PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO UNIVERSITÉ PARIS 1 PANTHÉON SORBONNE LYGIA NUNES ROTONDI DE AZEVEDO

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1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO UNIVERSITÉ PARIS 1 PANTHÉON SORBONNE LYGIA NUNES ROTONDI DE AZEVEDO DESINDUSTRIALIZAÇÃO PREMATURA NA AMÉRICA LATINA MESTRADO PROFISSIONAL EM ECONOMIA DA MUNDIALIZAÇÃO E DO DESENVOLVIMENTO SÃO PAULO 2015

2 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO UNIVERSITÉ PARIS 1 PANTHÉON SORBONNE LYGIA NUNES ROTONDI DE AZEVEDO DESINDUSTRIALIZAÇÃO PREMATURA NA AMÉRICA LATINA MESTRADO PROFISSIONAL EM ECONOMIA DA MUNDIALIZAÇÃO E DO DESENVOLVIMENTO Trabalho final apresentado à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de MESTRE PROFISSIONAL em Economia da Mundialização e do Desenvolvimento, sob a orientação do Prof. Dr. Celso Ribeiro Campos. SÃO PAULO 2015

3 Autorizo a disponibilização desta dissertação na Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo para consulta pública e referência bibliográfica, mas sua reprodução total ou parcial somente pode ser feita mediante autorização expressa do autor, nos termos da legislação vigente sobre direitos autorais. São Paulo, 26 de janeiro de Assinatura: A994d AZEVEDO, Lygia Nunes Rotondi de. Desindustrialização prematura na América Latina p. : il. Dissertação (Mestrado Profissional) Université Paris 1 Panthéon Sorbonne / Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Departamento de Economia, São Paulo, Orientação: Prof. Dr. Celso Ribeiro Campos, Departamento de Economia, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 1. Desindustrialização. Desenvolvimento econômico. 3. Econometria. I. Título. CDU 330.3

4 AZEVEDO, Lygia Nunes Rotondi de. Desindustrialização precoce na América Latina. Trabalho final apresentado ao Departamento de Economia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e da Université Paris 1 Panthéon Sorbonne, como exigência parcial para obtenção do título de MESTRE PROFISSIONAL em Economia da Mundialização e do Desenvolvimento. Aprovado em: Banca Examinadora

5 AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus pais e familiares pela paciência e apoio constante no período em que elaborava esta Dissertação. Os meus agradecimentos ao Professor Dr. Celso Ribeiro Campos pela orientação prestada e pelo incentivo permanente na realização deste trabalho. Agradeço ao professor Dr. José Nicolau Pompeo e ao professor Dr. Marcel Guedes Leite, uma vez que suas sugestões ajudaram a melhorar diversos elementos desta dissertação. Os meus agradecimentos também aos demais professores e funcionários do programa pelo apoio no decorrer do curso. Por fim, agradeço aos meus colegas e a Gilberto Gergull, que contribuíram com material bibliográfico, ideias e sugestões.

6 If I have seen further it is by standing on the shoulders of giants. Isaac Newton

7 RESUMO A indústria sempre ocupou um papel de destaque no debate sobre o desenvolvimento econômico dos países latino-americanos. Entretanto, a partir da década de 1980, a indústria começa a dar sinais de que pode estar perdendo espaço como agente indutor desse processo, indicando um possível movimento no sentido oposto. Este trabalho verifica a hipótese de desindustrialização precoce na América Latina, tendo como ponto de partida o trabalho de Rowthorn & Coutts, que analisou o mesmo fenômeno nos países desenvolvidos. O estudo começa fazendo uma revisão da literatura econômica sobre o tema apontando os principais trabalhos já realizados acerca do assunto, bem como aspectos teóricos que serão desenvolvidos no decorrer da pesquisa. Foi utilizado um modelo econométrico de dados em painel de 8 países latino-americanos selecionados, cobrindo o período entre 1986 e Além de verificar a possível existência desse fenômeno, esse, em se confirmando, buscar-se-á apontar suas causas e condicionantes. Para tanto, no modelo serão testadas outras variáveis, diferentes das usadas no trabalho-referência, de modo a captar as peculiaridades da região estudada, sem com isso perder a robustez e capacidade explicativa do estudo original. Com isso, pretende-se contribuir para o debate que busca apontar saídas no sentido de superar os obstáculos que ainda os impedem os países da América Latina de avançar no caminho do desenvolvimento econômico. Palavras-chave: Indústria. Desindustrialização. Mudança estrutural. Doença holandesa. América Latina. Desenvolvimento Econômico.

8 ABSTRACT The industry has always played a prominent role in the economic development debate of Latin American countries. However, since the 1980s, the industry has been demonstrating signs that it may be losing space as inducer of this process, indicating a possible movement in the opposite direction. This research verifies the hypothesis of premature deindustrialization in Latin America, considering as a starting point the Coutts & Rowthorn article, which analyzed the same phenomenon in developed countries. This study begins by reviewing the economic literature on the subject, pointing out the major discussions on the theme, along with theoretical aspects related to this topic. An econometric model using panel data of 8 selected Latin American countries was considered, covering the period between 1986 and 2005, to verify the possible existence of this phenomenon. If it is confirmed, we will analyze their causes and conditions. To do so, in the model we will test variables different from those used in the reference work, to capture the peculiarities of the studied region, without losing the robustness and explanatory power of the original study. With this analysis, we intend to contribute in identifying alternatives to overcome the obstacles that still disrupts the Latin American countries from moving forward on the economic development path. Keywords: Industry. Deindustrialization. Structural change. Dutch disease. Latin America. Economic development.

