, o índice de educação, de 0,856 e o índice de renda, de 0,619. O IDH da RMBH foi de 0,811 em 2000, sendo o índice de longevidade de 0,757, o índice de educação, de 0,904 e o índice de renda, de 0,771. Finalmente, o IDH do Estado de Minas Gerais foi de 0,773 em 2000, sendo o índice de longevidade de 0,759, o índice de educação, de 0,850 e o índice de renda, de 0,711. De acordo com estes dados, o IDH total de Ribeirão das Neves apresentava-se, em 2000, inferior ao da RMBH e ao do Estado. 3.2.2. Análise das não conformidades/anomalias Em termos de inserção regional as principais anomalias ou não conformidades que levaram o Município ao estado atual podem ser resumidas da seguinte forma: Moradias sem infraestrutura adequada 14

Falta de oportunidades de emprego no município, com grande números de desempregados, particularmente a população mais jovem. Grande número de pobres e carentes no município Escolas sem infraestrutura adequada Grande número de analfabetos Grande número de jovens e crianças. 3.2.3. Análise de Causa-e-Efeito Conforme o diagrama de causa-e-efeito, as questões sociais do Município têm haver com a ambientação, ou seja, moradias e escolas de sem infraestrutura e falta de oportunidade, justificando esforços no sentido de implementar mecanismos capazes de gerar emprego e renda, e com isso, melhorar a ambientação local. 15

3.2.4. Análise de Pareto A análise de Pareto evidencia que três fatores devem ser prioritários na reversão do quadro atual, na ordem de prioridade: meio ambiente, método e material. 60 50 50 40 30 20 10 0 25 25 Meio Ambiente Método Material Meio Ambiente Método Material 3.2.5. Diretrizes Básicas Como diretrizes básicas recomendamos as seguintes ações preliminares: Implementar um programa de melhoria habitacional; Dotar o município de mecanismos de geração de emprego e renda, com foco na economia familiar; Implementar um amplo programa de alfabetização Implementar programas com foco na criança e adolescente. 16

3.3. ASPECTOS DEMOGRÁFICOS 3.3.1. Situação atual Segundo o Censo Demográfico realizado pelo IBGE em 2000, Ribeirão das Neves apresenta uma população total de 246 846 habitantes, o que representa uma densidade demográfica de 1 602,69 hab/km2, considerada bastante elevada quando comparada com a do Estado, de 30,50 hab/km2. Cabe observar que, dentre os municípios que compõem a RMBH, apenas Belo Horizonte, Contagem e Ibirité têm maior densidade demográfica que Ribeirão das Neves. A distribuição da população segundo sexo mostra que a proporção de mulheres é idêntica à masculina, enquanto no Estado a proporção de mulheres é um pouco mais elevada que a de homens. A pesquisa de dados mostra que a população total residente, por localização urbana e rural, nos anos de 1970, 1980, 1991 e 2000, segue a tendência de urbanização verificada em Minas Gerais. Em 1970, havia 57,1% dos habitantes de Ribeirão das Neves residindo na zona urbana, índice este elevado para 91,7 % em 1980 e 99,4% em 2000. Ribeirão das Neves registrou, no período considerado, uma ocupação urbana acelerada, apresentando um índice de urbanização muito superior ao do Estado. A população rural, por sua vez, elevou-se em números absolutos de 1970 a 1991, vindo a se reduzir a partir de então. Sua participação percentual ao longo do período de 1970 a 2000 decresce de 42,9% para 0,6% respectivamente. Enquanto a taxa média de crescimento anual da população urbana situou-se em torno de 27,2% e 6,2% nas décadas de 1970 e 80, respectivamente, e a da população rural manteve-se em torno de 3,0% e 14,1%, respectivamente, observase que, no período de 1991/2000, a primeira aumenta para 8,3% e a segunda se torna altamente negativa ( 26,8%). Considerando-a para o Município como um todo, nota-se que foi de, respectivamente 21,4% e 7,2% nas duas primeiras décadas sob análise, reduzindose para 6,2% no período 1991/2000. 17

