A APRENDIZAGEM NA EAD: UMA ANÁLISE DA REALIDADE DOS ALUNOS DO PÓLO DE MOSSORÓ DO IFRN Aleksandre Saraiva Dantas



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Transcrição:

A APRENDIZAGEM NA EAD: UMA ANÁLISE DA REALIDADE DOS ALUNOS DO PÓLO DE MOSSORÓ DO IFRN Aleksandre Saraiva Dantas RESUMO Essa pesquisa busca traçar um perfil do aluno da EaD, identificando os motivos que o levaram a estudar através da EaD, suas expectativas e percepções acerca do curso e da EaD, suas dificuldades no desenvolvimento de um curso a distância e os fatores que influenciam na sua aprendizagem. Para isso, toma como referência os alunos do pólo de Mossoró do curso de Tecnologia em Gestão Ambiental, oferecido pelo IFRN através da EaD, fazendo uso de: revisão de literatura, observação participante, análise documental e aplicação de questionário com os alunos. Os alunos apresentavam expectativas muito positivas com relação ao curso e à EaD. Porém, a maioria desses alunos considera que suas expectativas não estão sendo adequadamente atendidas devido: a lentidão nas respostas às dúvidas dos alunos, a falta de interação entre alunos, professores e tutores, a falta de planejamento, a não utilização de tecnologias disponíveis, a baixa qualidade do material didático e dos computadores, a falta de organização, a falta de tutores nos momentos presenciais, a cobrança excessiva, a inutilidade dos momentos presenciais, a falta de credibilidade do curso dentro do IFRN, a infraestrutura inadequada e a quantidade excessiva de conteúdos nas avaliações. O pólo de Mossoró do IFRN precisa sanar esses problemas, pois o tratamento inadequado dessas questões compromete a qualidade do curso e dificulta a aprendizagem dos alunos. Palavras-chave: expectativas, percepções, dificuldades, aluno, educação a distância RÉSUMÉ Cette recherche vise à dresser un profil de l'étudiant d ED (enseignement à distance), d'identifier les raisons qui l'ont amené à étudier par le biais de l ED, ses attentes et sa perception du cours et de l ED, de ses difficultés dans l'élaboration d'un cours à distance et des facteurs qui influencent son apprentissage. Pour ce faire, la recherche se réfère aux étudiants du pôle de Mossoró du cours de Technologie en Gestion de l'environnement, offert par l IFRN via ED, à travers d une revue de la littérature sur le sujet, de l'observation participante, de l analyse de documents et questionnaire aux étudiants. Les étudiants présentent des attentes très positives en ce qui concerne le cours et l EaD. Toutefois, la majorité des étudiants estime que leurs attentes ne sont pas suffisamment prises en compte en raison des facteurs suivants : lenteur des réponses à leurs questions ; manque d'interaction entre étudiants, enseignants et tuteurs; manque de planification ; non-utilisation des technologies disponibles ; mauvaise qualité du matériel didactique et des ordinateurs ; manque d'organisation ; manque de tuteurs aux moments de contact; exigences excessives ; inutilité des temps de contact; manque de crédibilité de la formation au sein de l IFRN ; infrastructures non adéquates et excès de contenu des évaluations. Le pôle de Mossoró de l IFRN doit remédier à ces problèmes, les réponses insuffisantes nuisant à la qualité de la formation et rendant l'apprentissage des élèves difficile. Mots-clés: attentes, perceptions, difficultés, étudiants, éducation à distance (ED).