9 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 A mudança na estrutura do emprego Gráfico 2 Decomposição do crescimento da produtividade por grupo de países, Gráfico 3 Efeito de commodities primárias e serviços, Gráfico 4 Participação da manufatura no emprego Argentina, Brasil e México, 1950 a Gráfico 5 Participação da manufatura no valor adicionado Argentina, Brasil e México, 1950 a Gráfico 6 PIB per capita (US$) e participação da manufatura no emprego (%) América Latina e OCDE, 1960 a Gráfico 7 Participação da manufatura no emprego (%), 1986 a Gráfico 8 Formação bruta de capital fixo (% PIB), 1986 a Gráfico 9 log PIB per capita, 1986 a Gráfico 10 Abertura comercial (% PIB), 1986 a Gráfico 11 Importação de manufaturas da China (% PIB), 1986 a Gráfico 12 Balança comercial de manufaturas (% PIB), 1986 a Gráfico 13 Exportação de commodities (% PIB), 1986 a

10 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Explicando a desindustrialização, Tabela 2 Participação da Indústria no Emprego (% do total) Tabela 3 Resultado regressões Tabela 4 Resultado regressões (sem Venezuela)... 48

11 SIGLAS CEPAL FMI OCDE OMC ONU UNCTAD Comissão Econômica para América Latina e Caribe Fundo Monetário Internacional Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico Organização Mundial do Comércio Organização das Nações Unidas United Nations Conference on Trade and Development

12 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO REVISÃO DA LITERATURA E ASPECTOS TEÓRICOS Aspectos teóricos Revisão da literatura MODELO DE DESINDUSTRIALIZAÇÃO O modelo Desenvolvimento do modelo Conclusões do modelo O MODELO As variáveis O modelo CONCLUSÃO REFERÊNCIAS APÊNDICE A APÊNDICE B APÊNDICE C APÊNDICE D APÊNDICE E APÊNDICE F APÊNDICE G APÊNDICE H... 64

13 11 1 INTRODUÇÃO A industrialização ocupa um papel central no debate em torno dos processos de desenvolvimento econômico. Entretanto, atingido um determinado patamar de industrialização, a participação da indústria, tanto em valor adicionado do PIB, como em participação do emprego industrial em relação ao emprego total, passa a decrescer ao longo do tempo. Vale dizer, nos estágios iniciais do desenvolvimento econômico a indústria em geral, e a manufatura em particular, tem um papel determinante, apresentando uma participação crescente no PIB. Entretanto, atingido um determinado nível, as alterações estruturais tanto do ponto de vista econômico, quanto do ponto de vista social proporcionadas pelo avanço tecnológico, pelos ganhos de produtividade e pelo aumento da renda per capita, fazem com que o setor industrial passe a ceder espaço para outros setores da economia, em especial o setor de serviços. Contudo, em que pesem as divergências em relação à mensuração e à metodologia usada para aferição da participação da indústria na economia distorções estatísticas e polêmicas em torno da tendência de longo prazo da participação industrial no PIB a indústria continua sendo, em função de sua própria natureza, o motor do desenvolvimento econômico, estimulando a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico que mais tarde serão absorvidos pelo restante da economia. Nesse sentido, no atual estágio de desenvolvimento econômico, principalmente das economias avançadas, o foco do estudo passa a ser não mais a industrialização, mas sim seu oposto: a desindustrialização. Mais que isso, cumpre buscar entender não só a gênese do processo, mas seus desdobramentos e suas implicações para o restante da economia. Podemos pensar em desindustrialização como uma redução da participação da indústria no emprego total ao longo dos anos. Espera-se que esse fenômeno ocorra de acordo com o curso normal de desenvolvimento e, por esse ponto de vista, o mesmo não é prejudicial ao país. No entanto, se a desindustrialização ocorrer antes do tempo ela pode ser danosa e prejudicar o processo de desenvolvimento econômico. Neste trabalho, analisaremos as raízes da desindustrialização na América Latina e investigaremos se ela ocorreu de forma prematura em comparação com o processo observado nos países desenvolvidos. Nossa análise é baseada no trabalho de Rowthorn e Coutts (2004), que analisaram as raízes da desindustrialização nas economias classificadas como desenvolvidas pela Organização das Nações Unidas, utilizando dados em painel de 23 países, no período entre 1963 e Nesse trabalho, a conclusão dos autores indica que os principais fatores que

14 12 explicam a desindustrialização são de ordem interna, relacionadas com o investimento e com o que eles chamam de crescimento normal, que foi medido pela renda per capita. Os efeitos externos, incluindo a balança comercial de bens manufaturados, o comércio norte-sul (medido por importações de produtos manufaturados dos países em desenvolvimento) e abertura comercial do país (medido pela soma de importações com exportações de manufaturas), tiveram menor impacto sobre o processo de desindustrialização nesses países. O objetivo deste trabalho é usar o mesmo modelo para analisar a desindustrialização na América Latina no período de 1986 a A questão central é se o modelo também se aplica aos países da América Latina e, em caso afirmativo, qual é o turning point da participação da indústria no emprego em função do nível de renda per capita. A hipótese é que o nível do PIB per capita no ponto de inflexão da curva na América Latina está abaixo do nível ocorrido nos países desenvolvidos e, portanto, a desindustrialização na América Latina seria prematura. Isso seria uma consequência de uma grande importância das exportações de commodities para as economias desses países, o que distorce a taxa de câmbio e resulta em uma indústria local menos competitiva. Para fazer essa análise as fontes de dados de exportações e importações de bens manufaturados foram a Organização Mundial do Comércio e Nações Unidas; a fonte de dados para PIB e investimento foi o World Economic Outlook publicado pelo FMI; a fonte de dados do PIB per capita foi o Banco Mundial e para a participação da indústria no emprego utilizamos a 10-sector database desenvolvida pela Universidade de Groningen. Com esses dados, aplicamos um modelo econométrico com o objetivo de responder às perguntas anteriores e atingir os objetivos propostos. Esta análise é relevante, pois considera o comportamento de desindustrialização na América Latina em perspectiva com o processo observado em países desenvolvidos. Essa discussão pode trazer luz para a dificuldade de convergência, em termos de PIB per capita apresentada pelos países da América Latina. Em última análise, compreender o processo de desenvolvimento das economias que hoje se encontram em um estágio avançado contribui para que os demais [países] que ainda não atingiram esse mesmo estágio possam, por meio da compreensão desse processo, superar as barreiras que ainda impedem o seu desenvolvimento. Na primeira seção deste trabalho faremos uma breve revisão da literatura, bem como abordaremos aspectos teóricos relacionados aos conceitos e causas da desindustrialização. Na segunda seção iremos expor o trabalho de referência e suas principais conclusões. Na terceira seção apresentaremos o modelo proposto e os resultados empíricos, que será seguido por uma análise cuidadosa. Finalmente, resumiremos os resultados alcançados.

