O princípio da legalidade tem como objetivo garantir que o menor não sofra um tratamento mais gravoso do que aquele tratamento dispensado ao adulto.
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- Júlia Sanches Cruz
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1 Turma e Ano: Jurisprudência (2016) Matéria / Aula: ECA Estatuto da Criança e do Adolescente 2015 Professor: Ângela Maria Silveira Monitora: Fernanda Helena Aula Análise introdutória Menores Infratores (Lei /12 SINASE) Institui o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE), regulamenta a execução das medidas socioeducativas destinadas a adolescente que pratique ato infracional; e altera as Leis nos 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente); 7.560, de 19 de dezembro de 1986, 7.998, de 11 de janeiro de 1990, 5.537, de 21 de novembro de 1968, 8.315, de 23 de dezembro de 1991, 8.706, de 14 de setembro de 1993, os Decretos-Leis nos 4.048, de 22 de janeiro de 1942, 8.621, de 10 de janeiro de 1946, e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de Essa lei foi elaborada dentro da proposta do ECA, no sentido da recuperação do menor em conflito com a lei. Ou seja, a ideia da lei não é a de castigar o menor, mas sim a de utilizar os meios necessários para fazer com que essa pessoa em desenvolvimento volte a ter uma vida normal em sociedade. Princípios norteadores da aplicação das medidas socioeducativas: O artigo 35 da Lei do SINASE estabelece os princípios norteadores da aplicação das medidas socioeducativas. Esse dispositivo deve ser conjugado, na sua análise, com o artigo 106 do ECA, que trata dos direitos individuais da criança e do adolescente. Lei /12. Art. 35. A execução das medidas socioeducativas regerse-á pelos seguintes princípios: I - legalidade, não podendo o adolescente receber tratamento mais gravoso do que o conferido ao adulto; O princípio da legalidade tem como objetivo garantir que o menor não sofra um tratamento mais gravoso do que aquele tratamento dispensado ao adulto. Por exemplo, se a lei não permite a prisão do maior por uso de drogas, também não é possível a apreensão do menor usuário, mas isso não significa a dispensa de um tratamento adequado com vistas à recuperação do menor do uso indevido de drogas. Como a medida socioeducativa não tem natureza de pena e ela visa a ressocialização do menor, há controvérsia quanto á aplicação da insignificância aos atos infracionais. Nesse sentido, a aplicação do princípio não está vedada, pois a lei, ao estabelece que o menor não
2 deve receber um tratamento mais gravoso do que o tratamento dispensado ao adulto, fundamenta a possibilidade de aplicação na esfera menorista. II - excepcionalidade da intervenção judicial e da imposição de medidas, favorecendo-se meios de autocomposição de conflitos; Seguindo na linha do novo CPC, a Lei do SINASE prevê outas possibilidades de composição dos conflitos na esfera menorista, como por exemplo, o uso da mediação, carrochefe da solução dos conflitos na esfera cível. A Lei /12 trouxe esta proposta moderna de ressocialização, mas não descuidou da vítima e da sociedade. O legislador primou no sentido de fazer com que a vítima de ato infracional perceba que o adolescente em conflito com a lei é um sujeito de direitos com a personalidade em construção e que é passível de ressocialização. III - prioridade a práticas ou medidas que sejam restaurativas e, sempre que possível, atendam às necessidades das vítimas; A prioridade na aplicação das medidas restaurativas na esfera menorista, (como a mediação, a conciliação e etc.), reforça a ideia de que não só o menor infrator, mas também a vítima e a sociedade fazem parte do processo de ressocialização. IV - proporcionalidade em relação à ofensa cometida; V - brevidade da medida em resposta ao ato cometido, em especial o respeito ao que dispõe o art. 122 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente); A lei prevê, na possibilidade de reavaliação da medida sempre que necessário, a materialização da brevidade da ressocialização do menor infrator. O próprio ECA estabelece que as medidas socioeducativas restritivas de direitos deve ser reavaliadas a cada seis meses para alcançar esse escopo. VI - individualização, considerando-se a idade, capacidades e circunstâncias pessoais do adolescente; VII - mínima intervenção, restrita ao necessário para a realização dos objetivos da medida; VIII - não discriminação do adolescente, notadamente em razão de etnia, gênero, nacionalidade, classe social, orientação religiosa, política ou sexual, ou associação ou pertencimento a qualquer minoria ou status; e IX - fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários no processo socioeducativo. Como as medidas socioeducativas estão no capítulo das medidas protetivas do ECA, toda medida socioeducativa, nos moldes dos artigos 99 e 100 do ECA, visam, basicamente, à permanência do menor infrator no seio da sua família com a garantia da manutenção dos vínculos familiares: este é o princípio do fortalecimento.