1 INTRODUÇÃO Nas últimas décadas a articulação de fatores políticos, econômicos, sociais, tecnológicos e pedagógicos está estimulando o desenvolvimento de atividades educacionais através da Educação a Distância (EaD) em diversos países desenvolvidos ou em desenvolvimento. A globalização da economia, a re-estruturação produtiva, a hegemonia do discurso neoliberal, a crise do Estado interventor e o desenvolvimento das tecnologias de comunicação e informação (TCI) possibilitam à EaD apresentar-se como uma modalidade educativa adequada ao atual contexto, pela sua capacidade de reduzir investimentos na área educacional, atendendo, com qualidade, a amplos segmentos da população. Assim, a EaD tem se consolidado como uma modalidade educativa capaz de atender às novas demandas por educação apresentadas por uma sociedade que se caracteriza por aspectos como: acelerado processo de mudança, maior complexidade, grande avanço tecnológico e pela compressão das relações de espaço e tempo. Essas características da sociedade atual estão influenciando o mundo do trabalho, pois a transição do paradigma econômico taylorista/ fordista para o modelo de acumulação flexível vem fazendo com que o trabalho se torne mais precário, mais responsabilizado e com maior mobilidade. O desenvolvimento de novas habilidades e competências aliado à necessidade de aprendizado ao longo de toda a vida ampliam o leque de reivindicações feitas à educação escolar que, mais que oferecer educação a todos os cidadãos, tem que assegurar a qualidade dessa educação. Não sem motivo, torna-se absolutamente fundamental proceder a um conjunto de alterações no atual sistema educacional e de formação profissional. Justamente porque a fase de transição da economia tradicional para uma nova economia exige uma educação geral ampliada e formação continuada ao longo do ciclo de vida ativa das classes trabalhadoras condizente com o estágio de desenvolvimento econômico e o avanço da expectativa média de vida da população. (POCHMANN, 2004, p. 391) É importante ressaltar que todo o discurso acerca da necessidade de níveis mais elevados de formação da classe trabalhadora está intimamente vinculado às necessidades de mão-de-obra qualificada para atender as demandas do setor produtivo, fato que denuncia um grave reducionismo nos objetivos da educação que, ao invés de 2

3 formar o cidadão em uma perspectiva integral, forma o indivíduo apenas para o que se convencionou chamar de empregabilidade e para a gestão da pobreza. Passa a ser um imperativo dos sistemas escolares formar os indivíduos para a empregabilidade, já que a educação geral é tomada como requisito indispensável ao emprego formal e regulamentado, ao mesmo tempo em que deveria desempenhar papel preponderante na condução de políticas socais de cunho compensatório, que visem à contenção da pobreza. (OLIVEIRA, 2004, p. 1129) Esse é o cenário em que se encontra o Brasil na década de 1990, caracterizado pela intensificação do processo de globalização da economia, pela re-estruturação produtiva e pela redefinição do papel do Estado, profundamente influenciados pelo discurso neoliberal. Assim, desde a década de 1990 estamos vivenciando o desenvolvimento de diversas ações voltadas para o fortalecimento da EaD no Brasil, dentre as quais podemos destacar a criação de um Sistema Nacional de Educação a Distância (Substituído pela Secretaria de Educação a Distância em 1996) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9.394/96), que apresenta a EAD como modalidade educacional regular. Mesmo com uma mudança de governo e com a chegada ao poder de um partido com orientação ideológica diversa do governo anterior, as ações voltadas para o fortalecimento da EaD tiveram continuidade, culminando com a criação da Universidade Aberta do Brasil (UAB), no ano de 2006. Através da EaD, a UAB procura oferecer educação para populações que estariam impossibilitadas de estudar devido à falta de tempo para frequentar uma instituição de ensino presencial, ou ainda pela inexistência de uma instituição de ensino presencial que lhes oferecesse possibilidade de acesso. De acordo com Belloni (2003), seja do ponto de vista dos paradigmas econômicos ou a partir da perspectiva das grandes definições de EaD, existe um tendência a se desenvolver uma proposta de EaD centrada no estudante e mais apropriada às novas demandas dos mercados capitalistas. Nesse sentido, é importante ressaltar que [...] por suas características, a educação a distância supõe um tipo de ensino em que o foco está no estudante e não na turma. Esse estudante deve ser considerado como um sujeito do seu aprendizado, desenvolvendo autonomia e independência em relação ao professor, que o orienta no sentido do aprender a aprender e do aprender a fazer. (CEFET-RN, 2006, p. 08)

