DIAGNÓSTICO DO PROGRAMA ESTADUAL DE CONCESSÕES RODOVIÁRIAS PECR: SOLUÇÃO DE RETORNO AO CONTRATO



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Transcrição:

DIAGNÓSTICO DO PROGRAMA ESTADUAL DE CONCESSÕES RODOVIÁRIAS PECR: SOLUÇÃO DE RETORNO AO CONTRATO SÍNTESE DO DIAGNÓSTICO DA AGERGS INTRODUÇÃO Este trabalho apresenta a experiência da AGERGS na revisão do Equilíbrio Econômico Financeiro dos Contratos do PECR (Programa Estadual de Concessão de Rodovias do Estado do Rio Grande do Sul), conforme estabelece o Primeiro Termo Aditivo aos aludidos contratos celebrado em novembro de 2000. No decorrer do trabalho de revisão dos contratos obteve-se um panorama da situação em que se encontram as concessões rodoviárias, permitindo à AGERGS analisar a situação do Programa e possibilitando a apresentação de alternativas técnicas baseadas em dados factíveis, identificados nos estudos de cenários. O PECR do Estado do Rio Grande do Sul é composto por 7 (sete) Pólos Rodoviários com extensão total de aproximadamente 1.800 Km. Integram o PECR as seguintes concessionárias de rodovias: a) Gramado - BRITA Rodovias S/A, b) Vacaria - Concessionária de Rodovias RODOSUL S/A, c) Caxias - CONVIAS Concessionária de Rodovias S/A, d) Carazinho - COVIPLAN Concessionária Rodoviária do Planalto S/A, e) Metropolitano - METROVIAS Concessionária de Rodovias S/A, f) Santa Cruz do Sul - SANTA CRUZ Rodovias S/A, e

g) Lajeado - SULVIAS Concessionária de Rodovias S/A. No ano 2000 foi firmado, mediante autorização contida na Lei 11.545, o Primeiro Termo Aditivo aos contratos de concessão. A Lei 12.204 de 29/12/2004 prorrogou o Termo Aditivo até 30/06/2005. Novo adiamento ocorreu para 30/09/2005 pela Lei 12.304 de 08/07/2005. Em 26/08/2005 o Governo do Estado encaminhou à Assembléia Legislativa o Projeto de Lei n.º 194/2005 que autoriza o Poder Executivo a proceder adequações nos contratos do PECR, propondo, em especial, a recomposição tarifária de forma diferenciada e parcelada para cada contrato de concessão 1, a previsão de verificação do equilíbrio econômico e financeiro dos contratos até 30/06/2009, e a limitação de cobrança de tarifa aos postos de pedágio em operação em 30/06/2005 2. AGERGS não recebeu as propostas para serem analisadas. Através de Concorrência Pública, a empresa Bourscheid S.A. Engenharia e Meio Ambiente foi contratada e está desenvolvendo, sob gerenciamento e supervisão da AGERGS, as atividades (descritas adiante no item Metodologia ) previstas no respectivo Termo de Referência, que é o detalhamento do objeto da licitação. OBJETIVOS O objetivo principal deste texto é apresentar os pontos cruciais diagnosticados no estudo referente aos desequilíbrios contratuais ocorridos ao longo da vigência do Primeiro Termo Aditivo da concessão. Da mesma forma, o trabalho também visa esclarecer como a AGERGS tratou tais desequilíbrios. E, por conseguinte, elaborou um Cenário de Retorno ao Contrato, o qual será posteriormente detalhado. 120% (Pólos de Carazinho, Caxias do Sul, Gramado, Metropolitano e Vacaria), 10% (Pólo de Santa Cruz do Sul) e 5% (Pólo de Lajeado) 2Exclusão de 6 praças de pedágio previstas nos contratos, sendo 3 no Pólo Metropolitano (RS/030, BR/471 e RS/474), 1 no Pólo de Caxias do Sul (RST/453), e 2 no Pólo de Lajeado (RS/128 e RS/129)

