Resumo. Palavras-chave: complexo granuloma eosinofílico, palato, felino. Keywords: eosinophilic granuloma complex, palate, feline.
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- Maria do Mar Maranhão Ribas
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1 1 COMPLEXO GRANULOMA EOSINOFÍLICO EM FELINO - RELATO DE CASO Caroline Lima SANTOS 1 ; Ana Luiza Castro dos SANTOS 2 ; Francielma Chaves SOUSA 3 ; Dglan Firmo DOURADO 4 ; Débora Regina Maia GOMES 5 ; Nathálya dos Santos MARTINS 6. 1.Estudante de graduação de Medicina Veterinária, Universidade Estadual do Maranhão,caaarol.lima@gmail.com; 2.Estudante de graduação de Medicina Veterinária, Universidade Estadual do Maranhão; 3.Estudante de graduação de Medicina Veterinária, Universidade Estadual do Maranhão; 4.Mestrando em Ciência Animal, Universidade Estadual do Maranhão; 5.Médica Veterinária, Universidade Estadual do Maranhão; 6.Professora do Departamento das Clínicas Veterinárias, Universidade Estadual do Maranhão. Resumo Um felino fêmea, da raça Persa, de quatro anos, pesando 2,65 Kg, foi atendido no Hospital Veterinário Francisco Edilberto Uchôa Lopes da Universidade Estadual do Maranhão (HVU - UEMA), apresentando salivação intensa, inapetência e mudança na preferência alimentar. O exame clínico revelou inflamação da cavidade oral e orofaringe, sendo sugestivo de gengivoestomatite. Após 15 dias de tratamento com amoxicilina associado a clavunalato de potássio, prednisolona e timomodulina, o animal demonstrou melhora significativa, apresentando normoquezia e normoúria, porém apresentava pústulas, granulomas e lesões de mucosa na região de palato. Foram realizados exames de cultura bacteriana, antibiograma, hemograma, ALT, AST, uréia, creatinina, teste para FIV/FELV e biópsia das lesões, sendo diagnosticado complexo granuloma eosinofílico. Palavras-chave: complexo granuloma eosinofílico, palato, felino. Keywords: eosinophilic granuloma complex, palate, feline. Revisão de literatura O complexo granuloma eosinofílico é um termo utilizado para definir um agrupamento de três condições diferentes que irão causar inflamações e lesões na pele. Como uma manifestação alérgica felina, sendo esta geralmente a causa mais comum para hipersensibilidade a picadas de pulgas, ácaros, mosquitos e para alergias alimentares (FOSTER, 2003; BUCKLEY et al., 2012). As lesões ocasionadas por esta doença surgem quando eosinófilos liberam substâncias inflamatórias, com intenção de combater a invasão de corpos estranhos, ocasionando em danos ao colágeno. Possui três fenômenos distintos, sendo eles a ANAIS 37ºANCLIVEPA p.1043
2 2 placa eosinofílica, o granuloma eosinofílico e a úlcera indolente. Embora cada um apresente características histológicas distintas (FONDATI et al., 2001), todos possuem características típicas em comum, sendo este o motivo pelo qual participam do mesmo grupo (GRACE, 2004). As lesões da placa eosinofílica formam elevações na pele com áreas bem demarcadas por alopecia e ulcerações (BLOOM, 2006; SANDOVAL et. al., 2005). São encontradas em qualquer região do corpo (BLOOM, 2006). O granuloma eosinofílico também é denominado granuloma linear por possuir lesões lineares em formato de cordão. É mais encontrada em regiões como o lábio inferior, palato duro, língua e face caudal dos membros pélvicos (FOSTER, 2003). São elevadas, papilomatosas, com presença de alopecia e nodulares (BLOOM, 2006). A úlcera indolente, é caracterizada por lesões que são encontradas como erosões de característica rasa, coloração rosada, no lábio superior, filtro labial ou adjacente aos dentes caninos superiores (WERNER, 2003). O diagnóstico requer uma investigação de forma bem detalhada do histórico do animal, exames complementares, associadas ao exame físico de forma minuciosa (BARBOSA et. al., 2012), incluindo punção aspirativa por agulha