EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DO FORO REGIONAL DO JABAQUARA - COMARCA DE SÃO PAULO.

Transcrição

1 fls. 1 Marcos Aurélio Ribeiro marcos@rsgadvocacia.com.br Rua Madre Teodora, 126, Jardim Paulista Airton Soares a i r t o n@rsgadvocacia.com.br São Paulo - SP - CEP Paulo Gerab p a u l rsgadvocacia.com.br Sérgio Gerab s e r g i o@rsgadvocacia.com.br Tel/Fax: Cristiane R. Fatiga Bonifazi Fernando A. Ribeiro Aby-Ázar fernando@rsgadvocacia.com.br Bruna Di Renzo Souza b r u n rsg.adv@terra.com.br Ivo Alves da Silva i v EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DO FORO REGIONAL DO JABAQUARA - COMARCA DE SÃO PAULO. RAFAEL OLIVEIRA MELO DE SÁ - ME, empresa individual inscrita no CNPJ/MF sob o nº / , com sede à Rua Franklin Magalhães, nº 974, cj. 21, Vila Santa Catarina, CEP , São Paulo SP, por seu advogado (doc. anexado), vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, propor a presente AÇÃO MONITÓRIA em face da CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE HANDEBOL, associação inscrita no CNPJ/MF sob o nº / , situada à Rua Monsenhor Silveira, nº 171, bairro São José, CEP , Aracaju - SE pelas razões de fato e de direito expostos adiante. I. DA JUSTIÇA GRATUITA 1. O Autor é uma pequena empresa individual que trabalha com publicidade prestando serviços combinados de escritório e apoio administrativo (doc. 01).

2 fls Ocorre que o Autor está praticamente falido, pois não tem encontrado clientes interessados nos serviços que presta, motivo pelo qual ele está seriamente impossibilitado de arcar com custas e despesas processuais sem prejuízo de seu sustento. 3. Note-se que foi atribuído à causa o elevado valor de R$ ,38, ou seja, as custas iniciais importam em R$ 3.429,56, expressiva quantia de dinheiro da qual o Autor não dispõe. 4. A situação financeira do Autor era boa quando da celebração do negócio jurídico objeto da lide, ou seja, no ano de Todavia, atualmente a situação financeira dele é completamente inversa, sendo que o titular da empresa está encontrando dificuldades inclusive para se alimentar. 5. A Lei nº 1.060/1950 estabelece em seu artigo 4º: Art. 4º [...] 1º. Presume-se pobre, até prova em contrário, quem afirmar essa condição nos termos desta lei, sob pena de pagamento até o décuplo das custas judiciais (grifamos). 6. Tendo essa regra em conta, o Autor traz a estes autos a anexada declaração, demonstrando que faz jus à gratuidade da justiça (doc. 02). 7. Frise-se ainda que o seu patrono está trabalhando pelo êxito, pois auferirá seus honorários única e exclusivamente se o Autor vier a receber indenizações nesta demanda. Tal informação consta do incluso contrato de prestação de serviços advocatícios (doc. 03). 8. Muito embora Rafael Oliveira Melo de Sá seja um empresário individual, é certo que a justiça gratuita pode socorrer até mesmo as pessoas jurídicas, entendimento sumulado pelo Superior Tribunal de Justiça: Súmula 481, STJ: Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais.

3 fls Destarte, requer seja deferida ao Autor a gratuidade da justiça, a fim de que possa defender seus direitos nesta demanda. II. DOS FATOS 10. As partes celebraram o anexado contrato de prestação de serviços de comunicação visual e gráfica em 01/11/2011 (doc. 04). 11. Por esse contrato o Autor se obrigou a prestar serviços de comunicação visual, tais como identificação dos ginásios Ibirapuera, Arena Santos, Barueri e São Bernardo do Campo, além de serviços de produção gráfica, confeccionando fotolitos e impressos, tudo isso para auxiliar na realização do Mundial Feminino de Handball Em contrapartida, a ré se obrigou a pagar ao Autor o valor de R$ ,00 em 3 parcelas mensais de R$ ,00, vencendose a primeira em 25/11/2011, a segunda em 25/12/2011 e a terceira em 20/01/ Para o caso de descumprimento, a cláusula 3.2 do contrato previu que a ré deveria pagar multa de 2%, juros de 1% ao mês e correção monetária pelo IGP-M. 14. Então, o Autor cumpriu com todos os seus deveres, trabalhando arduamente no campeonato mundial de handball realizado no ano de 2011 (docs. 05/10). 15. Por seu turno, a ré pagou as duas primeiras parcelas, contudo deixou de pagar a última, encontrando-se em mora com ela desde 20/01/ O Autor tentou inúmeras vezes receber o seu crédito, tendo inclusive concedido descontos momentâneos, contudo a ré se furtou a efetuar qualquer pagamento (doc. 11/12).

