SOCIOLINGUÍSTICA LETRAS 69



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Transcrição:

SOCIOLINGUÍSTICA LETRAS 69

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SOCIOLINGUÍSTICA DERMEVAL DA HORA Introdução Alínguasempreocupou,nasociedade,papeldedestaque,eaelaestãoatreladosconceitosque definemposturasdiferenciadas,dependendodaformaçãodequemaobserva,selinguistaoucurioso. Comumouvirmospalpiteacercadoquefalamosedaformacomofalamos.Seessevemdealgum leigo,noqueconcerneaosconceitoslinguísticos,aconfusãoseestabelece. Falaracercadoqueseouveoudoqueseescreve,estabelecendojuízodevalorémuitocomumnos diferentescírculos.julgamentossubjetivosestãoatreladosàmaneiradefalardaspessoas,promovendoou nãoalínguausada;classificandoa,enfim,julgandoa. Associadosàlínguausada,estãoinúmerosconceitosquemerecemadevidaatenção,principalmente por aqueles que se dispõem a um estudo mais sistemático, procurando compreender melhor esse bem humanoqueéalíngua. Afimdemelhorentenderarelaçãoentrealínguaeasociedadeemqueelaestácircunscrita, elencaremos,nessematerialsobresociolinguística,umconjuntodeconceitosindispensáveisàcompreensão doqueacontececomalíngua. Apropostaqueaquiapresentamostemaseguinteestrutura:naprimeirapartediscutiremosalguns conceitos considerados básicos para entendermos a relação entre língua e sociedade; na segunda parte, trataremos,basicamente,dedoisconteúdos:oprimeirodelesvoltadoparaosfundamentosdosestudos dialectológicos; o segundo, para os estudos variacionistas. Tais estudos situam as duas disciplinas: a DialectologiaeaSociolinguísticaemsuaperspectivavariacionista. LETRAS 71

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UNIDADE I SOCIOLINGUÍSTICA Conceitos Fundamentais: LÍNGUA DIALETO SOTAQUE - REGISTRO ESTILO ETNIA - BILINGUISMO DIGLOSSIA PIDGIN - CRIOULO Objetivo: - refletir acerca desses conceitos, definindo-os e verificando em que situações eles se aplicam. Língua e dialeto QuandofalamosdoPortuguês,doInglês,doFrancês,doEspanholetc,estamosfalandodelínguas,e aquialínguanãoteráamesmaacepçãoconcebidaporsaussure,quandoestabeleceuadicotomia languex parole,ouseja,línguaversusfala.cadaumadaslínguasaquenosreferimostemsuaautonomia,temum papelsocialnascomunidadesemqueestãoinseridas.asvariedadesquecadaumadelastem,quandosetrata doseuuso,podemserdenominadasdedialeto. Otermodialetopodeserdefinidodeformadiversa,dependendodaperspectivaquequeiramos abordar. Falando em termos regionais, dialeto é o mesmo que falar, e as diferenças encontradas em comunidadescomdialetosdiferentesnãofuncionamcomoempecilhonacomunicação.emgeral,alterações nafonologia,nasintaxe,noléxicoexistem,mastodossecompreendem.nobrasil,otermodialetoseencaixa nessa modalidade. De norte a sul, de leste a oeste, temos uma grande variabilidade na lingua, mas as variações, em geral, não funcionam como obstáculo no processo de comunicação. Vale observar que ressaltamosqueissoacontecedeformageral,poisalgumasvezespodemosteralgumruídonacomunicação LETRAS 73

devidoaousodeumtermomuitolocalqueimpedeasuacompreensãoporpartedointerlocutor.entedemos, porém,queissoéesporádico. Em sentido mais restrito, dialeto é o mesmo que sublíngua. Temos, desta forma, uma lingua consideradanacional,conhecidadetodos,elínguasquesãoespecíficasdedeterminadascomunidades,os dialetos.osfalantesdecomunidadecomdialetosdiferentesnãoconseguementenderse,paraissoprecisarão utilizaralingualnacional.istoécomum,principalmente,nospaíseseuropeus. A relação entre língua e dialeto é muito estreita. A conjunção de fatores sociais, politicos, psicológicos e históricos contribuem para caracterizar o que seja uma língua e um dialeto. Aspectos puramentelinguísticosnãosãosuficientesparacaracterizarumououtro.eaquianoçãodepoderentraem jogo. Adistinçãoentrelínguaedialetoétãosutilqueédifícildeterminarmosquantaslínguasequantos dialetosexistemnomundo.sobumaperspectivesincrônica,descritiva, língua serefereouaumaúnica normalinguísticaouaumgrupodenormasrelacionadas.emumsentidodiacrônico,alínguapodetantoser uma língua comum em sua trajetória para a dissolução, como uma língua comum que resulta de uma unificação.um dialeto,então,éumadasnormasrelacionadasaonomegeraldelíngua;historicamente,éo resultadodadivergênciaoudaconvergência. Tendoemvistaqueesseprocessohistóricopoderepetirseindefinidamente,osdoistermossão aplicaveisciclicamente,ouseja,com língua semprecomootermosuperordenadoe dialeto,semprecomo subordinado.dissoresulta,termossempreaseguinterelação: X éumdialetodalíngua Y,oualíngua Y temosdialetos A e B.Nuncasetem,porexemplo, Y éumalínguadodialeto X.Essarelaçãode dependênciatambémlevanosaconstatarqueotermo língua podeserusadosemquefaçamosreferência adialetos;omesmonãoacontecequandofalamosdealgumdialeto.nessecaso,semprevamosdizerqueo dialetopretenceaumalíngua.podemos,apartirdoquefoidito,concluirquetododialetoéumalíngua,mas nemtodalínguaéumdialeto. Emfrancês,umterceirotermofoiutilizado, patois,queseaplicou,principalmente,àlínguafalada. DeacordocomodicionáriodaAcademiaFrancesa,dialetoéumavariedaderegionaldeumalíngua,eleinclui umaculturaliteráriacompleta.paraandrémartinet(1964),asituaçãodofrancêsédiferente,pelofatode seremencontradosváriospadrõesregionaisescritos.osdialetosfranceseseramregionaise,quandodeixaram deserescritos,tornaramse patois.um patois,então,éumanormalinguísticanãousadacompropósitos literários,limitadoasituaçõesinformais.taldistinçãointroduzumanovadimensãonoquecolocamosaté aqui:asfunçõessociaisdeumalíngua.emsetratandodadistinçãolínguadialeto,podemosdizerqueo patois éumdialetoqueserveaumapopulaçãoemsuasfunçõesdemenosprestígio.adistinçãopatois dialetonãoé,portanto,entredoistiposdelínguas,masentreduasfunçõesdalíngua. EmInglês,otermo patois nuncafoiadotadonadescriçãodalíngua,edialetocarregouoseu sentidodeusopopular. Dialeto éumtermoquesugerefalainformaloufalaruralouaindafaladeclasse socialmaisbaixa.comoumanormasocial,umdialetoéumalínguaqueéexcluídadasociedadepolida.um LETRAS 74