3 Reavaliação das medidas socioeducativas: Lei /12. Art. 43. A reavaliação da manutenção, da substituição ou da suspensão das medidas de meio aberto ou de privação da liberdade e do respectivo plano individual pode ser solicitada a qualquer tempo, a pedido da direção do programa de atendimento, do defensor, do Ministério Público, do adolescente, de seus pais ou responsável. A lei, dentro da proposta de reavaliação, prevê a manutenção, a substituição ou a suspensão da medida socioeducativa imposta ao menor infrator. Por exemplo, na hipótese da manutenção da medida, o pedido deverá ser encaminhado ao órgão do programa de atendimento ao menor, pois o PIA deverá continuar o acompanhamento do menor para futuras reavaliações. 1o Justifica o pedido de reavaliação, entre outros motivos: I - o desempenho adequado do adolescente com base no seu plano de atendimento individual, antes do prazo da reavaliação obrigatória; II - a inadaptação do adolescente ao programa e o reiterado descumprimento das atividades do plano individual; e III - a necessidade de modificação das atividades do plano individual que importem em maior restrição da liberdade do adolescente. 2o A autoridade judiciária poderá indeferir o pedido, de pronto, se entender insuficiente a motivação. 3o Admitido o processamento do pedido, a autoridade judiciária, se necessário, designará audiência, observando o princípio do 1o do art. 42 desta Lei. Pelo princípio da garantia do devido processo legal, o legislador estabeleceu que no caso de reavaliação que resulte em substituição para uma medida mais gravosa, a medida mais gravosa só poderá ser implementada após a realização de uma audiência especial nesse sentido. Nessa reunião devem estar presentes a defensoria pública ou um advogado, o ministério público e os familiares do menor. 4o A substituição por medida mais gravosa somente ocorrerá em situações excepcionais, após o devido processo legal, inclusive na hipótese do inciso III do art. 122 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), e deve ser: Excepcionalmente, a medida mais gravosa só será aplicada em substituição, caso a medida anterior menos gravosa não esteja surtindo efeito ou, ainda, se o menor a esteja descumprindo injustificadamente. O inciso III do artigo 122 do ECA cuida da possibilidade de internação do adolescente que esteja descumprindo injustificadamente uma medida anteriormente imposta. Cuidado! A internação prevista no inciso III do art. 122 do ECA tem natureza instrumental, no sentido de coagir o menor ao cumprimento da medida socioeducativa
4 anteriormente imposta. Assim, por ser uma medida de natureza instrumental, e de acordo com o disposto na lei, o prazo máximo de internação nesse tipo de medida é de 03 meses. Lei /12. Art. 44.(...) Parágrafo único. No caso de a substituição da medida importar em vinculação do adolescente a outro programa de atendimento, o plano individual e o histórico do cumprimento da medida deverão acompanhar a transferência. Diante da possibilidade de audiência especial, porque a proposta de medida socioeducativa não está surtindo efeito, a lei ainda prevê uma modificação nas atividades em torno da recuperação do menor. Medida mais gravosa Vs. medida menos gravosa Lei /12. Art. 42. As medidas socioeducativas de liberdade assistida, de semiliberdade e de internação deverão ser reavaliadas no máximo a cada 6 (seis) meses, podendo a autoridade judiciária, se necessário, designar audiência, no prazo máximo de 10 (dez) dias, cientificando o defensor, o Ministério Público, a direção do programa de atendimento, o adolescente e seus pais ou responsável. 3o Considera-se mais grave a internação, em relação a todas as demais medidas, e mais grave a semiliberdade, em relação às medidas de meio aberto. A medida de internação é mais gravosa em relação às outras medias; e entre as medidas de meio aberto, a semiliberdade é a mais grave. Unificação das medidas socioeducativas Lei /12. Art. 45. (...) 