15 13 2 REVISÃO DA LITERATURA E ASPECTOS TEÓRICOS A indústria desempenha um papel central no desenvolvimento econômico dos países e, em larga medida, estudar seu processo de industrialização (e desindustrialização) significa entender também de que forma seu desenvolvimento se deu. Primeiramente, desenvolvimento econômico pode ser entendido como um longo processo de crescimento econômico, acompanhado de aumento da produtividade e da renda per capita, que por seu turno impulsionam uma demanda crescente por mais bens e serviços (infraestrutura, transporte, energia, educação, saúde etc.). Esse processo, nos estágios iniciais, absorve cada vez menos mão-de-obra do setor agrícola, que passa então a ser incorporado pelas indústrias nascentes que demandam cada vez mais trabalhadores para atender ao aumento da produção de manufaturas, resultado de um processo crescente de ampliação do setor industrial. Assim, esta seção foi dividida em duas partes: na primeira parte, apresentamos resumidamente os principais aspectos teóricos acerca da importância da indústria e do posterior processo de desindustrialização e na segunda parte fazemos uma breve revisão da literatura a respeito da desindustrialização. 2.1 Aspectos teóricos Kaldor foi um dos primeiros a analisar o papel da indústria no processo de desenvolvimento econômico. Ao estudar as causas da baixa taxa de crescimento do PIB do Reino Unido em comparação com outras economias desenvolvidas, verificou uma relação positiva entre a taxa de crescimento do PIB e a taxa de crescimento do setor manufatureiro, desde que esta seja maior do que o crescimento do restante da economia; isso ficou conhecido como primeira lei de Kaldor. De acordo com a segunda lei de Kaldor, também conhecida como lei de Kaldor-Verdoon, a produtividade industrial é uma função crescente da produção industrial. Isso ocorre pois a indústria possui economias estáticas e dinâmicas de escala. Nas economias de escala estáticas o aumento da produção diminui o custo médio dos produtos, enquanto nas economias dinâmicas de escala o aumento do tamanho do mercado resulta em especialização. Já a terceira lei postula que há uma relação causal entre o crescimento do setor manufatureiro e da produtividade da economia como um todo, uma vez que, segundo o autor, a industrialização acelera a mudança tecnológica de toda a economia.

16 14 Por fim, Kaldor também argumenta que as atividades manufatureiras estão sujeitas às leis dos retornos crescentes (THIRWALL, 1983; KALDOR, 1966; MORCEIRO, 2012). Hirschman (1958) analisou os efeitos da indústria sob a ótica da interdependência das atividades econômicas. Para ele, cada atividade econômica (desde que não-primária) induziria tentativas para suprir, via produção interna, os insumos e elementos indispensáveis para essas atividades: era o chamado efeito em cadeia retrospectiva. Por outro lado, toda atividade econômica, que em função de sua natureza, ao não atender às demandas finais, induziria a tentativa de utilizar a produção desses setores como insumos em novas atividades econômicas: era o chamado efeito em cadeia prospectiva. Desse modo, as indústrias e setores trabalham de modo integrado e se complementam. O autor argumenta que os efeitos de encadeamento para frente e para trás em uma cadeia produtiva industrial são maiores do que para os demais setores da economia. Na abordagem de Dosi, Pavitt & Soete (1990), as atividades de inovação e difusão da tecnologia ocorrem principalmente no setor industrial e são essenciais para o crescimento econômico de longo prazo. Ou seja, a maior parte da mudança tecnológica ocorre na indústria e, além disso, a indústria possui efeitos de aprendizado que se difundem aos demais setores da economia. A busca pelo aumento da produtividade, via inovação tecnológica, é um caminho adotado tipicamente pelo setor industrial. Esse ganho de produtividade, juntamente com os respectivos avanços tecnológicos que o geraram, acaba se difundindo e transbordando para os demais setores da economia. Dessa maneira, é importante não queimar etapas no processo de desenvolvimento econômico, com o setor de serviços assumindo um peso maior que o setor industrial antes mesmo que este atinja seu estágio de maturidade. A esse respeito, Chang (2009) argumenta que os países em desenvolvimento devem buscar investir na indústria de transformação como forma de trilharem um caminho ao desenvolvimento. Para o autor, há uma importante diferença entre países pobres e ricos no tocante às habilidades nas manufaturas. Os países (em desenvolvimento) não deveriam pular a fase de industrialização e se concentrar no setor de serviços, pois poucas categorias de serviços possuem produtividade necessária para um crescimento adicional. Ademais, a principal fonte de demanda dos serviços mais produtivos são justamente as empresas de bens manufaturados (CHANG, 2009). Para Rodrik (2007), a indústria de bens manufaturados é a rota mais importante para a prosperidade. Segundo ele, os países que promovem exportações de bens mais sofisticados tendem a crescer mais rápido. Além disso, o autor constatou que desenvolvimento econômico