4 Sem querer esgotar essa discussão, essa pesquisa procura traçar um perfil do aluno do curso de Tecnologia em Gestão Ambiental do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), identificando os motivos que o levaram a estudar através da EaD, suas expectativas e percepções acerca do curso e da EaD, suas dificuldades no desenvolvimento do curso e os fatores que influenciam na sua aprendizagem. Para que pudéssemos compreender adequadamente a realidade analisada fizemos um estudo de caso, tomando como objeto de análise o curso de Tecnologia em Gestão Ambiental no pólo localizado na cidade de Mossoró, fazendo uso de recursos metodológicos variados, que são: a) A observação participante da realidade; b) A Análise dos documentos referentes à EAD e ao curso de Tecnologia em Gestão Ambiental oferecido pelo IFRN através da EAD; c) A aplicação de questionário com os alunos do curso. Vamos conhecer agora o perfil dos alunos, suas perspectivas e percepções acerca do curso e da EaD e suas dificuldades ao longo do desenvolvimento do curso. 3 O PERFIL DO ALUNO DO CURSO DE TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL O pólo de Mossoró iniciou suas atividades com 40 alunos matriculados. Porém, devido a um elevado índice de evasão (57,50%), atualmente, apenas 17 alunos continuam frequentando o curso de tecnologia em Gestão Ambiental. Na primeira parte do questionário, procurou-se construir um perfil dos alunos do curso de Tecnologia em Gestão Ambiental do pólo de Mossoró, identificando aspectos como: idade, sexo, estado civil, renda, se exerce atividade remunerada, nível de escolaridade, tempo dedicado ao estudo etc. De um total de 17 alunos, foram aplicados questionários com 12 alunos (70,59%), todos residindo na cidade de Mossoró. O grupo de alunos é constituído por seis homens (50,0%) e seis mulheres (50,0%), e estão inseridos em uma faixa etária de 20 a 61 anos, com uma maior concentração na faixa etária de 20 a 34 anos (75%).

5 Por se tratar de um grupo de adultos, torna-se compreensível o fato de que nove alunos (75%) exercem atividade remunerada, onde a maioria dos alunos (66,67%) possui uma renda dentro do intervalo de um a três salários mínimos. No grupo pesquisado, seis alunos (50,0%) são oriundos de escola pública e seis alunos (50,0%) são oriundos de escola privada. É importante ressaltar que cinco alunos (41,67%) já possuem uma formação em outro curso superior, sete alunos (58,33%) possuem um curso superior incompleto e cinco alunos (41,67%) frequentam outro curso superior paralelamente ao curso de Tecnologia em Gestão Ambiental. A constatação de que alguns alunos já possuem formação em nível superior e que outros alunos frequentaram ou frequentam outro curso superior (paralelamente ao curso de Tecnologia em Gestão Ambiental), também é um elemento importante, pois demonstra a vivência desses alunos no ambiente acadêmico. No grupo analisado, nove alunos (75,0%) preferem estudar individualmente e três alunos (25,0%) preferem estudar em grupo. Seis alunos (50,0%) estudam com maior frequência no turno da noite, enquanto quatro alunos (33,33%) estudam com maior frequência durante a madrugada. A realização de estudos à noite ou durante a madrugada é um reflexo da realidade de um grupo onde a maioria dos alunos (75,0%) exerce atividade remunerada, disponibilizando apenas desses horários para realizar as atividades do curso. Por se tratar de um curso que faz uso da Plataforma Moodle para o desenvolvimento de muitas de suas atividades (fóruns de discussões, envio de atividades etc.), o acesso a Internet é de importância fundamental para o seu adequado desenvolvimento. Nesse sentido, procuramos saber que locais os alunos utilizam para acessar a Internet. Dos 12 alunos que participaram da pesquisa, seis alunos (50,0%) não utilizam a estrutura física do IFRN para acessar a Internet, preferindo acessá-la em casa e no local de trabalho. Apenas seis alunos (50,0%) utilizam as dependências do IFRN para acessar a Internet, utilizando também o local de trabalho, a casa e lan hauses para acessar a Internet e realizar as atividades do curso. O fato de apenas 50,0% dos alunos utilizarem as dependências do IFRN mostra o distanciamento desses alunos em relação aos momentos presenciais. A observação dessas atividades presenciais também permitiu constatar que, enquanto alguns alunos trabalham na Plataforma Moodle, outros apenas registram a presença e vão embora.