1o É vedado à autoridade judiciária determinar reinício de cumprimento de medida socioeducativa, ou deixar de considerar os prazos máximos, e de liberação compulsória previstos na Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), excetuada a hipótese de medida aplicada por ato infracional praticado durante a execução. O prazo máximo para o cumprimento de uma medida socioeducativa é de 03 anos. Assim, no caso de sentença superveniente aplicável ao menor que já cumpre alguma medida não é possível o reinício da medida em execução. A contagem do prazo continua até o termo final estabelecido pelo ECA. Atenção! Mas, no caso de sentença por ato infracional posterior ao fim da execução da medida socioeducativa, a autoridade judicial pode determinar o início de uma nova medida com o prazo máximo de 03 anos. 2o É vedado à autoridade judiciária aplicar nova medida de internação, por atos infracionais praticados anteriormente, a adolescente que já tenha concluído cumprimento de medida socioeducativa dessa natureza, ou que tenha sido transferido para
5 cumprimento de medida menos rigorosa, sendo tais atos absorvidos por aqueles aos quais se impôs a medida socioeducativa extrema. Atenção! No caso de ato infracional anterior ao término do cumprimento da medida de internação ou ao progresso para uma medida menos gravosa, a autoridade judiciária não poderá aplicar qualquer medida socioeducativa relativa aquele ato infracional, porque a aplicação de medida posterior a ressocialização não observa o escopo do ECA e será considerada como uma punição. 1. Extinção da medida socioeducativa Lei /12. Art. 46. (...) 1o No caso de o maior de 18 (dezoito) anos, em cumprimento de medida socioeducativa, responder a processocrime, caberá à autoridade judiciária decidir sobre eventual extinção da execução, cientificando da decisão o juízo criminal competente. Durante o curso da medida socioeducativa (que pode ser cumprida até os 21 anos) o agente completou 18 anos e comete um crime, a medida socioeducativa em execução só será extinta, caso o juiz da vara de infância e juventude entenda que é caso de extinção. Entendendo pela manutenção da medida socioeducativa, o juiz da infância informará ao juiz criminal que o agente cumprirá a medida até o final e só então responderá no âmbito criminal. 2o Em qualquer caso, o tempo de prisão cautelar não convertida em pena privativa de liberdade deve ser descontado do prazo de cumprimento da medida socioeducativa. A jurisprudência autoriza a detração penal do cômputo da esfera menorista, mas somente relativa ao tempo de internação cautelar durante os 45 dias entre a apreensão do menor infrator e a sentença final pelo seu ato, o período de execução da medida socioeducativa, mesmo que de privação da liberdade, não será contado para fins de detração da pena, na esfera penal. Lei /12 Art. 47. O mandado de busca e apreensão do adolescente terá vigência máxima de 6 (seis) meses, a contar da data da expedição, podendo, se necessário, ser renovado, fundamentadamente. Esgotado o prazo de 06 meses do mandado de busca e apreensão, sem que o menor seja apreendido, ele perderá a sua validade. Excepcionalmente, prazo do mandado poderá ser renovado s=desde que a haja motivação fundamentada. ECA. ART APRESENTADO O ADOLESCENTE, O REPRESENTANTE DO MINISTÉRIO PÚBLICO, NO MESMO DIA E À VISTA DO AUTO DE APREENSÃO, BOLETIM DE OCORRÊNCIA OU RELATÓRIO POLICIAL, DEVIDAMENTE AUTUADOS PELO CARTÓRIO JUDICIAL E COM INFORMAÇÃO SOBRE OS ANTECEDENTES DO ADOLESCENTE, PROCEDERÁ IMEDIATA E INFORMALMENTE À SUA OITIVA E, EM SENDO POSSÍVEL, DE SEUS PAIS OU RESPONSÁVEL, VÍTIMA E TESTEMUNHAS.
