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Transcrição:

Poder Judiciário da União Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios Órgão : 3ª TURMA CÍVEL Classe : APELAÇÃO N. Processo : 20110112104762APC (0006729-36.2011.8.07.0018) Apelante(s) : DISTRITO FEDERAL, SOLENY MORAES DOS SANTOS, WALLACE DOS SANTOS SILVA Apelado(s) : OS MESMOS Relatora : Desembargadora NÍDIA CORRÊA LIMA Revisor : Desembargador GETÚLIO DE MORAES OLIVEIRA Acórdão N. : 776814 E M E N T A ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. TROCA DE BEBÊS EM MATERNIDADE DE HOSPITAL DA REDE PÚBLICA DE SAÚDE. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO. FALHA NA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS CONFIGURADA. DANO MORAL. CARACTERIZAÇÃO. QUANTUM INDENIZATÓRIO. MANUTENÇÃO. 1.Atroca de recém-nascidos em maternidade de hospital da Rede Pública de Saúde, ainda que resolvida após o decurso de poucas horas, configura ato ilícito passível de justificar a condenação do Estado ao pagamento de indenização por danos morais. 2. Para a fixação do quantum devido a título de indenização por danos morais, deve o magistrado levar em consideração as condições pessoais das partes, a extensão do dano experimentado, bem como o grau de culpa dos réus para a ocorrência do evento, não se justificando a majoração do valor arbitrado quando devidamente observados os princípios da proporcionalidade e razoabilidade. 3. Recursos conhecidos e não providos. GABINETE DA DESEMBARGADORA NÍDIA CORRÊA LIMA 1

A C Ó R D Ã O Acordam os Senhores Desembargadores da 3ª TURMA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, NÍDIA CORRÊA LIMA - Relatora, GETÚLIO DE MORAES OLIVEIRA - Revisor, MARIO-ZAM BELMIRO - 1º Vogal, sob a presidência do Senhor Desembargador MARIO-ZAM BELMIRO, em proferir a seguinte decisão: CONHECER. NEGAR PROVIMENTO AOS RECURSOS. UNÂNIME, de acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas. Brasilia(DF), 26 de Março de 2014. Documento Assinado Eletronicamente NÍDIA CORRÊA LIMA Relatora GABINETE DA DESEMBARGADORA NÍDIA CORRÊA LIMA 2

R E L A T Ó R I O Cuida-se de Apelações Cíveis interpostas pelo DISTRITO FEDERAL e por SOLENY MORAES DOS SANTOS E OUTRO, contra a r. sentença de fls. 66/68, cujo relatório transcrevo, verbis: Cuida-se de ação submetida ao rito ordinário, ajuizada por Soleny Moraes dos Santos e Walace dos Santos Silva em desfavor do Distrito Federal, devidamente qualificados na petição inicial. Em breve relato, a autora aduz que no dia do nascimento de seu filho, que ora consta como segundo demandante, no Hospital Regional de Planaltina - HRP, ocorreu a troca de seu bebê, sendo que o equivoco permaneceu por um período de 8 (oito) horas. A autora, por esse motivo, requer a condenação do réu ao pagamento do valor de R$ 176.580,00 (cento e setenta e seis mil e quinhentos e oitenta reais) a título de danos morais. Com a inicial vieram os documentos de fls. 12/31. Por ocasião da decisão de fl. 33 foi deferido o pedido de gratuidade de justiça. Em sua contestação (fls. 39/42), o réu alega que nenhuma conduta reprovável foi por ele cometida. Afirma que as pulseiras não foram adulteradas e que as crianças não chegaram a sair do hospital. Posteriormente, foi realizado exame de DNA e foi confirmado o vínculo genético do recém-nascido com seus pais. Réplica às fls. 47/50. Em sua r. manifestação de fls. 58/64, o Ministério Público pugnou pela procedência do pedido. Acrescento que o MM. Juiz sentenciante julgou procedente o pedido GABINETE DA DESEMBARGADORA NÍDIA CORRÊA LIMA 3