4 fls Então, em 06/06/2014, o presidente da Confederação ré, Manoel Luiz Oliveira, enviou ao Autor um dizendo (doc. 13): como não temos uma solução efetiva imediata, que você procure seus diretos. 18. Assim, não restou outra alternativa ao Autor senão a de mover a presente demanda judicial. III. DA COMPETÊNCIA 19. O contrato celebrado pelas partes possui uma cláusula de eleição de foro, a qual anuncia (doc. 04): E por estarem certas e ajustadas, as partes assinam o presente contrato em duas vias de igual teor, compostas cada uma de 2 (duas) folhas, escritas apenas no anverso, igualmente rubricadas pelas partes, na presença de duas testemunhas, que também assinam, para maior validade jurídica, obrigando-se a bem fielmente cumprilo, para que produza seus jurídicos e legais efeitos, elegendo o foro de São Paulo, Capital/SP, em detrimento de qualquer outro, por mais privilegiado que seja, para dirimir qualquer dúvida resultante da aplicação deste instrumento (destacamos). 20. Nota-se que as partes elegeram o foro da Comarca de São Paulo para dirimir os litígios decorrentes da relação jurídica estabelecida. 21. Nessa toada, como o Autor tem domicílio na Rua Franklin Magalhães, nº 974, cj. 21, Vila Santa Catarina, CEP , São Paulo SP, é competente para julgar a presente demanda o Foro Regional do Jabaquara, restando assim demonstrado o acerto do endereçamento constante do preâmbulo.

5 fls. 5 IV. DO RITO SELECIONADO 22. Embora as partes tenham celebrado um contrato de prestação de serviços, ele não está assinado por duas testemunhas. 23. Dispõe o artigo 585, inciso II, do Código de Processo Civil: Art São títulos executivos extrajudiciais: [...] II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores; 24. O CPC é claro ao fixar como requisito para a existência de título executivo extrajudicial a assinatura de duas testemunhas, o que não existe no contrato celebrado entre as partes. Assim, o Autor está impossibilitado de mover uma ação de execução. 25. São inúmeros os julgados do Superior Tribunal de Justiça nos quais se decidiu que o contrato não subscrito por duas testemunhas não é título executivo (STJ-4ª T., REsp , Min Fontes de Alencar, j , DJU ). No mesmo sentido: RSTJ 47/115 e STJ-RT 699/183; STJ 3ª T., REsp 3.831, Min. Dias Trindade, j , DJU ; RT 681/123, 709/89, 725/261, JTA 118/191. Há julgado que acolheu inclusive pedido de ação rescisória asseverando que a execução fundada em documento particular não subscrito por duas testemunhas viola literal disposição de lei (JTA 119/301). 26. Por outro lado, muito embora o contrato não tenha eficácia de título executivo, ele constitui prova escrita de que a ré lhe deve soma em dinheiro.

6 fls Diante disso, é plenamente cabível a tramitação da presente demanda pelo rito monitório, nos termos do disposto no artigo A do CPC: Art A. A ação monitória compete a quem pretender, com base em prova escrita sem eficácia de título executivo, pagamento de soma em dinheiro, entrega de coisa fungível ou de determinado bem móvel. 28. Portanto, requer seja deferido e determinado o processamento da presente demanda pelo rito monitório. V. DO DIREITO 29. A ré se obrigou a efetuar o pagamento de R$ ,00 em favor do Autor na data de 20/01/2012. Como não adimpliu com a sua obrigação, encontra-se em mora. 30. Diante disso, operou-se a disposição da cláusula 3.2 do contrato celebrado entre as partes, ou seja, a dívida deve ser paga com correção monetária, multa e juros moratórios. 31. Assim sendo, requer que a ré seja obrigada a pagar o débito atualizado, o qual importa na presente data em R$ ,38, conforme do demonstrativo anexado (doc. 14). VI. DOS PEDIDOS 32. Isto posto, sempre respeitosamente, requer se digne Vossa Excelência de determinar a citação postal da ré para pagar o valor de R$ ,38 (trezentos e quarenta e dois mil, novecentos e cinquenta e seis reais e trinta e oito centavos), devidamente atualizado até a data do pagamento, ou oferecer embargos, sob pena de conversão do mandado inicial em mandado executivo, com o prosseguimento do feito até a integral satisfação do débito.

7 fls Para o caso de serem opostos embargos, requer que ao final eles sejam julgados improcedentes, para se constituir de pleno direito o respectivo título executivo judicial, impondo-se em tal caso, a condenação da ré nos ônus sucumbenciais. 34. Protesta provar o alegado por todos os meios admitidos em direito. 35. Requer por fim que todas as intimações sejam publicadas em nome dos advogados FERNANDO AUGUSTO RIBEIRO ABY- ÁZAR OAB/SP e GLAUCO PANTOJO DE GODOY OAB/SP Dá-se à causa o valor de R$ ,38 (trezentos e quarenta e dois mil, novecentos e cinquenta e seis reais e trinta e oito centavos). Nesses termos, pede deferimento. São Paulo, 29 de abril de Fernando Augusto Ribeiro Aby-Ázar OAB/SP