(Valor: 5,00) 0, Endereçamento ao Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da Vara Federal da Seção Judiciária de São Paulo

Transcrição

1 Peça Profissional A CODESP (Companhia Docas do Estado de São Paulo), sociedade de economia mista que administra o Porto de Santos, recebeu notificação de lançamento fiscal para recolhimento de IPTU sobre os imóveis da área portuária. Diante disso, o responsável pela empresa lhe procura questionando a cobrança e solicitando que seja proposta a medida judicial cabível, de caráter mais urgente e eficaz, para a defesa de seus interesses. (Valor: 5,00) Gabarito - 1. Endereçamento ao Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da Vara Federal da Seção Judiciária de São Paulo 2.Qualificação completa das partes: Sujeito Ativo CODESP (0,10) e Autoridade Coatora Diretor do Departamento de Rendas Imobiliárias (0,10), vinculado ao Município de Santos (0,10) 3. Demonstração do Cabimento do Mandado de Segurança: trata-se de direito líquido e certo, que não demanda dilação probatória (0,40), nos termos do art. 1º da Lei /09 (ou da Lei 12016/09) OU art. 5º, inciso LXIX da CF/88 (0,10). 4. Tese O STF entendeu que Empresa Pública Federal possui características típicas das autarquias, exercendo funções essenciais do Estado. (0,50) Portanto, é alcançada pela imunidade prevista no artigo 150, VI, a e 2º, da CF (0,50), sendo vedada a cobrança de impostos em razão da renda ou serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou dela decorrentes. (0,50) Faixa de 0,20 0,30 0,50 1,50

2 5. Abertura do item medida liminar (0,10), nos termos do art. 7º, III, da Lei /2009 (0,10). Demonstração dos requisitos fundamento relevante imunidade (0,10) e risco de ineficácia da medida (0,10) uma vez que haverá o recolhimento indevido do tributo (0,10). Requerimento de suspensão da exigibilidade do crédito (0,10), nos termos do art. 151, IV, do CTN. (0,10) 6. Pedido de concessão da liminar (0,10), nos termos do art. 7º, III, da Lei nº /2009 (0,10) suspendendo-se o crédito, conforme art. 151, IV, do CTN. (0,10) 7. Procedência do pedido, concedendo-se a segurança em definitivo (0,10), ratificando a liminar pleiteada (0,10), uma vez que a empresa é imune ao ISS (0,10), nos termos do art. 150, VI, a e 2º, da CF (0,10). 8. Ciência do ente público na pessoa do seu representante legal (0,10) para integrar a lide como litisconsorte passivo necessário (0,10), conforme ditames da Súmula 631, STF (OU Art. 7º, II, da Lei 12016/09) (0,10) 9. Condenação da Impetrada ao pagamento de custas processuais 10. Oitiva do Ministério Público (0,10), nos termos do art. 12 da Lei 12016/09 (0,10) e notificação da autoridade coatora (0,10), conforme art. 7º, I, da Lei 12016/09 (0,10) 0,70 0,30 0,40 0,30 0,20 0, Valor da causa 0,10 2 de 7

3 12. Fechamento da peça: Nestes termos, pede deferimento. Advogado. OAB 0,10 Questão 01 Merivaldo José, ex- diretor executivo foi citado em Execução Fiscal junto com mais três outros diretores da empresa JL LTDA. À época em que dirigia a empresa, como resultado da crise econômica que assolava o país, Merivaldo decidiu não recolher alguns tributos federais, dentre eles, PIS, CONFINS, CSLL e IRPJ. Durante três anos, a JL LTDA não recolheu os tributos, não aderiu a nenhum programa de parcelamento, bem como não impugnou os valores ou se defendeu na via judicial. Em decorrência da falta de pagamento, os débitos que ultrapassavam 1 bilhão de reais, foram inscritos em dívida ativa e a Procuradoria ingressou, tempestivamente, com a Ação de Execução Fiscal em face da empresa. Com dificuldades de lograr êxito ao tentar localizar bens passíveis de penhora, requereu e obteve do juízo das Execuções Fiscais Federais de São Paulo a autorização para o redirecionamento da Execução Fiscal contra os três outros diretores e Merivaldo. Imediatamente Merivaldo é citado por edital em Execução Fiscal e ao verificar seu saldo junto da instituição bancária, verifica que há uma informação de bloqueio judicial do valor integral de conta corrente, fruto de seu salário. Ao verificar o edital de citação, o CNPJ da empresa não está identificado e lhe causa estranheza a reunião dos demais executados numa mesma ação. Diante de tais fatos, o procura com os seguintes questionamentos: A) Qual ou quais medidas pode ou podem ser propostas para a sua defesa? (Valor: 0,25) B) É legal a reunião dos demais diretores (executados) numa mesma ação ou esse é um motivo para que a execução fiscal seja nula? (Valor: 0,25) C) A falta de indicação do CNPJ em citação por edital ou na petição inicial podem ensejar a nulidade do processo executivo? (Valor: 0,25) 3 de 7

