V Encontro Mineiro Sobre Investigação na Escola 1 A VIVÊNCIA DO JUDÔ NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA SOB A ÓTICA DA CULTURA CORPORAL DO MOVIMENTO João Filipe Alfenas da Silva 1, Elisa Cardoso Parolini Alfenas 2, Silas Queiros de Souza 3, Neiva Virgínia de Carvalho 4, 1,2 Universidade de Uberaba - UNIUBE/Discentes do Curso de Licenciatura Plena em Educação Física/ 1 joaofilipealfenas@gmail.com, 2 elisaparolini88@yahoo.com.br; 3 Universidade de Uberaba UNIUBE/Diretor do curso de Educação Física/diretor.educacaofisica@uniube.br; 4 Universidade de Uberaba UNIUBE/Escola Estadual Celina Soares de Paiva/Professora de Educação Física/neiva.carvalho@uniube.br Linha de trabalho: Formação inicial de professores: PIBID Resumo O presente trabalho tem por objetivo demonstrar como os alunos do Curso de Licenciatura Plena em Educação Física, da Universidade de Uberaba (UNIUBE), por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), podem contribuir para a formação dos alunos do Ensino Fundamental, considerando os princípios da Cultura Corporal do Movimento, através de atividades que auxiliam na construção do conhecimento, corpo, criatividade, equilíbrio e força, entre outras já desenvolvidas no ambiente escolar, através da aula de judô ministrada na Escola Municipal Celina Soares de Paiva, na zona rural de Uberaba/MG. Palavras-chave: PIBID, Judô, Cultura Corporal do Movimento. Aquecimento O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência PIBID, desenvolvido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CAPES, surge com o propósito de valorização do magistério e formação de docentes em nível superior para a educação básica, onde concede bolsas a alunos de licenciatura participantes dos projetos de iniciação à docência desenvolvidos por Instituições de Educação Superior (IES) em parceria com escolas de educação básica da rede pública de ensino. Após processo seletivo realizado pela IES, através de edital, os discentes dos cursos de licenciatura são inseridos nas escolas da rede pública para desenvolverem atividades didático-pedagógicas sob a orientação de um docente da licenciatura e de um professor daquela escola, promovendo a integração entre educação superior e educação básica, elevando a qualidade da formação inicial de professores do presente curso de licenciatura e
V Encontro Mineiro Sobre Investigação na Escola 2 mobilizando os professores das escolas públicas como coformadores dos futuros docentes, ou seja, contribuindo para a articulação entre teoria e prática. Inseridos no cotidiano da Escola Municipal Celina Soares de Paiva, localizada na zona rural do município de Uberaba/MG, às margens da MG 427, km 04, a nós, discentes do Curso de Licenciatura Plena em Educação Física da Universidade de Uberaba UNIUBE, foi dada a oportunidade de participar das experiências práticas e metodológicas que permeiam o ambiente escolar. Experimentamos o novo, enfrentamos desafios, identificamos alguns problemas no processo ensino-aprendizagem, contribuímos com ações inovadoras e, ao mesmo tempo, aprendemos, e muito, com a experiência daqueles que carregam uma bagagem enorme ao longo da vida escolar. Segundo Ferreira (2005), o papel do educador físico é possibilitar os alunos a terem, desde cedo, a oportunidade de desenvolverem habilidades corporais e de participarem de atividades como jogos, esportes, lutas, ginásticas e dança, com finalidade de lazer, expressão de sentimentos, afetos, emoções.. Aliado ao que prevê os Parâmetros Curriculares Nacionais PCNs (BRASIL 1998), relativos à Educação Física, as lutas são definidas como disputas em que o(s) oponente(s) deve(m) ser subjugado(s), mediante técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusões, imobilização ou exclusão de um determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa e, considerando os referenciais da Cultura Corporal do Movimento, onde o educador proporciona, segundo NEIRA (2011), a aproximação, experimentação, análise crítica e valorização de diversas manifestações corporais, optamos por desenvolver uma aula com os alunos do 1º ano do Ensino Fundamental para incentivar a prática do judô, considerando seus aspectos históricos e fundamentos, por meio de brincadeiras lúdicas que estimulavam o domínio, a resistência e a manutenção de esforço, requisitos e habilidades essenciais para o aprendizado da luta. Ainda conforme os PCNs as lutas caracterizam-se por uma regulamentação específica, a fim de punir atitudes de violência e de deslealdade, o que vai ao encontro deste pequeno trecho escrito por DARIDO (2005): O professor ao abordar as lutas deve estar atento à característica como o envolvimento com a disciplina e o respeito pelo adversário, incentivando os alunos a tomarem posturas de confraternização e respeito às diferenças. Deve ter conhecimento de outras características como o desenvolvimento de habilidades motoras e capacidades físicas, agilidade, flexibilidade de trabalho corporal como a respiração e concentração, a percepção e a utilização mais detalhada da audição e tato, e o trabalho postural (DARIDO, 2005).
