Prova 2ª fase (Porto Alegre) - Direito Administrativo Questões 1, 2, 3 e 4

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Transcrição:

Prova 2ª fase (Porto Alegre) - Direito Administrativo Questões 1, 2, 3 e 4 QUESTÃO 1 Em determinada ação de execução movida pela União em desfavor da Construtora Beta Ltda., o poder público indicou para penhora um pequeno prédio de três andares de propriedade da executada. Durante a execução,tentou-se a alienação judicial do bem, mas não houve interessados. Assim, foi requerida e efetivada a adjudicação do imóvel para a Fazenda Pública. Passados dois anos da efetiva adjudicação, sobreveio queda nas receitas públicas, obrigando a União a alienar o bem. Sobre a hipótese apresentada, na qualidade de advogado(a), responda aos itens a seguir. A) A venda do imóvel a particulares deve ser precedida de licitação? (Valor: 0,65) Sim. Nos termos do art. 17 da Lei 8.666/93, a alienação de bens imóveis da administração pública deverá obedecer às seguintes regras: 1. Justificativa do interesse público da alienação; 2. Avaliação prévia do bem; 3. Autorização legislativa, para aqueles pertencentes à Administração direta, autarquias e fundações públicas e 4. Realização de licitação, sendo essa dispensada apenas nas hipóteses arroladas no referido artigo. No que diz respeito à modalidade de licitação a ser adotada para a alienação de imóveis, a Lei estabelece como regra a Concorrência. No entanto, o art. 19, inciso III da Lei 8.666/93 dispõe que aqueles imóveis, cuja aquisição haja derivado de dação em pagamento ou procedimentos judiciais (é a hipótese em tela), poderão ser alienados mediante a realização de licitação na

modalidade de Concorrência ou Leilão. Trata-se da chamada exceção do art. 19, que permite o leilão para a alienação de imóveis. B) A venda do imóvel para qualquer outro ente federado deve ser precedida de licitação? (Valor: 0,60) Não. Trata-se de hipótese de licitação dispensada, nos termos do artigo 17, inciso I, alínea a, da Lei 8.666/93. QUESTÃO 2 Marcelo acumulava dois cargos públicos junto à União, um administrativo, que não exigia qualquer qualificação técnica ou científica, e outro de professor, e havia logrado obter a estabilidade em ambos. Ao ser constatado o referido acúmulo de cargos, ele foi notificado de que deveria optar por um deles no prazo de dez dias, o que não foi por ele realizado. Ato contínuo foi instaurado o respectivo processo administrativo disciplinar, com a constituição de comissão composta por dois servidores estáveis e, na fase instrutória, mediante a garantia da ampla defesa e do contraditório, verificou-se que a acumulação era efetivamente ilícita, de modo que a autoridade competente para o julgamento aplicou a pena de demissão, apesar de Marcelo ter optado pelo cargo de professor um dia antes do término do prazo para a defesa. Na qualidade de advogado(a) consultado(a), responda, fundamentadamente, aos questionamentos a seguir. A) Para a apuração dos fatos imputados a Marcelo, a comissão processante poderia ter a composição que a ela foi conferida? (Valor: 0,55)