6 Eles afirmam que desenvolvem melhor as atividades em outros ambientes como o local de trabalho ou a própria residência. 4 EXPECTATIVAS, PERCEPÇÕES E DIFICULDADES DOS ALUNOS DO CURSO DE TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL Para tentar identificar as expectativas, percepções e dificuldades dos alunos do curso de Tecnologia em Gestão Ambiental procuramos, inicialmente, conhecer os motivos que levaram os alunos a prestar vestibular para esse curso. Entre os 12 alunos que responderam ao questionário, oito alunos (66,67%) afirmam que escolheram esse curso porque possuem interesse pela área de meio ambiente, ressaltando a importância de adquirir conhecimentos nessa área. A possibilidade de conciliar os estudos com o trabalho foi apresentada por quatro alunos (33,33%), enquanto que três alunos (25,0%) ressaltam a credibilidade dos cursos oferecidos pelo IFRN. Deve-se ressaltar ainda que dois alunos (16,67%) destacaram a possibilidade de conciliar o curso de Tecnologia em Gestão Ambiental com um curso presencial. Ao serem questionados acerca das expectativas com relação ao curso de Tecnologia em Gestão Ambiental, quando iniciaram as atividades do curso, cinco alunos (41,67%) afirmaram que esperam adquirir reconhecimento profissional, três alunos esperavam que o curso apresentasse a mesma qualidade dos cursos presenciais oferecidos pelo IFRN e dois alunos (16,67%) destacaram a possibilidade de adquirir conhecimentos acerca da questão ambiental. Além disso, foram apontadas expectativas como: o cumprimento das promessas feitas pela coordenação, a utilização de metodologias e atividades inovadoras, o desenvolvimento da autonomia na aprendizagem e promoção da sustentabilidade. É importante ressaltar que cinco alunos (41,67%) não apresentaram detalhadamente suas expectativas, simplesmente afirmando que Eu sempre acreditei que seria um curso ótimo, principalmente por ser oferecido pelo CEFET. (Discente 6). As melhores. Um pouco de receio, pois não conhecia de perto a educação a distância, mas era muito positiva em relação ao curso e principalmente por ter o nome do CEFET envolvido, pois é uma instituição que admiro. (Discente 8). Essas afirmações demonstram a diversidade de expectativas e o quanto os alunos acreditavam na qualidade do curso, principalmente, devido à credibilidade do IFRN.

7 Porém, ao questionarmos se as expectativas com relação ao curso de Tecnologia em Gestão Ambiental estão sendo atendidas, oito alunos (66,67%) afirmam que suas expectativas estão sendo parcialmente atendidas, enquanto que três alunos (25,0%) afirmam que suas expectativas não foram atendidas e apenas um aluno (8,33%) afirma que suas expectativas forram totalmente atendidas. Os alunos justificam suas respostas para o fato de as expectativas não estarem sendo totalmente atendidas afirmando que: há lentidão nas respostas dos professores e tutores às dúvidas dos alunos (33,33%), as promessas feitas pela coordenação do curso não estão sendo cumpridas (25,0%), falta interação entre alunos, professores e tutores, falta planejamento e não ocorre a utilização da sala de videoconferência (16,67%). Além disso, os alunos citam: a baixa qualidade do material didático, a falta de organização, a falta de estrutura física para atender aos alunos, a pouca receptividade do mercado para os tecnólogos, a postura rígida de alguns professores e a falta de apoio dos órgãos municipais. Diante dos diversos problemas apresentados pelos alunos e que podem trazer prejuízos para a aprendizagem, consideramos importante ressaltar que: a) A utilização da videoconferência é destacada no próprio projeto do curso. Porém, pelo fato de os outros pólos não possuírem essa tecnologia, o pólo de Mossoró não pode utilizá-la; b) A falta de um local específico (sala de aula, laboratório de informática etc.) para a realização das atividades do curso é um problema que, de acordo com os alunos, ocorre desde o início das atividades do curso; c) A falta de interação entre alunos, professores e tutores também é um problema presente ao longo de todo o curso. Os alunos afirmam que os professores e tutores demoram muito para responder aos questionamentos e, muitas vezes, nem chegam a respondê-los. Em seguida perguntamos aos alunos se as suas expectativas com relação à EaD, quando iniciou as atividades do curso estão sendo atendidas. Um aluno (8,33%) considera que suas expectativas estão sendo totalmente atendidas afirmando que [...] sempre aparecem alguns obstáculos, porém estou muito feliz e satisfeita. (Discente 6).