americanosentesemenosofendidosealguémreferirseaeledizendoquefalacomo sotaque dessaou daquelaregião,doquesedisserqueelefalaumdialeto. Falando de dialeto, podemos também estabelecer uma distinção entre dialeto social e dialeto regional.oprimeirodizrespeitoaostatussocialaquesepertence;oúltimo,àregiãodeondeseéoriginado. A distinção entre língua e dialeto remetenos a duas claras distinções: uma estrutural e outra funcional.aestruturaltemavercomoaspectodescritivodalínguaemsi;afuncionaltemavercomoaspecto descritivodeseususossociaisnacomunicação.considerandoqueoestudodaestruturalinguísticaévisto comotarefacentraldoslinguistasformais,cabe,aossociolinguístas,oestudofuncional. Aodiscutirmosarelaçãoentredialetoelíngua,devemosincluirtambém anação.emvistadisso, podemosestabelecerquatroaspectosdodesenvolvimentodalínguaquesãocruciaisparaumdialetotornar seumlíngua,oumelhor,passardousovernacularparaousopadrão: (1)seleçãodanorma; (2)codificaçãodanorma; (3)elaboraçãodafunção; (4)aceitaçãopelacomunidade. Asduasprimeirassereferem,principalmente,àforma;asduasúltimas,àfunção.Aprimeiraea últimaestãovoltadasparaasociedade;asegundaeaterceira,paraalíngua.essesquatroaspectosformam umamatrizquepodepossibilitarnosdiscutirtodososprincipaisproblemasdalínguaedodialetonavidade umanação.. Por fim, vale a pena chamar a atenção para o fato de que o estudo do dialeto é campo da Dialectologia.Umadisciplinaque,noBrasil,temmuitosadeptos,comoveremosnasegundapartedeste material. ATIVIDADE:Reflitasobreasseguintesquestões: SobreoPortuguêsfaladonoBrasil,oqueserialínguaeoqueseria dialeto? Queexemplosjustificariamasuaresposta? Façaumlevantamentodealgunsitenslexicaisqueconsideraserem específicosdesuaregião. LETRAS 75

Sotaque e dialeto Emgeral,écomumpercebermos,nosfalaresregionaisbrasileiros,determinadasmarcasquenão estãoatreladas,porexemplo,aaspectossegmentais,ouseja,aoselementosqueconstituemaspalavras. Facilmentesabemosquandoestamosouvindo, porexemplo,umbaiano,ummineiro,umcarioca,umgaúcho etc,apenaspelosotaquequecadaumdelestemdepeculiar.écomosecadaumtivessesuamelodia,eessa melodiasoanos,diferentemente,comomaislenta,maisrápida,maisagradávelounãoetc. Háquempensequequandofalamosemsotaque,estamosfalandodeusodiferenciadodositens lexicais.nãoéistoqueéosotaque.éfácilobservarmosamusicalidadequeexistenofalardecadaregião,e mesmodecadaestadobrasileiro.amusicalidadequehánofalarbaianoétotalmentediferentedaquelado carioca,porexemplo.emesmoobaianodointeriorvaiterumamusicalidadediferente.nãoéofatodeo baianofalar oxente o mineirofalar uai,ogaúchofalar tchê quecaracterizaosotaque.estesitens constituemasmarcasdialetaisquecaracterizamessesfalares. Emtermosbemgerais,émuitocomumquecadaindivíduoestabeleçaumjuízodevaloracercada falaqueestásendoouvida:maiscantada,menoscantada,maiselegante,maisbregaetc.issocaracterizao que se chama de sotaque, que pode ser entendido como uma forma determinada de pronunciar uma variedade,masconsiderandooaspectoprosódicoou,comonosreferimos,anteriormente,melódico. Associadasaosotaque,podemencontrarmarcassegmentaisqueenvolvemprincipalmenteaspectos fonéticos.cadafalantenobrasil,acreditamos,devesercapazdeidentificarossotaquesdedeterminados grupos,associandolheumdeterminadoaspecto. Se pensarmos em termos segmentais, podemos verificar que os diferentes falares brasileiros tambémtêmmarcascaracterísticas.logopercebemosqueocariocafala chiando,istoporqueéfortea palatalizaçãodasfricativascoronais[s,z]entreeles;queopaulistadointerior,algunsmineiros,paranaenses etc.produzemum erre bastantediferentedoencontradoemoutrosestados,denominadoderetroflexo; quemuitosnordestinosproduzemasoclusivasdentais/t/e/d/,antesdavogal[i] ],bemdiferentesdeoutras partes do Brasil. Esses aspectos caracterizam falares de determinados grupos, mas somente eles não caracterizamosotaque. Nãodevemosconfundirsotaquecomdialeto.NoBrasil,apalavradialetotemamesmaacepçãode falar.diferentedeoutrospaísesqueconvivemcomdiferençasdialetaisbemacentuadas. Agoraé com você Verifiquenasuacomunidadeoquenafalaatornadiferentedeoutrascomunidades. Apartirdaverificaçãoanterior,comovocêreageaessasmarcasdiferenciadoras? LETRAS 76

