VIVÊNCIAS NO PIBID/EDUCAÇÃO FÍSICA/UNIUBE: ASSOCIANDO CULTURA E HABILIDADES MOTORAS NO ENSINO FUNDAMENTAL II
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- Guilherme Valente Estrada
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1 VIVÊNCIAS NO PIBID/EDUCAÇÃO FÍSICA/UNIUBE: ASSOCIANDO CULTURA E HABILIDADES MOTORAS NO ENSINO FUNDAMENTAL II Jackson Rodrigues Cordeiro 1, Cíntia Silva de Oliveira 2, Silas Queiroz de Souza 3, Marcelo Cordeiro de Rezende 4. 1,2,3,4 Uniube; 1 jackson2rc@hotmail.com; 2 cintia_educa@outlook.com; 3 diretor.educacaofisica@uniube.br; 4 mcr@mednet.com.br Resumo Este trabalho tem por objetivo relatar uma experiência vivenciada com alunos do sexto ano do Ensino Fundamental II em uma escola da rede publica de ensino da cidade de Uberaba-MG, a Escola Estadual professora Corina de Oliveira. Sendo integrantes do PIBID/Educação Física/Uniube, participamos dessa atividade propondo aos alunos variações de atividades com cordas, vivenciadas por nossa sociedade no passado. Tendo como sustento teórico a perspectiva da abordagem da cultura corporal. No intuito de trabalhar as habilidades motoras e trazer-lhes conhecimento sobre o tema, dando a eles a oportunidade de vivenciar e compreender a proposta da atividade. Palavras-chave: Pibid; Educação Física; cultura; pular cordas. 1. Introdução Nesse ano de 2014 ingressamos no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID, um Programa do Ministério da Educação, gerenciado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES, que tem como objetivo valorizar o magistério e fomentar a formação inicial de alunos dos cursos de licenciaturas em parceria com escolas de educação básica da rede pública de ensino. No âmbito do pibid/educação Física/uniube realisamos semanalmente reuniões juntamente com os professores supervisores e o coordenador de área do subprojeto para discutirmos temas relevantes para formação docente e questões implicadas no cotidiano da escola. Uma vez por semana efetuamos intervenções na Escola Estadual Professora Corina de Oliveira onde colocamos em prática a experiência relatada a seguir. Essa instituição de ensino está localizada na Avenida da Saudade, nº 289, em um antigo prédio construído na década de 1970, no Mercês, bairro tradicional da cidade de Uberaba. Nosso referencial teórico-metodológico se fundamenta na perspectiva da abordagem da Cultura Corporal (NEIRA, 2006), para a Educação Física escolar, enfatizando a importância de se trabalhar com os alunos nessa linha, pois cada atividade expressa em seus movimentos à
2 cultura corporal de cada grupo social. Neste sentido, cabe destacar a relevância deste referencial teórico para a Educação Física escolar na perspectiva de resgate da cultura corporal produzida historicamente. Conforme salienta Neira (2011, p.14): Os novos aportes teóricos fizeram das práticas corporais, anteriormente vistas como instrumentos da educação, produtos da gestualidade, formas de expressão e comunicação. Enfim, produtos da cultura. Quando brincam, dançam ou praticam esportes, as pessoas manifestam sentimentos, emoções, formas de ver o mundo, conhecimentos, relações de poder, enfim, seu patrimônio cultural. Inicialmente conhecemos a escola sua rotina e os alunos do 6 ano com quem iríamos desenvolver nosso projeto. Posteriormente fizemos observações (sempre munido de diário de campo para anotações) em aulas do professor supervisor procurando sempre manter certa aproximação com os alunos. Durante uma das nossas reuniões nos foi solicitado que fizéssemos um plano de aula. Este, que muito breve ministraríamos, então foi feito e apresentado ao professor supervisor e ao coordenador de área para que fosse avaliado. Eles o aprovaram, e seguimos com nossos ideais para essa aula. A nossa preocupação centrava-se em trazer para as crianças algo que as atraísse para prática, mas que