8 Sete alunos (58,33%) consideram que suas expectativas com relação à EaD estão sendo parcialmente atendidas, afirmando que: as promessas feitas no início das atividades do curso não foram cumpridas (28,57%), não há utilização da sala de videoconferência (28,57%), falta de tutores nos momentos presenciais, cobrança excessiva e pouco apoio por parte de professores e tutores foram citadas somente uma vez (14,29%). Quatro alunos (33,33%) consideram que as suas expectativas com relação à EaD não estão sendo atendidas, justificando essa opinião com as seguintes afirmações: as promessas não foram cumpridas (50,0%), exigência de conhecimentos que os alunos não possuem, baixa qualidade do trabalho desenvolvido pela coordenação do curso, falta de estrutura física (sala de aula) para o desenvolvimento das atividades do curso, inutilidade dos momentos presenciais, falta de apoio da Prefeitura Municipal de Mossoró, falta de aulas de reforço, baixa qualidade do material didático e falta de apoio por parte do próprio IFRN, citadas apenas uma vez (25,0%). Quando questionados sobre quais as suas percepções acerca da EaD depois de frequentar o curso de Tecnologia em Gestão Ambiental do IFRN, as respostas apresentadas pelos alunos com maior frequência foram as seguintes: o aluno é responsável pela própria aprendizagem, citada por 4 alunos (33,33%); na EaD a cobrança é maior que na educação presencial, os alunos precisam de tempo para se dedicar as atividades e falta apoio ao aluno por parte da instituição e dos professores, citadas por alunos (16,67%). Não nos surpreende o fato de os alunos se sentirem responsáveis por sua aprendizagem, a percepção de que na EaD a cobrança é maior do que na educação presencial, ou ainda, que é necessário dispor de tempo para o desenvolvimento adequado das atividades. O que nos preocupa é a afirmação recorrente de que os alunos não se sentem apoiados pelo IFRN, nem pelos professores. Durante o período de observação da realidade, alguns alunos reclamaram da ausência de um tutor presencial para tirar dúvidas, de modo que eles se consideram muito sozinhos, chegando a afirmar que A coordenação em Natal deixa o pólo de Mossoró um pouco de lado. (Discente 10).

9 Antes da implantação da Plataforma Moodle alguns professores não respondiam às dúvidas dos alunos. (Discente 12). Além disso, consideramos importante destacar as afirmações: o professor não é responsável pela aprendizagem, a EaD é adequada para quem não tem tempo para a educação presencial, nunca mais faria um curso através da EaD, falta organização, grande número de informações, muitas exigências, disparidade entre o conteúdo trabalhado e as atividades exigidas, vale a pena mas falta interação entre alunos e professores e muito boa, apesar dos obstáculos. Posteriormente, perguntamos aos alunos se existem fatores de ordem pessoal que influenciam na sua aprendizagem. Entre os 12 alunos que responderam ao questionário, seis alunos (50,0%) ressaltam o cansaço, três alunos (25,0%) destacam a falta de tempo, dois alunos (16,67%) citam a sobrecarga de atividades profissionais e a falta de credibilidade do curso dentro do próprio IFRN. É importante destacar ainda a falta de conhecimentos prévios, a falta de apoio dos tutores e a falta de interação entre alunos, professores e a instituição. Perguntamos também se a região em que os alunos residem oferece oportunidades de cursar uma faculdade presencial. Os 12 alunos foram unânimes em afirmar que sim. Diante dessa afirmação, pedimos aos alunos para justificar porque eles optaram por um curso oferecido através da EaD. Seis alunos (50,0%) afirmaram que optaram por um curso a distância divido à questão de tempo, pois precisam conciliar as atividades do curso de Tecnologia em Gestão Ambiental com atividades profissionais ou atividades em um curso superior presencial. Três alunos (25,0%) optaram por estudar através da EaD, não pelo fato de ser um curso a distância, mas pelo fato de ser um curso oferecido pelo IFRN. Além disso, foram citadas respostas como: interesse em conhecer a EaD, possibilidade de frequentar um curso gratuito, possibilidade de complementar os conhecimentos adquiridos em outro curso e, ainda, não sabia que o curso seria oferecido através da EaD. Por último, pedimos aos alunos para falarem sobre as suas dificuldades no desenvolvimento das tarefas do curso. (tempo para estudar, ambiente de estudo, complexidade das atividades, número de atividades, acesso ao computador etc.). Sete alunos reclamam do número excessivo de atividades; seis alunos (50,0%) reclamam da falta de tempo; infra-estrutura inadequada fornecida pelo IFRN e falta de

