A LEITURA COMO MEIO DE EMANCIPAÇÃO SOCIAL



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Transcrição:

A LEITURA COMO MEIO DE EMANCIPAÇÃO SOCIAL Jaíne Mota MENDES 1 Marcella Mendes MATTOS 2 Maria da Graça Silva OLIVEIRA 3 Maria José Soares da SILVA 4 Mônica de Medeiros FLORES 5 Silvana Cardoso ZEFERINO 6 RESUMO: A tecnologia invadiu a contemporaneidade, abrangendo vários aspectos da sociedade, entre eles a educação. Um dos desafios da escola é incentivar a leitura neste contexto tecnológico, pois, os alunos estão perdendo o contato com a literatura, que precisa dividir a atenção das crianças com os tablets, celulares, notebooks e a televisão; produtos estes, que aos olhos dos alunos são mais atrativos e modernos do que um livro. Mas, a falta de leitura acarreta diversos problemas de aprendizagem, como dificuldade de interpretação, erros de ortografia, dificuldade na produção de textos e na oralidade. Diante desta realidade, este artigo busca ressaltar a importância de se adotar medidas para resgatar o valor da leitura no ambiente escolar na Escola Martinho Alves dos Santos no Bairro de São Martinho, em Tubarão, Santa Catarina. PALAVRAS-CHAVE: Leitura. Tecnologia. Escola. 1 Introdução Muito se fala no poder da literatura e de como a escola é um lugar privilegiado para estimular o gosto pela leitura. Infelizmente a realidade atual vem afastando cada vez mais nossos alunos do ato de ler. Aspectos como computadores, videogames, TV, o acesso restrito a leitura no núcleo familiar, e a falta de incentivo, têm ocasionado pouco interesse para a leitura e por consequencia dificuldades que sentimos na escola: vocabulário precário, reduzido e informal, dificuldade de compreensão, erros ortográficos, poucas produções significativas dos alunos, conhecimento restrito aos conteúdos escolares. Faz-se entanto necessário que a escola busque resgatar o valor da leitura, como ato de prazer e requisito para emancipação social e promoção da cidadania. A leitura nunca se fez tão necessária nos bancos escolares. De um lado há o aumento das fontes de pesquisa e uma crescente preferência pelo construtivismo. De outro lado, vemos a grande dificuldade de nossos alunos em compreender questões eliminatórias no vestibular onde só se obtêm êxito quem tiver por hábito se atualizar através de jornais, revistas e livros. Através da leitura o ser humano consegue se transportar para o desconhecido, explorálo, decifrar os sentimentos e emoções que o cercam e acrescentar vida ao sabor da existência. Pode então, vivenciar experiências que propiciem e solidifiquem os conhecimentos significativos de seu processo de aprendizagem. 1 Universidade do Sul de Santa Catarina- UNISUL- Bolsista do PIBID. E-mail- jaine_mendes@hotmail.com 2 Universidade do Sul de Santa Catarina- UNISUL- Bolsista do PIBID. E-mail- marcellammattos@hotmail.com 3 Supervisora escolar E.E.B.M.A.S. Martinho Alves dos Santos. Supervisora do PIBID. E-mailmariagracinhasilva@outlook.com 4 Universidade do Sul de Santa Catarina- UNISUL- Bolsista do PIBID. E-mail- mariajose946@gmail.com 5 Universidade do Sul de Santa Catarina- UNISUL- Bolsista do PIBID. E-mailmonicamedeirosflores@hotmail.com 6 Universidade do Sul de Santa Catarina- UNISUL- Bolsista do PIBID. E-mail- alumendesaluminios@bol.com.br 1

