Superior Tribunal de Justiça

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1 RECURSO ESPECIAL Nº SP (1997/ ) RELATOR : MINISTRO FRANCISCO PEÇANHA MARTINS RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL PROCURADOR : ELYADIR FERREIRA BORGES E OUTROS RECORRIDO : USINA SANTA RITA S/A AÇÚCAR E ÁLCOOL ADVOGADO : HAMILTON DIAS DE SOUZA E OUTROS EMENTA TRIBUTÁRIO CONTRIBUIÇÃO PARA O IAA (CIDE) RECURSO EXTRAORDINÁRIO PROVIDO RECURSO ESPECIAL SOBRESTADO ILEGITIMIDADE DO INSTITUTO DO AÇÚCAR E DO ÁLCOOL PARA EXIGIR E PUBLICAR A CONTRIBUIÇÃO E O ADICIONAL COM ALÍQUOTAS MAJORADAS ENTENDIMENTO DO STF (RE /AL, DJ de ) - PERDA DE OBJETO RECURSO ESPECIAL PREJUDICADO. - O eg. Supremo Tribunal Federal reconheceu recepcionada pela Constituição de 1988 a contribuição instituída em favor do IAA pelo D.L. 308/67, alterado pelos Decretos-leis 1.712/79 e 1.952/82. - É incompatível com a Nova Carta a possibilidade de a alíquota dessa contribuição variar ou ser fixada por autoridade administrativa, dado o princípio da legalidade. - Entendimento do Pretório Excelso no RE AL. - Recurso especial prejudicado por perda de objeto. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, julgar prejudicado o recurso. Votaram com o Relator os Ministros Eliana Calmon (voto-vista), Franciulli Netto e João Otávio de Noronha. Presidiu o julgamento a Exma. Sra. Ministra Eliana Calmon. Brasília (DF), 27 de maio de 2003(Data do Julgamento) MINISTRO FRANCISCO PEÇANHA MARTINS Relator Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 01/09/2003 Página 1 de 9

2 RECURSO ESPECIAL Nº SP (1997/ ) RELATÓRIO EXMO. SR. MINISTRO FRANCISCO PEÇANHA MARTINS: Trata-se de recurso especial manifestado pela FAZENDA NACIONAL com fundamento na letra "a" do permissivo constitucional, contra acórdão proferido pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região que, por unanimidade, deu provimento à apelação interposta pela USINA SANTA RITA S/A AÇÚCAR E ÁLCOOL, nos autos da ação mandamental impetrada pela Usina contra ato do Sr. Delegado da Receita Federal em Ribeirão Preto, objetivando eximir-se do pagamento da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico - CIDE, incidente sobre o preço de venda do açúcar e do álcool e respectivo adicional, nas operações realizadas no mês de agosto de O v. acórdão declarou que a Constituição Federal anterior não autorizou a delegação do Legislativo para o Executivo, consoante a elementos essenciais desse tributo, visto que somente a lei pode dele dispor, bem como decidiu que os Decretos-leis 308/67, 1.712/73 e 1.952/82 não foram recepcionados pela CF/88. No recurso especial, a ora recorrente alega ter o v. aresto contrariado o D.L. 308/67, o art. 30 do D.L /79 e arts. 6º e 7º do D.L /82, quando entendeu ilegal a cobrança da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico - CIDE, destinada ao Instituto do Açúcar e do Álcool, prevista nesses dispositivos legais, visto que o referido Instituto tem legitimidade para exigir a exação e o adicional com alíquotas majoradas. Recurso Extraordinário interposto simultaneamente. Contra-razões às fls. 388/399. Ambos os recursos foram admitidos no Tribunal "a quo", subindo os autos a esta eg. Corte, onde vieram a mim conclusos. Dispensei o pronunciamento do Ministério Público Federal, nos termos regimentais. Em sessão da Segunda Turma deste Tribunal, o julgamento do Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 01/09/2003 Página 2 de 9

3 presente recurso especial foi sobrestado, por força de prejudicialidade constitucional, visto que o Tribunal "a quo" decidiu a lide com fulcro em preceitos inscritos na Carta Magna. Encaminhados os autos ao STF, aquela Corte reconheceu a constitucionalidade da contribuição devida ao Instituto do Açúcar e do Álcool - IAA, de que tratam os referidos decretos-leis, em face da Constituição de 1967 e da Emenda Constitucional 01/69, bem como decidiu pela constitucionalidade da contribuição frente a CF/88, exceto quanto a possibilidade da alíquota variar ou ser fixada por autoridade administrativa, em virtude do princípio da legalidade. Irresignada, a Usina interpôs embargos de declaração, ao final rejeitados, alegando omissão no v. acórdão, visto que o aresto não determinou a remessa dos autos ao STJ para exame do especial. Transitada em julgado a decisão, os autos retornaram a esta Corte, para apreciação do especial. É o relatório. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 01/09/2003 Página 3 de 9