V Encontro Mineiro Sobre Investigação na Escola 3 Prontos para a atividade: vamos começar?! A primeira vivência na aula de Educação Física, considerando a proposta apresentada, ocorreu no dia 28 de maio de 2014, com alunos do 1º ano da Escola Municipal Celina Soares de Paiva, que conta com 17 alunos, entre meninos e meninas. Estavam presentes também a Supervisora e o Coordenador de Área. A aula teve duração de 50 (cinquenta) minutos e foi realizada na quadra da escola no período vespertino. Com 12 (doze) placas de EVA (material emborrachado), dispostos no interior da quadra da escola, montamos um tatame e no seu entorno foram colocados 8 (oito) colchonetes para aumentar a superfície de contato e para que os alunos pudessem se sentar, sem que atrapalhassem os demais colegas durante a atividade e para que ouvissem as explicações dos professores. Os objetivos específicos pretendidos para a aula foram enriquecer o conhecimento dos alunos acerca da prática do judô, considerando seu histórico e seus fundamentos, além de estimular, através de brincadeiras lúdicas, o domínio, a resistência e a manutenção do esforço, requisitos essenciais para o aprendizado da luta. Para isso, iniciamos a aula com um diálogo, entre professores e alunos, onde foram relatadas a importância da prática do judô, seu histórico, seu fundador, a disciplina que existe entre os praticantes dessa arte, enfim, um diálogo considerando as experiências já vivenciadas pelos alunos e os conhecimentos novos transmitidos à eles. Após o diálogo, ensinamos aos alunos a importância do aquecimento antes de iniciarmos qualquer atividade física, e de forma lúdica, os alunos realizaram vários passos que imitavam o caminhar dos animais, urso e caranguejo, e de uma figura folclórica bastante conhecida: o Saci. Logo após, os alunos realizaram rolamentos para frente. O aquecimento se tornou bem divertido e, considerando os muitos sorrisos e risadas dos alunos, podemos dizer que alcançamos o objetivo de oferecer algo que preparasse o organismo deles para uma atividade de forma descontraída. Terminado o aquecimento, os alunos realizaram uma atividade lúdica voltada ao trabalho de força, domínio e resistência, chamada Pega-ladrão, que consiste em definir quem serão os ladrões e após os demais alunos terão como objetivo correr, alcançar e levar esses ladrões até a área demarcada, que no caso foi o próprio tatame. A brincadeira terminou quando todos assumiram o papel de ladrão, pois conforme o relato de um aluno o mais legal é fugir dos meninos e não pegar.
V Encontro Mineiro Sobre Investigação na Escola 4 A segunda atividade desenvolvida, com características mais próximas ao judô, foram pequenos combates ao solo. Em duplas, e de joelhos, os alunos tinham como objetivo derrubar o oponente ao solo, usando a força dos membros superiores, e não podiam tocar no rosto, cabelo e nem realizar movimentos como empurrões ou agressões. Fato entusiasmante ocorreu quando os professores adequaram seus próprios quimonos nos alunos para que eles pudessem realizar essa atividade. Terminadas as atividades, os alunos realizaram um alongamento, que contou com algumas posições borboleta, cadeirinha, afastamento lateral das pernas e rotação de tronco. O que aprendemos com a experiência A justificativa inicial para o desenvolvimento desta aula estava apoiada em uma única proposta: proporcionar às crianças momentos de reflexão e vivências corporais, considerando o repertório que elas já dispunham, e realizar intervenções para enriquecer ainda mais essas experiências, através do ensino do judô. Observamos que os alunos se mostraram interessados no decorrer da aula e, mesmo com alguns momentos de indisciplina e até mesmo a falta de um espaço e materiais adequados para a realização da atividade, as crianças contribuíram para o desenvolvimento da proposta, realizando e construindo movimentos, participando das brincadeiras, conhecendo o próprio corpo. Não se buscou, em nenhum momento, a perfeita execução dos movimentos, apenas foram feitas algumas intervenções do professor para minimizar a execução de algum movimento incorreto, que pudesse lesionar o aluno, a exemplo do rolamento, onde as crianças eram orientadas a colocar o queixo no pescoço. Ao final, os professores também registraram o que foi observado. Esse trabalho de observação e registro facilita ao professor avaliar a aula ministrada e o processo de desenvolvimento de seus alunos, sendo essa prática de grande importância para o docente, vivenciada por meio do programa ao qual estamos inseridos. Considerações Se pensarmos na escola como um local multicultural, onde os saberes são construídos de forma conjunta através das experiências vivenciadas pelos professores e alunos, e considerarmos que a disciplina de Educação Física, sob a ótica da Cultura Corporal
V Encontro Mineiro Sobre Investigação na Escola 5 do Movimento, promove a educação do corpo e movimento e contribui para o desenvolvimento moral, social e cultural através da interação com o ser humano, podemos dizer que a proposta da Cultura Corporal pode assumir uma enorme importância nas aulas de Educação Física, por se tratar de um conjunto de saberes diversificados e riquíssimos. Não queremos dizer que chegamos a uma fórmula acabada, mas podemos dizer que o professor é o responsável por promover novas experiências aos alunos no ambiente escolar, buscando mecanismos didáticos que propiciem um aprendizado recíproco, considerando as experiências e saberes já adquiridos pela criança e promovendo o desenvolvimento integral dos seus alunos através de uma prática inovadora. Referências BRASIL, Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física / Secretaria de Educação Fundamental. Brasilia: MEC / SEF, p. 37, 1998. MELO, Carolina Feitosa de; COSTA, Maria Regina de Menezes. Os Conteúdos da Cultura Corporal do Movimento ministrados nas aulas de Educação Física Escolar. Disponível em: <http://paginas.uepa.br/seer/index.php/cocar/article/viewfile/72/70>. Acesso em: 16Ago14. NEIRA, Marcos Garcia. A reflexão e a prática do ensino Educação Física. São Paulo/SP: Blucher, p. 37, 2011.