Neste sentido pensamos ser dever, de nossa instituição de ensino, juntamente com professores e equipe pedagógica propiciar aos nossos educandos momentos que possam despertar neles o gosto pela leitura, o amor ao livro, a consciência da importância de adquirir o hábito de ler. O aluno deve perceber que leitura é o instrumento chave para alcançar as competências necessárias a uma vida de qualidade, produtiva e com realização. Sabemos que, do hábito de leitura dependem outros elos no processo de educação. Sem ler, o aluno não sabe pesquisar, resumir, resgatar a idéia principal do texto, analisar, criticar, julgar, posicionar-se. Daí a nossa certeza que este projeto contará com o apoio de todos os professores, independente da disciplina que lecionam, pois a equipe docente tem plena consciência de que o aluno deve ter o domínio sobre a língua oral e escrita, tendo em vista sua autonomia e participação social. Assim estimulado a leitura, faremos com que nossos alunos, compreendam melhor o que estão aprendendo na escola, e que acontece no mundo em geral, entregando a eles um horizonte totalmente novo. 2 A importância da leitura no contexto escolar Recebemos, diariamente, uma enxurrada de informações através da televisão, do rádio e da internet. Vivemos na era da tecnologia, onde todos têm pressa e o tempo custa caro. Partindo desse pressuposto, as pessoas preferem; ver um filme a ler um livro. Ouvir uma notícia pela televisão enquanto lavam a louça ou arrumam a cama, ao invés de lê-la em um jornal. Diante da constante necessidade de fazer tudo rápido, de absorver muitas coisas ao mesmo tempo o ato da leitura está se extinguindo em nossa atualidade. A leitura como prática social é um meio que poderá conduz o leitor a resolver seus problemas profissionais, pessoais e a desenvolver o senso crítico sobre diversos assuntos, pois, a leitura é fundamental não apenas na formação do aluno, mas também na formação do cidadão. As consequências da falta de leitura são muitas, e têm reflexos principalmente no contexto escolar. Segundo Silva (1948 p. 64) "escrever e ler são atos complementares, um não pode existir sem o outro". Se pensarmos na leitura percebe-se a sua ligação direta com a escrita e a compreensão de texto; por isso dá-se a dificuldade de aprendizagem ainda maior em alunos que não são leitores ativos. A escola é a instituição responsável por ensinar o registro verbal (ler e escrever). Para ele é impensável uma escola onde a leitura não se fizesse presente, pois, a leitura é um instrumento de acesso a cultura e a aquisição de experiências. Apesar de muitas pessoas terem consciência do quão importante é a leitura, ainda é muito comum encontrar crianças que afirmam não gostar de ler. A prática da leitura é uma experiência adquirida no decorrer de nossa vida, mas cabe a escola dar subsídios para esse desenvolvimento. Partindo desse pressuposto, é importante reconhecer, e ressaltar, o papel social da escola na formação de leitores. Ao trabalhar a leitura é importante ressaltar que nenhum aluno chega à escola sem nenhum conhecimento ou visão de mundo. "O conceito de leitura na maior parte das vezes está relacionado com a decifração dos códigos lingüísticos e sua aprendizagem. No entanto, não podemos deixar de levar em consideração o processo de formação social deste indivíduo, suas capacidades, sua cultura política e social. (BRITO 201, p.3) O aluno carrega consigo uma bagagem de experiências e percepções individuais sobre a sua realidade. Nenhuma aluno chega na escola sem nenhuma visão de mundo por isso, ao ler um texto ele fará uso das suas experiências e da sua percepção de sentido que o texto carrega. De acordo com Furlanetto (1998) o texto não é um objeto acabado. Ele é construído 2