17 15 requer diversificação produtiva e não especialização em poucos setores. Ele argumenta que a estrutura produtiva de um país não precisa se limitar a dotação de fatores dos países, a política industrial pode conseguir desenvolver novas vantagens comparativas em outras atividades. Com isso, países que possuem taxas de crescimento elevadas são aqueles que possuem importantes setores de manufaturas e, quando há um crescimento muito acelerado, ele está relacionado à mudança estrutural em direção à manufatura (RODRIK, 2007). Assim, muitos estudos já foram feitos a respeito do tema industrialização e de sua importância para o processo de desenvolvimento econômico. Entretanto, cabe ressaltar que na literatura econômica o assunto desindustrialização desde a sua definição até as suas causas não forma propriamente um consenso. Diversos autores já se debruçaram sobre o assunto e apontaram diferentes causas que explicam o processo de desindustrialização. Primeiramente, de forma geral, é possível entender desindustrialização como o processo no qual ora se reduz a participação da indústria no valor adicionado, ora o setor industrial reduz a sua participação no emprego total. Em outras palavras, à medida que a economia de um país avança e se desenvolve, a tendência natural é que o setor de manufaturas diminua sua participação no PIB, quer pela redução do valor adicionado no setor industrial, quer pela redução da participação do emprego industrial no total de empregos. Rowthorn e Coutts (2004) caracterizam a desindustrialização pela redução da participação relativa do emprego na indústria de transformação ao longo do tempo, que ocorre simultaneamente a um aumento na participação relativa do setor de serviços no emprego. A desindustrialização, portanto, faz parte do processo de desenvolvimento econômico dos países; e nesse curso de desenvolvimento, a estrutura do emprego entre os setores muda substancialmente. Resumindo, em um primeiro estágio ocorre o processo de industrialização, em que a participação do emprego na agricultura cai e há um aumento na participação do emprego na indústria de transformação. Em um segundo momento, há uma queda na participação da indústria de transformação no emprego concomitantemente com um aumento da participação no emprego do setor de serviços, o que ficou conhecido como desindustrialização. Na maioria das economias desenvolvidas esse ponto de inflexão se deu durante os anos 1960 e início dos anos 1970 (ROWTHORN, 1999; ROWTHORN e RAMASWAMY, 1997). O Gráfico 1 ilustra a evolução da estrutura do emprego por setor ao longo do tempo e do desenvolvimento econômico (representado por PIB per capita), demonstrando que a participação da indústria de transformação no emprego em um primeiro momento sobe e por fim cai. Já a participação da agricultura no emprego está sempre caindo, em decorrência dos

18 ganhos de produtividade no setor, enquanto que a participação do setor de serviços no emprego está sempre subindo. 16 Gráfico 1 A mudança na estrutura do emprego 1 Participação emprego Agricultura Serviços Indústria Tempo, Renda per capita Fonte: Rowthorn e Ramaswamy, 1997, p. 27. A desindustrialização se caracteriza por uma queda da participação do emprego na indústria de transformação quando a economia atinge determinado nível de renda per capita. Ou seja, a participação da indústria de transformação no emprego se comporta como uma curva em U invertida em função do tempo e do PIB per capita, que funciona como uma proxy de desenvolvimento econômico. Desse modo, a desindustrialização é um processo que ocorre naturalmente ao longo do ciclo de desenvolvimento de um país. Tregenna (2009) definiu desindustrialização de forma mais ampla, refletindo tanto a queda do emprego industrial no emprego total quanto o valor adicionado na indústria no PIB. Ou seja, uma economia passa por um processo de desindustrialização quando o setor industrial perde importância como fonte geradora de empregos e de valor adicionado a uma determinada economia. Desse modo, entre outros autores, Rowthorn e Wells (1987), Rowthorn e Ramaswamy (1999), Rowthorn e Coutts (2004) e Palma (2005), Rowthorn e Wells argumentam que a participação do valor adicionado normalmente não diminui quando medida em preços constantes; conforme os autores, isso ocorre a preços correntes. Outros autores como Singh (1987), Tregenna (2009) e Chang (2009) consideram tanto a participação da indústria de transformação no PIB quanto no emprego. Tregenna (2009) argumenta que algumas causas da industrialização afetam mais o emprego enquanto outras afetam mais a produção. Assim, ganhos de produtividade reduzem o nível de emprego e não altera a produção, já o comércio

19 17 internacional pode impactar mais o emprego caso as atividades afetadas sejam mais intensivas em trabalho. Porém, o consumo, expresso pela mudança no comportamento da demanda, e o investimento podem afetar a produção mais do que o emprego. Dessa forma, após discutir os principais trabalhos sobre o tema desindustrialização, é possível detalhar as principais causas apontadas pela literatura econômica acerca do assunto: a) Especialização Trata-se da absorção pelo setor de serviços de atividades anteriormente desempenhadas pela indústria, tais como design, limpeza, segurança, marketing, etc. Ou seja, é uma consequência da terceirização de alguns serviços anteriormente desempenhados pelos próprios funcionários de uma empresa. Esse aspecto representa apenas uma mudança na classificação e não uma verdadeira queda no emprego da indústria de transformação, ou seja, trata-se de uma ilusão estatística. No entanto, de acordo com Rowthorn (1999), é implausível que esse fator represente mais do que uma fração modesta da queda do emprego. 1 (ROWTHORN, 1999; ROWTHORN e COUTTS, 2004). b) Demanda Colin Clark (1957) expõe que a mudança da estrutura do emprego ao longo do desenvolvimento econômico é explicada por uma sequência de mudanças na composição da demanda. Trata-se de uma extrapolação da lei de Engel para o caso das manufaturas. A Lei de Engel expõe que a proporção da renda gasta em alimentos cai com o aumento da renda per capita, o que resulta em uma mudança do padrão da demanda de bens agrícolas para bens industrializados. Assim, Clark argumenta que, quando o desenvolvimento do país avança, a demanda se desloca em direção aos serviços, de modo que os gastos com manufaturas devem se estabilizar e eventualmente cair. Haveria então uma queda na elasticidade-renda da demanda por bens manufaturados com o desenvolvimento econômico. Ou seja, o aumento no progresso econômico, medido pelo PIB per capita, resulta em uma queda na demanda relativa 1 Rowthorn (1999) divide os serviços em duas categorias distintas: autônomo e relacionado a bens, esse último é aquele cuja utilidade está ligada à oferta e alocação de bens materiais. Com isso, o autor realiza uma estimativa desse impacto da ilusão estatística, somando à participação da indústria de transformação no emprego à participação dos serviços relacionados a bens no emprego. A conclusão é que o impacto dessa ilusão estatística não é expressivo.