deduzido na inicial, para condenar o réu ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 7.000, 00 (sete mil reais), bem como ao pagamento de honorários advocatícios no valor de R$ 700,00 (setecentos reais). Irresignadas, as partes recorreram. O DISTRITO FEDERAL, no recurso de apelação interposto às fls. 70/74, ponderou que não ficou evidenciado dano de ordem moral, mas mero dissabor, pois os recém-nascidos foram destrocados poucas horas depois do ocorrido. Ademais, alegou que as pulseiras não foram adulteradas e que as crianças não chegaram a sair do hospital. Destacando que o exame de DNA realizado posteriormente confirmou o vínculo genético entre os autores. Pugnou, assim, pela reforma da r. sentença, para que seja julgado improcedente o pedido inicial. Sem preparo em virtude isenção legal. Os autores interpuseram recurso de apelação (fls. 75/81), postulando a reforma da r. sentença, para que seja majorado o valor da indenização por danos morais. Sem preparo, tendo em vista que os autores são beneficiários da justiça gratuita. Contrarrazões ofertadas pelos autores às fls. 87/90 e pelo réu às fls. 91/94. A d. Procuradoria de Justiça, no parecer de fls. 101/110, oficiou pelo não provimento do recurso interposto pelo réu e pugnou pela parcial provimento do recurso interposto pelos autores, a fim de majorar a indenização por danos morais. É o relatório. GABINETE DA DESEMBARGADORA NÍDIA CORRÊA LIMA 4

V O T O S A Senhora Desembargadora NÍDIA CORRÊA LIMA - Relatora Conheço dos recursos, porquanto presentes os pressupostos de admissibilidade. Cuida-se de Apelações Cíveis interpostas pelo DISTRITO FEDERAL e por SOLENY MORAES DOS SANTOS E OUTRO, contra a r. sentença de fls. 66/68 Consoante relatado, SOLENY MORAES DOS SANTOS E OUTRO ajuizaram Ação de Indenização por Danos Morais em desfavor do DISTRITO FEDEAL, tendo em vista a troca de recém-nascidos na maternidade do Hospital Regional de Planaltina-DF, que somente foi solucionada após o transcurso de cerca de 8 (oito) horas. Em razão do ocorrido, pugnaram pela condenação do réu ao pagamento de indenização por danos morais, no valor de R$ 176.580,00 (cento e setenta e seis mil e quinhentos e oitenta reais). O MM. Juiz sentenciante julgou procedente o pedido inicial, para condenar o réu ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 7.000, 00 (sete mil reais). O réu foi condenado, ainda, ao pagamento de honorários advocatícios no valor de R$ 700,00 (setecentos reais). Irresignadas, as partes apelaram. Em suas razões de apelo, o DISTRITO FEDERAL alegou que os transtornos experimentados pelos réus se restringem a mero dissabor, uma vez que a troca de recém-nascidos foi desfeita poucas horas depois do ocorrido. Ademais, alegou que as pulseiras não foram adulteradas e que as crianças não chegaram a sair do hospital. Por fim, assinalou que o vínculo genético entre os autores ficou comprovado por exame de DNA realizado posteriormente. Os autores, por sua vez, no recurso de apelação interposto, pugnaram pela majoração do valor da indenização por danos morais fixada na r. sentença. É a suma dos fatos. A pretensão indenizatória deduzida na inicial encontra-se fundamentada no fato de que a autora SOLENY MORAES DOS SANTOS, após ter sido submetida a parto no Hospital Regional de Planaltina-DF, deu a luz ao autor WALLACE DOS SANTOS SILVA, oportunidade em que teria ocorrido a troca do recém-nascido por outro criança, situação que perdurou por cerca de 8 (oito) horas. A responsabilidade civil do DISTRITO FEDERAL, pelos fatos ocorridos no interior do Hospital Regional de Planaltina-DF, deve ser apurada de GABINETE DA DESEMBARGADORA NÍDIA CORRÊA LIMA 5

forma objetiva, nos termos do 6º do artigo 37 da Constituição Federal, que assim dispõe, verbis: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, e, também, ao seguinte: (...) 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. De fato, o Estado Brasileiro adotou a teoria da responsabilidade objetiva da Administração Pública, na modalidade teoria do risco administrativo, de maneira que o Estado, ou aquele que em nome dele atue, é responsável, independentemente de culpa, por danos causados a terceiros. Assim, para que seja reconhecido o direito à indenização por danos causados por ente estatal, faz-se necessária a verificação da conduta, do resultado danoso e do nexo causal. In casu, entendo devidamente configurada a conduta ilícita dos profissionais de saúde do hospital, ao não adotarem as cautelas necessárias e exigíveis, para evitar a possibilidade de troca de recém-nascidos no interior do Hospital Regional de Planaltina-DF. Já o dano moral alegado pelos autores também ficou devidamente comprovado nos autos, diante da angústia e incerteza que a troca de bebês na maternidade, ainda que por cerca de 8 (oito) horas, é capaz causar à mãe, sobretudo em um momento de fragilidade emocional decorrente do parto recém realizado. Seguramente, os fatos narrados na inicial extrapolam, em muito, o GABINETE DA DESEMBARGADORA NÍDIA CORRÊA LIMA 6