O crescimento municipal mostrou-se muito superior ao do Estado em todos períodos analisados, sobretudo no período 1970/1980 (quando a taxa de crescimento médio anual foi de 21,4 % no município, contra 1,5% no estado). No que se refere à distribuição da população por grupos de idade, pode ser verificado que o Município sob análise apresenta percentuais acima da média estadual para as faixas compreendidas entre 0 e 39 anos e menores que os do estado para as faixas de 40 anos e mais. Os dados sobre a movimentação eleitoral fornecidos pela Fundação João Pinheiro, indicam que o número de eleitores inscritos em Ribeirão das Neves é de 115 348, sendo que 101 449 (88%) compareceram para votar nas eleições de 2000 e o grau de abstenção foi de 12,0%, contra 15,6% no Estado. O percentual da população que reside em casas é um pouco maior em Ribeirão das Neves do que no Estado e que os percentuais da população que vive em cômodos ou de forma coletiva são superiores no município, em comparação com o Estado. Confirmando a tendência apontada pelo IDH e pelo ICV, os indicadores de esperança de vida ao nascer e de mortalidade infantil para o Estado e para o Município. Os dados mais recentes de que se dispõe mostram que a esperança de vida ao nascer no município é inferior à média do estado e que a taxa de mortalidade infantil é menor do que a média estadual. Outro dado importante a ser destacado refere-se à distribuição da população economicamente ativa - PEA - por setor de atividade. Enquanto em 1970 essa população correspondia a 25,4 % da população total, em 1980 tal percentual elevouse para 30,3 % e para 35,6% em 1991. Com relação ao período analisado, a PEA declinou fortemente no setor primário, tendo assim se deslocado para os setores secundário e terciário. O setor primário teve sua participação percentual na PEA reduzida de 34,5% em 1970 para 4,2% em 1980 e 2,3% em 1991, o que é um indicador da parca expressividade econômica das atividades agropecuárias no Município. O setor secundário experimentou um aumento de sua participação na PEA de 22,6% em 1970 para 45,9 % em 1980, reduzindo sua participação para 35,6% em 1991. O setor terciário teve sua participação na PEA aumentada de 42,9 % em 1970 para 49,9% em 1980, elevando sua participação para 62,1% em 1991. 18

Faz parte do presente Plano Diretor a planta 09, inserida no Volume de Peças Gráficas. 3.3.2. Análise das não conformidades/anomalias Em termos de demografia as principais anomalias ou não conformidades que levaram o Município ao estado atual podem ser resumidas da seguinte forma: Elevada densidade demográfica Crescimento populacional desordenado, motivado pelo imobiliarismo Falta de mecanismos de controle populacional. 3.3.3. Análise de Causa-e-Efeito Conforme o diagrama de causa-e-efeito, as questões da demografia no Município tem haver com o fator método e medida. 19

3.3.4. Análise de Pareto A análise de Pareto evidencia que dois fatores devem ser prioritários na reversão do quadro atual, na ordem de prioridade: método e medida. 80 75 70 60 50 40 30 20 10 0 Método 25 Medida Método Medida 3.3.5. Diretrizes Básicas Como diretrizes básicas recomendamos as seguintes ações preliminares: Planejar o uso do solo, objetivando o controle populacional Implantar um programa de controle de natalidade Implantar um programa de apoio ao retorno de população flutuante às origens 20

3.4. ECONOMIA MUNICIPAL 3.4.1. Situação atual O Município tem sua base econômica assentada nos setores secundário e terciário, tendo o setor primário participação inexpressiva no PIB. Não obstante, algumas atividades agropecuárias desenvolvidas no município merecem destaque, como a produção de hortifrutigranjeiros, a bovinocultura e a avicultura. Na exploração mineral, destaca-se a extração de argila, areia e brita. O setor terciário, embora apresente participação hegemônica no PIB municipal, caracterizase pela sua pouca diversificação, prevalecendo aquelas atividades de apoio à população. O Valor Adicionado Fiscal (VAF) do Município para o ano de 2000, que permitem avaliar a importância relativa das atividades secundárias e terciárias na economia municipal. Como se pode constatar, o comércio varejista e atacadista é o setor que mais agrega valor ao município (61,55% do total), vindo a seguir a indústria de transformação, com 32,92% do total. O detalhamento dos ramos da indústria de transformação destaca a importância relativa da indústria de produtos farmacêuticos e veterinários (9,61% do total) e da indústria de mobiliário (5,61%). As demais atividades industriais e de serviços encontram-se pulverizadas em diversos ramos, não havendo propriamente um setor que sirva de carro-chefe para o desenvolvimento municipal. 3.4.2. Análise das não conformidades/anomalias Em termos de economia municipal as principais anomalias ou não conformidades que levaram o Município ao estado atual podem ser resumidas da seguinte forma: Baixo índice de diversificação na economia local Desestímulo ao setor primário Economia focada no setor terciário de comércio em geral 21