Registro e Estilo Semprefazemosmuitaconfusãoquandoprocuramosdefinirregistroeestilo. Otermoregistroestámaisligadoaousodoqueaousuário.Aodefinirmosregistro,éimportante consideraracircunstânciaeopropósitodasituaçãocomunicativa. Oregistropodeserdefinidosobdoisângulos:restritoouamplo. Quandopensamosdeformarestrita,oregistropodeservistocomoumavariedadeocupacionalda língua.dessaforma,sãoconsideradosregistroquaisquerformasdefalarutilizadaspordeterminadosgrupos quefazempartedeumadadaáreadeconhecimento:advogados,médicos,técnicosemcomputaçãoetc.e quanto a isso, é interessante observarmos que, se não pertencemos a uma dessas áreas, dificilmente entederemosoqueelesdizemouescrevem,senãotivermosoauxíliodealguémdaárea.aexperiêncianos dizqueépraticamenteimpossívelacompanharmos,porexemplo,asanotaçõesnosprocessosjudiciaisquesão veiculadospelainternet.semprevamosbuscarajudaentreoscolegasdojudiciárioparaqueacomopreensão nãosejaprejudicada. Deformaampla,oregistropodeservistocomoumtipodegênerosocialdousolinguístico,poderia equivaleraumtipodegênerotextualoudiscursivo.assim,umafalasobrecomosefazerumbolo,uma receita,seriaumtipoderegistro. Emgeral,oregistrousadoporpessoascomníveldeescolaridademaisaltoapresentasecomomais elaboradodoqueoutilizadoporpessoascommenosescolaridade. Nocontextodoestudosociolinguístico,oestiloserefereàvariaçãodentrodosregistrosquepodem representarasescolhasindividuaisaolongodasdimensõessociais.umadimensãoestilísticadentrodeum registroseriaaescalanocontinuumformalidade casualidade.essaéumavisãoquefoitrabalhadanosanos 1960porWilliamLabov. Amaioriadosestilossãopensadoscomoescalas,indodomaisformalaomaiscasual,commuitas gradações entre si. Outras escalas estilísticas incluem relações como: impessoal íntima, monolóica dialógica,formulaica criativaeassimpordiante.todasessaspossibilidadespodemserescolhaslinguísticas dosenunciados. Emgeral,oestiloéconsideradoumdostraçosmaisimportantesparaasociolinguísticaquantitativa, quandosetratadainterseçãodocontinuumsocialcomoestilístico.comisso,estamosdizendoque,seum traçoocorrecommaisfrequêncianafaladaspessoasdeumgruposocialmenosfavorecido,comcertezaele ocorrerácommaisfrequêncianousoinformalportodososfalantes.acondutadecadagruposocialvariade acordocomograudeformalidadeimpressoàfala,semaisformaloumaisespontâneo.assim,oestilopode passardeformalainformalporrazõesquecompreendemocontextosocial,arelaçãoentreosparticipantes, osexo,aidade,aescolaridadeeotema.emboracadagruposocialapresenteíndicedeusosdiferentesem cadaestilo,todososgrupos,àmedidaquecresceaformalidade,mudaoestilonamesmadireção.todosos gruposreconhecemodeclaradoprestígiodavariedadepadrãoepassamaelaquandoutilizamumestilomais LETRAS 77

formal.ograudeformalidadepodeserdefinidoemfunçãodograudeatençãoqueosfalantesprestamasua própriafalada.eéassimquelabovviuoestiloemsuaspesquisas. Seaclassesocialpode estaratreladaaessaconcepçãodeestilo,seráqueoquefoiditono parágrafoanteriorpodeaplicarseaoportuguêsbrasileiro?adificuldadeemaplicarseestáexatamentono fatodenãoseternobrasilumadefiniçãodeclassesocialmuitoprecisa.parâmetrosquefuncionampara outrascomunidades,nobrasil,nãoseaplicam.reunir,parâmetros,comofezlabovemnewyork,emnívelde ocupação,renda,localderesidênciaeescolaridadeparadefiniraclassesocialaquepertenceofalantenão funcionaaqui.sabemosque,emgeral,aclassesocialmaisaltanobrasilépensadaparaaquelesquedetém maiorpoderaquisitivo,enemsempreelessãoosquetêmmaisaltoníveldeescularidade,oqueimplicanem sempreconheceremoquedefinealínguapadrão. Muitas vezes o desconhecimento da norma por essas pessoas pode gerar um processo de hipercorreção. Suponhamosqueadistribuiçãodeumdeterminadousodalínguaapresentedesviosemrelaçãoao queseconsiderapadrão.ogrupoqueestálocalizadononívelsocialmaisaltoetambémoqueestánonível maisbaixomostammudançasdeestilotãoradicalquenosníveismaisformaisogrupoqueestásituadomais baixousaumadeterminadavariantecommaiorintensidadedoqueogrupomaisalto.essepadrãocruzadose consideraumsintomadachamadahipercorreção.aclassemaisbaixareconheceumanormaexternade correçãoesuacondutasecaracterizaporessereconhecimentoeporsuainsegurançaacercadesuaprópria fala.oscasosmaisclarosdehipercorreçãosedãoquandootraçolinguísticoemquestãoestáexperimentando umamudançacomorespostaàpressãoexercidapelanormadaclassemaisalta.ahipercorreçãopraticada pelaclassemaisbaixaaceleraaintroduçãodanovanorma.quandofalamosdessaclassemaisbaixa,não estamos falando dos grupos menos favorecidos brasileiros, mas, o que acabamos de mencionar é uma característicadaquelegrupoqueconhecemoscomoclassemédia. Outrotipodehipercorreçãodizrespeitoàproduçãoaritificaldeformasquesãoincorretas.Assim, pronúnciasaltamenteestigmatizadasseassocialmpopularmenteaochamadosotaque,embora,narealidade, possamserencontradasnaclassesocialmaisbaixadetodaacomunidade.determinadosfalantesquequerem distanciarse dessa forma de falar corrigem tais formas. Os falantes alteram esses sons porque são conscientesdoestereótipoaeleassociado,estereótipoqueindicaqueéumapronúnciaincorreta.muitas vezes, o fenômeno produz uma forma que não só é hipercorreta, mas que também inexiste na forma prestigiosa da fala que estão tentando imitar. Tais hipercorreções chegam a ser tão frequentes que se convertem,porsuavez,emestereótipos. Asdiferençasdeestilopodemserobservadasnovocabulário,nasintaxe,napronúncia. Oestiloéumadasfontesdevariaçãointernadeumalínguapadrão.Diferentesgrausdeformalidade em situações específicas produzirão diferentes variedades da língua. Normalmente, os estilos são caracterizadospelousodecertaspalavras.elepodevariaremtermosdeformalidade.assim,podemosafirmar quealínguaescritacarregamaiscaracterísticasdoestiloformal,enquantoalínguafalada,emgeral,temmais característicasdeumestiloinformal. LETRAS 78