antes disso as estimulasse a refletir sobre a importância do repertório de atividades em um contexto histórico e cultural. Afinal, eles são protagonistas e transformadores dessas práticas culturais. Partindo desse ponto fomos à busca de autores que resgatassem brincadeiras que já tivessem sido vivenciadas pela nossa sociedade no passado. As orientações do livro de João Batista Freire - Educação de Corpo Inteiro nos subsidiaram. Dentre tantas outras brincadeiras, escolhemos a atividade com cordas, por ser uma atividade de simples execução, por utilizar materiais de fácil acesso, por ser motivadora e acreditarmos que alguns deles já a conhecesse, mesmo que não fosse de forma empírica. Segundo Freire (2004, p.86), ''A proposta de brincar com cordas dificilmente será estranha ao professor ou às crianças, pois faz parte de nossa cultura''. No dia 26 de Maio de 2014 colocamos nossas ideias em prática. Vivenciamos essa experiência com cerca de quarenta alunos. A princípio, alguns deles disseram que não dariam conta. Alguns meninos reagiram de forma preconceituosa, dizendo que a atividade era coisa de menina. Esses foram alguns dos obstáculos que encontramos. 2.Desenvolvimento das Atividades
3 Antes de iniciarmos, o professor supervisor explicou aos alunos que naquele dia a aula seria ministrada por nós, a partir dai fomos todos para a quadra. Nossa aula foi ministrada sobre as observações do professor supervisor para que tivéssemos mais segurança perante a turma. Inicialmente fizemos como já era de costumes dos alunos: pedimos para aqueles que não estivessem com roupas adequadas para atividades físicas que as colocassem e, depois de estarem todos prontos, formamos um circulo no centro da quadra. Nosso professor supervisor já utilizava dessa metodologia para dialogar com os alunos durante a aula. Nesse momento já escutávamos alguns dos alunos dizerem que atividades com cordas eram coisas de meninas, e se depois desta atividade eles poderiam jogar futsal. Discorremos sobre as atividades com cordas explicando a eles que o pular cordas não é uma brincadeira só para meninas, e não apenas para crianças. Justificamos isso falando sobre um desporto derivado dessa atividade - o rope skipping e os aconselhamos a buscarem vídeos sobre o assunto. Muitos se mostraram interessados quando tiveram essa informação, perguntamos então quem já tivera a vivencia com pula cordas, e como eram as brincadeiras que conheciam. Para nossa surpresa poucos se manifestaram, levantando a mão. Então seguimos com a aula, explicando quais seriam as atividades e como seriam realizadas, aplicamos um alongamento, este que durante uma conversa que tivemos com as turmas do 6 anos constatamos que não é aceito de bom grado. Eles alegavam ser uma perda de tempo. Explicamos então a importância do alongamento para uma atividade que exige muitas rotações em membros superiores e movimentação constante em membros inferiores. Os materiais que tínhamos em mãos eram: duas cordas grandes e aproximadamente vinte cordas individuais. Dividimos a turma em duas partes, para que todos pudessem participar mais vezes da brincadeira em um curto período de tempo. Propusemos em seguida as seguintes atividades: cobrinha, pular por cima da corda, amarelinha com a corda, entradinha e outras variações, que foram decorrentes da necessidade de adaptação pela grande quantidade de alunos, e em alguns casos, por sugestão dos mesmos. Nosso objetivo era ver todos participando efetivamente daquilo que propusemos, e por esse motivo em dados momentos, abrimos mão de seguir o plano à risca, para oportunizar a eles construírem sobre suas dificuldades, respeitando a individualidade e os limites de cada um. Foi uma ótima ideia, pois assim, aqueles que encontraram dificuldades ao realizar o que havia sido pedido, contribuíram modificando e complementando a atividade para que pudessem participar como os demais. Pulando cordas na aula de Educação Física (Amarelinha)