mero dissabor decorrente de descumprimento de uma obrigação. O nexo causal entre a conduta lesiva e o dano também ficou configurado, porquanto a falta de cuidado do hospital, ao permitir a troca dos bebês, efetivamente causou o abalo de ordem moral alegado na inicial. Nesse sentido, a il. Procuradora de Justiça, Drª Helena Cristina Mendonça Magra, no parecer ofertado às fls. 101/110, bem se posicionou a respeito da questão controvertida, nos seguintes termos: A situação vivenciada por Soleny dos Santos, a toda evidência, causou-lhe dor, angústia, sofrimento, além de intenso abalo emocional, não podendo, de forma alguma, ser considerada como mero aborrecimento. A troca dos recém-nascidos importou em privação da genitora em estar com o filho biológico sob seus cuidados nas primeiras horas de vida, ocasião em que os laços afetivos entre eles seriam fortalecidos, bem como causou constrangimentos em relação à família e amigos, porquanto a criança apresentada a eles por meio de registro fotográfico, não era de fato sua. Ressalte-se, por oportuno, que o fato de não ter havido adulteração das pulseiras, bem como a adoção de diligências pelo hospital, no sentido de desfazer a troca e realizar o posterior exame de DNA, não tem o condão de afastar o direito dos autores à indenização por danos morais. Portanto, diante da demonstração da incidência do ato ilícito, do nexo causal e do dano, mostra-se correta a condenação do DISTRITO FEDERAL a reparar os danos morais experimentados pelos autores. Os autores postularam a majoração da indenização por danos morais, fixada em R$ 7.000,00 (sete mil reais) pelo d. Magistrado sentenciante. A indenização por danos morais tem por finalidade a prestação pecuniária como meio de compensação pelos constrangimentos, aborrecimentos e humilhações experimentados pela parte ofendida; a advertência para a parte ofensora e o desestímulo à repetição de condutas ilícitas semelhantes. GABINETE DA DESEMBARGADORA NÍDIA CORRÊA LIMA 7

Assim, cabe ao magistrado fixar a indenização atento à condições pessoais das partes, à extensão do dano experimentado pela parte lesada, bem como ao grau de culpa do réu para a ocorrência do evento danoso. A situação econômico-financeira da partes é critério importante a ser valorado na quantificação do dano moral. Afinal, o valor da indenização não pode ocasionar a insolvência civil da parte ofensora, assim como não pode resultar no enriquecimento sem causa da parte ofendida. A avaliação do grau de culpa do ofensor está vinculada à reprovabilidade ou à censurabilidade de sua conduta em face dos princípios e regras jurídicas e morais vigentes. Não se pode olvidar, por fim, que a finalidade compensatória deve ser atendida, uma vez que a indenização representa uma reação do sistema jurídico à violação de direito, com caráter de satisfação, visando amenizar o abalo sofrido. No caso em apreço, houve evidente falha na prestação de serviços por parte do Hospital Regional de Planaltina-DF, ao permitir a troca de recémnascidos. No entanto, deve ser ressaltado que, assim que verificada a ocorrência da troca, foram adotadas diversas providências de modo a resolver a questão no menor tempo possível, circunstância que deve ser levada em consideração para fins de quantificação da indenização por danos morais. Ademais, de modo a dar maior segurança às partes, foi realizado exame de DNA que comprovou o vínculo genético entre os autores. Assim, atenta às peculiaridades do caso concreto, especialmente quanto à contribuição da autora/apelante para a ocorrência dos fatos, a capacidade econômica das partes, a repercussão dos fatos e a natureza do direito subjetivo fundamental violado, tenho que o quantum indenizatório se mostra adequado, não havendo razão para a majoração pretendida pelos autores. Com estas considerações, NEGO PROVIMENTO AOS RECURSOS, e mantenho íntegra a r. sentença. É como voto. O Senhor Desembargador GETÚLIO DE MORAES OLIVEIRA - Revisor Com o relator GABINETE DA DESEMBARGADORA NÍDIA CORRÊA LIMA 8

O Senhor Desembargador MARIO-ZAM BELMIRO - Vogal Com o relator D E C I S Ã O CONHECER. NEGAR PROVIMENTO AOS RECURSOS. UNÂNIME GABINETE DA DESEMBARGADORA NÍDIA CORRÊA LIMA 9