4 RECURSO ESPECIAL Nº SP (1997/ ) VOTO EXMO. SR. MINISTRO FRANCISCO PEÇANHA MARTINS(Relator): Sobrestado o recurso especial neste Tribunal, foram remetidos os autos ao Pretório Excelso, que apreciou o recurso extraordinário interposto, concluindo pelo provimento do apelo extremo para indeferir o mandado de segurança impetrado pela Usina Santa Rita S/A Açúcar e Álcool, objetivando eximir-se do pagamento da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico - CIDE, incidente sobre o preço de venda de açúcar e do álcool e respectivo adicional, nas operações realizadas no mês de agosto de O acórdão proferido pela 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal, em resumo, proclamou (fls. 442): "Contribuição devida ao Instituto do Açúcar e do Álcool - IAA. - O Plenário desta Corte, ao julgar o RE , reconheceu a constitucionalidade em face da Constituição de 1967 e da Emenda Constitucional nº 1/69, da contribuição instituída em favor do IAA pelo Decreto-lei 308/67, alterado pelos Decretos-leis 1.712/79 e 1.952/82. - De outra parte, ao julgar o RE , esse mesmo Plenário não só afastou, com relação a essa contribuição, a alegação de ofensa ao artigo 149 da Constituição de 1988, como também a entendeu recebida por esta em consonância com o disposto no art. 34, 5º, do ADCT, só se tendo por incompatível com a referida Carta Magna a possibilidade de a alíquota dessa contribuição variar ou ser fixada por autoridade administrativa, dado o princípio da legalidade. - Recurso extraordinário conhecido e provido." A questão federal suscitada no recurso especial cinge-se à assertiva de que o Instituto do Açúcar e Álcool era legitimado para publicar e exigir a contribuição e o adicional com alíquotas majoradas. Contudo, o acórdão proferido no julgamento do recurso Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 01/09/2003 Página 4 de 9

5 extraordinário, reportando-se à decisão do Plenário no RE AL, proclamou "incompatível com a Carta Magna a possibilidade de a alíquota dessa contribuição variar ou ser fixada por autoridade administrativa, dado o princípio da legalidade" (fls. 440) Vale transcrito trecho elucidativo do voto do Ministro Nelson Jobim, Relator para o acórdão do recurso extraordinário acima mencionado, nos seguintes termos: "... Na Constituição de recordo-me perfeitamente das razões da discussão a esse respeito -, como, no sistema constitucional de 1967 e 1969, as contribuições sociais de intervenção no domínio econômico tinham-se expandido e, para evitar que o Poder Executivo pudesse expandir a área tributária pela via das contribuições, condicionou-se a criação de contribuição no domínio econômico à lei complementar. Ora, entrou em vigor a Constituição de 1988 e encontrou criada, com alíquota fixada nos moldes das Constituições de 1967 e 1969, um determinado tipo de tributo. A Constituição de 1988 manteve as contribuições de intervenção no domínio econômico: contribuições sociais e contribuições de interesses das categorias profissionais ou econômicas. Após 1988, não é possível que a alíquota venha a ser fixada por ato unilateral do Poder Executivo. O que desapareceu, foi a possibilidade de se modificar a alíquota então fixada. No entanto, a alíquota que havia sido fixada nos termos da legislação anterior - e legitimamente -, foi recepcionada como tal. A Constituição de 1988 não extinguiu tais contribuições. (grifei) O 5º do art. 34 do ADCT, destinado a regrar o processo de transição entre o modelo constitucional tributário, estabeleceu: ' 5º Vigente o novo Sistema tributário nacional, fica assegurada a aplicação da legislação anterior, no que não seja incompatível com ele e com a legislação referida nos 3º e 4º.' A legislação anterior criou a contribuição do açúcar e do álcool. É uma contribuição não incompatível com a legislação nova. O que é incompatível com a Constituição de 1988, é exatamente a delegação, a possibilidade dessa alíquota variar ou ser fixada por autoridade administrativa" (grifei). Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 01/09/2003 Página 5 de 9

