Avaliação para e-learning Baseado em Ambientes Imersivos
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- Marco Kevin Madeira do Amaral
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1 Avaliação para e-learning Baseado em Ambientes Imersivos Heleno Fulber, Alejandro Martins Rodriguez, Fabiano Luis Santos Garcia, Luis Henrique Bogo, Jordan Paulesky Juliani e Raphael Winckler de Bettio Resumo--Juntamente com a criação de ferramentas que possibilitam a criação de ambientes imersivos na Internet, criouse a possibilidade de explorar essas novas tecnologias em uma área que há muito tempo demanda atenção, as avaliações em ambientes virtuais de aprendizagem. Esta pesquisa aborda o projeto e execução de uma ferramenta que segue os princípios acima citados e que foi desenvolvida em uma parceria entre o Laboratório de Ensino a Distância da UFSC em conjunto com o Laboratório de Realidade Virtual com a intenção de aproveitar a simulação como fonte de conhecimento para alunos do curso de Formação de Auditores Ambientais Internos. Palavras-chave Educação a Distância, Ambientes Imersivos, Avaliação, VRML. A I. CONSIDERAÇÕES SOBRE AVALIAÇÃO valiação não é uma tortura medieval. É uma invenção mais tardia, nascida com os colégios por volta do século XVII e tornada indissociável do ensino de massa que conhecemos desde o século XIX, com a escolaridade obrigatória [3]. A partir da criação da escola obrigatória surgiu a necessidade de se avaliar a capacidade e o aprendizado dos alunos, a fim de que se pudesse decidir quais alunos deveriam passar para o próximo estágio e quais deveriam repetir o estágio atual. A escola evoluiu, o meio de ensinar também, mas o modo de avaliar continua arcaico. Muitos autores, durante a evolução da didática e da pedagogia, tentaram apontar mudanças que deveriam ser incorporadas à escola tradicional, para que as avaliações realmente seguissem modelos modernos, dinâmicos, não enfatizando o aluno mais fraco, ou o aluno mais forte, e sim moldando o ensino de maneira que todos alunos conseguissem aprender. Desde que a escola existe, pedagogos se revoltam contra as notas e querem colocar a avaliação mais a servido do aluno do que do sistema. Essas evidências são incessantemente redescobertas, a cada geração crê-se que nada mais será como antes. O que não impede a seguinte de seguir o mesmo caminho e de sofrer as mesmas desilusões [3]. A dificuldade em mudar o modelo de avaliação está no próprio modelo de ensino e não apenas na avaliação [3]. Ele alerta que modificar as escalas de notação, as tabelas, as médias, tudo isso é muito fácil, mas essas mudanças não afetam o modelo radical como o sistema ensino funciona. O que realmente é importante é criar um novo modelo de avaliação, que seja mais formativa, menos seletiva, mudandose, assim, todo o modelo de avaliação e conseqüentemente a escola como um todo. Até o momento atual, a própria escola não mudou, os modelos didáticos evoluíram, porém a maneira como o aluno era impulsionado para um novo estágio continuou a mesma. A avaliação, de uma maneira cruel, avalia pessoas diferentes de maneiras iguais. Para que o modelo de avaliação pudesse ser modificado, seria necessário adequar todo o sistema de ensino, onde pessoas diferentes deveriam ser ensinadas e avaliadas de maneiras distintas, pois números não definem pessoas, conhecimento sim. Colaborando com está idéia, [1] afirma que, Pedro Demo se aproxima da filosofia educacional de Rubens Alves que, ao invés de avaliar suas aulas em termos de rendimento escolar, se pergunta, ao final delas, se seus alunos conseguiram viver mais felizes, se o conhecimento aprendido lhes trouxe alguma nova alegria de viver, se eles sentiram sabor em saber mais. Pedro Demo é um homem à frente de seu tempo, em 1941 já evidenciava que as avaliações deveriam estar centradas na certeza em saber que o conhecimento foi adquirido e não na necessidade de passar para o próximo estágio. A descrição de avaliação conferida pelo próprio Pedro Demo salienta o que realmente uma avaliação deveria representar para os alunos. Ele descreve o prazer em fazer uma avaliação e não a necessidade de ser avaliado quando ressalta que a avaliação qualitativa deve levar em conta principalmente à qualidade de vida atingida e o envolvimento: Na qualidade não vale o maior, mas o melhor; não o extenso, mas o intenso; não o violento, mas o envolvente; não a pressão, mas a impregnação. Qualidade é estilo cultural, mais que tecnológico; artístico, mais que produtivo; lúdico, mais que eficiente; sábio, mais que cientifico. Por isso, não pode ser medido quantitativamente, como não se pode medir a intensidade da felicidade. Vários autores escrevem sobre avaliação moderna, pode-se enveredar em vastas discussões sobre essas citações. O problema descrito por estes autores, como sendo o culpado pela falta de adequação no modelo de avaliação, é a rigidez do sistema de ensino. Levando-se em consideração que esta proposta está diretamente ligada a um novo paradigma na educação o 198