através da intertextualidade, de recortes e de perspectivas. Sendo assim, texto, interlocutor e locutor têm uma relação e interagem entre si. Diante disso é possível afirmar que cada interlocutor lê um texto de uma forma diferente. Isto porque a leitura da palavra é sempre precedida da leitura de mundo. E aprender a ler, a escrever, alfabetizar-se, é antes de mais nada, aprender a ler o mundo, compreender o seu contexto, não numa manipulação mecânica de palavras mas numa dinâmica que vincula a linguagem e realidade. A de mais aprendizagem da leitura e a alfabetização é um ato fundamentalmente político'' (FREIRE 1921, p.48) Se pensarmos na leitura como um ato social; que vai muito além de apenas decifrar um texto, mas sim atribuir algum sentido a leitura do texto é precedida pela leitura de mundo. Para que a leitura tenha, de fato, um papel no ensino aprendizagem é necessário que o aluno seja estimulado a todo o momento e cabe a escola respeitar incentivar o aluno em adotar práticas de leitura. Furlanetto (1998) nos conta que, muitas vezes os livros didáticos adotados pela escola, procuram se aproximar do aluno e não estimulá-lo a coisas novas, a desenvolver suas capacidades. Assim a escola forma apenas decifradores e não leitores de fato. Há uma grande diferença entre saber-ler e saber-decifrar. Decifrar é de acordo com Furlanetto (1998), quando apenas um texto é apenas oralizado sem pensar no real sentido que o texto transmite ao leitor. É como se o texto fosse apenas oralizado e não internalizado. Este é o grande abismo entre alfabetizados e leitores Para as necessidades do aluno, ou seja, o mediador precisa fazer com que o aluno tenha interesse pelo conteúdo ou leitura que esta sendo proposto. Nunca cobrando do aluno, ou seja, sendo ríspido, ler sem hora marcada, apenas com incentivos! Ensinar o aluno a ler é levar a reconhecer a necessidade de aprender a ler tudo o que já foi escrito nesta língua. Muito importante é como o professor ensinará seu aluno a ler, motivando este, a estar com um dicionário para não ter dúvidas em algumas palavras para o entendimento do texto, sempre o ajudando fornecendo indicações bibliográficas para procurar mais sobre o assunto que lhe interessou, incentivando a socializar as leituras com os colegas também é muito importante. Não poderá os mediados, cobrar interesse ou prazer por certas leituras, pois, cada aluno têm um gosto próprio e isso é indiscutível, se para um a leitura é surpreendente e interessante, para outro pode não ser. O processo de desenvolvimento da leitura e da escrita na criança ocorre quando esta interage com o mundo das letras. A literatura é um ótimo recurso para esse feito, tornando um trabalho significativo e prazeroso, mas, antes que o aluno reflita sobre o aspecto da literatura, tem que ter o gosto pela leitura, e isso se sabe que só a uma maneira: lendo. Com isso cabe a escola dar acesso a este material, é papel fundamental, pois esta garantirá o aluno desde a infância, o manuseio das obras, as ilustrações o encantamento com a escrita. Mesmo antes de aprender a ler a criança deve ser colocada em contato com a literatura, ou seja, o professor ler para o aluno é de suma importância. Não basta o aluno escrever somente para o professor corrigir, não basta ler para responder questões explícitas, para inverter essa lógica é preciso desafiar o aluno, como lendo textos informativos, obras literárias, reescrever histórias, e também desafiá-lo a produzir suas próprias obras. O bom leitor não é apenas o que lê grandes clássicos da literatura, um bom leitor lê tudo e passeia por gêneros variados, como diz o poeta brasileiro José Paulo Paes, devemos ler desde pornografias até metafísicas e consegue entender o sentido que o texto traz. 3

3 - Práticas de leitura e letramento na Escola Martinho Alves dos Santos A falta de interesse pela leitura acarreta diversos problemas de aprendizagem, como já citamos anteriormente, tais como erros de ortografia, problemas de interpretação e compreensão de um texto, entre outros. Partindo desse pressuposto; tornar o hábito da leitura uma prática prazerosa no dia-adia dos alunos é uma tarefa que desafia o Educador. Antes de analisar e refletir sobre os aspectos formais da literatura, o educando tem que gostar de ler. Sendo assim cabe a escola dar acesso à obras e promover a curiosidade pelo mundo literário. Dessa forma a Escola de Educação Básica Martinho Alves dos Santos traçou alguns objetivos para incentivar os alunos: Despertar no aluno o hábito da leitura no seu cotidiano; por consequência, aumentar seu potencial cognitivo e criativo. Contribuir para que o educando com dificuldade na leitura e na escrita, perceba a real importância da leitura e para superar suas dificuldades. Resgatar o valor da leitura como ato de prazer e requisito para a emancipação social e promoção da cidadania. Através deste projeto de incentivo à leitura traçamos atividades à serem desenvolvidas na Escola. Primeiramente foi realizada uma reunião com os Professores e equipe pedagógica para expor esse projeto. Após esta reunião, iniciou-se uma pesquisa diagnóstica com um questionário a ser respondido por alunos do Ensino Fundamental e Médio. Este material objetivou identificar a real dificuldade dos alunos na aprendizagem e investigar se os alunos tinham o hábito de ler, que tipo de leitura costumavam fazer, entre outros. Quanto ao questionário foi realizado com alunos do 5º ano das séries iniciais do ensino fundamental, 7ª e 8ª séries finais do ensino fundamental e Ensino médio, totalizando 263(duzentos e sessenta e três) alunos. Após o levantamento de dados, foi apresentado o resultado à equipe pedagógica da escola ilustrado por gráfico, segue abaixo algumas questões abordadas: 1. Seus pais incentivam você a estudar? Sim Não 4