Intenso imobiliarismo com habitações de baixa renda e uso desordenado do solo urbano. 3.4.3. Análise de Causa-e-Efeito Conforme o diagrama de causa-e-efeito, as questões da economia no Município tem haver com os fatores método e medida. 22

3.4.4. Análise de Pareto A análise de Pareto mostra que três fatores são influentes: método, meio ambiente e medida, como ilustrado no gráfico na seqüência: Análise de Pareto Significânica (%) 60 50 40 30 20 10 50 30 20 Método Meio ambiente Medida 0 Método Meio ambiente Medida Fatores Influentes 3.4.5. Diretrizes Básicas Estimular o setor primário, através do uso de áreas livres e vazios urbanos existentes no município; Estimular a agroindústria através do Projeto Ribeirão das Flores, com foco na produção de flores tropicais, fitofármacos (produção princípios ativos de medicamentos) e madeira branca para móveis, compensados e laminados. Estimular o setor secundário com implantação do Projeto NEVES-TECH, ou distrito de indústrias de base tecnológica; Transformar o município em área aduaneira, tipo porto seco, estimulando a atração de indústrias exportadoras de produtos do Estado de Minas Gerais; Estimular o setor terciário, através do fomento de feiras permanentes e shopings populares, tendo como base o empreendedorismo e a participação público-privada; Criar um programa de recuperação de crédito e impostos e taxas públicas. 23

3.5. INFRAESTRUTURA URBANA 3.5.1. Situação atual O Município com 154,67 Km2 de extensão territorial, segundo o IGA/MG, passou a integrar a RMBH - Região Metropolitana de Belo Horizonte no início da década de 70, quando da criação de nove regiões metropolitanas no território nacional pela Lei Complementar Federal nº 14/1973. O crescimento demográfico com uma taxa anual altíssima (21,4%) no período1970/1980, onde a população total passou de cerca de 9.700 hab. para cerca de 67.000 hab., caracterizando uma explosão demográfica que, mesmo tendo diminuído nos períodos subsequentes, 1980/1991 e 1991/2000, ainda manteve taxas anuais mais altas, 7,2 e 6,2 respectivamente, chegando o Município, em 2.000, com uma população total de 246.846 hab., sendo 99,4% na área urbana, segundo o IBGE. Com relação a esse crescimento demográfico, é importante comentar sobre o grande fluxo migratório que ocorreu na década de 70 na Região Metropolitana, devido à oferta de empregos no eixo leste-oeste (BR 381 BH/SP) decorrente dos parques industriais do município de Contagem e também de Betim, onde ocorreu a implantação da FIAT, fortalecendo o processo de metropolização. Neste período, as diretrizes do Planejamento Metropolitano definiram o território municipal de Ribeirão das Neves, bem como outros territórios municipais ao norte de RMBH, como áreas de expansão metropolitana, incentivando um processo de ocupação urbana acelerado em Neves devido às condições favoráveis de ocupação do solo relacionadas a terrenos de baixo custo, baixas declividades, proximidade e acesso fácil a Belo Horizonte, Contagem e Betim. Essa expansão metropolitana em Ribeirão das Neves alterou muito o grau de urbanização do município, que passou de 57% em 1970 para 91% em 1980. No que se refere aos rendimentos da população, verifica-se que 77,3% dos chefes de domicílios de Ribeirão das Neves percebem mensalmente valor igual ou menor a 2 salários mínimos. Os chefes de família com renda mensal inferior a 01 salário mínimo são 17,7%, e 13% não têm renda. Os de maior renda, acima de 10 salários mínimos são 1,6%. Deve-se comentar que esses dados referem-se à renda do chefe do domicílio e não à renda familiar. A maioria dessa população trabalha fora de Ribeirão das Neves, principalmente em Belo Horizonte e Contagem. O grande número de pessoas que moram em Neves e trabalham fora chega, de certa forma, a dar a Ribeirão das Neves feições de cidade dormitório. 24