10 uma sala de aula específica para o desenvolvimento das atividades do curso foram citadas por 3 alunos (25,0%); o cansaço foi citado por dois alunos (16,67%). Entre as dificuldades apresentadas pelos alunos, é importante destacar ainda: a baixa qualidade dos computadores, a baixa qualidade do trabalho dos professores, a lentidão no atendimento às dúvidas dos alunos por parte de professores e tutores, a não utilização da tecnologia disponível (sala de videoconferência), a baixa qualidade do material didático, a disparidade entre o conteúdo apresentado no material didático e as atividades avaliativas, a quantidade excessiva de conteúdos exigidos nas avaliações, a falta de organização e de planejamento, a falta de apoio da Prefeitura Municipal de Mossoró, a falta de conhecimentos prévios, a falta de apoio por parte dos tutores, e o desperdício dos momentos presenciais. Reclamações como: cansaço, falta de tempo, infra-estrutura inadequada, lentidão no atendimento às dúvidas por parte de professores e tutores, estiveram presentes ao longo de toda pesquisa, seja na fase de observação ou nas respostas aos questionários. Porém, é preocupante constatar que os momentos presenciais estão sendo utilizados, prioritariamente, para o repasse de informes por parte da coordenação do curso e para o desenvolvimento de atividades semelhantes às atividades que os alunos já desenvolvem nos momentos não-presenciais. A utilização inadequada desses momentos presenciais leva alguns alunos a, simplesmente, assinarem a folha de frequência e se retirarem, afirmando que desenvolvem melhor essas atividades em casa ou no local de trabalho. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo deste trabalho, procuramos traçar um perfil do aluno do curso de Tecnologia em Gestão Ambiental do IFRN, identificando os motivos que o levaram a estudar através da EaD, suas expectativas e percepções acerca do curso e da EaD, suas dificuldades no desenvolvimento do curso e os fatores que influenciam na sua aprendizagem. Tomando-se como referência para essa análise, o curso de Tecnologia em Gestão Ambiental no pólo localizado na cidade de Mossoró, constatamos que a maioria dos alunos optou por esse curso devido a fatores como: o interesse pela área de meio ambiente, a possibilidade de conciliar os estudos com o trabalho, a credibilidade dos cursos oferecidos pelo IFRN e a possibilidade de conciliar o curso de Tecnologia em Gestão Ambiental com um curso presencial.

11 A dificuldade com relação ao tempo aparece como principal justificativa para a escolha de um curso oferecido através da EaD. Além disso, devemos ressaltar que alguns alunos optam pelo curso, não por ser um curso oferecido através da EaD, mas pelo fato de ser um curso oferecido pelo IFRN. Esses alunos apresentavam expectativas muito positivas com relação ao curso e à EaD quando iniciaram as atividades do curso. Porém, a maioria dos alunos considera que suas expectativas com relação ao curso e à EaD não estão sendo totalmente atendidas. A forma como o IFRN vem desenvolvendo as atividades através da EaD tem feito com que os alunos se sintam responsáveis por sua aprendizagem, desenvolvendo a percepção de que na EaD a cobrança é maior do que na educação presencial, ou ainda, que é necessário dispor de tempo para o desenvolvimento adequado das atividades. Porém, é preocupante perceber que os alunos não se sentem apoiados pelo IFRN, nem pelos professores. Os alunos reclamam da ausência de um tutor presencial para tirar dúvidas, chegando a afirmar que é muito melhor quando os professores são do próprio pólo, pois fica mais fácil para tirar as dúvidas. Não surpreende o fato de que entre os fatores de ordem pessoal que influenciam na sua aprendizagem, os alunos citem o cansaço, a falta de tempo e a sobrecarga de atividades profissionais, pois a maioria dos alunos já atua no mercado de trabalho. Porém, é preocupante constatar que os alunos ressaltam a falta de credibilidade do curso dentro do próprio IFRN, a falta de conhecimentos prévios, a falta de apoio/lentidão dos professores e tutores e a falta de interação entre alunos, professores e a instituição como elementos que dificultam a sua aprendizagem. Além disso, podemos citar: o número excessivo de atividades, a infra-estrutura inadequada fornecida pelo IFRN, a baixa qualidade dos computadores, a baixa qualidade do trabalho dos professores, a não utilização da sala de videoconferência, a baixa qualidade do material didático, a disparidade entre o conteúdo apresentado no material didático e as atividades avaliativas, a quantidade excessiva de conteúdos exigidos nas avaliações, a falta de organização e de planejamento, a falta de apoio da Prefeitura Municipal de Mossoró, a falta de conhecimentos prévios, a falta de apoio por parte dos tutores, e o desperdício dos momentos presenciais.