2 ensino a distância e que este modelo ainda está em evolução, pode-se afirmar que o problema de rigidez é menos intenso e então chegar à conclusão que existe a possibilidade de mudança no modelo de avaliação. Assim, transformando a maneira de como se avaliam os alunos e proporcionando-lhes auto-suficiência, não mais avaliando com intenção de passar para o próximo estágio, pode-se mostrar aos mesmos que eles aprenderam, que vale a pena estudar e que esses conhecimentos poderão ser utilizados durante toda a sua vida. Um começo para a mudança já pode ser verificado em [1]: Nenhum médico se preocupa em classificar seus pacientes, do menos doente ao mais gravemente atingido. Nem mesmo pensa em lhes administrar um tratamento coletivo. Mas, mudar o modelo de avaliação ainda não é o suficiente, deve-se transformar o modo como se avalia de uma maneira que os alunos façam as avaliações de uma forma mais prazerosa e conseqüentemente mais proveitosa. Existem milhares de maneiras de avaliar uma pessoa, sem que esta esteja respondendo a questões clássicas do tipo múltipla escolha ou certo e errado. Podem-se utilizar meios computacionais para promover o aprendizado e também para avaliar em que nível do mesmo o aluno se encontra. Uma solução seria a utilização de ambientes gráficos, que em alguns momentos podem ser chamados jogos educativos. A utilização de jogos educativos em conjunto com a aplicação de modelos de avaliação modernos tende a melhorar o processo ensino-aprendizagem e proporcionar ao aluno uma maneira lúdica de aprender. Conforme [4], os jogos podem ser empregados em uma variedade de propósitos dentro do contexto de aprendizado. Um dos usos básicos e muito importantes é a possibilidade de construir-se a autoconfiança. Outro é o incremento da motivação, um método eficaz que possibilita uma prática significativa daquilo que está sendo aprendido. Até mesmo o mais simplório dos jogos pode ser empregado para proporcionar informações factuais e praticar habilidades, conferindo destreza e competência. Caso seja possível transformar a avaliação tradicional, de forma que os alunos não se sintam mais pressionados a fazêla, e sim empolgados em aprender algo novo, uma etapa será ultrapassada. Desta forma, os resultados das avaliações serão mais conclusivos, podendo assim direcionar os alunos ao aprendizado individualmente, de uma maneira que todos possam aprender. Os jogos podem ser utilizados para esse fim, pois segundo [4] os jogos educativos podem despertar no aluno: motivação, estimulo, curiosidade, interesse em aprender, o aluno constrói seu conhecimento de maneira lúdica e prazerosa. Em nosso cotidiano utilizamos várias formas de jogo: o dos sentidos, em que a curiosidade nos leva ao conhecimento; os jogos corporais expressos na dança nas cerimônias e rituais de certos povos; o jogo das cores, da forma e dos sons, presente na arte dos imortais; o jogo do olhar [5]. Enfim, ele está aí, fazendo arte de nossas vidas. A intensidade do poder do jogo é tão grande que nenhuma ciência conseguiu explicar a fascinação que ele exerce sobre as pessoas. Deste modo, acredita-se que a utilização de jogos na educação virá a melhorar o modo de ensinar, o modo de avaliar e também o modo de aprender, mudando a visão do aluno em relação à educação. B II. ESTUDO DE CASO uscando atingir as melhorias apresentadas no primeiro capítulo desenvolveu-se uma parceria entre o Laboratório de Ensino a Distância LED e o Laboratório de Realidade Virtual LRV da Universidade Federal de Santa Catarina UFSC com a intenção de criar um Modelo de Avaliação para e-learning baseando em Ambientes Imersivos aplicável ao curso à distância de Capacitação de Auditor Ambiental Interno que foi disponibilizado pelo LED. O curso tem como objetivo qualificar recursos humanos no tema Gestão da Qualidade Ambiental, além de disponibilizar para a comunidade um centro de profissionais aptos a participar na implantação de Sistemas de Gestão Ambiental e na realização de Auditoria Ambiental Interna. Como a modalidade do referido curso é totalmente à distância e via Internet o objetivo do protótipo é permitir a realização de uma Auditoria Ambiental on-line, levando-se em consideração as vantagens deste tipo de tecnologia aplicada a avaliações que foram abordadas no primeiro capítulo. A. Modelo O modelo desenvolvido está baseado em duas filosofias de trabalho: Utilização de um ambiente gráfico para melhorar o processo ensino -aprendizagem e proporcionar ao aluno uma maneira lúdica e prazerosa de aprender; Não apenas avaliar a capacidade e o aprendizado dos alunos, mas sim permitir que o aprendizado ocorra também durante o processo de avaliação através de feedbacks. Para o desenvolvimento da Avaliação, foi modelada uma simulação de um depósito de resíduos químicos pelo LRV, o que pode ser observado na Fig. 1. Esta simulação foi incorporada a um ambiente virtual de aprendizagem denominado VIAS-K, o qual foi desenvolvido pelo LED, visualizado na Fig