4 D) Quais matérias de direito podem ser alegadas em defesa do executado? (0,25). Há matéria de ordem pública? Caso haja, responda fundamentada e, em caso negativo, fundamente também. (0,25) Obs.: Todas as questões devem ser acompanhadas de fundamentação legal e ou jurisprudencial. A mera transcrição de súmulas, artigos ou as respostas positivas ou negativas não pontuam o candidato. GABARITO - QUESTÃO 1 A) Merivaldo deve opor Embargos à Execução Fiscal (0,10), meio de defesa cabível quando o Executado (contribuinte ou responsável) foi citado no processo de Execução Fiscal e já ocorreu a constrição patrimonial (0,10), nos termos do art. 16 da Lei 6.830/80 (ou inciso III do art. 16 da Lei 6.830/80) (0,05). B) É legal a reunião dos Executados numa mesma ação (0,10). Não é motivo de nulidade, já que a Execução Fiscal é a via processual adequada para que o sujeito ativo que detém Certidão de Dívida requeira a satisfação do crédito tributário por parte do sujeito passivo, podendo ser contribuinte, substituto ou responsável tributário (0,10), nos termos do art. 4º da Lei 6.830/80 (0,05). C) Não. Conforme a Súmula 558 do STJ (0,10), em ações de execução fiscal a petição inicial não pode ser indeferida sob o argumento de falta de CPF ou de RG da parte Executada (0,15). ( a mera citação ou transcrição da Súmula não pontua o candidato). D) As matérias de direito (de defesa) que podem ser alegadas são: a impossibilidade de Merivaldo figurar no polo passivo da Execução por mera falta de pagamento de tributo (0,10), nos termos da Súmula 430 do STJ (0,05). Além disso, a responsabilidade dos diretores da pessoa jurídica se dá apenas quando o inadimplemento resultar de excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos (0,10), conforme art. 135, III do CTN (0,05). 0,25 0,25 0,25 0,50 Atendimento ao Quesito 4 de 7

5 Por fim, de acordo com o art. 185-A (0,05), a penhora on line é autorizada somente quando o devedor, devidamente citado, não pagar e não apresentar bens dentro do prazo e não forem encontrados bens penhoráveis, já que o bloqueio judicial é a forma mais prejudicial de constrição. (0,05) Com relação à matéria de ordem pública, pode ser alegada a ilegitimidade passiva de Merivaldo, o que torna a CDA um título nulo. (0,10) Questão 02 A imobiliária OAS atua na venda e locação de imóveis comerciais e residenciais no município de Guarujá. Diante do crescimento imobiliário na cidade, Inácio, investidor, entrou em contato com os sócios da imobiliária com o intuito de adquirir uma parte da empresa. Para tanto, ofereceu um apartamento triplex para ser incorporado ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, adquirindo 20% da sociedade. Como haverá um aumento considerável no capital social da empresa, os sócios estão preocupados com os impactos tributários desta integralização de capital e o questionam se devem efetuar o recolhimento do ITBI no momento da transmissão do bem a ser incorporado à empresa em realização de capital. GABARITO QUESTÃO 2 Via de regra, o ITBI não incide sobre a transmissão de bens imóveis incorporados ao patrimônio da pessoa jurídica em realização de capital (0,25), nos termos do artigo 36, I, do CTN (0,10). 1,25 Atendimento ao Quesito 5 de 7

6 Entretanto, no caso em tela, considerando que a atividade preponderante da empresa é a venda e locação de bens imóveis, incide o ITBI (0,5) conforme disposto no artigo 37, 1º, do CTN (0,2) e 156, 2º, I, da CF. (0,2) Questão 03 Durante o curso da Execução Fiscal, o Município de Pedra Rocha como meio de acautelar seus créditos, ajuizou Medida Cautelar Fiscal no mesmo juízo das execuções em face de Rocha Lisa Lapidações Ltda. Por se tratar de medida que vislumbra proteger o crédito do devedor que deseja, por exemplo, colocar seus bens em nome de terceiros como forma de inadimplir a obrigação tributária dificultando os atos que impeçam a satisfação do crédito tributário devidamente constituído (declarados pelo contribuinte ou lançados pelo Fisco), responda, de forma fundamentada, se pode o Município de Pedra Rocha, propor tal medida seja ela preparatória ou incidental. GABARITO QUESTÃO 3 O Município de Pedra Rocha pode acautelar seus créditos tributários quando o sujeito passivo pratique atos que dificultem ou impeçam a sua satisfação. (0,50) Pressupõe-se que os créditos tributários têm de estar devidamente constituídos, ou seja, declarados pelo contribuinte ou lançados pelo Fisco. (0,25) A medida Cautelar pode ser proposta de forma preparatória ou incidental. (0,05). Portanto, pode ser proposta antes da constituição do crédito (0,10), quando o contribuinte põe seus bens em nome de terceiros (0,10), nos termos do art. 1º, parágrafo único, da Lei 9.532/91. (0,25) 1,25 Atendime nto ao Quesito 6 de 7

7 Questão 04 Em 29 de dezembro de 2017 a União, publicou decreto aumentando a alíquota do IPI para automóveis, a partir da data de sua publicação. Em vista desse aumento, a montadora VW decide impugná-lo, tendo como base a violação do princípio da anterioridade nonagesimal. Ainda, com fundamento no princípio da legalidade tributária, a montadora entende que o aumento da alíquota não poderia ter sido veiculado por meio de decreto, considerando o disposto no Art. 150, I, da Constituição, que veda a exigência ou o aumento de tributo sem lei que o estabeleça. Diante de tal quadro, responda aos itens a seguir. A) Prospera o argumento da pessoa jurídica relativo ao princípio da anterioridade nonagesimal? (Valor: 0,65) B) Prospera o argumento da pessoa jurídica relativo ao princípio da legalidade tributária? (Valor: 0,60) GABARITO QUESTÃO 4 A) Sim, há violação ao princípio da anterioridade nonagesimal (0,55), tendo em vista o disposto no Art. 150, III, c, da Constituição Federal (0,10). B) Não há violação ao princípio da legalidade tributária (0,50), tendo em vista a faculdade instituída pelo Art. 153, 1º, da Constituição Federal (0,10). 0,65 0,60 Atendimento ao Quesito 7 de 7