2. Seus pais têm o hábito de ler em casa? Sim Não 3. Você gosta de ler? Sim Não Na primeira pergunta 248 (duzentos e quarenta e oito) alunos responderam que sim, que os pais os incentivam a estudar, contra apenas 15(quinze) que alegaram não ter esse incentivo em casa. Na segunda questão 173(cento e setenta e três) alunos afirmaram que sim, os pais praticam a leitura, contra 90(noventa) alunos que não possuem pais leitores. Já na terceira pergunta 182(cento e oitenta e dois) alunos gostam de ler, porém, 81 (oitenta e um) alunos afirmaram que não gostam de ler. Felizmente a leitura está entre o gosto da maioria dos alunos entrevistados. No total aplicamos 9 (nove) perguntas no questionário e particularmente uma delas nos chamou atenção. Na questão referente à língua portuguesa onde foi indagado em qual segmento eles sentiam maior dificuldade e apresentamos as seguintes opções: gramática, produção textual e não sinto dificuldade em língua Portuguesa. A grande maioria confessou que sente maior dificuldade na gramática 148 (cento e quarenta e oito) alunos, 88 ( oitenta e oito) afirmaram sentir maior dificuldade na produção textual e apenas 27(vinte e sete) alunos não sentem dificuldades em Língua Portuguesa. Diante desse diagnostico percebe-se que a língua portuguesa ainda representa um grande desafio aos alunos. O primeiro passo foi pensar em soluções para ajudar os alunos a superar suas dificuldades e incentivá-los a se tornar bons leitores. Iniciaram-se as monitorias compartilhadas, palestras motivacionais e educativas. As bolsistas elaboraram cartazes de incentivo à leitura e espalharam por toda escola. Outro passo foi trabalhar com a escrita e a produção de texto em sala de aula, simultaneamente à leitura. Nos primeiros anos do ensino médio, trabalhamos o livro do pequeno príncipe; que conta uma incrível história. É um antigo livro; dele foi feito um filme, também já um pouco antigo. Com uma história de sonhos e magia, o livro hoje é usado em provas, vestibular e ainda encantam adultos e crianças. À primeira vista, é um livro para crianças. Na definição de Antoine Saint-Exupéry, seu autor, "um livro urgentíssimo para adultos", o que talvez explique a extraordinária sobrevivência literária de O Pequeno Príncipe. Publicado pela primeira vez em 1943 na Nova York em que foi escrito e, no ano 5

seguinte, na França. Traduzida primorosamente por D. Marcos Barbosa, a versão brasileira chegou à livrarias em 1952, tendo vendido desde então mais de 4 milhões de exemplares. O livro começa com o narrador recordando-se do seu primeiro desenho de criança, tentativa frustrada de os adultos entenderem o mundo infantil ou o mundo das pessoas de alma pura. Pelas decepções com os desenhos, escolhera a profissão de Piloto e, em certo dia, houve uma pane em seu avião, vindo a cair no Deserto de Saara. Na primeira noite, ele adormeceu sobre a areia. Ao despertar do dia, uma voz estranha o acordou, pedindo para que ele desenhasse um carneiro. Era um pedacinho de gente, um rapazinho de cabelos dourados, o Pequeno Príncipe. O narrador mostrou-lhe o seu desenho. O Pequeno Príncipe disse-lhe que não queria um elefante engolido por uma jibóia e sim um carneiro. Ele teve dificuldades para desenhá-lo, pois fora desencorajado de desenhar quando era pequeno. Depois de várias tentativas, teve a idéia de desenhá-lo dentro de uma caixa. Para surpresa do narrador, o Pequeno aceitou o desenho. O Pequeno Príncipe contou o drama que ele vivia, em seu Planeta, com o baobá, árvore que cresce muito; por este motivo, ele precisava de um carneiro para comer os baobás enquanto eram pequenos. Através do Pequeno Príncipe, o narrador aprendeu a dar valor às pequenas coisas do dia-a-dia; admirar o pôr-do-sol, apreciar a beleza de uma flor, contemplar as estrelas Ele acreditava que o pequeno havia viajado, segurando nas penas dos pássaros selvagens, que emigravam. No oitavo dia da pane, o Pequeno Príncipe teria que voltar ao seu planeta. O Príncipe lhe disse para que não sofresse, quando constatasse que o corpo dele estivesse inerte, afirmando que devemos saber olhar além das simples aparências. Hoje, ao olhar as estrelas, o narrador sorri, lembrando-se do seu grande Pequeno amigo. Solicitou-se que alunos que fizessem a leitura deste livro. Em um segundo momento, trabalhou-se com a discussão sobre a história; abordando que lições eles conseguiram tirar da história, o que acharam do livro, entre outro. Após esta discussão os alunos produziram um texto sobre o livro. Eles elaboraram também um desenho sobre o livro, que serviu como capa para o arquivamento e exibição dos textos produzidos. Segue um texto de um dos alunos da 1ª série do Ensino médio. Tu te tornas responsável por aquilo que cativas Tu te tornas responsável por aquilo que cativas. Esta frase quer nos mostrar que tudo o que cativamos, temos a responsabilidade de sempre zelar. Por exemplo, se cativarmos uma amizade, um amor, deve-se ter sempre a responsabilidade de ser fiel a aquela pessoa, algumas partes do livro O pequeno príncipe transmitiram isso. Como a parte em que a raposa queria muito alguém que a cativasse. Quando a raposa conheceu o pequeno príncipe ela gostou tanto dele que, implorou que ele ficasse junto dela, porém, ele teve muito bom senso, não aceitou para não machucá-la, já que o tempo dele seria passageiro. Se tivermos uma amizade verdadeira, ou até mesmo algum familiar, deve-se ter sempre a responsabilidade de ser leal a eles. Em minha opinião sempre seremos responsáveis pelos nossos atos, por isso, devemos ter sempre a consciência de não ferir quem amamos. Afinal, o que não queremos para nós não devemos fazer ao próximo. 6