Sim. O Art. 133, inciso I, da Lei 8.112/90 estabelece que, no caso de Processo Administrativo Disciplinar com rito sumário, que é o aplicável nos casos de acumulação ilícita de cargos públicos, a comissão processante poderá ser composta por dois servidores estáveis. B) Agiu corretamente a Administração ao aplicar a pena de demissão? (Valor: 0,70) Não foi correta a aplicação da penalidade de demissão, pois o prazo de defesa ainda não havia expirado. Nos termos do art. 133, 5º da Lei 8.112/90, a opção por um dos cargos dentro do prazo de defesa do PAD com rito sumário caracteriza boa-fé, devendo haver a exoneração do outro cargo, sem aplicação da penalidade de demissão. QUESTÃO 3 O Estado Ômega, após os devidos trâmites, promoveu a concessão comum de serviço de gás canalizado para a sociedade Sigma, pelo prazo de 20 anos, em regime de exclusividade, mediante a justificativa de que, para a realização de tal atividade, é necessário um grande investimento na construção de um gasoduto pela concessionária. Após o início das obras e no curso da regular execução da avença, sem que a concessionária tivesse cometido qualquer falta contratual, o novo Governador eleito entendeu que o serviço público em questão era muito relevante para ser prestado por uma concessionária, de modo que decidiu promover a rescisão unilateral do contrato por razões de interesse público, na forma do Art. 78, inciso XII, da Lei nº 8.666/93, sob o fundamento deque a atividade seria mais eficiente se prestada diretamente pelo Estado. Na qualidade de advogado(a) consultado(a), responda aos questionamentos a seguir. A) É possível a concessão operacionalizada pelo Estado Ômega em regime de exclusividade? (Valor: 0,60)

Sim, pois a situação hipotética descrita se enquadra no que estabelece o Art. 16 da Lei n. 8987/95, ou seja, a concorrência se mostra inviável tanto técnica quanto economicamente. B) Agiu corretamente o Governador do Estado Ômega ao promover a rescisão unilateral do contrato em questão com o fundamento legal disposto? (Valor: 0,65) Não agiu corretamente o governador, pois trata-se de contrato de concessão de serviços públicos, regido pela Lei 8.987/95 e não pela Lei geral de contratos (lei 8.666/93). A extinção de uma concessão, durante o prazo do contrato, por razões de interesse público, denomina-se Encampação, conforme estabelece o art. 38 da L.8987/95. O procedimento da encampação, que inclui a exigência de lei autorizativa, deve ser operacionalizado de acordo com o que estabelece a lei de regência. QUESTÃO 4 A União pretende realizar uma obra de grande complexidade que promoverá o interesse público, orçada em duzentos milhões de reais, por meio de licitação única. Para tanto, fez publicar o respectivo edital, na modalidade concorrência, com todas as especificações necessárias. Ao tomar conhecimento do mencionado instrumento convocatório, Bruno, cidadão diligente, que não pretende participar da licitação, apresentou, dois dias antes da data designada para a abertura das propostas, impugnação ao edital, sob o fundamento de que a concorrência em questão deveria ser precedida de audiência pública. A respeito da posição de Bruno, responda aos itens a seguir.

A) É tempestiva a impugnação ao edital apresentada por Bruno? (Valor: 0,55) Não. Conforme estabelece o art. 41, 1º da Lei 8.666/93, qualquer cidadão poderá impugnar o edital de uma licitação, devendo protocolar o pedido em até cinco dias úteis antes da data de abertura dos envelopes das propostas. Bruno, portanto, protocolou a impugnação intempestivamente. B) A Administração pode anular a licitação com base no argumento suscitado por Bruno, mesmo que a impugnação não seja admitida? (Valor: 0,70) Sim, em respeito ao princípio da autotutela, que impõe à Administração o dever de anular seus atos ou, no caso em apreço, o procedimento licitatório eivado de vícios, aplicando-se nesse caso o art. 49 da Lei 8.666/93. Devido ao valor da obra em questão, impõe-se a realização de audiência pública antes da publicação do edital, conforme estabelece o art. 39 da Lei nº 8.666/93. Lisiane Brito Professora de Direito Administrativo, especialista em preparação para concursos públicos. Pós-graduada em Políticas Públicas e Gestão Governamental pela UNIP. Advogada inscrita na OAB/MG desde 1997. Graduada em direito pela Faculdade de Direito da PUC/MG. Larga experiência como docente, tendo ministrado aulas de Direito Administrativo nos principais cursos preparatórios do país. Já participou de bancas examinadoras e elaboração de questões para processos seletivos. Atua como advogada e consultora de empresas na área de Licitações e Contratos.