O crescimento demográfico e a expansão urbana não foram acompanhados do fortalecimento da capacidade de gestão do governo municipal relativamente a recursos financeiros, recursos humanos, recursos materiais, instrumentos de controle urbanístico, entre outros aspectos relacionados a um processo de fortalecimento institucional da administração pública municipal. Houve ausência de um apoio efetivo e de suporte institucional e financeiro ao município, para a definição de mecanismos e instrumentos de controle e monitoramento desse processo de expansão metropolitana, bem como para a definição de mecanismos e programas de obtenção de recursos para a minimização dos impactos daí decorrentes. Em decorrência do exposto acima, o território de Ribeirão das Neves, em grande parte já parcelado para fins urbanos, apresenta, hoje, uma ocupação fragmentada, definindo três grandes aglomerações urbanas, com baixa integração entre si, representadas pelo conjunto de bairros formado em torno do antigo núcleo da Sede municipal, o conjunto urbano do distrito de Justinópolis, conurbado com o distrito de Venda Nova, de Belo Horizonte, e o conjunto de bairros representado pelos parcelamentos que se proliferaram às margens da BR 040, já na década de 1980. Os dois únicos elementos de articulação dessas aglomerações urbanas são os eixos rodoviários: LMG 806, ligando B.Hte. ao núcleo antigo da Sede e daí à BR 040, passando pelos distritos de Venda Nova (Bhte.) e Justinópolis (Rib.Neves) - BH/Venda Nova/Justinópolis/núcleo urbano da Sede/BR040. BR 040, atravessando o território municipal na direção noroeste/sudeste (acesso à Belo Horizonte, Contagem e Betim em um sentido, e à Sete Lagoas em outro sentido). As relações de Justinópolis são maiores com Venda Nova/Belo Horizonte do que com a sede de Ribeirão das Neves em decorrência, principalmente, de facilidades de acesso e do sistema de transportes. A região da BR 040 também apresenta maiores relações com Belo Horizonte e outros municípios limítrofes, em decorrência do acesso mais fácil pelo eixo rodoviário (BR 040), que isola, de certa forma, esse conjunto de bairros do núcleo urbano da Sede municipal. Cada uma dessas aglomerações urbanas apresenta, internamente, uma malha viária desarticulada, sem definição de hierarquia e de continuidade entre as várias malhas viárias dos parcelamentos ali existentes, dificultando os acessos entre os bairros. Constata-se a inexistência, na grande maioria dos bairros, de serviços básicos de infra-estrutura de saneamento em termos de esgotos sanitários, drenagem pluvial, coleta de lixo e ausência de pavimentação. Há ainda parcelamentos irregulares, invasões, principalmente em áreas de risco, recursos hídricos comprometidos e totalmente poluídos em decorrência desse 25