METODOLOGIA O estudo foi dividido em duas partes: Diagnóstico e Análise das Propostas das Concessionárias/Poder Concedente. A primeira parte, denominada Diagnóstico, teve por objetivo (i) realizar o levantamento das intervenções efetuadas pelas Concessionárias; (ii) a evolução dos indicadores de desempenho das rodovias previstos nos contratos; (iii) o levantamento dos custos da prestação dos serviços, das receitas e dos tributos; (iv) a quantificação das perdas de receitas decorrentes de rotas de fugas e das decisões judiciais e, ainda, (v) a apuração dos eventuais descumprimentos contratuais. Para tanto, foram efetuadas a coleta e análise de documentos pertinentes às concessionárias (demonstrativos contábeis e financeiros, relatórios sistêmicos, avaliações objetivas e subjetivas, resultados de auditorias, dentre outros), bem como a realização de trabalhos de campo (contagem das rotas de fuga, avaliações do pavimento, melhorias realizadas, dentre outros). Com esses dados foi possível determinar as principais causas dos desequilíbrios contratuais. A segunda parte, intitulada Análise das Propostas das Concessionárias/Poder Concedente, tem por objetivo realizar a avaliação dos projetos de engenharia e projetos econômico-financeiros que venham a ser apresentados pelas Concessionárias e/ou Poder Concedente. Desta forma, serão analisadas as intervenções previstas, as melhorias projetadas, a sobrevida estrutural do pavimento, os padrões de qualidade da rodovia a serem mantidos ao longo da concessão, as receitas e investimentos projetados, o fluxo de caixa e o equilíbrio econômico-financeiro, dentre outros. Neste texto serão abordados apenas os aspectos levantados durante a fase denominada Diagnóstico, visto que a segunda fase, Análise das Propostas das Concessionárias/Poder Concedente, depende do recebimento das respectivas propostas pelo Poder Concedente, que no caso do Rio Grande do Sul é o DAER - Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem, fato este, que até a presente data, ainda não ocorreu.

A AGERGS, no cumprimento de suas atribuições, buscando assegurar o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos de concessão de rodovias, garantir a modicidade tarifária e preservar a qualidade dos serviços prestados, procedeu o levantamento de todas as informações necessárias para uma completa revisão contratual. Todavia, para a análise final e consolidada desta revisão torna-se necessário o conhecimento prévio por parte da Agência das proposições do Poder Concedente relativas aos respectivos reequilíbrios contratuais. Muito dos fatores supervenientes ocorridos ao longo da concessão, geradores de desequilíbrios contratuais, carecem de soluções que envolvem decisão política, como, por exemplo, a relocação de praças ou o fechamento de rotas de fuga. Além disso, outros fatores que podem ser entendidos como variáveis contratuais, como por exemplo a abertura de novas praças inicialmente previstas no contrato, têm sido igualmente entendidos como inseridos no âmbito de decisão governamental e, sendo assim, extrapolam as funções desta Agência. DESEQUILÍBRIOS CONTRATUAIS: No Diagnóstico foram identificados e analisados os fatos supervenientes que deram origem aos desequilíbrios contratuais. Fatos supervenientes são aqueles que não poderiam estar previstos em contrato, por serem imprevisíveis, cujos efeitos, porém, alteraram substancialmente a relação originalmente contratada. Listamos abaixo os fatos de maior relevância: a) Paralisações de Cobrança por Decisões Judiciais: Ocorreram ações judiciais ajuizadas contra as concessionárias, que resultaram em paralisações temporárias de cobrança. Citamos como exemplo a praça de cobrança de Farroupilha, pertencente ao Pólo Rodoviário de Caxias do Sul e principal responsável pelo faturamento do mesmo,