20 18 por bens manufaturados (ROWTHORN, 1999; ROWTHORN e RAMASWAMY, 1999; ROWTHORN e COUTTS, 2004). No entanto, Rowthorn e Ramaswamy (1999) criticam uma explicação da desindustrialização puramente baseada na demanda, pois ela negligencia a influência da produtividade e dos preços na estrutura da demanda, o que será abordado nos próximos tópicos. c) Produtividade O crescimento do emprego é igual ao crescimento do produto menos o crescimento da produtividade. Nos países da OCDE 2, entre 1960 e 1995, o produto dos setores da indústria de transformação e do setor de serviços cresceu a uma taxa semelhante, enquanto a participação do setor de serviços no emprego aumentou. Assim, podemos entender que há um crescimento mais lento na produtividade do setor de serviços (ROWTHORN, 1999). O setor da indústria de transformação é tecnologicamente progressivo, uma vez que a produção pode ser padronizada com mais facilidade, podendo assim ser replicada. No setor de serviços, as enormes diferenças entre as atividades dificultam o ganho de produtividade. Alguns serviços mais impessoais, como telecomunicações, podem ser tecnicamente progressivos. Entretanto, serviços mais pessoais, como por exemplo, serviços médicos, são tecnologicamente estagnados, pois não podem ser facilmente padronizados e submetidos a métodos de produção em massa como os utilizados pela indústria de transformação (ROWTHORN e RAMASWAMY, 1997). Visto que a produtividade no setor da indústria de transformação cresce mais rapidamente do que a produtividade no setor de serviços, o preço relativo dos bens manufaturados cai com o desenvolvimento econômico. Esse efeito tem duas consequências opostas. Em primeiro lugar, a queda do preço relativo aumenta a demanda por produtos manufaturados, o que provoca um aumento na produção nesse setor. Em segundo lugar, com o aumento na produtividade, para se gerar um mesmo nível de produto, o setor da indústria de transformação precisa progressivamente de menos emprego. De acordo com Rowthorn e Ramaswamy (1999), o efeito de redução de empregos supera o efeito de criação de demanda, de modo que o aumento progressivo da produtividade no setor da indústria de transformação possui um efeito líquido de reduzir a participação de emprego nesse setor. Assim, o setor de 2 A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) é uma organização de cooperação internacional composta por 34 países.

21 19 serviços, por possuir menor produtividade, acaba absorvendo empregos do setor da indústria de transformação (ROWTHORN e COUTTS, 2004; ROWTHORN e RAMASWAMY, 1999). Historicamente, a manufatura apresenta maior crescimento de produtividade do que o setor de serviços. Assim, o diferencial de produtividade entre esses setores acaba gerando uma desindustrialização pelo lado do emprego. d) Preços relativos Rowthorn e Wells (1987) argumentam que a desindustrialização, em termos de produto, ocorre principalmente quando ele é medido em preços correntes. Ou seja, a proporção do valor adicionado na indústria de transformação em relação ao valor adicionado total não apresentaria a mesma tendência de queda caso essas variáveis fossem medidas a preços constantes. Isso ocorre em decorrência da mudança nos preços relativos ao longo do tempo, uma vez que os preços da indústria têm caído em relação ao preço dos serviços. Isso ocorre por duas razões: primeiro o aumento da produtividade no setor da indústria de transformação é maior do que o aumento da produtividade no setor de serviços, segundo porque o setor industrial produz bens comercializáveis, ou seja, sofre concorrência externa, enquanto os serviços são, em sua grande maioria, não comercializáveis. Outra questão que agrava essa diferença de preços relativos na indústria e no setor de serviços é a doença dos custos apresentada por Baumol (1965) e Baumol, Blackman & Wolff (1985). Desse ponto de vista, por um lado há um crescimento desigual de produtividade entre os setores da indústria e de serviços, resultando em mais alta participação no emprego por setores mais intensivos em trabalho, como o de serviços. Por outro lado, os aumentos de salário ocorrem de forma uniforme entre os setores, pois ambos buscam mão-de-obra no mesmo mercado de trabalho. Dessa forma, apesar de a produtividade do setor de serviços aumentar menos do que nos demais setores, os salários pagos a seus funcionários aumentam juntamente com o aumento geral de salários da economia. e) Comércio internacional O comércio internacional afeta o setor da indústria de transformação de duas formas. Primeiro, por meio de aumento na produtividade do setor como resposta ao aumento da competitividade. Segundo, pela alteração da divisão internacional do trabalho, em que países em desenvolvimento se especializam na indústria de transformação intensiva em trabalho,

22 20 utilizando mão-de-obra barata, pouco qualificada, enquanto os países desenvolvidos se especializam na indústria de transformação intensiva em capital, utilizando mão-de-obra qualificada. Assim, há importação de bens manufaturados intensivos em trabalho de países em desenvolvimento e exportação de bens intensivos em capital pelos países desenvolvidos, o que resulta em uma queda de empregos na indústria de transformação nos países desenvolvidos, sobretudo para a mão-de-obra menos qualificada. Dessa forma, um grande número de empregos de trabalhadores não qualificados é substituído por um número menor de empregos para trabalhadores mais qualificados (ROWTHORN, 1999; ROWTHORN e RAMASWAMY, 1999; ROWTHORN e COUTTS, 2004). Entretanto, entendemos que não faz sentido considerar que para a América Latina esse seja um elemento importante para explicar a desindustrialização, pois esses países não são desenvolvidos e estão mais próximos de uma situação em que a indústria seria mais estimulada pelos baixos salários do que o contrário. Porém, podemos pensar na China como desafio à indústria de transformação da América Latina, provocando impactos que podem se dar de duas formas diferentes. De um lado, as importações de manufaturas da China aumentam a competição junto aos produtores locais, que constantemente acusam-na de dumping e competição desleal. De outro, há ameaça ao setor de exportação de manufaturas da América Latina por meio da absorção de parte de seu mercado externo. Nesse sentido, há um grande debate sobre o impacto da China na competição com a América Latina por mercados externos. Alguns estudos, como os de Lall, Sanjaya e John Weiss (2004), Schott (2006) e Blazquez-Lidoy, Rodriguez e Santiso (2006), concluem que os países da América Latina, com exceção do México, estariam menos vulneráveis à competição chinesa do que outras economias, uma vez que sua estrutura de comércio seria complementar à estrutura chinesa. Entretanto, estudos mais recentes, entre outros Gallagher e Porzecanski (2010), Freund e Ozden (2009), apontam que existe impacto negativo da competição chinesa para a América Latina (JENKINS e BARBOSA, 2012) Há ainda um terceiro efeito negativo do crescimento chinês para a indústria de transformação da América Latina, embora mais indireto. Por representar uma demanda em expansão por commodities, o crescimento da China foi um importante componente do aumento de seu preço no mercado internacional. O impacto desse aumento nos países da América Latina, que possui vantagem comparativa na produção desses bens, se traduziria em um deslocamento de recursos empregados em outros setores para o setor de produção de commodities. Esse aumento de preço, que veremos mais detalhadamente adiante ao tratarmos