4 Fig.1 Alunos do 6 ano do ensino fundamental pulando Amarelinha com cordas. Escola Estadual Professora Corina de Oliveira. Maio de Fonte: Marcelo Cordeiro de Rezrende. Pulando cordas na aula de Educação Física Figura 2. Alunos do 6 ano do ensino fundamental pulando por cima da corda (variação adaptada). Escola Estadual Professora Corina de Oliveira. Maio de Fonte: Marcelo Cordeiro de Rezende. Solicitamos aos alunos que se organizassem em grupos, para que montassem suas próprias sequencias de brincadeiras com as cordas. Infelizmente o tempo que tínhamos
5 disponível não foi suficiente para que os alunos pudessem nos apresentar as sequencias criadas por eles. Para finalizar o nosso trabalho nos reunimos para dialogar sobre os pontos principais da aula, perguntando se eles teriam gostado, e quais as possíveis mudanças poderiam nos sugerir para enriquecer uma aula como aquela. Recebemos sugestões de brincadeiras dos alunos, explicamos que teria que ficar para uma próxima oportunidade, pois naquele dia não havia mais tempo. 3.Análise e Discussão A satisfação em ver todos os alunos presentes em quadra, participando efetivamente da atividade que propusemos, foi muito gratificante. O que temíamos era vê-los indispostos em integrar a atividade. Para nossa satisfação isso não aconteceu e ficamos realizados ao vê-los pedirem para que repetíssemos a atividade na próxima aula. Depois de ministrarmos a aula nos reunimos para discutirmos os pontos positivos e os negativos que teriam se passado, então concluímos que os objetivos que nos propusemos com a produção deste trabalho foram quase todos alcançados, uma vez que as variações e temas que se possam abordar dentro das atividades com cordas não se esgotam em uma aula. Tivemos a participação efetiva de 100% dos alunos, é claro que alguns tiveram mais dificuldades do que os outros, mas nesses momentos foram feitas adequações para que todos participassem sem constrangimentos. Mesmo que no inicio muitos dos meninos só queriam saber se depois das atividades com cordas teriam um jogo de futsal o resultado foi positivo, constatamos que até mesmo esses gostaram muito da aula, pois durante outras aulas em que estávamos fazendo observações vieram nos perguntar quando teriam atividades com cordas novamente. O que aprendemos com essa experiência é que muitas vezes o aluno acaba criando obstáculos para as ações previstas e que nesse momento se faz imprescindível o estímulo dado pelo professor. Acreditamos que a atividade tenha quebrado o preconceito, por parte de alguns garotos, em pensar que se tratava de algo estigmatizado, só para meninas. E para aqueles que pensavam que não dariam conta, constataram que o importante era compreender e vivenciar a proposta da atividade. 4. Algumas Considerações
6 Consideramos que é pertinente a questão da complexidade, apontada por professores, de se trabalhar com turmas numerosas. Esse é um dos pontos que ainda precisamos aprimorar para favorecer o desenvolvimento das aulas. No entanto vislumbramos possibilidades de propostas de atividades que propiciem ao professor resultados profícuos com a inclusão de algumas inovações. Acreditamos que assim como obtivemos ajuda recorrendo a outros relatos para elaboração deste trabalho, que nossa experiência possa também contribuir, subsidiar alguma necessidade no âmbito da Educação Física escolar. Referências FREIRE, João Batista. Educação de corpo inteiro: teoria e pratica da educação física. 4. ed. Scipione, p. Pensamento e ação no magistério. NEIRA, Marcos G.; NUNES, Mario Luiz F. Pedagogia da cultura corporal: críticas e alternativas. São Paulo: Phorte Editora, NEIRA, Marcos Garcia. A reflexão e a prática do ensino Educação Física. São Paulo: Blucher, 2011.
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