cujo período de paralisação ultrapassou 760 dias 3. As paralisações judiciais foram considerados como fato superveniente em função da utilização do mesmo critério previsto na Lei 11.545/00 que obrigou as concessionárias a retirarem as ações judiciais como parte do acordo que revisou as tarifas básicas de pedágio. Sugerimos a manifestação da Procuradoria Geral do Estado no sentido de ser cabível indenizações às concessionárias em função das paralisações das cobranças de pedágio decorrentes de ações propostas pelo Ministério Público Estadual e Federal. b) Rotas de Fugas: São acessos que permitem aos usuários de rodovias, e que não moram naquele entorno, percorrem todo ou a maior parte do trecho concedido da rodovia e que utilizam estradas vicinais tão somente para contornar a praça de pedágio como forma de evitar o pagamento da tarifa. A fuga ao pagamento do pedágio é risco das concessionárias, entretanto, em alguns casos o volume de perda pode comprometer a viabilidade do Pólo. Das 27 praças existentes no PECR, a AGERGS considerou que em 4 praças. c) Não abertura de Praças de Pedágio contratualmente previstas: Os valores de arrecadação de tarifas destas praças estão previstos em contrato, desta forma incluídos no fluxo de caixa anexos aos mesmos. d) Majoração de Tributos: Previsto na Lei 8.987/95, art. 9º, 3º. Observou-se a variação da carga tributária incidente sobre a receita das concessões, como, por exemplo, a CPMF, que tornou-se Permanente, ao invés de Provisória. A alíquota de ISS passa a ser de até 5% na maioria dos municípios abrangidos pelos Pólos, quando era prevista a incidência de 2% sobre a receita no Primeiro Termo Aditivo. e) Excesso de carga: A Lei das balanças (Lei 7.408/85 e resolução CONTRAN 104/99) regulamentou o aumento de tolerância do excesso de peso, passando de 5% para 7,5%. O excesso de peso autorizado 3 A Praça de Farroupilha é responsável por 66% do faturamento total do Pólo de Caxias, demonstrando que desequilíbrios significativos nesta praça acabam por implicar desequilíbrios em todo o empreendimento. Para maiores detalhes ver SOUZA JÚNIOR (2004).

pela citada Lei é uma das principais causas de danos no pavimento. Deveria ser implantada uma política pública de pesagem dos veículos, que viria em benefício de toda a sociedade e reduziria o subsídio cruzado entre veículos de passeio e veículos de carga 4. f) Isenções Autorizadas pela Lei 11.460: Esta lei isentava os veículos emplacados nos municípios sede das praças de pedágios, a mesma vigorou de abril a julho de 2000, ou seja, posteriormente a celebração dos contratos de concessão. Este desequilíbrio somente será considerado no reequilíbrio se o Estado acordar com as concessionárias que esta indenização será ônus dos usuários do sistema. g) Plano de Manejo Ambiental: Valores acrescidos para a obtenção de licenças ambientais obrigatórias e inicialmente não previstas nos fluxos de caixa contratados. Na intenção de buscar o reequilíbrio contratado e sinalizar as possíveis alternativas para corrigir o Programa de Concessão de Rodovias de hoje até o final da Concessão, listamos as principais sugestões trazidas pelos agentes envolvidos neste processo para serem estudadas, visando à inclusão no referido Programa: a) Desconto ou Isenção no valor da tarifa de pedágio não previsto inicialmente em contrato, por meio de cartão magnético, em especial para as comunidades ou municípios onde estão instaladas as praças de pedágios ou, ainda, desconto progressivo para aqueles que utilizam freqüentemente a rodovia. b) Cobrança de eixos suspensos, visto que, até então, os veículos de carga pagam o pedágio pelo número de eixos que estão rodando e não pelo número de eixos que possuem e, dessa 4 Importante também destacar que a pesagem traria consigo um potencial incremento de VDM, uma vez que seriam necessários uma quantidade maior de veículos para transportar a mesma carga hoje conduzida por um único caminhão.

forma, guardando relação com o peso transportado. Observamos que nas rodovias reguladas pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) o pedágio é cobrado pelo número de eixos existentes, independentemente de estarem suspensos ou não. c) Cobrança da tarifa na proporção originalmente contratada entre o veículo pesado e leve a qual correspondia a 1,67, ou seja, o veículo pesado era 67% mais caro que o veículo leve, por eixo. Esta relação foi alterada no termo aditivo para 1,25, ou seja, o veículo pesado paga apenas 25% a mais que o veículo de passeio. Conforme estudos de órgãos rodoviários, os veículos de carga danificam o pavimento com muito mais intensidade que os veículos de passeio, desta forma, a relação percentual deveria retornar à originalmente contratada, reduzindo o subsídio cruzado criado no termo aditivo. d) Garantia de abertura das Praças contratualmente previstas. O Contrato prevê praças a serem instaladas nos próximos anos de concessão, vinculadas ao término de rodovias em construção pelo próprio estado e que posteriormente ingressariam na malha total a ser mantida e conservada pela iniciativa privada. A não abertura de praças previstas nos contratos significa que a sociedade está assumindo todos os riscos de previsão de fluxo de veículos que seriam totalmente de responsabilidade das concessionárias. e) Estabelecimento de período de sobrevida estrutural da rodovia após o término da concessão ora vigente, destacando que até a entrada em vigor do Primeiro Termo Aditivo a sobrevida contratada era equivalente a 7 ou 8 anos. f) Os níveis de qualidade para o restante da concessão deverão ser compatíveis com o padrão tarifário. Com o advento do Primeiro Termo Aditivo em 2000, a exigência dos padrões de qualidade foi reduzida em relação aos estabelecidos quando da assinatura