Etnia, biling Em termosofic sedeveesq háaconviv alémdalin comunicam italiano,jap O etnia,sejae Ao sotaque,ou docódigop Em lingua.ness estilomaisf Qu escolha do movimento A Assim,oin utilizadopa pessoas. Bi umadicoto composto. definiçõesd Agora com você guismo, diglo mmuitospa iais,muitos quecer,entre vênciacomo gualoficial, mutilizandoa ponêsetc.,re usodalingu elaracialou ofalar,oind uumestilo,o podeserusad mgeral,os secaso,am formalpara uandosefal o código é onodomínio habilidaded ndivíduoque araaquelas linguismote omia.assim, A essas cat debilinguism Faça edu Você prof Iden faze Rela situa aé m ê ossia aísesdomu delessãode etanto,que outraslíngua umaoutra alinguamat eflexodacol ua,emboras cultural. divíduopode ouseja,usar daparaseid falantestêm mudançadec omenosfor aemmudan determinada odeumcódig defalarmais efalamaisd comunidade emsido,com podemosp tegorias estã mosurgecom aumlevanta cação,direito êachaqueo fissionaldess ntifiqueform emaoutilizar ateumaexpe ação. ndo,háum eclaradamen aoladodas as,aexemp lingua,como erna.noses onização. ejavistocom eescolherus rumcódigo dentificarcom masuadis códigopode rmal. nçadecódig a pelo dom goparaoutr sdeumalin deumaling esemqued mfrequência pensaremb ão atrelado mbloomfiel mentodeite o,música,me usodoestilo sesdomínios asdiferencia ralínguaespe eriênciaemq magrandepr temonolíng línguasofici lodaslíngua oéocasod stadosdosu mosímbolon sarumaling emdiferent moutrosfala posiçãodife eráacontece o,aelaseas mínio dos fa ro. nguaserefer gualéchama uasoumais a,definidoe ilingueparci s fatores co d,paraquem nslexicaisca edicina).dêu oinformalma sermaiscom dasderegist ecificamente ueomesmo redominânci gues,aexem aispredomi asindígenas dospovosor ldobrasil,é nacionalista, guaespecífic tesocasiões antes. erentescódig r,porexem ssociaanoçã alantes. A s reàcapacid adodemult slínguassão descritoem ialxbilingue omo proficiê mcorrespon aracterísticos umaexplicaçã aisdoqueor mpreensível? roapartirda nasuaárea. falanteutiliz iadousode plodosesta nantesnesse s.hátambém riundosdeo écomumgru podetambé aouumdia ecomdifere gos,mesmo plo,comaa ãodecodes situação de adebilíngue ilingue.esse ocomument mtermosde eideal;bilin ência, funçã nderiaaoco dealgunsreg ãoparacada registroprofi aobservação eestilosdife LETRAS 7 emaisdeu dosunidose espaísesdit mcomunida outrospaíses uposaindafa émidentifica aleto,ouum entespropó oquandofa alteraçãodo switching,se codeswitc eoumultilín etermotam tefaladaspe categoria,d guecoorden o etc. Uma ntroledofa gistrosprofis umdelesno ssionalajuda quediferent renciadosao 79 umalingua. edobrasil.n osmonoglot adesquefala squeainda alaremalem ardiferenças regitro,ou sitos.aesco laapenasu estilo,indo egundoaqua hing implica guedofalan mbémpode elamaioria deescalaou nadoxbiling das primei lantenativo ssionais(taisc oestiloinform ariaaescrita tesprofission omudara Em Não tas, am, ase mão, sde um olha uma do ala a o nte. ser das de gue iras ode como mal. nais

duaslínguas.deláparacá,outrasacepçõesforamadotadas,admitindose,porexemplo,queessecontrolede duaslínguasnãofossecompleto,eaíteríamosumbilinguismocaracterizadocomoincipiente. Ousodobilinguismopode,muitasvezes,contribuirparaamudançaoumortedeumadaslínguas. Emgeral,acomunidademonolínguequepassaabilinguepodeviverumasituaçãodiglóssica.Comotempo,a línguaquedetémmaiorpodernacomunidadepodecontribuirparaqueaoutrapasseaserutilizadacom menosfrequência,atéchegaraoseudesaparecimento. Os anos 50do século passado foram uma década de muitos estudos voltados parao contato linguístico,fornecendomuitosestudosdescritivoseváriaspropostasteóricas,promovendo,assim,ointeresse pelodesenvolvimentodemaispesquisas.textocomoosdeweinreich LanguagesinContacteodeHaugen BilingualismintheAmericas procuraramsalientaranecessidadedemaisestudosinterdisciplinarescom vistasàidentificaçãodefatoresextralinguísticosquepossamassociarseaestecampodeestudo. Quandoduaslínguaestãoemcontato,osfalantesdeumalínguapodemaprenderelementosda outra.essaaquisiçaodalínguanãonativaproduzobilinguismo.emboraamudançaresultantenossistemas sejamumproblemapuramentelinguístico,obilinguismoemsiéessencialmentesociológico. Vários exemplos de línguas em contato sugerem que o bilinguismo é raro caso se espere o balanceamentoentreosdoisgruposdefalantes.emgeral,oqueseobservaéquefalantesdeumdosgrupos defalatornamsemaisbilinguesdoqueoutros.istopoderesultardodomínioqueumgrupotemsobreo outro.alínguadogrupomaisforteésempremaisprivilegiada,eissofazcomqueogrupomaisfracoaprenda alínguadooutrogrupo. Visto historicamente, duas coisas podem resultar do contato linguístico em uma determinada comunidade:primeiro,obilinguismopodeserindefinidamenteprolongado,deformaqueambasaslínguas continuemaseraprendidas;segundo,umadasduaslínguaspodecairemdesuso,e,nessecaso,podeseestar diantedeumamudançalinguística,eobilinguismocessacomamortedoultimofalantedalínguaquenão estásendomaisaprendida. Falar de bilinguismo no Brasil não é algo muito comum, considerando que essa nào é uma característicadamaioriadascomunidadesbrasileiras. Nonordestebrasileiro,porexemplo,praticamenteinexisteessetipodecomunidade.Emgeral,em todaselasosindivíduosfalamapenasalinguaportuguesa.aocontrário,daregiãosul,emqueosindivíduosde váriascomunidadesdominammaisdeumalingua. Nas comunidades em que duas variedades de lingua são usadas, e onde há uma divergência funcionalinstitucionalizadanouso,dizemoshaverdiglossia.situaçãodiglóssicaéaquela,portanto,emque convivemduaslínguas,cadaumadelasservindoparaumdeterminadofim.sabemosquehácomunidades indígenasnobrasil,comfortepredomíniodoportuguês,mascomautilizaçãodalinguaindígenaparafins,por exemplo,religiososeculturais.podemosafirmarqueumasituaçãodiglóssicacorrespondeaumadistribuição complementar,ouseja,ondeumalínguaforusadaaoutranãooserá. LETRAS 80