fina, hemograma, testes virais e histopatológico cutâneo (PROST, 2009). O uso de glicocorticóides é o tratamento mais utilizado para as três formas de lesões pelo fato dos felinos demonstrarem menos complicações e uma maior tolerância a doses mais altas (LOPEZ, 1998). Há ocasionalmente quadros de melhora ou regressão dos sinais clínicos após a utilização de antibióticos, sendo recomendada a utilização quando existirem evidências citológicas ou histopatológicas de pioderma, onde amoxicilina clavulanato, cefadroxil, enrofloxacina e doxiciclina são indicados nesses casos (GRACE, 2004;). Descrição do Caso Deu entrada no Hospital Veterinário Francisco Edilberto Uchoa Lopes da Universidade Estadual do Maranhão (HVU - UEMA) um felino da raça persa, fêmea, com quatro anos de idade. Com histórico de intensa salivação e inapetência. Ao exame físico o paciente apresentava mucosas normocoradas, gengivite e estomatite, presença de tártaro nos dentes molares superiores, temperatura de 38 C, pústulas e granulomas em região do palato mole. Foram solicitados exames, como hemograma completo, AST, ALT, ureia, creatinina, teste sorológico para ANAIS 37ºANCLIVEPA p.1044
3 3 FIV/FeLV, cultura microbiológica, antibiograma e biópsia da região do palato. Procedeu-se inicialmente com antibioticoterapia (amoxicilina e clavulanato de potássio/ dose de 20 mg/kg/vo/bid) e anti-inflamatório (prednisolona/ dose de 1 mg/kg/vo/bid). O paciente retornou após 15 dias de tratamento profilático até a espera dos resultados da biópsia, com relativa melhora da gengivoestomatite, mas apresentava as pústulas e granulomas em região de palato. O felino apresentava gengivoestomatite e granuloma eosinofílico por ectoparasitas. Os exames apontaram anemia, trombocitopenia e aumento de transaminases, e o exame para FIV/FeLV negativo para ambas viroses. Para a realização da biópsia, o animal foi encaminhado ao centro cirúrgico do HVU - UEMA, onde utilizou-se como medicamento pré-anestésico acepromazina (0,025mg/Kg), associado a meperidina (2 mg/kg), 10 minutos após foi realizado a indução com propofol (5 mg/kg), posteriormente foi intubado com sonda compatível ao diâmetro de sua traqueia e mantido em oxigênio à 100%, em circuito circular semifechado. No exame de cultura, foi isolado a bactéria Enterobacter cloacae. O resultado da biopsia concluiu que o animal apresentava gengivite crônica ativa com infiltrado inflamatório rico em eosinófilos, fechando o diagnóstico como complexo granuloma eosinofílico felino, envolvendo IgE. O animal apresentava uma grande quantidade de ácaros do gênero Lynxacarus radovskyi, que com o hábito da lambedura, o ácaro pode ter causado uma reação inflamatória na região de palato, gerando a formação de pústulas. Após o resultado da biopsia, iniciou-se o tratamento medicamentoso com sulfametoxaxazol + trimetropin, mas o animal não se adaptou, apresentando vômitos. Foi necessária aplicação de ceftriaxona (25m/kg/IM). Precreveu-se a utilização de um ectoparasiticida a base de fipronil por um período de 30 dias, devendo retornar após o tratamento. No caso descrito, o animal respondeu bem ao tratamento com glicocorticoide e antibiótico, associado ao uso de ectoparasiticida e dieta hipoalergênica. Quando o animal retornou, já não apresentava nenhum tipo de lesão, pústulas e granulomas na região de palato. Discussão Os eosinófilos são células inflamatórias, sendo encontrados no complexo granuloma eosinofílico causando alergias por muitos fatores e um deles é quando os ectoparasitas estão presentes (Nogueira, 2011). Porém lesão de complexo ANAIS 37ºANCLIVEPA p.1045