23 de doença holandesa, resulta em apreciação cambial e prejudica a competitividade da indústria local. 21 f) Investimento Os gastos com investimentos são direcionados a bens da indústria de transformação e, assim sendo, quanto maior a taxa de investimento, maior a demanda por esses bens. Desse modo, podemos pensar em uma relação positiva entre investimento e desempenho da indústria, de tal modo que baixas taxas de investimento podem contribuir para explicar a desindustrialização (ROWTHORN, 1999; ROWTHORN e RAMASWAMY, 1999; ROWTHORN e COUTTS, 2004). g) Liberalização do comércio Uma maior abertura ao comércio internacional resultaria em um aumento na produtividade do trabalho no setor da indústria de transformação, em decorrência da maior competitividade, o que reduziria o emprego no setor de manufatura (ROWTHORN e COUTTS, 2004). Outra argumentação seria que a maior liberalização do comércio adotada por países em desenvolvimento a partir da década de 1980 teria resultado em uma desindustrialização precoce. Essa mudança na política econômica, embora tenha ocorrido de modo similar à ocorrida nos países desenvolvidos, atingiu países em desenvolvimento de modo mais danoso, pois a liberalização do comércio incentiva a produção de bens em que se tem maior vantagem comparativa estática, que, no caso dos países da América Latina, seriam commodities primárias. Desse modo, ocorreria uma mudança na estrutura produtiva em direção aos produtos primários, em detrimento dos produtos industrializados. Disso resulta que indústrias perto da maturidade se beneficiam da abertura comercial, enquanto a indústria infante não sobrevive (SHAFAEDDIN, 2005; PALMA, 2005). h) Doença holandesa O termo doença holandesa foi originalmente utilizado pela revista The Economist em um artigo em 1977 ao discorrer sobre efeitos-colaterais do descobrimento de gás natural pela Holanda nos anos A entrada de divisas resultante da exportação do gás natural teria

24 22 resultado em apreciação no câmbio, reduzindo a competitividade da indústria nesse país (SQUEFF, 2012). O primeiro artigo a modelar a doença holandesa foi elaborado por Corden e Nearly (1982) e aprimorado por Corden (1984). Nesse modelo são considerados três setores: o setor de produtos não comercializáveis, o setor de produtos comercializáveis que cresce rapidamente (recursos naturais), dada a existência de vantagens comparativas; e, por fim, o setor de produtos comercializáveis que cresce lentamente. Os preços dos produtos comercializáveis são fixados no comércio internacional e os preços dos produtos não comercializáveis são determinados na economia doméstica. Há mobilidade de trabalho entre os três setores de modo a equalizar os salários em todos. A expansão do setor de recursos naturais pode ocorrer de três formas: (1) devido à descoberta de novos recursos; (2) devido a uma mudança positiva na função de produção, decorrente de uma melhoria técnica exógena e (3) em função de um aumento dos preços desses bens no mercado internacional. Essa expansão resulta em aumento de receitas de exportação e causa apreciação cambial devido ao aumento do volume de entrada de dólares no país. Além disso, há uma elevação da renda e da demanda interna, resultando em um aumento de preços no setor de bens não comercializáveis. Isso resultaria em uma transferência de recursos e fatores de produção do setor comercializável de mais lento crescimento, tal como a indústria de transformação, para setores não comercializáveis e produtores de recursos naturais (BRESSER-PEREIRA, 2008; BRESSER-PEREIRA & MARCONI, 2010). Desse modo, a expansão do setor de commodities, seja em decorrência de um aumento nos preços ou do descobrimento de novos recursos naturais, tende a resultar em (1) apreciação cambial; (2) aumento do gasto do governo em função do aumento da receita com royalties e impostos, (3) aumento do preço dos bens não comercializáveis em relação aos bens comercializáveis (excluindo commodities), (4) um deslocamento de recursos produtivos do setor bens comercializáveis para os setores de commodities e bens não comercializáveis (FRANKEL, 2010). Krugman (1987) apresenta um modelo para analisar a especialização internacional, no qual a vantagem comparativa não é determinada somente pela dotação inicial de recursos de um país, mas pode ser criada ao longo do tempo por dinâmicas de aprendizado. Além disso, defende que o país que descobre recursos naturais terá uma contração no setor de manufaturas, o qual poderá não se recuperar quando a fonte de recursos naturais se esgotar, visto que a produtividade dessas indústrias declina ao longo do tempo. O que faz com que esse fenômeno seja considerado uma doença é o fato de que tanto a mudança do preço de um

