BOLETIM ELETRÔNICO DO GRUPO TÉCNICO DE AVALIAÇÃO E INFORMAÇÕES DE SAÚDE



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Transcrição:

GAI informa junho/2009 ano 1 nº2 BOLETIM ELETRÔNICO DO GRUPO TÉCNICO DE AVALIAÇÃO E INFORMAÇÕES DE SAÚDE Editorial Neste segundo número do Boletim Gais Informa apresenta-se um resumo das principais discussões ocorridas durante Encontro Internacional sobre Rastreamento de Câncer de Mama, promovido pelo Inca - Instituto Nacional de Câncer no último mês de abril/2009. O evento buscou trazer a experiência sobre as principais políticas de rastreamento populacional da doença em sistemas públicos de saúde da América do Norte e Europa. Estiveram presentes gestores de saúde, institutos de pesquisa, representantes da sociedade civil que atuam na área, sociedades e associações médicas, além de especialistas em rastreamento do Brasil, Canadá, Estados Unidos, Holanda, Itália e Noruega. boa leitura. O GAIS NO ENCONTRO INTERNACIONAL SOBRE RASTREAMENTO DE CÂNCER DE MAMA Nos dias 16 e 17 de abril de 2009 realizou-se no Rio de Janeiro o Encontro Internacional sobre Rastreamento de Câncer de Mama, em evento organizado pelo Instituto Nacional de Câncer INCA que contou com a participação de mais de 150 pessoas, entre gestores de saúde, sociedades científicas, universidades e institutos de pesquisa, além de especialistas em rastreamento do Brasil, Canadá, Estados Unidos, Holanda, Itália e Noruega. O GAIS - Grupo Técnico de Avaliação e Informações de Saúde, vinculado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, esteve representado. O objetivo principal do evento foi discutir as evidências científicas disponíveis e as experiências internacionais com rastreamento populacional do câncer de mama, de modo a dar subsídios para a discussão sobre o rastreamento no nosso país e assim reduzir a morbi-mortalidade do câncer de mama feminino. Um dos principais pontos discutidos pelos gestores foi a entrada em vigor da Lei 11.664, de 29 de abril de 2008, que dispõe sobre as ações envolvendo a saúde da mulher e que, em um dos seus artigos, indica a realização do exame mamográfico a todas as mulheres a partir dos 40 anos de idade, em contradição com o preconizado pelo Consenso sobre Rastreamento Mamográfico (2003), que definiu como população-alvo a faixa etária de 50 a 69 anos. Na abertura do Encontro foram apresentadas as normas gerais de rastreamento do câncer na Comunidade Européia, envolvendo as neoplasias malignas de colo de útero, mama e cólon e reto. Posteriormente, durante os dois dias do evento, o foco principal foi mostrar algumas experiências internacionais envolvendo o rastreamento populacional do câncer de mama, estando os principais pontos apresentados a seguir. O resumo das apresentações pode ser acessado pelo site da BVS Biblioteca Virtual de Saúde: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/controle_cancer/pub_palestras.php