Umdosmaisimportantestraçosdadiglossiaéaespecializaçãodecadaumadasvariedades.Em determinadassituaçõesapenasumavariedadeéapropriada,enquantoqueemoutrassituaçõessóaoutra variedadeéqueéapropriada. O estudo das diglossias é de grande valor para que se entendam os processos de mudança linguística. Agoraé com você Pidgin e crioulo Façaumlevantamentodeitenslexicaiscaracterísticosdealgunsregistros profissionais. Relateumaexperiênciaemqueomesmofalanteutilizeestilosdiferenciadosao mudardesituação. Emgeral,todasaslínguasnaturaistiveramorigememoutraslínguasaqueestãoestreitamente relacionadas.podemosidentificaroprocessodenascimentoedematuraçãodeumalinguacomoresultadode línguaspidginecrioulas. Emduascomunidadescomcontatoprolongado,emgeralsedesenvolveumalínguafranca,ouseja, umalínguacomum.istopodeacontecerdequatroformas:umalínguadecontato,umalínguaauxiliar,uma línguainternacionalouumlínguadecomércio. OLatim,porexemplo,apartirdocontatoentreváriaslínguasdesenvolveumuitasformasque, em seguida,resultaramemoutraslínguas,aexemplodoportuguês,francês,italiano,espanhol,romenoetc. Entendemosporlínguaauxiliarlínguasartificiaiscriadascomdeterminadosfins.OEsperanto,por exemplo,éumadelas.emgeral,elastêmvocabuláriotécnicoaltamenterestrito.houvemomentos,emque pesnamosqueoesperantoseriaalínguaqueserviriaparaacomunicaçãoentretodosospovosfalantesde diferenteslínguas.umasériededificuldades,entretanto,nãoapromoveuaessestatusdelínguaunificadora. Umalínguainternacionalseprestaparaacomunicaçãocomdiferentespaíses.OInglês,porexemplo, éutilizadomundialmentepordiferentescomunidades.naaméricalatina,omesmoacontececomoespanhol, visto que os diferentes países a utilizam. Viajando pela Europa, que reúne países com línguas oficiais diferenciadas,podemosperceberqueoinglêstemessecaráterdelínguainternacional. Há situações em que comunidades em contato necessitam de uma língua comum com fins comerciais. Quandoocontatoentrediferentesgruposémaisprolongado,umalínguahíbridapodesurgir,aessa línguadáseonomedepidgin.emgeral,istoaconteceemsituaçõesondeumalínguadominaasdemais.desta LETRAS 81

forma,oselementosdasintaxeedoléxicodecadaumadaslínguassãosimplificadosecombinadosparaque hajacompreensãoentreosfalantes. Apesardeopidginterelementosreconhecíveisdecadaumadaslínguasqueoconstituam,elenãoé simplesmenteumaforma quebrada deumadaslínguas:ospidginstêmsistemasderegrasquedevemser aprendidos.consequentemente,aslínguaspidgintendematerumvocabuláriorestrito,umsistemasintático simples, e também têm uma limitada quantidade de funções (comércio local, negócios relacionados a casamento,disputasdeterras,porexemplo).qualquerumqueuseopidginsempreterásualínguanativa própria,eousaráapenasquandofornecessário. Ospidgins,normalmente,sãoencontradosemáreaslitorâneas,esurgiramtipicamenteno períododascolonizações.poressarazão,ospidginstendemaserbaseadosnaslínguasdoscolonizadores europeus:francês,holandês,espanhol,portuguêseinglês.quaseametadedetodosospidginsecrioulostêm oinglêscomoelemento.emgeral,seupapelestádiretamenterelacionadoaquestõesdeordempolíticae social.quandosedizqueospidginsoucrioulossebaseiamnestaounaquelalínguaéporqueamaiorpartedo vocabulário foi tomado da língua em questão, enquanto a estrutura gramatical tem influência de outras línguas,geralmenteconhecidascomosubstrato.assim,crioulodebasefrancesasignificaqueelatomoudo francêsmaiorpartedoseuvocabulário.noestadodoamapá,naregiãodooiapoque,podeseencontrar exemplodecrioulodebasefrancesa. Quandoumpidgintornaseumcrioulo? Umpidgintornaseumcriouloquandoeleforadquiridocomolínguamaternadeumanovageração. Nessascircunstâncias,ospidginsrapidamentedesenvolvemummaiornúmerodefonemas,umvocabulário maisamplo,sintaxemaiscomplexaeumagrandevariedadedeopçõesestilísticas,permitindoaousuário opçõesdeescolhas,dependendodasituação.contudo,nemtodopidgintornaseumcrioulo,e,àsvezes,um pidgineumcrioulopodemcoexistiremcentrourbanoserurais. Levandoemconsideraçãoaspectoshistóricos,geográficoselinguísticos,podemosreconhecerdois grandesgruposdelínguascrioulas:asdoatlânticoeasdopacífico.asprimeirastiveramsuaformaçãonos séculosxviiexviii,nocaribeenaáfricaocidental,enquantoasúltimas,tiveramsuaorigem,principalmente, noséculoxix.asdoatlântico,resultaram,emgeral,docomérciodeescravosnoocidentedaáfrica,deonde veiograndenúmerodeescravosparaseremdistribuídosentreospaísesatravésdocaribe.tambémdoreino Unidomuitasdelasforamtransplantadaspelosseusimigrantes.AslínguascrioulasdoAtlânticopossuemum mesmosubstrato,oquejustificacompartilharemmuitosdeseustraços. AslínguascrioulasdoPacíficotêmsubstratoconstituídopordiferenteslínguase,alémdisso,tiveram condiçõessocioculturaisdiferentesdasdoatlântico.nasduasáreas,oaparecimentodospidginstiveramforte influênciadasplantações,apesarde,nopacífico,ostrabalhadoresnãoserem,emgeral,escravos;sim,homens recrutadosecontratados.istocontribuiuparaqueoprocessodecrioulizaçãodopacíficofossemaisgraduale menosabruptodoqueodoatlântico. LETRAS 82