processo de expansão, tipologia de ocupação e edificações refletindo um quadro de carências e grande precariedade habitacional, devido à concentração de população com baixo nível de renda, conforme comentário anterior. Uma análise evolutiva do parcelamento do solo para fins urbanos em Ribeirão das Neves, através de informações cartográficas e dados cadastrais, mesmo que incompletos, mostrou a ocorrência de um processo especulativo na oferta de terrenos urbanos, a partir de 1970, causado pelo fluxo migratório comentado anteriormente, pela definição do território municipal como área de expansão metropolitana, pelo baixo valor de terrenos, a maioria rurais, e pela fragilidade da Administração Municipal em termos de capacidade efetiva de controle urbanístico e gestão urbana. Hoje, do total de lotes urbanos em Ribeirão das Neves, cerca de 41% estão vagos. Entretanto, essa ausência de ocupação está distribuída de forma diferenciada em termos das três grandes manchas urbanas em que se divide o território municipal: Na mancha urbana representada pelo antigo núcleo da Sede e entorno, há cerca de 46% de lotes vagos, e uma população que representa 29% da população total do município. Na aglomeração urbana das áreas marginais à BR 040, há cerca de 44% de lotes vagos e uma população urbana que também representa 29% da população total. No distrito de Justinópolis, conturbado com o distrito de Venda Nova, de Belo Horizonte, há cerca de 33% de lotes vagos e uma população que representa 42% da população total do município. Relativamente aos parcelamentos aprovados, há diferenças em termos das áreas dos lotes definidos pelos projetos: No núcleo urbano da Sede e entorno, predominam lotes de 360m 2, integrantes de 55% dos loteamentos implantados. Cerca de 35% dos loteamentos apresentam lotes entre 250m 2 e 300m 2. Existem ainda dois parcelamentos de chácaras (lotes entre 2.500 e 5.000m 2 ) e um loteamento para fins industriais que abriga o CIRIN Centro Industrial de Ribeirão das Neves. Nas áreas marginais da BR 040, cerca de 46% dos loteamentos apresentam lotes de 250m 2 e 300m 2, predominando os de 250m 2. É importante ressaltar que esses loteamentos estão localizados nas áreas marginais à esquerda da BR 040, no sentido Ribeirão das Neves / Sete Lagoas. Nas áreas marginais à 26

direita, estão parcelamentos denominados condomínios, com lotes entre 400m 2 e 3000m 2. Em Justinópolis predominam lotes de 360m 2, integrantes de 67% dos loteamentos implantados, seguindo-se os lotes de 300m 2, em cerca de 22% dos loteamentos. Existem ainda lotes entre 200 e 250m 2, integrantes de 14% do total de loteamentos. Entretanto, conforme dito anteriormente, o tecido urbano decorrente da implantação desses loteamentos, tanto na Sede, quanto em Justinópolis e ao longo da BR 040, apresenta-se desarticulado, devido à ausência, quando da elaboração dos projetos, da definição de uma hierarquia viária que possibilitasse a interligação entre eles facilitando os acessos entre os bairros. Outra característica predominante nesses parcelamentos diz respeito à geometria viária, com pistas de rolamento estreitas e passeios mínimos, gerando problemas quanto à fluidez do tráfego e à circulação de pedestres, além de prejudicar a arborização e a instalação de mobiliário urbano relacionado à abrigos de ônibus, cestos coletores de lixo, telefones públicos, entre outros. Observa-se, ainda, um grande número de loteamentos na Sede, em Justinópolis e em algumas áreas da região da BR 040, onde ocorreram e continuam ocorrendo desmembramentos de lotes, de forma irregular, gerando um adensamento maior em termos demográficos e de ocupação do solo, com reflexos diretos sobre a infraestrutura sanitária, equipamentos sociais e transportes. Para maior detalhamento dos aspectos relacionados à ocupação e uso do solo, à expansão urbana, à oferta de equipamentos sociais e de serviços de infra-estrutura sanitária e de transportes, com o objetivo de se obter uma análise mais consistente da estrutura urbana, os trabalhos de elaboração do Plano Diretor, cumprindo as disposições do Estatuto da Cidade, procurou garantir um processo democrático em sua elaboração através de consulta ampla junto a associações de bairro e representações da sociedade, a partir de reuniões e da realização de uma pesquisa. É importante ressaltar, ainda, a existência de grande número de áreas invadidas em situação precária de habitabilidade, algumas ocupando terrenos de alta declividade e sujeitos a deslizamentos pela ausência de infra-estrutura e obras de urbanização, e outras ocupando áreas marginais aos fundos de vale, sujeitas a freqüentes inundações. São áreas que necessitam, urgentemente, de programa habitacional amplo relacionado à consolidação, urbanização e regularização fundiária, e/ou ao remanejamento de moradias, tendo em vista a melhoria das condições, bastante precárias, de segurança e salubridade ambiental destas ocupações. 27

