TÍTULO: A JUSTIÇA RESTAURATIVA APLICADA NO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

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1 TÍTULO: A JUSTIÇA RESTAURATIVA APLICADA NO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS SUBÁREA: DIREITO INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA AUTOR(ES): TALITA MACIEL DE MELO ORIENTADOR(ES): ROSANGELA BARBOSA

2 1. Resumo: O presente estudo versa, em específico, sobre o modelo de Justiça Retributivo no sistema de justiça brasileiro, com destaque em sua aplicação nos delitos cometidos por crianças e adolescentes. Tem como propósito a ampliação do conhecimento desse novo e ainda pouco tratado pela doutrina jurídica, com o intuito de evidenciar a necessidade de sua implementação no ordenamento jurídico brasileiro. Para isso será apresentado sua evolução histórica, seu conceito, objetivo, efeitos e aplicação, além da breve comparação com o modelo de Justiça Criminal atual, o qual é baseado na Justiça Retributiva. Modelo o qual percebe-se que está em crise e encaminha a sociedade para um ciclo de violência, criminalidade e impunidade interminável. 2. Introdução: A idéia de justiça sempre foi objeto de especulação humana e, por esse motivo, percorre análises de diversas áreas do conhecimento, como a filosofia e o direito. Nesse artigo será abordada especificamente a justiça na visão de Aristóteles. Filosofo o qual, em seu livro chamado Ética a Nicômaco, formulou a definição de justiça universal, e a distinguiu em duas específicas: a justiça geral e a particular, sendo que a primeira corresponde ao respeito à legislação e tem como objetivo o bem comum e a felicidade individual e coletiva; a segunda tem como objetivo principal a realização da igualdade entre o sujeito que pratica a ação e o que a sofre. A justiça partículas divide-se em justiça distributiva e justiça retributiva (corretiva). 3. Objetivos: A pretensão neste trabalho é apresentar a definição de Justiça Restaurativa de forma objetiva, sua evolução histórica e desenvolvimento no cenário mundial, até o surgimento no Brasil, seus objetivos, identificando as formas restaurativas e sua aplicabilidade no direito brasileiro, como foco no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) além do que, se pretende trazer uma sucinta análise da realidade da política criminal brasileira atual, evidenciando suas limitações e impossibilidades, através das quais a Justiça Restaurativa se faz necessária, para o alcance da paz social.

3 4. Metodologia: A fim de alcançar o objetivo proposto, a metodologia utilizada foi o método indultivo na linha dogmática de pesquisa na área jurídica, que consiste na análise de casos específicos e concui como verdade geral. Palavras chave: Acesso à Justiça. Monopólio estatal. Modelos de Justiça. Justiça Restaurativa. Criança e adolescente. 5. Desenvolvimento Foram exploradas fontes bibliográficas como livros, revistas científicas, teses, relatórios de pesquisa, entre outros, que contêm análises sobre determinados temas e indicações de outras fontes de pesquisa; realizada leitura e análise do material levantado, elaboração de fichas e por fim a elaboração do artigo. 6. Resultado: A atual Justiça Criminal baseada no modelo retributivo, aplicada pelo ordenamento jurídico brasileiro, vem apresentando inúmeras limitações, impossibilidades e inadequações, não surtindo efeitos positivos consideráveis. Ou seja, não reduz a frequência da ocorrência dos crimes; pois um conflito que não é solucionado em todos os seus aspectos, gera outro conflito, conduzindo a sociedade ao caos. Atingindo o objetivo contrário à sua função: paz e justiça social. A partir da constatação das deficiências na aplicação desse modelo ultrapassado, causadas pela insuficiência das previsões jurídicas que o implementam, exige a criação de novas alternativas que viabilizarão o acesso à justiça. Mediante a essa necessidade, a Justiça Restaurativa se apresenta como uma nova possibilidade e vem ganhando força no cenário jurídico mundial, pois se faz necessário ampliar as visões de justiça e analisar novas formas de resolver conflitos. Esse modelo traz em seu bojo, como forma prioritária, a preocupação com a vítima, infrator e comunidade, visando o tratamento de traumas e perdas no aspecto emocional, moral e social. A Justiça Restaurativa é um modelo consensual de tentativa de reconstrução de uma relação que foi quebrada entre o transgressor e o ofendido, em consequência de um