12 Reclamações como: cansaço, falta de tempo, infra-estrutura inadequada, lentidão no atendimento às dúvidas por parte de professores e tutores, estiveram presentes ao longo de toda pesquisa, seja na fase de observação ou nas respostas aos questionários. Porém, é preocupante constatar que as atividades desenvolvidas nos momentos presenciais, pouco (ou nada) se diferenciam das ações desenvolvidas à distância. O coordenador do pólo apresenta algumas informações acerca do curso, mas o desenvolvimento de atividades pedagógicas diferenciadas não existe. Acreditamos que o acompanhamento de um tutor presencial e o desenvolvimento de atividades diferentes das atividades que já são desenvolvidas à distância ajudariam a fortalecer o vínculo entre os alunos e o curso e desenvolver a sensação de pertencimento à instituição, característica marcante nos alunos dos cursos presenciais do IFRN. Não se deseja concluir este trabalho prescrevendo receitas que poderiam resolver os problemas inerentes ao desenvolvimento de atividades de ensino através da EaD, mas apresentar alguns elementos, cuja reflexão pode ajudar os responsáveis pela implantação de programas de EaD no IFRN a encontrar um caminho para resolver os problemas inerentes a essa modalidade educativa. O pólo de Mossoró do IFRN precisa oferecer uma infra-estrutura adequada para o desenvolvimento das atividades do curso, melhorar a qualidade dos computadores, formar adequadamente os professores para o trabalho na EaD, desenvolver estratégias para que o atendimento às dúvidas dos alunos por parte de professores e tutores adquira a agilidade necessária, utilizar a tecnologia disponível (sala de videoconferência), melhorar a qualidade do material didático, analisar se não está ocorrendo uma concentração de conteúdos em poucas avaliações, desenvolver atividades para sanar a falta de conhecimentos prévios por parte dos alunos e elaborar estratégias que possibilitem o aproveitamento adequado dos momentos presenciais. O tratamento inadequado dessas questões compromete a qualidade do curso, sendo apontados pelos alunos como os principais fatores que dificultam a sua aprendizagem, podendo contribuir ainda para a evasão discente, tão elevada nesse pólo. Por último, deseja-se ressaltar a importância de se acompanhar o andamento das atividades desenvolvidas através da EaD, verificando se essas atividades contemplam os objetivos propostos pelo projeto político-pedagógico e pelo programa de implantação da EaD no IFRN.

13 6 REFERÊNCIAS BELLONI, Maria Luiza. Educação a distância. 3 ed. Campinas-SP: Editora Autores Associados, 2003. Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte. Curso superior de tecnologia em gestão ambiental na modalidade de ensino a distância: plano de curso. Natal-RN. 2006. CD-ROM OLIVEIRA, Dalila Andrade. A reestruturação do trabalho docente: precarização e flexibilização. Educação & Sociedade, Campinas-SP: CEDES, ano XXV, n o 89, p. 1127-1144, set. 2004. POCHMANN, Marcio. Educação e trabalho: como desenvolver uma relação virtuosa?. Educação & Sociedade, Campinas-SP: CEDES, ano XXV, n o 87, p. 383-399, maio. 2004.

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