A população dessas áreas invadidas sofre ainda as consequências das dificuldades de emprego, principalmente considerando-se a baixa qualificação da mão de obra, sujeitando-se, portanto, a sub empregos, biscates, ou ficando a maior parte do tempo sem atividade, fatos que, aliados às péssimas e insalubres condições de vida e de habitação, aumenta o índice de insegurança e criminalidade nessas regiões. Internamente, o município oferece maior oportunidade de emprego no setor terciário, porém de forma incipiente, pela pouca expressão do comércio, que atende mais às necessidades imediatas da população, apesar de diversificado. O comércio e outras atividades do setor terciário, de prestação de serviços, estão distribuídos pelo tecido urbano ao longo das principais vias de acesso e corredores de transporte coletivo, configurando eixos comerciais. A Avenida Denise Cristina Rocha (antiga Avenida Civilização), no Distrito de Justinópolis, representa o eixo comercial mais consolidado, caracterizando-se por um comércio bastante diversificado, que atende à demanda de vários bairros. Quanto à tipologia de ocupação e uso, observa-se a predominância de edificações comerciais com um pavimento (muitas vezes, ocorrem vários comércios em um mesmo lote) e algumas de dois pavimentos e de uso misto. É importante destacar dois trechos ao longo da Avenida Denise Cristina: o primeiro está compreendido entre o bairro Papine e o bairro Laredo e o segundo, compreendido entre o bairro Laredo e o final da avenida (divisa com Venda Nova Rua dos Menezes). No primeiro trecho, o comércio é intenso e mais especializado, com a ocorrência de casas de carnes, eletrônicos, ferragens, materiais de construção, casas de ração, marmorarias, auto-escolas, estacionamentos, incluindo a presença das cerâmicas Marbeth, Braúna e Jacarandá. Este comércio restringe-se apenas à avenida principal. Pela própria característica comercial deste trecho, não há tanta circulação de pedestres, o trânsito flui com facilidade e as áreas disponíveis para estacionamento atendem à demanda de veículos. Já no segundo trecho, há predominância de um comércio que atende às necessidades básicas do cotidiano (locadoras, papelarias, farmácias, lojas, padarias, vários bares, armarinhos e lanchonetes), sendo muito intenso ao longo da Avenida Denise Cristina e transbordando, consideravelmente, ao longo da Rua dos Menezes. Pela característica comercial deste trecho, há uma enorme circulação de pedestres. A calçada é bastante ocupada por ambulantes e pelas próprias lojas, com exposição de mercadorias, dificultando a circulação. O trânsito é bastante intenso e como não existem baias de estacionamento adequadas, torna-se confuso, causando congestionamento. A Rua Josué Martins de Souza, também em Justinópolis, localizada no bairro Lagoa, configura-se como outro considerável eixo comercial, caracterizado por um comércio 28