Cr ounenhum pressãodo desenvolve Di faladoport elitessociai comoéoc exemplo,in Ca asvariedad ignorância. escolaseos contrárioo Ap reconhecim oscrioulos viaderegra Etnia, biling Em termosofic sedeveesq háaconviv alémdalin comunicam italiano,jap O etnia,sejae Agora com você rioulos,como mainterferên poderlocal rse. iferentesfor trabalhadore is,oacroleto casodoinglê ndianização, asoapressã desbasiletai Nessascircu sjornaisnão crioulopode pesardeser mentooficial mudemdes a,osgoverno guismo, diglo mmuitospa iais,muitos quecer,entre vênciacomo gualoficial, mutilizandoa ponêsetc.,re usodalingu elaracialou aé m ê oosafricano nciadalíngu empresenç rmasdocriou esmanuais,v o,comvarie êsjamaicano americaniza odepoderd semesolet unstâncias,o outilizam. edesaparece remmuitou nospaisese statuseseja ossemantêm ossia aísesdomu delessãode etanto,que outraslíngua umaoutra alinguamat eflexodacol ua,emboras cultural. NoBrasil, falado.bu posicionam os,podemde uaparentee çadalíngua ulopodemt variedadeba dadesentre o.istoépar çãoeassim dopadrãolo taistornam ogovernoloc Excetoalea eraoperder utilizadaspe emquesãof mnormaliza momissos. ndo,háum eclaradamen aoladodas as,aexemp lingua,como erna.noses onização. ejavistocom existeumag usquealitera mentossobre esenvolvers européia.co padrão.nes ornarsesoc asiletal;uma si,omesole tedeumpr pordiante). ocalsejamu seestigmat calsemprep ldadeàlíngu todososseu lapopulação faladas.ling ados,afimd magrandepr temonolíng línguasofici lodaslíngua oéocasod stadosdosu mosímbolon grandediscus turapertinen eapresença seapontode ontudo,muit sascircunstâ cialmenteest variedadem eto.oacrole rocessomais itoforte,oc tizadaseass proíbeouso uaeoprestíg usfalantes. o,amaior guistasdoca epoderems redominânci gues,aexem aispredomi asindígenas dospovosor ldobrasil,é nacionalista, ssãoacercad nteeapresen do crioulo esetornarem toscrioulos âncias,umc tratificadas: maisligadaà etopodeevo samplo,con crioulopode sociadascom docrioulo,c giocoberto, partedaslín aribeedopa serutilizado iadousode plodosesta nantesnesse s.hátambém riundosdeo écomumgru podetambé abasedopo nteosdiferen noportuguê LETRAS 8 mlínguasliv baseadosno continuumpó ocriolulopl formapadrã oluirparaum nhecidocom etornarsed mafaltade considerado ouimplícito nguascrioula acíficotêml scomfinse emaisdeu dosunidose espaísesdit mcomunida outrospaíses uposaindafa émidentifica rtuguêsaqui ntes sbrasileiro. 83 vres,compou oinglêssofr óscrioulopo lenamenteli ão,faladape manovalíng moxização( descreolizado eletramento impróprio,e o,asustenta, asnãogoza utadoparaq ducativos,m umalingua. edobrasil.n osmonoglot adesquefala squeainda alaremalem ardiferenças uco rem ode ivre elas gua, por o,e oe eas,do de que mas, Em Não tas, am, ase mão, sde

Aofalar,oindivíduopodeescolherusarumalinguaespecíficaouumdialeto,ouumregitro,ouum sotaque,ouumestilo,ouseja,usarumcódigoemdiferentesocasiõesecomdiferentespropósitos.aescolha docódigopodeserusadaparaseidentificarcomoutrosfalantes. Emgeral,osfalantestêmasuadisposiçãodiferentescódigos,mesmoquandofalaapenasuma lingua.nessecaso,amudançadecódigopoderáacontecer,porexemplo,comaalteraçãodoestilo,indodo estilomaisformalparaomenosformal. Quandosefalaemmudançadecódigo,aelaseassociaanoçãodecodeswitching,segundoaquala escolha do código é determinada pelo domínio dos falantes. A situação de codeswitching implica o movimentonodomíniodeumcódigoparaoutro. Ahabilidadedefalarmaisdeumalinguaserefereàcapacidadebilíngueoumultilínguedofalante. Assim,oindivíduoquefalamaisdeumalingualéchamadodemultilingue.Essetermotambémpodeser utilizadoparaaquelascomunidadesemqueduasoumaislínguassãocomumentefaladaspelamaioriadas pessoas. Bilinguismotemsido,comfrequência,definidoedescritoemtermosdecategoria,deescalaoude umadicotomia.assim,podemospensarembilingueparcialxbilingueideal;bilinguecoordenadoxbilingue composto. A essas categorias estão atrelados fatores como proficiência, função etc. Uma das primeiras definiçõesdebilinguismosurgecombloomfield,paraquemcorresponderiaaocontroledofalantenativode duaslínguas.deláparacá,outrasacepçõesforamadotadas,admitindose,porexemplo,queseessecontrole deduaslínguasnãofossecompleto,eaíteríamosumbilinguismocaracterizadocomoincipiente. Ousodobilinguismopode,muitasvezes,contribuirparaamudançaoumortedeumadaslínguas. Emgeral,acomunidademonolínguequepassaabilinguepodeviverumasituaçãodiglóssica.Comotempo,a línguaquedetémmaiorpodernacomunidadepodecontribuirparaqueaoutrapasseaserutilizadacom menosfrequência,atéchegaraoseudesaparecimento. Os anos 50do século passado foram uma década de muitos estudos voltados parao contato linguístico,fornecendomuitosestudosdescritivoseváriaspropostasteóricas,promovendo,assim,ointeresse pelodesenvolvimentodemaispesquisas.textocomoosdeweinreich LanguagesinContacteodeHaugen BilingualismintheAmericas procuraramsalientaranecessidadedemaisestudosinterdisciplinarescom vistasàidentificaçãodefatoresextralinguísticosquepossamassociarseaestecampodeestudo. Quandoduaslínguaestãoemcontato,osfalantesdeumalínguapodemaprenderelementosda outra.essaaquisiçaodalínguanãonativaproduzobilinguismo.emboraamudançaresultantenossistemas sejamumproblemapuramentelinguístico,obilinguismoemsié,essencialmente,sociológico. Vários exemplos de línguas em contato sugerem que o bilinguismo é raro, caso esperemos o balanceamentoentreosdoisgruposdefalantes.emgeral,oqueobservamoséquefalantesdeumdosgrupos defalatornamsemaisbilinguesdoqueoutros.istopoderesultardodomínioqueumgrupotemsobreo outro.alínguadogrupomaisforteésempremaisprivilegiada,eissofazcomqueogrupomaisfracoaprenda alínguadooutrogrupo. LETRAS 84