25 23 recurso existente quanto o descobrimento de um novo recurso são temporários, enquanto que o impacto na estrutura produtiva pode ser definitivo. Sachs e Warner (1997) realizaram uma análise empírica do período de e concluíram que países ricos em recursos naturais apresentam taxas de crescimento baixas em relação aos demais. Esse resultado está relacionado às seguintes hipóteses: a doença holandesa; um menor efeito de encadeamento na estrutura produtiva e de aprendizado no setor de commodities primárias e, por fim, o fato de que economias ricas em recursos naturais estão mais sujeitas a um comportamento rent seeking, uma vez que a política nacional se orienta a capturar renda dos setores de recursos naturais. No entanto, a desindustrialização não está necessariamente atrelada à reprimarização da pauta de exportação. Ela pode ser decorrência de transferência de atividades manufatureiras mais intensivas em trabalho e de menor valor adicionado para o exterior. Nesse caso, a desindustrialização pode ocorrer simultaneamente a um aumento da participação de produtos com mais alto conteúdo tecnológico e ainda ao maior valor adicionado na pauta de exportações. Porém, se a redução da participação do setor industrial no emprego e no PIB estiver acompanhada de uma reprimarização na pauta de exportação, ou seja, um redirecionamento da pauta de exportações para produtos primários, isto pode ser sintoma de doença holandesa. Nesse caso, ao contrário do primeiro caso, a desindustrialização é negativa, pois é resultado de uma falha de mercado em que a existência ou descoberta de recursos naturais gera uma apreciação na taxa de câmbio real, produzindo uma externalidade negativa sobre o setor da indústria de transformação. Assim, a desindustrialização causada pela doença holandesa está associada a déficits comerciais na indústria e superávits comerciais no setor não industrial (OREIRO & FEIJÓ, 2010). 2.2 Revisão da literatura Nesta seção, apresentamos os principais estudos feitos sobre o tema, bem como as conclusões a que chegaram os autores desses trabalhos. McMillan e Rodrik (2011) realizaram uma análise dos determinantes de mudanças estruturais em 38 países no período de 1990 a 2005, incluindo países da América Latina, Ásia, África e países desenvolvidos, conforme apresentado no Gráfico 2. A variação da produtividade do trabalho é segregada entre variação de produtividade dentro de cada setor (interno) e alteração da alocação do emprego entre setores com produtividades distintas, esse

26 segundo elemento é definido como mudança estrutural. Assim, a mudança estrutural seria um dos determinantes da alteração de produtividade de trabalho de cada país. 24 Gráfico 2 Decomposição do crescimento da produtividade por grupo de países Africa Asia América Latina Interno Mudança estrutural Alta renda -2% -1% 0% 1% 2% 3% 4% 5% Fonte: McMillan e Rodrik, 2011, p.45 Podemos notar no Gráfico 2 que há na América Latina um impacto negativo de mudança estrutural de 1990 a Dessa maneira, embora esse estudo não trate especificamente de desindustrialização, mostra que há um direcionamento do emprego de setores mais produtivos para setores menos produtivos, o que possui um efeito negativo na produtividade do trabalho como um todo. Palma (2005) realizou uma análise da trajetória do emprego na indústria de transformação para 105 países, entre 1970 e O autor acompanha, sobretudo, a dinâmica da curva em formato de U invertido que traduz a relação da participação do emprego na indústria de transformação e o PIB per capita. Um ponto importante abordado pelo autor é a doença holandesa como mais um fator que resulta em desindustrialização, como podemos notar no Gráfico 3.

27 25 Gráfico 3 Efeito de commodities primárias e serviços, 1998 Fonte: Palma, 2005, p mf Regressão 1998 correspondente a países que geram um superávit comercial de indústria de transformação. 98 pc 1998 regressão de países que têm um superávit comercial em produtos primários (ou serviços, tais como o turismo ou financeiro). De acordo com Palma (op. cit.), na América Latina, a doença holandesa não ocorreu em função de descobrimento de recursos naturais ou de desenvolvimento de um setor de exportação de serviços, mas em decorrência de uma mudança de sua política econômica. Essa mudança, embora tenha sido similar à ocorrida na maior parte dos países desenvolvidos nos anos 1980, resultou para a América Latina, já conhecida por sua abundância de recursos naturais, em um retorno a uma posição ricardiana de vantagens comparativas de acordo com as dotações originais de recursos desses países. Dasgupta e Singh (2006) utilizaram uma abordagem kaldoriana para analisar a desindustrialização nos países em desenvolvimento, que ocorreu a um menor nível de renda per capita. A conclusão dos autores é que existem dois tipos de desindustrialização, o primeiro, que seria o caso indiano, seria uma consequência do aumento do setor informal na manufatura, de modo que considerados juntos, setor informal e setor formal, não haveria redução na participação do emprego na manufatura. Já o segundo caso, que englobaria América Latina e África, seria de uma desindustrialização precoce, em que os países teriam se especializado em sua vantagem comparativa de curto prazo em detrimento de sua vantagem comparativa dinâmica de longo prazo.

28 26 Rowthorn e Ramaswamy (1997) utilizaram dados de 21 países industrializados entre os anos de 1963 a 1994 para estimar os determinantes da desindustrialização. Os autores argumentam que a desindustrialização é consequência natural do dinamismo industrial de uma economia desenvolvida. Outra conclusão é que o comércio entre norte e sul não é a principal causa da desindustrialização, embora o padrão de especialização de comércio entre as economias desenvolvidas explique as diferenças na estrutura de emprego entre elas. Para os autores, a principal causa da desindustrialização é a tendência que a produtividade da indústria de transformação tem de crescer mais rapidamente do que a produtividade no setor de serviços. Em outro trabalho, Rowthorn e Ramaswamy (1999) analisaram as origens da desindustrialização em economias avançadas utilizando dados em painel de 18 países classificados como desenvolvidos pela ONU, entre 1963 e A conclusão é que os fatores que levam à desindustrialização são internos, ou seja, definidos pelo investimento e pelo processo de desenvolvimento econômico, medido pelo PIB per capita. Nesse trabalho, as variáveis testadas para os efeitos externos incluíam o comércio norte-sul, medido por importações de bens manufaturados de países em desenvolvimento, e balança comercial de bens manufaturados. Ambos apresentam menor participação na explicação da desindustrialização nesses países. Rowthorn e Coutts (2004) continuaram nessa investigação utilizando dados em painel para 23 países de 1962 a Os autores incluíram duas novas variáveis: a abertura do país, medida pela soma das importações com as exportações de bens manufaturados, e a importação de bens manufaturados da China. A conclusão é similar à conclusão do trabalho anterior, uma vez que a principal causa da desindustrialização está relacionada a fatores internos. No entanto, vale destacar que nesse trabalho, os impactos de fatores externos sobre a desindustrialização se mostraram mais relevantes. O artigo desses autores será adotado como referência para este trabalho e seus detalhes serão tratados na próxima seção.

