Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da MM. 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central, Comarca da Capital.

Transcrição

1 fls. 114 Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da MM. 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central, Comarca da Capital. Ref.: Processo n Pedido de Falência CONSTRUTORA MKF LTDA., sociedade regularmente constituída e em funcionamento, estabelecida em São Paulo, SP, à Rua Joaquim Floriano, n. 101, 10º andar, conj. 1006, Itaim Bibi, CEP , inscrita no CNPJ sob n / , por seu advogado subscritor (procuração e contrato social anexos), nos autos do PEDIDO DE FALÊNCIA contra si proposto por MARCAM FACTORING E FOMENTO MERCANTIL LTDA., vem, respeitosamente à presença de V. Exa., tendo sido regularmente citada, oferecer CONTESTAÇÃO, o que faz pelos fatos e fundamentos de Direito a seguir aduzidos, sobretudo aqueles constantes da Lei n /05. DAS ALEGAÇÕES DA REQUERENTE A Requerente ingressou com o presente pedido de falência informando que as partes teriam firmado Contrato de Fomento Mercantil (Factoring), tendo a mesma adquirido da Requerida os direitos creditórios representados por 02 (duas) duplicatas, cada uma no valor de R$ ,00 (vinte mil reais).

2 fls. 115 Alega também que o sacado teria sido informado sobre a referida compra, firmado sua ciência sobre o novo procedimento para a quitação de referida dívida. A Requerente alega que teria sido constatado vício nesses títulos, já que teria se apurado que a operação teria sido simulada entre a Requerida e o Sacado, uma vez que o mesmo trabalharia na empresa Requerida como executivo de negócios, e a operação de origem dos títulos nunca teria existido. Em razão da constatação dos vícios dos títulos as partes teriam firmado Instrumento Particular de Reconhecimento de Dívidas com Fiança, no qual a Requerida se comprometeria ao pagamento de 5 (cinco) parcelas de R$ 9.090,96 (nove mil, noventa reais e noventa e seis centavos), cada uma, totalizando a quantia de R$ ,80 (quarenta e cinco mil, quatrocentos e cinquenta e quatro reais e oitenta centavos). A Requerente alega que a primeira parcela somente teria sido paga parcialmente e que as demais não teriam sido cumpridas, não restando outra alternativa a não ser levar à protesto as restantes Notas Promissórias para possibilitar o ajuizamento do pedido de falência. Assim, propôs o presente pedido de falência com fulcro no artigo 94, da Lei n.º /2005, alegando, em suma, ser credora da requerida da importância de R$ ,10 (trinta e sete mil, noventa e três reais e vinte e nove centavos), devidamente atualizado. Estes são os fatos que teriam servido de suporte legal para que a Requerente propusesse a presente ação.

3 fls. 116 Todavia, em que pesem os argumentos expendidos pela Requerente para pleitear a tutela jurisdicional perante esse MM. Juízo, a presente ação é improcedente, senão vejamos: DO DEPÓSITO ELISIVO Por absoluta indisponibilidade de caixa, neste momento está a Requerida impossibilitada de efetuar o depósito elisivo. Entretanto, a defesa ora apresentada envolve matéria relacionada nos incisos do art. 96, da Lei nº /2005, devendo ser apreciada. DOS FATOS A empresa Ré é tradicional construtora e incorporadora da praça de São Paulo, sempre primando pela excelência na execução de seus projetos e sempre pagou em dia os seus credores e desta vez não seria diferente. Em razão da boa-fé da empresa, e em virtude do comprador do apartamento ter desistido da aquisição da unidade, bem como dos valores terem sido devolvidos ao comprador, a própria empresa entrou em contato com a Requerida para comunicar o ocorrido, inclusive comunicando que os títulos em sua posse deveriam ser recomprados. Por esta razão foi assinado em data de 14/01/2014 Instrumento Particular de Reconhecimento de Dívida com Fiança, no qual a Requerida confessou ser devedora da quantia de R$ ,34 (quarenta e um mil, quarenta e três centavos e trinta e quatro reais), sendo oferecido fiança pessoal do sócio da MKF Sr. Marcelo R. Kreimer.

4 fls. 117 Ante a dificuldade de caixa da empresa MKF, a mesma solicitou por escrito autorização da Requerida para realizar o pagamento parcial da 1ª parcela, o que foi concedido. O presente pedido de falência foi intentado, como mencionado na petição inicial, com base no art. 94, I, da Lei n /05. No entanto, é possível extrair dos fatos e das provas carreadas aos autos que o não pagamento do acordo, por parte da Requerente, não é imotivado. Encontra-se, sim, o pagamento preliminar da primeira parcela, feito pela Requerida, com autorização da mesma, e ainda há a fiança oferecida no Instrumento Particular de Confissão de Dívida. Portanto, é imperiosa a contestação do pedido de falência, pois, com base nos ditames do art. 96 e seguintes da lei falimentar, a seguir mencionado: Art. 96. A falência requerida com base no art. 94, inciso I do caput, desta Lei, não será decretada se o requerido provar: I falsidade de título; II prescrição; III nulidade de obrigação ou de título; IV pagamento da dívida; V qualquer outro fato que extinga ou suspenda obrigação ou não legitime a cobrança de título; VI vício em protesto ou em seu instrumento; VII apresentação de pedido de recuperação judicial no prazo da contestação, observados os requisitos do art. 51 desta Lei; VIII cessação das atividades empresariais mais de 2 (dois) anos antes do pedido de falência,

5 fls. 118 comprovada por documento hábil do Registro Público de Empresas, o qual não prevalecerá contra prova de exercício posterior ao ato registrado. 1 o Não será decretada a falência de sociedade anônima após liquidado e partilhado seu ativo nem do espólio após 1 (um) ano da morte do devedor. 2 o As defesas previstas nos incisos I a VI do caput deste artigo não obstam a decretação de falência se, ao final, restarem obrigações não atingidas pelas defesas em montante que supere o limite previsto naquele dispositivo. Art. 97. Podem requerer a falência do devedor: I o próprio devedor, na forma do disposto nos arts. 105 a 107 desta Lei; II o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante; III o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato constitutivo da sociedade; IV qualquer credor. 1 o O credor empresário apresentará certidão do Registro Público de Empresas que comprove a regularidade de suas atividades. 2 o O credor que não tiver domicílio no Brasil deverá prestar caução relativa às custas e ao pagamento da indenização de que trata o art. 101 desta Lei. Art. 98. Citado, o devedor poderá apresentar contestação no prazo de 10 (dez) dias. Parágrafo único. Nos pedidos baseados nos incisos I e II do caput do art. 94 desta Lei, o devedor poderá, no prazo da contestação, depositar o valor correspondente ao total do crédito,

6 fls. 119 acrescido de correção monetária, juros e honorários advocatícios, hipótese em que a falência não será decretada e, caso julgado procedente o pedido de falência, o juiz ordenará o levantamento do valor pelo autor. Ora Excelência, por todos os fatos acima narrados, a Requerente deveria ter ingressado com a ação de execução em face do sócio Marcelo Kreimer, uma vez que conforme já mencionado, foi dado ao Instrumento de Confissão de Dívida, a fiança, podendo ela ser executada através de ação de execução. Erroneamente a Requerente ingressou com pedido de falência em face da Requerida, faltando-se os requisitos do pedido de falência. Por todo o exposto, contestado o pedido, pugna a Ré pela extinção do pedido de falência, devendo-se apurar, em procedimento próprio, os eventuais débitos ora cobrados. Termos em que, P. Deferimento. São Paulo, 24 de novembro de 2014 ISRAEL REJTMAN OAB/SP n.º