RASTREAMENTO DO CÂNCER DE MAMA NO CANADÁ O Canadá possui 13 províncias, sendo que cada uma delas pode ter sua política de rastreamento, mas as regras básicas são definidas por um comitê central; A regra é o rastreamento organizado, bi-anual entre 50 e 69 anos, sendo que algumas províncias permitem a participação de mulheres com menos de 50 anos, mas estas não são convidadas; As mulheres pertencentes à faixa etária alvo são convidadas via correio; A cobertura atual do rastreamento no Canadá é de 61%, sendo 25% por rastreamento programado e 36% pelo oportunista; Desde 1986: queda de 25% na taxa de mortalidade, sendo isto atribuído à detecção precoce e também à melhoria no tratamento; Desde 2000 tem sido observada pequena queda na taxa de incidência; Existe um importante trabalho que envolve o controle de qualidade das mamografias; O rastreamento é avaliado por indicadores, como taxa de participação das mulheres, taxa de retenção (volta ao programa nos anos subsequentes), tamanho do tumor, tempo de espera para diagnóstico e tratamento, etc.; O exame clínico das mamas foi abandonado, pois acrescentava muito pouco na detecção de casos, sendo que os recursos envolvidos foram destinados para a realização das mamografias; O rastreamento organizado mostrou-se mais eficaz em torno dos 60 anos, sendo que na faixa dos 40 anos seriam necessários 5 ou 6 exames para se chegar à eficiência observada para os 60 anos; Em Ontário, uma das províncias do Canadá: faz-se mamografia a cada 1 ou 2 anos, o exame clínico das mamas é cada vez menos utilizado, não há orientação para o auto-exame, há critérios rígidos de encaminhamento para que os falsopositivos não sobrecarreguem o sistema de saúde, existe avaliação constante do médico, da enfermeira e também do radiologista e, em alguns momentos, existe uma espera de cerca de 6 meses para a realização da mamografia; Discussões atuais: mamografia digital versus convencional e uso de ressonância magnética para mulheres de alto risco; O custo aproximado da mamografia é cerca de 65 dólares canadenses, sendo que o valor pago para exame realizado para o rastreamento é maior (para o recrutamento das mulheres, uso do sistema de informações, garantia de qualidade, etc.); O material educativo do rastreamento é feito em 15 idiomas; O sistema de informações consome cerca de 800.000 dólares/ano; Existe incentivo financeiro para que a Atenção Básica (médico de família) faça o rastreamento: por exemplo, 2.200 dólares/ano para uma cobertura de 75% da população alvo da área de abrangência; Estadiamento clínico atual dos casos de câncer de mama no Canadá: 0 29,9%; I 39,8%; II 27,6%; III/IV 2,7%

RASTREAMENTO DO CÂNCER DE MAMA NA ITÁLIA Na Itália existe um Observatório Nacional de Rastreamento; Não existe um programa nacional, mas diretrizes gerais e financiamento para estimular projetos regionais; Apesar de não existir um programa de âmbito nacional, o rastreamento é incluído na lista dos procedimentos obrigatórios em saúde, e as regiões são cobradas administrativamente para a obtenção de parâmetros mínimos; Desde 1998: extensão do screening para todo o país; Grande parte do rastreamento é oportunista; O protocolo prevê rastreamento na faixa de 50-69 anos, a cada 2 anos, sem exame clínico das mamas; Algumas regiões trabalham com outras faixas etárias e incluem o exame clínico das mamas; As mulheres são convidadas por carta e, se não houver comparecimento, outro comunicado é enviado; Cobertura do rastreamento: 1992 5%; 2000-35,8%; 2007 81,5%; A pior cobertura é no sul da Itália; 60% de respostas positivas ao convite; 2005/2006: 12% de câncer in situ; Custo anual do programa: 86 milhões de euros; Estimativa: em 30 anos, 50.000 mulheres salvas; Cerca de 5.100 euros de economia por vida salva; Custo de cerca de 50 euros por mamografia; Custo por câncer detectado: 5.548 euros; O rastreamento é custo-efetivo, principalmente na faixa de 50 a 69 anos; O rastreamento organizado é muito melhor que o oportunista: custo menor, resultado com leitura dupla, qualidade melhor, chance igual para todas as mulheres, etc.; Estudo suíço aponta que o rastreamento oportunista custa praticamente o dobro que o organizado; Sugere, para o Brasil: rastreamento organizado, com mamografia a cada 18 meses na faixa de 45 a 54 anos e exame bi-anual na faixa de 55 a 69 anos. RASTREAMENTO DO CÂNCER DE MAMA NA HOLANDA A Holanda apresenta uma experiência de 35 anos em rastreamento; Existe uma coordenação nacional; O rastreamento enquanto programa nacional é feito há mais de 20 anos, com verba do Ministério da Saúde; População alvo inicial: mulheres de 50 a 69 anos, com exame bi-anual; Após 10 anos de programa: incluída a população de mulheres de 70 a 74 anos; As mulheres são convidadas pessoalmente, com consulta com hora marcada; em caso de não comparecimento, é encaminhado lembrete; A cobertura é de 82%, na faixa de 50 a 74 anos; O programa investe bastante em unidades móveis para o rastreamento; Em várias regiões do país existe leitura dupla do exame mamográfico; Existe um controle de qualidade rígido do exame, sendo que amostras de imagens são avaliadas diariamente;