Figura 1 Capa do Livro O pequeno príncipe Com os alunos das séries iniciais do ensino fundamental, trabalhou-se contação de história, para despertar o interesse dos alunos pelo mundo literário através do lúdico. Em seguida as crianças foram desafiadas a escreverem uma história. Eles deveriam organizar as histórias em formato de livros; escrito e ilustrado por eles. Pôde-se perceber o grande entusiasmo com o qual as crianças produziam seus trabalhos. 7

Figura 2 Capa do livro Figura 3 História do livro Os trabalhos foram expostos em forma de varal literário, na escola durante o período escolar. Os resultados foram belíssimos e observou-se a satisfação e a alegria dos alunos ao verem o fruto dos seus trabalhos, apreciados por todos. 3 Considerações finais Mesmo antes de aprender a ler, é importante as crianças estarem em contato com a literatura. Ao ver um adulto, pais ou avós ler, ouvir uma história contada por eles, ao observar seu entusiasmo, os educandos começam também a interessar-se pelo mundo da leitura. Quando na escola há um espaço para discutir as leituras, com as possibilidades de inúmeras 8

interpretações, possibilita a desenvolver curiosidade e o desejo de ler. E com isso passam a ver a leitura, não como um hábito cotidiano. Através do projeto desenvolvido de incentivo a leitura, observamos que os alunos se sentiam valorizados. Eles perceberam a importância da leitura para a construção do saber e expressaram através dos seus trabalhos sua forma de ser, sentir, e pensar, e a capacidade de produção artística literário. Referências BRITO, Danile, Santos de. A importância da leitura na formação social do individuo. Periódico de Divulgação Científica da FALS, jun 2010. Disponível em: <http://www.fals.com.br/revela12/artigo4_ed08.pdf> Acesso em: 25 jun. 2013. CARVALHO, Maria Angélica Freire de. MENDONÇA, Rosa Helena (orgs.). Práticas de leitura e escrita. Brasília: Ministério da Educação, 2006. FREIRE, Paulo (1921). A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Autores Associados: Cortez, 1989. FURLANETTO, Maria Marta. Leitura. 1998. Material organizado para fazer parte da proposta curricular de Santa Catarina. MEIRELLES, Elisa. Leitura, muito prazer. Revista Nova Escola. Capa. Ano XXV n. 234. São Paulo: Editora Abril, ago. 2010. ROSA, Caciací Santos de Santa. Leitura: uma porta aberta na formação do cidadão. Disponível em < http://www.educacao.salvador.ba.gov.br/site/documentos/espacovirtual/espaco-autorias/artigos/leitura%20-%20uma%20porta%20aberta...pdf> Acesso em: 27 jun. 2013. SILVA, Ezequiel Teodoro da, 1948. O ato de ler: fundamentos psicológicos para uma nova pedagogia da leitura. 4ª ed. São Paulo: Autores Associados, 1987. 9