6 PARÁGRAFO ÚNICO. EM CASO DE NÃO APRESENTAÇÃO, O REPRESENTANTE DO MINISTÉRIO PÚBLICO NOTIFICARÁ OS PAIS OU RESPONSÁVEL PARA APRESENTAÇÃO DO ADOLESCENTE, PODENDO REQUISITAR O CONCURSO DAS POLÍCIAS CIVIL E MILITAR. Atenção! A partir das regras de interpretação sistemática é possível concluir que não cabe ao juiz expedir mandado de busca e apreensão fora do procedimento menorista. Durante a fase de investigação, apenas o MP pode requerer mandado de busca e apreensão do menor, sob pena de, se feito pelo juiz, ferir a imparcialidade. Observação! Há corrente contrária que entende que o juiz pode expedir mandado de busca e apreensão do menor fora do processo. Plano individual de atendimento (PIA): O PIA é inovador porque efetivamente dá suporte legal na aplicação das medidas socioeducativas de recuperação do menor infrator. Lei /12. Art. 49. (...) 2o A oferta irregular de programas de atendimento socioeducativo em meio aberto não poderá ser invocada como motivo para aplicação ou manutenção de medida de privação da liberdade. A falta de equipamentos que dão estrutura para a aplicação de medida socioeducativa em meio aberto não autoriza a aplicação medida de internação em substituição. Lei 12,594/12. Art. 50. Sem prejuízo do disposto no 1o do art. 121 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), a direção do programa de execução de medida de privação da liberdade poderá autorizar a saída, monitorada, do adolescente nos casos de tratamento médico, doença grave ou falecimento, devidamente comprovados, de pai, mãe, filho, cônjuge, companheiro ou irmão, com imediata comunicação ao juízo competente. A medida de internação não veda a saída eventual do menor do sistema. A lei trabalha com o escopo de ressocialização, e o contato social extramuros é muito importante para alcançar este objetivo. A proposta da lei é o resgate social do menor infrator, portanto, o menor tem o direito à liberdade autorizada durante a execução da medida. Da atenção integral à saúde de adolescente em cumprimento de medida socioeducativa Lei 12,594/12. Art. 63. (VETADO). 1o O filho de adolescente nascido nos estabelecimentos referidos no caput deste artigo não terá tal informação lançada em seu registro de nascimento. 2o Serão asseguradas as condições necessárias para que a adolescente submetida à execução de medida socioeducativa de privação de liberdade permaneça com o seu filho durante o período de amamentação.
7 Lei 12,594/12. Art 64. O adolescente em cumprimento de medida socioeducativa que apresente indícios de transtorno mental, de deficiência mental, ou associadas, deverá ser avaliado por equipe técnica multidisciplinar e multissetorial. O artigo 112 do ECA estabelece, como princípio basilar, que o menor deve ter capacidade para cumprir a medida imposta; assim, quando o juiz, aplicar qualquer medida, deverá observar, no caso concreto, se a medida adotada é a mais adequada e atinge o escopo de fazer com que o menor entenda o caráter ressocializador dessa medida. Não atinge o escopo da lei a aplicação de medidas que o menor não consiga absorver o seu caráter ressocializador. Para contribuir nesse trabalho, os artigos 99 e 100 do ECA, que tratam das medidas específicas de proteção, estabelecem um rol de princípios que o juiz deverá observar na aplicação de uma medida socioeducativa. Atenção! Mesmo que o menor seja portador de doença mental, ele será submetido à medida socioeducativa, entretanto, o local para o cumprimento da medida por parte desse menor não pode ser o mesmo local indicado para o menor sem deficiência mental. Observação! Na pratica, por falta de estrutura, alguns juízes têm deixado de aplicar medida socioeducativa aos menores portadores de deficiência mental com fundamento na incapacidade para cumprir a medida. Lei 12,594/12. Art 64 (...) 6o A suspensão da execução da medida socioeducativa será avaliada, no mínimo, a cada 6 (seis) meses. Atenção! Caso o menor desenvolva alguma incapacidade mental no curso do cumprimento da medida socioeducativa, ele deverá ser encaminhado para que uma equipe multidisciplinar avalie a incapacidade e opine sobre a possível suspensão da medida. Confirmada a incapacidade mental, o juiz suspende a execução da medida socioeducativa e encaminha o menor para tratamento em uma unidade hospitalar.
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