3 Fig. 1. Ambiente Modelado. Fig. 3. Cadastro de Perguntas. Cada pergunta cadastrada possui cinco alternativas de resposta, que se transforma em dez por que o sistema controla se o objeto no ambiente virtual ao qual a pergunta esta vinculada foi visualizado ou não. Sendo que cada alternativa possui um peso utilizado para calcular o feedback geral, um feedback especifico e a pontuação que o aluno receberá ao selecionar a alternativa. B. Funcionamento do Sistema Fig. 2. Plataforma de Ensino VIAS-K. Antes de demonstrar o funcionamento da ferramenta desenvolvida é de suma importância ressaltar o papel do Auditor Ambiental responsável, pois é ele quem define o ambiente a ser modelado assim como as perguntas que serão aplicadas sobre o ambiente. Na Fig. 3 é demonstrada a ferramenta de cadastro de perguntas do sistema. O acadêmico(auditor) inicia a auditoria simulada no ambiente virtual tendo acesso a instruções iniciais de como deve proceder e quais as atividades programadas, alem de receber a documentação sobre as normas NBR Armazenamento de Resíduos Sólidos e Perigosos e NBR Resíduos Sólidos, pois é baseando-se nestas duas normas que ele deve realizar a auditoria. Ele também recebe uma documentação sobre o ambiente a ser auditado, o depósito de resíduos da empresa Ecolux. Em seguida, o auditor tem o primeiro contato com a lista de perguntas que ele devera responder, neste momento ele irá selecionar as perguntas que irão fazer parte de sua lista de verificação. Na próxima etapa, o auditor recebe orientações sobre o ambiente virtual e então inicia a auditoria. A auditoria consiste em explorar o ambiente virtual, verificar todos os locais, conversar com o operador de resíduos químicos e então preencher a lista de verificações. A Fig. 4 demonstra o ambiente com a coleta de evidências sendo realizada. 200
4 Caso o auditor escolha continuar ele passa para a etapa de constatações da auditoria, onde irá comparar os critérios da auditoria com as evidências. Ele terá que classificar em não conformidade maior, menor ou observação às alternativas apontadas como não conformidade na coleta de evidências. Após as constatações da auditoria o auditor tem a opção de reiniciar a auditoria ou finalizá-la, caso vá em frente, é gerado o relatório da auditoria que é formado pelas constatações de não conformidade e pela conclusão da auditoria. Exemplo de conclusão da auditoria: O depósito da Ecolux não atende aos requisitos das normas NBR e para armazenamento de resíduos perigosos. Este processo pode ser visualizado na Fig. 6. Fig. 4. Coleta de Evidências. Ao finalizar a exploração do ambiente e coleta de evidências o auditor recebe os feedbacks, um geral e caso ele tenha cometido erros um especifico para cada item relacionado com a pergunta. Exemplo de feedback geral: Recomendamos que você comece de novo prestando mais atenção. Exemplo de feedback especifico: Você deveria comparar a documentação do armário com os dados do operador, conforme Fig 5. Fig. 6. Relatório de Auditoria. Tendo finalizado a auditoria o acadêmico recebe o resultado de sua avaliação que traz discriminado cada pergunta (item) respondido, a opção de resposta selecionada e a pontuação pela aquela resposta. Tendo como nota final a média destas notas. Fig. 5. Feedbacks. Com as informações dos feedbacks em mãos, o auditor escolhe se quer continuar com o processo de auditoria ou retornar para o ambiente e refazer a coleta de evidências. III. CONSIDERAÇÕES FINAIS utilização de ambientes imersivos com intenção de Aaumentar o grau de interatividade em avaliações proporcionando uma maior ludicidade em conjunto com a possibilidade de simulação de ambientes reais pela Internet foi aplicada e considerada proveitosa pelos idealizadores do curso. A ferramenta desenvolvida apresentou uma flexibilidade maior que as ferramentas de avaliação tradicionais trazendo ao aluno a possibilidade de interagir com um ambiente virtual, criando assim uma experiência mais próxima da realidade, além de proporcionar diferentemente das avaliações tradicionais a possibilidade de aprendizado durante o decorrer da própria avaliação. Com este trabalho espera-se que mais pesquisadores desenvolvam trabalhos sobre a questão das avaliações on-line, 201
5 tema que atualmente necessidade de novos modelos. Para trabalhos futuros seria interessante o desenvolvimento da aplicação utilizando a tecnologia Java 3D, o que daria portabilidade total à solução. IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] M. Gadotti, Pensamento pedagógico brasileiro, Editora Ática, [2] P. Demo, Avaliação Qualitativa, Cortez Editora e Editora Autores Associados, [3] P. Perrenound, Avaliação: da excelência a regulação das aprendizagens. Entre duas Lógicas, tradução Patrícia Chittoni Ramos, ArtMed Editora, Porto Alegre., [4] R. S. Silveira, Jogos Educativos computadorizados utilizando a abordagem de algoritmos genéticos, Curso de Pós-Graduação em Ciências da Computação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Informática, [5] S. S. Moco, Realidade Virtual Através de Jogos na Educação, Dissertação de Mestrado, Programa de Pós Graduação em Engenharia da Produção, Universidade Federal de Santa Catarina,
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