4 delito ou ato infracional, para curar os traumas e as feridas deixadas, envolvendo a família e a comunidade em um círculo de soluções (PINTO, 2005; JACCOULD, 2005) A justiça restaurativa é uma experiência encontrada em atividades milenares de comunidades indígenas e ganhou a força, nas sociedades complexas, a partir das deficiências constatadas na aplicação da justiça retributiva no século XIX. Em razão disto, a justiça restaurativa surgiu como uma possibilidade, tornandose alvo de instrumento prática e análise científica. No Brasil, a justiça restaurativa foi implementada como uma política pública de resolução de conflitos pela Secretária de Reforma do Poder Judiciário desde 2005 e a possibilidade da sua utilização no sistema de justiça previsto previsto pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), promulgado pela lei 8069/90, como uma forma de medida socieducativa. O artigo 101 desse estatudo prevê nove medidas que deverão ser tomadas pela autoridade competente na hipótese de um adolescente cometer um ato infralegal; uma delas é a aplicação de medidas socioeducativas a esses jovens, possibilitando a aplicação das atividades da justiça restaurativa. Quando um jovem cometer determinado ato infracional, os representantes do Ministério Público podem promover a partição do mesmo em conjunto com seus responsáveis legais e a vítima, para que deste modo possam buscar a reparação do dano, moral e material, e a responsabilização por parte do infrator. Isso deve acontecer no início do processo, antes mesmo que a figura do Juiz de Direito entre em cenário. É dessa maneira que ocorre a disseminação dos princípios e práticas da justiça restaurativa como meio eficaz para a solução de conflitos 7. Considerações Finais: Para a aplicação da Justiça Restaurativa no Brasil é preciso descontruir o paradigma de justiça e punição atual, além de disseminar quão importante é o envolvimento da comunidade na resolução do conflito, para que assim o processo

5 restaurativo aconteça de maneira plena. Bem como apresentar a sociedade os problemas, limitações e inadequações do modelo de justiça criminal aplicado no brasil, que é o paradigma de justiça predominante na tradição jurídica greco-romana, para que esta questione tal modelo, que contribui para impunidade, violência e criminalidade.

6 Fontes Consultadas: ZEHR, H. Trocando as lentes: Um Novo Foco Sobre o Crime e a Justiça. São Paulo: Palas Athena, p, 64, capítulo 5, SAMPAIO FERRAZ JR, Tercio. Introdução ao Estudo do Direito. São Paulo: Editora ATLAS, 2 edição, ARISTÓTELES. Ética a Nicômacos. SICA, L. Justiça Restaurativa: Críticas e Contra Críticas. Revista IOB de Direito Penal e Processo Penal, Porto Alegre, v. 8, n. 47, p , dez 2007/jan ANDRÉ DE SOUSA, E. L.; ALVES ZUGE, M. B. Direito à Palavra: Interrogações Acerca Da Proposta Da Justiça Restaurativa. Psicol. cienc. prof., Brasília, v.31, n.4, p , abril, AGUINISKY, B; CAPITÃO, L. Violência e Socioeducação: Uma interpelação ética a partir de contribuições da Justiça Restaurativa. Rev. Katálysis, Florianópolis, v.11, n.2, p , jul/dez MARCON, O.A. A Responsabilidade do Menor Infrator. Rev. Katálysis, Florianópolis, v.11, n.2, p , jul/dez Sócrates Gomes Pinto, Renato. A Construção da Justiça Restaurativa no Brasil. Justiça para o Século 21. Morrison, Brenda. Bullying Escolar e Justiça Restaurativa: Compreensão Teórica do Papel do Respeito, Orgulho e Vergonha. Justiça para o Século 21.