6 Assim decidida a questão sob o pálio da Nova Carta, nada há que ser apreciado neste recurso especial, que perde o seu objeto. Ante o exposto, julgo prejudicado o recurso. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 01/09/2003 Página 6 de 9

7 CERTIDÃO DE JULGAMENTO SEGUNDA TURMA Número Registro: 1997/ RESP / SP Números Origem: PAUTA: 20/05/2003 JULGADO: 20/05/2003 Relator Exmo. Sr. Ministro FRANCISCO PEÇANHA MARTINS Presidenta da Sessão Exma. Sra. Ministra ELIANA CALMON Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. JOSÉ EDUARDO DE SANTANA Secretária Bela. BÁRDIA TUPY VIEIRA FONSECA AUTUAÇÃO RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL PROCURADOR : ELYADIR FERREIRA BORGES E OUTROS RECORRIDO : USINA SANTA RITA S/A AÇÚCAR E ÁLCOOL ADVOGADO : HAMILTON DIAS DE SOUZA E OUTROS ASSUNTO: Tributário - Contribuição CERTIDÃO Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "Após o voto do Sr. Ministro-Relator, julgando prejudicado o recurso especial, pediu vista dos autos a Sra. Ministra Eliana Calmon." Aguardam os Srs. Ministros Franciulli Netto e João Otávio de Noronha. O referido é verdade. Dou fé. Brasília, 20 de maio de 2003 BÁRDIA TUPY VIEIRA FONSECA Secretária Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 01/09/2003 Página 7 de 9

8 RECURSO ESPECIAL Nº SP (1997/ ) VOTO-VISTA EXMA. SRA. MINISTRA ELIANA CALMON: 1. O presente recurso tem como relator o Ministro Peçanha Martins e questiona o pagamento da CIDE - Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, incidente sobre o preço de venda do açúcar e do álcool nas operações realizadas no mês de agosto de A questão chegou a esta Corte e foi sobrestado o julgamento do especial, porque entendeu o relator que deveria primeiro ser julgado o recurso extraordinário, pois prejudicial. A Corte Suprema reconheceu a constitucionalidade da contribuição, seja pela Constituição antecedente, seja pela atual Carta, impugnando apenas a alíquota, por entender que a autoridade administrativa não poderia fixá-la sem alterá-la. 2. Retornando os autos, resta decidir a questão da legitimidade do IAA para exigir a contribuição e o adicional com alíquotas majoradas. Entendeu o relator que o aspecto enfocado no especial foi examinado pelo STF, que proclamou ser incompatível com a Carta Magna a variação e fixação da alíquota pela autoridade administrativa. Dessa forma, julgou prejudicado o recurso, por perda de obejto. 3. Pedi vista para melhor examinar o pleito e verifico que, efetivamente, está prejudicado o especial. Ora, se o STF disse que não era possível delegação ao IAA para fixar alíquotas ou modificá-las, claro está que, com ou sem motivação, não se pode aceitá-la. Assim sendo, voto acompanhando o relator. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 01/09/2003 Página 8 de 9

9 CERTIDÃO DE JULGAMENTO SEGUNDA TURMA Número Registro: 1997/ RESP / SP Números Origem: PAUTA: 20/05/2003 JULGADO: 27/05/2003 Relator Exmo. Sr. Ministro FRANCISCO PEÇANHA MARTINS Presidenta da Sessão Exma. Sra. Ministra ELIANA CALMON Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. JOSÉ EDUARDO DE SANTANA Secretária Bela. BÁRDIA TUPY VIEIRA FONSECA AUTUAÇÃO RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL PROCURADOR : ELYADIR FERREIRA BORGES E OUTROS RECORRIDO : USINA SANTA RITA S/A AÇÚCAR E ÁLCOOL ADVOGADO : HAMILTON DIAS DE SOUZA E OUTROS ASSUNTO: Tributário - Contribuição CERTIDÃO Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "Prosseguindo-se no julgamento, após o voto-vista da Sra. Ministra Eliana Calmon, a Turma, julgou prejudicado o recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro-Relator." Os Srs. Ministros Eliana Calmon (voto-vista), Franciulli Netto e João Otávio de Noronha votaram com o Sr. Ministro Relator. O referido é verdade. Dou fé. Brasília, 27 de maio de 2003 BÁRDIA TUPY VIEIRA FONSECA Secretária Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 01/09/2003 Página 9 de 9