Visto historicamente, duas coisas podem resultar do contato linguístico em uma determinada comunidade:primeiro,obilinguismopodeserindefinidamenteprolongado,deformaqueambasaslínguas continuemaseraprendidas;segundo,umadasduaslínguaspodecairemdesuso,e,nessecaso,podeseestar diantedeumamudançalinguística,eobilinguismocessacomamortedoultimofalantedalínguaquenão estásendomaisaprendida. Falar de bilinguismo no Brasil não é algo muito comum,, considerando que essa nào é uma característicadamaioriadascomunidadesbrasileiras. Nonordestebrasileiro,porexemplo,praticamenteinexisteessetipodecomunidade.Emgeral,em todaselasosindivíduosfalamapenasalinguaportuguesa..aocontrário,daregiãosul,emqueindivíduosde váriascomunidadesdominammaisdeumalingua. Nas comunidades em que duas variedades de lingua são usadas, e onde há uma divergência funcionalinstitucionalizadanouso,dizemoshaverdiglossia.situaçãodiglóssicaéaquela,portanto,emque convivemduaslínguas,,cadaumadelasservindoparaumdeterminadofim.sabemosquehácomunidades indígenasnobrasil,comfortepredomíniodoportuguês,mascomautilizaçãodalinguaindígenaparafins,por exemplo,religiososeculturais.podemosafirmarqueumasituaçãodiglóssicacorrespondeaumadistribuição complementar,ouseja,,ondeumalínguaforusadaaoutranãooserá. Umdosmaisimportantestraçosdadiglossiaéaespecializaçãodecadaumadasvariedades.Em determinadassituaçõesapenasumavariedadeéapropriada,enquantoque,emoutras,sóaoutravariedadeé queéapropriada. Oestudodasdiglossiasédegrandevalorparaqueentendamososprocessosdemudançalinguística. Agoraé com você Relatesituaçõ õesemquealínguafaladarefletecadaumdosconceitosdessaseção. As línguas e a sociedadee Quantaslínguasexistemnomundo? Estanãoéumaperguntafácildeserrespondida..Alémdofatode,porquestõespráticas,serdifícil estabelecermos esse número, existe o problema de, muitas vezes, estarmos diante de um continuum linguístico,ondeasfronteirassãodifíceisdemarcarmos. Desdeasúltimasdécadasdoséculopassado,muitoslinguistastêmdesenvolvidoestudosvoltados paraumagrandequantidadedelínguas.todosessesestudosresultamnaconclusãodequenãohárazões LETRAS 85

linguísticasparadizermosqueumalínguaésuperiorouinferioremrelaçãoaumaoutra.comisto,podemos afirmar que todas as línguas podem gozar do mesmo status. Todas elas são constituídas de sistemas complexosesãoigualmenteválidasparaseusfins. Éverdadequeaslínguasdiferem,maselasdiferemapenasnoqueelastêmadizer,nãonoqueelas podemdizer.àsvezes,emumalíngua,precisamosdeapenasumapalavraparadizermosoqueemoutra seriamnecessáriasduasoumais.algumaslínguaspodemtervocabuláriomaisamplosobrealgunstópicos, masistoé,simplesmente,umreflexodasnecessidadesdosseusfalantes. Ofatodenenhumalínguasermelhordoqueoutraédesumaimportânciaparaopapeldalínguana educação.nocasodoportuguêsfaladonobrasil,querepresentaumasólínguacomalgumasdiferenças quandosecomparafalaresdediferentesregiões,nãopodemosdizerqueumfalarésuperiorouinferiora outro.todososfalaressãoigualmentecomplexos,estruturadosesistemaslinguísticosválidos.nãoexiste evidênciaparasugerirmosqueumfalarsejamaisexpressivo,maislógicodoquequalqueroutro,oupostular queháfalaresquesãomaisoumenosavançados,quandosãocomparados. OsestudosrealizadosnoBrasilsobreosdiferentesfalarestêmabordadoquestõesdenatureza fonológica,sintática,lexical,semântica,discursivaetc.podemosafirmarquetaisdiferençasnãoafetamo sitemagramaticaldalíngua.acorrelaçãoentreoquesefalanonorteenosul,oucasosedesejecomparar outras regiões, não acarreta problemas de compreensão entre os falantes, e, quando isso acontece, é facilmenteresolvido.temos,muitasvezes,diferençasentreosfalaresquedizemrespeito,principalmente,ao usodecertositenslexicais.isto,podemosdizer,refletequestõesculturaislocaisinerentesàcomunidade. Muitaspessoaspodemnãoconcordarcomaidéiadequetodososfalaressãoigualmente bons. Elaspodemacharqueofalardosudesteémelhordoqueodonordesteeviceversa.Paraessaspessoas,a língua padrão do Brasildeve ser a de sua região. Atitudes dessa natureza não têm fundamento no fato linguístico. Não há parâmetro linguístico para avaliar um falar ou sotaque como melhor ou pior do que qualqueroutro. Casoquestionemosseasatitudesemrelaçãoàformadefalarsãodecaráterlinguísticoousocial,a respostaéquenãosão,completamente,decaráterlinguístico.elassãoatitudessociais.julgamentosque parecemser,naverdade,sobrealíngua,são,defato,julgamentosbaseadosnosvaloresculturaisesociais,e têmmuitomaisavercomaestruturasocialdacomunidadedoquecomalíngua.oqueaconteceéque,em qualquersociedade,diferentesgruposdepessoassãoavaliadasdediferentesformas.algunsgrupostêmmais prestígioestatusdoqueoutro,e,comoresultado,asformasdefalaresotaquesassociadosaessesgrupos tendemasermaisfavoravelmenteavaliadosdoqueoutrosfalaresousotaques. Algumas pessoas podem acreditar que existem bons e maus falantes devido às conotações sociais,maisdoquepelofatodeacreditaremqueelessãoinerentementesuperioresouinferiores.épossível quesuasavaliaçõesdigamrespeitomuitomaisaosdiferentessotaques.esses,sm,emgeral,sãoavaliados comounssendomelhoresdoqueoutros.háquemdigaqueossotaquesdosuledosudestesãomais agradáveis,maisatrativos,maisbonitos,maischarmosos,equeosdonordestesãomaisfeios,maisbregaetc. LETRAS 86