inicial do contrato. Sugerimos que se os índices de qualidade do pavimento sejam os do contrato original. Para a sinalização horizontal propõe-se um incremento de 50% na meta do indicador. Em ambos os casos sugere-se uma folga na meta do indicador de um percentual do trecho concedido na ordem de 10%, limitado ao padrão de qualidade estabelecido no PER. g) Permanência da responsabilidade das concessionárias na execução de alguns serviços nos trechos urbanos, até o final da concessão, nos mesmos moldes estabelecidos pelo PER. h) Permanência da responsabilidade das concessionárias na execução dos serviços de guincho e ambulância, até o final da concessão. i) A Lei Estadual 12.238 de 14/01/2005 dispõe que o Poder Executivo fica autorizado a explorar a utilização e a comercialização, a título oneroso, das faixas de domínio e áreas adjacentes das rodovias concedidas, entre outras. Caso esta atividade fosse explorada pelas concessionárias, os recursos advindos poderiam ser utilizados na modicidade tarifária. A Lei atualmente impede a utilização destes recursos na modicidade tarifária. j) Os melhoramentos previstos no PER e que ainda não foram realizados deverão ser implantados até o final da concessão. Os melhoramentos referem-se, entre outros, a terceiras faixas, acessos, interseções, viadutos, passarelas, sistemas de segurança, etc. No cenário de retorno ao contrato não foram previstos novos melhoramentos, que em sendo necessários deverão ser objeto de encaminhamento do Poder Concedente, ouvidas as sugestões e proposições das comunidades envolvidas. k) Eliminar ou minimizar a utilização de rotas de fugas pelos usuários. Esta medida deverá ser adotada em conjunto com a medida discriminada na letra a acima.

l) Estabelecimento de Revisões Ordinárias do Contrato a cada 4 anos. m) Está prevista nos contratos a obrigação das concessionárias de executarem um programa de pesagem, que não está sendo realizado sob a alegação de falta de agentes de trânsito (descumprimento unilateral de contrato). Este programa deverá ser efetivamente implantado. Entendemos que devam ser apreciadas, de forma obrigatória as sugestões acima listadas, pois a maioria delas procura trazer os contratos de volta ao originalmente licitado e/ou contratado, vinculando as partes ao cumprimento do anteriormente acordado. Somente após, é que proposições exógenas ao contrato, porém restritas ao efetivamente necessário para cada equilíbrio, é que poderão ser estudadas. Observa-se que a TIR apresentada pelas concessionárias, quando da licitação, é muito alta, visto que mesmo eliminando-se os efeitos dos fatos supervenientes aqui levantados a mesma não seria atingível. Este valor de TIR é resultado da superestimativa do VDM (Volume Diário Médio), o qual corresponde ao volume de veículos que trafegam diariamente pelas rodovias. Tanto o VDM quanto sua taxa de crescimento ficaram muito aquém dos quantitativos propostos pelas empresas concessionárias. Este é um dos riscos das concessionárias, que não é assumido e nem deve sê-lo pela sociedade, conforme demonstrado no estudo de reequilíbrio da AGERGS. CENÁRIO DE RETORNO AO CONTRATO Apresentados e quantificados os desequilíbrios contratuais, a AGERGS estabelece um cenário, denominado de Cenário de Retorno ao Contrato, visto que as premissas deste cenário são o estrito cumprimento das regras inicialmente acordadas entre as partes, considerando os fatos supervenientes e