bastante denso e diversificado, com a presença de ambulantes. Este comércio se desenvolve apenas nos lotes lindeiros à rua, sendo nas vias transversais predomina o uso residencial. Como a via não foi estruturada para atender à demanda deste comércio diversificado, o trânsito é pesado e intenso, com a circulação constante de caminhões e ônibus. Quanto à tipologia de ocupação e uso, há maior predominância de edificações de dois pavimentos de uso misto. Ainda em Justinópolis, a Rua José Maria da Costa apresenta um comércio concentrado e diversificado, onde se destacam lojas de móveis, supermercados, depósitos, drogarias, lanchonetes e também atividades de prestação de serviços. Uma característica desta rua são os passeios largos, onde ocorre o estacionamento de veículos. Há predominância de edificações de dois pavimentos de uso misto. As ruas Raimundo Nonato de Souza, José Maria Alkimin e Avenida Nogueiras, no distrito Sede, representam o nódulo comercial mais consolidado, caracterizando-se como área central da sede, com um comércio extremamente diversificado. Quanto à tipologia de ocupação e uso, observou-se a predominância de edificações de um pavimento ou dois pavimentos de uso misto. O trânsito é bastante intenso e como não existem baias de estacionamento adequadas, torna-se confuso e as vias não conseguem dar fluidez ao grande número de veículos. Aos sábados e domingos, ocorrem feiras na praça central. Na região da BR 040, a Avenida Jubelini (bairro Florença) configura-se como um eixo onde o comércio é intenso, com a presença de serralherias, lojas de móveis, depósitos, distribuidoras, supermercados. Estão também ali localizadas, a Indústria de Refrigerantes Del Rey e a Transportadora Transimão. A via possui um traçado capaz de atender à demanda do comércio existente. Assim, o trânsito é tranqüilo, com poucos veículos estacionados. Quanto à tipologia de ocupação e uso, predominam edificações com um a dois pavimentos de uso misto. A Rua Deodoro Oliveira, por sua característica comercial, dá continuidade a Avenida Jubelini. Porém, o comércio lá desenvolvido caracteriza-se por ser mais local, atendendo às necessidades mais imediatas da população (sorveterias, lanchonetes, drogarias, locadoras de vídeo, lojas diversas). Devido a esta característica comercial, há enorme circulação de pedestres, fator este, intensificado pela existência de uma escola, também localizada na Avenida Jubelini. Como a Rua Deodoro Oliveira não foi estruturada para atender à demanda deste comércio, o trânsito é pesado e intenso. A tipologia de ocupação e uso segue a mesma tendência da Avenida Jubelini. Ainda na região da BR 040, a Rua Helena Sapori Faluba, representa o ponto comercial mais consolidado do bairro Veneza, caracterizando-se por um comércio 29

extremamente diversificado e de atendimento local. Quanto à tipologia de ocupação e uso, observa-se a predominância de edificações de um pavimento ou dois pavimentos de uso misto. O trânsito é intenso mas flui com facilidade. Quanto aos demais bairros analisados, observou-se uma grande semelhança nas atividades de comércio e serviços diversificadas e de atendimento local, com pouca abrangência em relação a bairros vizinhos e que acontece basicamente nas ruas ou avenidas que configuram itinerários de ônibus. Essas atividades ocorrem de forma não concentrada, ficando espalhadas pelo bairro e oferecendo serviços e comércio do cotidiano (padaria, açougue, sorveteria, lanchonete, drogaria, locadora de vídeo, outras). Quanto à tipologia de ocupação e uso, observa-se a predominância de edificações de um pavimento ou dois pavimentos de uso misto. É importante comentar que os corredores viários acima descritos, também refletem a total ausência de articulação entre os tecidos urbanos resultantes dos vários loteamentos, conforme comentado anteriormente, necessitando de intervenções tanto através de obras de melhorias e revitalização, quanto através de normas urbanísticas de ocupação do solo, em toda a malha existente, para que realmente possam se constituir, a médio prazo, em um sistema viário hierarquizado e capaz de cumprir sua funções. Outra questão a ser comentada é que a recente duplicação da BR 040 entre Belo Horizonte e Sete Lagoas, passando por Ribeirão das Neves, vem elevando o potencial do município de abrigar empresas no ramo da prestação de serviços, como grandes distribuidoras e empresas de logística, geradoras de maior número de empregos diretos e indiretos. A proposta de implantação do novo anel rodoviário de Belo Horizonte, também irá reforçar esse potencial, uma vez que o entroncamento com a BR 040 se dará dentro do município de Ribeirão das Neves, próximo à divisa com Contagem, seguindo a partir daí na direção sul/norte cortando o território municipal em direção às divisas com Pedro Leopoldo e Vespasiano. Considerando esse potencial de atração do futuro anel rodoviário, mas também as dificuldades para sua transposição que poderá dificultar a articulação intramunicipal, reforçando a fragmentação hoje existente, as diretrizes do Plano Diretor apontam para a importância de se viabilizar as transposições deste anel pelas vias arteriais propostas e garantir maior controle urbanístico na ocupação das áreas marginais ao futuro anel rodoviário, e também da BR 040, retirando a possibilidade de parcelamento para fins urbanos e evitando o surgimento e a conseqüente segregação de novos bairros, como a que ocorreu ao longo da BR 040 com a implantação inadequada dos bairros hoje ali existentes. 30