Taisjulgamentos,comcerteza,sãodeordemestética,comonocasodosfalares,portrásdessesjulgamentos estãoasconotaçõessociais. Nãoédifícilprovarqueissoéverdade.Primeiro,aavaliaçãodosotaquetemavercomaclasse social.pessoasdeclassesocialmaisaltasãoacreditadasteremumsotaquemaisbonito,ofeioestáassociado àspessoasdeclassessociaismenosprivilegiadas.segundo,nãoéraroossotaquesconsideradosfeiosestarem vinculadosazonadehabitaçãodaspessoas.pessoasdezonarural,emgeral,sãoconsideradasteremo sotaquefeio.etambémissoseestendeàregião.nordestinostêmsotaquefeio,afirmarãoaspessoasdosule do sudeste. Nordestinos têm sotaque bonitinho, engraçadinho, também dizem eles. No Brasil, tais atitudes, chegam a ser preconceituosas, com reflexos em vários campos do cotidiano. O sotaque regional, muitasvezes,podeinfluenciasnaconcessãode,porexemplo,postosdetrabalho.eissoocorrenobrasilcomo umtodo. Atéaqui,vimosqueosjulgamentossobrealgumasvariedadescomosendomelhoresdoqueoutras nãotêmbasenofatolinguísticoequeomesmotambéméverdadeparaosjulgamentosestéticossobrea relativaatratividadedediferentessotaques.oportugêspadrão,valedizer,estáassociadoafalantesdestatus maisaltonacomunidadeetemprestígioapenasporessarazão.paramuitaspessoas,naverdade,oprestígio doportuguêspadrãoétãoaltoqueelesnãosóoconsideram bom,nosentidoreferidoanteriormente,mas também o consideram correto. Não poucas vezes, as pessoas entendem que determinados usos são consideradoscorretoseoutrossãoconsideradoserrados. Quandoalguémdizqueumaformadefalaré ruim,elarealmenteestásereferindoaostatussocial baixodofalar.omesmoéverdadeparaanoçãodecorreção.traçosgramaticaisquesãovistoscomocorretos são,exatamente,aquelesquetambémsãoconsiderados bons,porcontadesuasimplicaçõessociais. De um ponto de vista puramente linguístico, não faz sentido falarmos de certo e errado em língua.assimcomoninguémsugeririraqueumalínguaémaiscorretadoqueoutra,nãohárazãoparase acreditarqueumfalarsejamaiscorretodoqueoutro. Apesar disso, temos de reconhecer que muitas pessoas acreditam que algumas construções e pronúncias do Português sejam erradas. Algumas razões devem ser colocadas para sustentar essa visão. Primeiro, podemos alegar que uma determinada forma seja um erro. Professores que desconhecem, por lacunaemsuaformação,osconceitoslinguísticosatreladosaessasnoções,têm,emgeral,ohábitodenomear aqueleusodalínguaquenãoestádeacordocomanormagramaticalcomosendoerrado..emrelaçãoaisso, podemoselencarumagrandequantidadedeexemplosnosdiferentesníveislinguísticos,sejadafonologia,da morfologia,dasintaxeetc. Segundo,todososfalarestêmgramáticaseelassãotodasiguaisnoverdadeirosentidodapalavra. Gramática é um termo que, dentre outras coisas, se refere à forma como as palavras são combinadas nas sentenças,etambémàsrelaçõesqueexistementreassentenças.elatambémsevoltaparaasfunçõesdas diferentes partes da fala e para as restrições sobre que combinações de palavras são possíveis. Visto que essessãoproblemasqueseafetamigualmente,todososfalaresdevemserconsideradostergramática. LETRAS 87

Um deveserco Ao diferençasd línguamais Francêsabs seummode Qu pararegula nãodesejav Na daprópria sualínguat No escrita,nor padrão,con aspectoslin suaformad muitoscida LETRAS 88 madasgran nsideradapa ofalarmosd degrau,me padronizada sorveumuito eloparaout uandooses ralíngua,a vaduplicaro afrança,com nação.com ornouseum obrasil,em rteadapelag nsiderandoa nguísticos.a defalacomo dãos. 8 desdificulda adrão. delínguapad esmoentrea a;maisdoq osdeseusco raslínguasp scritoresingl idéiadeum oqueelesvia moemoutro oaspessoas mveículoeu mgeral,quan gramátican apenasafala Associedade oapadrão,g Ativid Você justif Emg ems acom Que outra Emc Aspe pode pode adesemrela drão,nãode aslínguasbe ue,porexem onceitosdec padrão. eses,noséc ainstituição amcomotira ospaíses,o sdesenvolve msímbolod ndopensam ormativa,qu a.aofazerm sbrasileiras gerandopre dade êachaque,n fique. eral,quando etratandod modaçãoling aspectosde asregiões?o asoafirmativ ctosrelacion emterusodi ecorrelacion açãoaoportu evemosesqu emestabelec mplo,oinglê correçãoede culoxviii,de assimveiod aniadofranc processode eramumsen desuaunidad mosemlíngu ueatornau osisto,entr quedetêm conceitosqu nobrasil,exis oaspessoas decidadesde uística.quai suavariedad Ofatodeusa vo,dequen nadosàlíngu iferenciados arseaisso? uguêsfalado uecerqueela cidas.daslí êseoalemão eelaboração ebateramse dofrancês.a cês. padronizaçã ntidodecoe de. uapadrão,s uniformede rarãoemjog maiorpode uesãonociv stepreconce mudamdeu eregiõesdife isosaspecto delinguística aralínguaco atureza? ua,comofon dependendo?dequeform onobrasilé anãoconsti nguaseurop o.emsuahe ointelectual, epoderiamc Apropostaf ãoesteveint esãoemtorn sempreobse norteasul gointeresses er,namaior vosediscrim eitolinguístic umacidadep erentes,oco osdalínguaq avocêacred omousajálh nologia,sinta odaregião. ma? definirmosa ituiumacate péias,ofran erançaimedi,comissoo criarumaac foirejeitada timamentel nodeumgo ervamosma.nãopodem soutrosque iadasvezes matórios,afet co?emcaso paraoutra,p rreumproce quesãoating itaserdifere hecausoualg axe,morfolo Achaqueos avariedadeq egoriaclara; ncêsé,talvez iatadolatim francêstorn cademiaingl porqueoing igadoàhistó overnocomu aisasuafor mospensar eextrapolam s,reivindicam tandoavida afirmativo, principalmen essode gidosprimei entedode gumproblem gia,semânti statusdofal que ;há z,a m,o ou esa glês ória um, rma em mos ma ade nte ro? ma? ca, ante