Em 2004 foram iniciados 3 estudos pilotos utilizando mamografia digital; Até 2007: estimativa de queda de 25,5% na mortalidade; Em 2007: detectados 5,5 casos de câncer/1.000 exames realizados para rastreamento; Preocupação atual em melhorar o controle sobre o pós-rastreamento: diagnóstico e tratamento; Próximo planejamento: trocar mamografia convencional pela digital; após a implantação da mamografia digital, o próximo passo seria a inclusão de mulheres da faixa etária de 45 a 49 anos, com exames anuais; Mamografia digital acrescentaria cerca de 3,5 euros a cada exame; No futuro: propostas com enfoques diferentes para grupos de risco diferentes; Cada ano de vida ganho: 3.500 euros; Custo de 55 euros por exame; Sugere, para o Brasil: começar com projetos pilotos, depois programas regionais e daí um programa nacional, sempre com rastreamento organizado. RASTREAMENTO DO CÂNCER DE MAMA NA NORUEGA Na Noruega o câncer é doença de notificação obrigatória; O rastreamento é coordenado pelo Registro de Câncer; O rastreamento começou em 1995, com 4 projetos pilotos; Em 2004 o rastreamento ganhou abrangência nacional, na faixa de 50 a 69 anos e com exames bianuais, sempre com leitura dupla da mamografia; A incidência do câncer de mama aumentou até 2004, com estimativa de queda para os anos seguintes; Mortalidade: com tendência de queda nos últimos anos; Todos os habitantes têm uma identificação pessoal e assim torna-se fácil identificar as mulheres da faixa etária alvo; As mulheres são convidadas para o exame e, caso não haja comparecimento, é enviado um lembrete (a mulher pode optar por não receber o convite); Existem 17 centros de mama e 4 ônibus disponíveis para áreas com baixa densidade populacional; 2 radiologistas isoladamente fazem a leitura do exame; A cobertura atual é de 76,6%; A meta para a queda da mortalidade por câncer de mama é de 30%; O câncer de intervalo entre exames é alto, se comparado aos padrões europeus; Houve expansão gradual do programa, com enfoque grande no controle de qualidade; Atualmente o programa está sendo avaliado sob 3 aspectos: mortalidade, sobre-diagnóstico e custo-benefício (prazo para conclusão: 3 anos); Custo por rastreamento: 50 dólares; Cerca de 3.750 euros por vida salva; Atualmente existe pressão para que a faixa etária de 45 a 49 anos seja incluída no programa de rastreamento, mas isto está sendo avaliado, pois significaria grande necessidade de novos recursos: aumento de 60% no número necessário de mamografias, 30 mamógrafos novos, 30 cirurgiões adicionais, etc.

CONSIDERAÇÕES FINAIS As diferentes experiências internacionais sobre rastreamento para o câncer de mama feminino apontam, como regra, para a implantação de rastreamento organizado, com exame mamográfico bi-anual para a faixa de 50 a 69 anos, participação fundamental da Atenção Básica no programa e enfoque importante no controle de qualidade dos exames. Países que já apresentam um programa de rastreamento organizado e com boa cobertura discutem a inclusão de outros grupos etários no programa e também a eventual substituição da mamografia convencional pelo exame digital. Os especialistas internacionais sugerem, para o Brasil, implantar um rastreamento organizado, envolvendo obrigatoriamente a Atenção Básica e com enfoque importante no controle de qualidade, começando com projetos pilotos em algumas cidades do país, organizandose na seqüência programas regionais que, após a avaliação devida, seriam transformados em um programa organizado de rastreamento do câncer de mama feminino. Michel Naffah Filho Grupo Técnico de Avaliação e Informações de Saúde - Gais GAI informa É uma publicação do Grupo Técnico de Avaliação e Informações de Saúde (Gais) Secretaria de Estado da Saúde Coordenação de conteúdo: Mônica A.M.Cecílio Envie comentários e sugestões para mcecilio@saude.sp.gov.br