29 27 3 MODELO DE DESINDUSTRIALIZAÇÃO Nesta seção apresentamos o trabalho de referência que norteia esta pesquisa e os testes econométricos realizados na seção 4. Escolhemos o trabalho de Robert Rowthorn e Ken Coutts de 2004, intitulado Deindustrialization and the balance of payments in advanced economies e foi originalmente publicado em Maio de 2004 pela UNCTAD 3. Como dito anteriormente, a literatura econômica define desindustrialização como uma redução no valor adicionado pela manufatura em proporção ao PIB ou uma redução da participação do emprego industrial no emprego total. Desse modo, cabe esclarecer que no trabalho de Rowthorn e Coutts, a desindustrialização é definida apenas pela queda da participação do emprego na manufatura em relação ao emprego total e o presente trabalho se desenvolve seguindo esse critério. Em seu artigo, Rowthorn e Coutts partem do trabalho de Rowthorn e Ramaswamy (1999), que já discutia a desindustrialização nas economias avançadas. Entretanto, diferentemente da publicação anterior, eles adotam um maior número de observações e um período de tempo maior; enquanto no trabalho anterior foram estudados 18 países classificados pela ONU como avançados no período de 1963 a 1994, na pesquisa de 2004 são estudados 23 países industrializados entre 1962 a A seguir, apresentamos uma análise pormenorizada do estudo de Rowthorn e Coutts (2004) adotado como texto de referência nesta pesquisa. 3.1 O modelo Para explicar o fenômeno da desindustrialização, os autores constroem um modelo econométrico utilizando dados em painel usando a amostra do trabalho de Rowthorn e Ramaswamy (1999), acrescentando cinco países industrializados e ampliando o intervalo de tempo. Além disso, algumas variáveis foram adicionadas e outras variáveis foram estimadas usando uma metodologia diferente. Na regressão também foram adotadas variáveis dummies para cada um dos países como forma de corrigir diferenças internacionais de mensuração e outros efeitos fixos não explicados pelo modelo. Também são utilizadas variáveis dummies para controlar o impacto da reunificação alemã em Órgão da ONU que trata de comércio e desenvolvimento econômico (United Nations Conference on Trade and Development).

30 28 Entretanto, muito embora os trabalhos adotem metodologias e abordagens diferentes para explicar o mesmo fenômeno, vale ressaltar que ambos os artigos apontam que os fatores internos tiveram um maior peso na desindustrialização dos países desenvolvidos. Para a construção do modelo foram escolhidas as seguintes variáveis: EMPSHARE é a variável dependente da regressão e representa a participação da indústria de transformação no emprego total; Y é o PIB per capita em dólares de 1995 em paridade de poder de compra; TRADEBAL é o saldo da balança comercial de bens manufaturados (exportações menos importações); LDCIMP representa importações de manufaturas dos países em desenvolvimento; FIXCAP é formação bruta de capital fixo; IMPCHINA representa a importação de manufaturas da China; e OPEN expressa a abertura comercial dos países. É medida pela soma de exportações de bens manufaturados com a importação de bens manufaturados. As variáveis TRADEBAL, OPEN, LDCIMP, IMPCHINA e FIXCAP estão expressas em percentual do PIB a preços correntes. 3.2 Desenvolvimento do modelo Como já citado, Rowthorn e Coutts partiram do trabalho de Rowthorn e Ramaswamy (1999), no qual a seguinte regressão foi utilizada como base para determinar as principais causas da desindustrialização: EMPSHARE = α 0 + α 1 log e Y + α 2 (log e Y) 2 + α 3 TRADEBAL + α 4 LDCIMP + α 5 FIXCAP + erro (1) Em (1), a variável TRADEBAL busca capturar o efeito do comércio internacional de manufaturas na estrutura do emprego. A variável FIXCAP está relacionada à demanda por manufaturas, uma vez que investimentos são intensivos em produtos manufaturados e, portanto, é um componente da demanda por bens manufaturados. A variável LDCIMP procura capturar o impacto na desindustrialização resultante da importação de manufaturas de

31 29 países de mão-de-obra barata e menos qualificada, ou seja, LDCIMP representa o impacto que a concorrência de países menos desenvolvidos tem no emprego da indústria de transformação nos países industrializados. A análise de Rowthorn e Coutts (2004) se inicia com a regressão acima (1), sem dummies para países e, em seguida, considera as variáveis dummies, resultando em um R 2 significativamente maior. Posteriormente, os autores partem da Equação 1, incluem as variáveis dummies e acrescentam as variáveis IMPCHINA e OPEN, conforme apresentado na Equação 2 abaixo: EMPSHARE = α 0 + α 1 log e Y + α 2 (log e Y) 2 + α 3 TRADEBAL + α 4 LDCIMP + α 5 FIXCAP + α 6 IMPCHINA + α 7 OPEN + erro (2) O objetivo de incluir a variável IMPCHINA é tentar demonstrar o impacto dos baixos salários da China no emprego dos países analisados, ou seja, o quanto esses países perdem de empregos na manufatura por consequência da concorrência com a China. A variável OPEN foi incluída para verificar o impacto da abertura comercial na participação do emprego na manufatura, para desse modo medir se uma maior abertura ao comércio internacional resulta em aumento de produtividade e, portanto, redução de emprego no setor de manufatura. Entretanto, como o coeficiente de IMPCHINA apresenta um valor muito alto e sinal invertido em relação ao previsto, essa variável foi removida da equação final. Conforme apresentado na Equação 3: EMPSHARE = α 0 + α 1 log e Y + α 2 (log e Y) 2 + α 3 TRADEBAL + α 4 LDCIMP + α 5 FIXCAP + α 6 OPEN + erro (3) Desse modo, com base na equação final é possível estabelecer algumas distinções claras entre o trabalho de Robert Rowthorn e Ken Coutts (2004) e o trabalho de Rowthorn e Ramaswamy (1999), sendo talvez a principal delas a maior importância do comercio internacional e da abertura comercial no processo de desindustrialização dos países desenvolvidos.

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