projetando para o final da concessão padrões de qualidade diretamente ligados aos padrões tarifários. Considerou-se como regra, na montagem deste cenário, os dados apresentados nas propostas comerciais, quando da fase licitatória, com as respectivas correções trazidas pelo Primeiro Termo Aditivo. Este foco foi definido em função do preceito da Lei Federal 8.987 de 13/02/1995 - Lei das Concessões e Permissões da Prestação de Serviços Públicos - que cita no Artigo 2º: II concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado; (grifo nosso) Logo, a determinação dos volumes de tráfego e a estimativa de seus crescimentos, dos níveis de investimentos e dos custos de operação, que foram apresentados no Fluxo de Caixa do projeto para os 15 anos de concessão, constituem riscos inerentes à concessão e, portanto, responsabilidade das concessionárias, que deverão absorver tais variações, ficando a Agência Reguladora com a atribuição de zelar pela qualidade contratada e acompanhar a execução dos melhoramentos previstos. A Receita Tarifária foi considerada aquela apresentada pelas concessionárias quando da elaboração de suas propostas na licitação, com as alterações trazidas pelo Primeiro Termo Aditivo, descontando as perdas ocorridas pelos fatos supervenientes (paralisações judiciais, rotas de fugas, Lei 11.460 e praças não abertas, quando for o caso) até o término do referido aditamento contratual 5. Para os anos seguintes, até o final da concessão, foi considerada a receita tarifária proposta pela concessionária, acrescida dos valores referentes à cobrança dos eixos suspensos, considerando-se ainda que os fatos supervenientes serão estancados. A cobrança de eixo suspenso não se trata de inovação visto que isto é prática nas concessões reguladas pela ANTT. 5 Observa-se aqui que a superestimativa de tráfego continua sendo risco das concessionárias.

Os níveis de Investimentos foram analisados juntamente com o cumprimento dos padrões de qualidade exigidos em contrato. Para a avaliação dos Investimentos utilizou-se como critério a diferenciação dos valores gastos em melhoramentos, daqueles gastos em manutenção e restauração, sendo estes últimos vinculados diretamente aos níveis de qualidade, uma vez que são aplicados diretamente no pavimento das rodovias. Considerando que os valores propostos pelas concessionárias são de sua responsabilidade, a AGERGS computou, para o fluxo de caixa do Cenário de Retorno ao Contrato, o montante de manutenção e restauração realizado pelas concessionárias, limitado ao valor apresentado por elas quando da elaboração da proposta comercial e alterações trazidas pelo Primeiro Termo Aditivo. Em virtude do critério adotado as empresas concessionárias que investiram valores superiores à previsão inicial tiveram glosado em seus fluxos de caixa o respectivo excedente de investimento realizado. Quanto às concessionárias que investiram valor menor que o previsto na proposta comercial, utilizaram-se os valores efetivamente praticados, visto que não foram atingidos na íntegra os padrões de qualidade exigidos pelo contrato. Foi constatado no estudo realizado pela AGERGS que as concessionárias praticaram custos inferiores aos da proposta comercial na maioria das obras e/ou serviços realizados durante a vigência do Primeiro Termo Aditivo. Esta redução de custo advinda dos ganhos de eficiência foram integralmente repassados como benefício para os usuários. Foi previsto um acréscimo percentual nos investimentos decorrentes do acréscimo de carga permitido pela Lei das balanças. Este percentual é variável e depende do fluxo de veículos de carga que trafegam em cada Pólo. Os valores alocados na rubrica de melhoramentos que acabaram por não serem executados, foram deslocados para o futuro no fluxo de caixa proposto, ficando, desta forma, pendentes de realização. Os Custos Operacionais, assim entendidos todos os gastos relacionados com a Operação e Administração do negócio, foram considerados utilizando-se os valores previstos no contrato, não cabendo à concessionária argüir desequilíbrio no caso dos custos serem superiores que os apresentados

no Termo Aditivo. Para o restante do período de concessão foram acrescidos as despesas com a Operação de Guincho e Ambulância e do Plano de Manejo Ambiental, Como Tributos foram considerados os valores devidos em conformidade com as alíquotas vigentes na data de elaboração da análise, independentemente do efetivo recolhimento junto aos cofres públicos. As definições acima descritas deram origem ao Cenário de Retorno ao Contrato, que demonstrou, através do fluxo de caixa, o nível de desequilíbrio incorrido na concessão. Este desequilíbrio é medido através da comparação entre as Taxas Internas de Retorno contratualmente acordadas e as Taxas efetivamente apuradas até o presente momento, independentemente de qualquer juízo de valor acerca dos percentuais fixados ao final do certame licitatório, ou seja, a alteração da TIR depende de acordo entre as partes (Poder Concedente e concessionárias), com mediação da AGERGS. Ressaltase que são diferenciados os desequilíbrios contratuais entre as empresas concessionárias, daí surgindo a necessidade de analisar-se distintamente cada pólo de concessão. As aludidas diferenças entre os Pólos podem ser constatadas, dentre outras variáveis, mediante exame dos diferentes impactos proporcionados pelos fatores supervenientes sobre o equilíbrio dos contratos, tais como as rotas de fuga (Pólos Gramado, Carazinho e Caxias do Sul), os fechamentos de praças por decisão judicial (Pólos Caxias do Sul e Vacaria) e a não autorização para abertura das praças previstas nos contratos (Pólo Metropolitano). Com a adoção tão somente das medidas acima listadas consideramos ser possível equilibrar 5 dos 7 Pólos de concessão, restando aos Pólos de Caxias do Sul e Gramado a adoção de medidas complementares. Este e outros cenários foram montados através de um sistema esquematizado em planilha eletrônica que permite inserir modificações de valores de VDM, tarifas, investimentos, despesas de manutenção, despesas de conservação, despesas de operação e administração, alíquotas de impostos e demais tributos, bem como de todos os outros itens menos relevantes que igualmente compõem o fluxo de caixa. Permite também parametrizar algumas

definições, tais como: (i) cobrança ou não dos valores referentes a eixos suspensos; (ii) fechamento ou não das rotas de fuga; (iii) abertura ou não de praças previstas em contrato (iv) e a utilização ou não de receitas acessórias. Desta forma, possibilitou-se o acompanhamento do impacto das variáveis supracitadas no equilíbrio econômico e financeiro das concessões. CONCLUSÃO Pelos desequilíbrios apresentados ao longo do período de concessão, aqui elencados e quantificados na execução do trabalho de revisão, foi possível verificar que as concessionárias ao perceberem os efeitos dos fatos supervenientes na redução de suas receitas tarifárias, automaticamente buscaram reequilibrar-se através de uma espécie de auto-regulação, sacrificando, muitas vezes, os melhoramentos previstos em contrato e mantendo os índices de qualidade no limite ou muito próximos daqueles exigidos. Esta Agência Reguladora possui as ferramentas técnicas e legais necessárias para promover o reequilíbrio dos contratos e, ainda, propiciar o aperfeiçoamento do programa, ao apresentar uma solução técnica que seja consenso entre os agentes envolvidos: Governo do Estado, Concessionárias e, principalmente, a Sociedade Gaúcha. Posto que a AGERGS tem ferramentas, não utilizá-las da melhor forma caracterizar-se-ia, no mínimo, a sub-utilização de uma instituição de Estado criada para tal fim. Neste particular, é importante frisar que a agência possui hoje condições não somente de analisar eventuais propostas de reequilíbrio a serem formuladas pelo Poder Concedente, mas, principalmente, condições de propor alternativas próprias de reequilíbrio, levando em consideração o impasse percebido até o momento. A simples recomposição tarifária proposta pelo Governo do Estado não resolve de forma definitiva os problemas estruturais que o PECR vem enfrentando ao longo de sua existência. Procrastinar a verificação do equilíbrio econômico e financeiro dos contratos para 2009 resultará na impossibilidade de

reequilibrar os contratos de forma definitiva até o final do prazo previsto e possibilidade da sociedade vir a arcar com indenizações futuras. Somente após esgotadas todas as formas de retorno ao contrato, é que propostas diversas ao elencado anteriormente poderão ser objeto de estudos. Prorrogação de prazo deve ser objeto de estudos específicos, com a finalidade de fortalecer o PECR no que concerne aos melhoramentos, inclusive os apresentados pela sociedade organizada, destacando-se principalmente a ampliação de capacidade de tráfego das rodovias. Da mesma forma, deve ser estudada a repactuação da TIR considerando que os riscos dos investidores podem ser inferiores ao da época da licitação.