4 4 granuloma eosinofílico predispõe o tecido a colonização bacteriana e infecção, sendo o papel da bactéria secundário (LERNER, 2013). Segundo Matilde et al. (2013) a intensa proliferação bacteriana, composta inicialmente por micro-organismos aeróbios gram positivos, sem motilidade, e posteriormente por anaeróbios gram negativos, com motilidade, levam à produção de hialuronidases e enzimas lisossomais que, em associação ao grande fluxo de células inflamatórias, acabam por irritar os tecidos orais. Isto desencadeia uma reação inflamatória, caracterizada por edema, eritema e ulcerações, dando início à gengivite. A biópsia é o único meio que permite estabelecer um diagnóstico definitivo, eliminando outras causas. Antes de iniciar o tratamento, é preciso identificar e tratar outras doenças associadas, pois as doenças concomitantes interferem muito na resposta terapêutica favorável (NIZA et al., 2004). A biopsia tecidual é muito importante para descartar neoplasias, pois as úlceras bucais podem se tornarem malignas virando um carcinoma de células escamosas. Apenas o tratamento com amoxicilina-clavulonato dos gatos com placas eosinofílicas levou a redução significativa do tamanho das lesões e do percentual de bactérias levando a melhora clínica, mas ela pode ser recorrente (LERNER, 2013). O que não foi observado em nosso relato para melhora das placas eosinofílicas, comprovado resistência aos exames microbiológicos. Conclusão A causa do Complexo Granuloma Eosinofílico no paciente relatado era por ectoparasitas, responsivo ao tratamento, com total remissão dos sinais clínicos observados. Referências BARBOSA, A. S.; DEL NERO, B.; AMBROSIO, C. E. Terapia homeopática em dermatopatias de gatos revisão de literatura. Acta Veterinaria Brasilica, v. 7, n. 1, p , BUCKLEY, L.; NUTTALL, T. Feline Eosinophilic Granuloma Complex(ITIES): Somes clinical clarification. Journal of Feline Medicine and Surgery, 2012, 14, p FONDATI, A., FONDEVILA, D., FERRER, L. Histopathological study of feline eosinophilic dermatoses. Veterinary Dermatology, 2001, 12, p ANAIS 37ºANCLIVEPA p.1046
5 5 FOSTER, A. Clinical approach to feline eosinophilic granuloma complex. In Practice, 2003, 25, p GRACE, S. F. Complexo Granuloma Eosinofílico. In: NORSWORTHY, G. et al. O paciente felino. São Paulo: Manole, 2004, cap.54, p HNILICA, K. A. Feline Management irritation. The North American Veterinary Conference, LERNER, D. D. Complexo Granuloma Esinofílicos em Felinos Domésticos. Porto Alegue LOPEZ, R. J. Dermatofitosis: qué hay de nuevo?. Consulta de Difusión Veterinaria, 6 (46), 79-80, MATILDE, K. S.; LOURENÇO, M. L. G.; ZAHN, F. S.; MACHADO, L. H. DE A.Complexo gengivite estomatite felina: Revisão de Literatura. Revista Veterinária e Zootecnia,v.20, n.2, p , MEDLEAU, L.; HNILICA, K. A. Dermatologia de pequenos animais: Atlas Colorido e Guia Terapêutico. In: Miscelânea de enfermidades cutâneas em gatos. São Paulo: Roca, 2009, Cap. 15, p NIZA, M. M. R. E.; MESTRINHO, L. A.; VILELA, C. L. Gengivo-estomatite crônica felina: Artigo de revisão.revista Portuguesa de Ciências Veterinárias, v.99, n.551, p , NOGUEIRA, M. M. Atopia Felina: Revisão de literatura. Belo Horizonte.2011 PAPICH, M. G. The Feline-Friendly Pharmacy: Avoiding Problems With Drugs in Cats. The North American Veterinary Conference, PROST, C. Feline atopic dermatitis: clinical signs and diagnosis. European Journal of Companion Animal Practice, v. 19, n. 3, p , ROSENKRANTZ, W. S. Dermatite Miliar e Complexo do Granuloma Eosinofílico. In: BIRCHARD, S. J. & SHERDING, R. G. Manual Saunders-Clínica de Pequenos Animais. São Paulo: Roca, p SANDOVAL, J. G.; ESMERALDINO, A.; RODRIGUES, N. C.; FALLAVENA, L. C. B. Complexo granuloma eosinofílico em felinos: revisão de literatura. Veterinária em Foco, v. 2, n. 2, p , SCOTT, D., MILLERWHAND, GRIFFIN, C. Skin immune system and allergic skin disease and miscellaneous skin diseases. Muller and Kirk s small animal dermatology. Vol 1. 6a ed. Filadélfia: WB Saunders, 2001, p , SMITHJR, F.W.K. Consulta Veterinária em 5 minutos. Espécie Canina e Felina. 2ª ed. São Paulo: Manole, 2003, p WERNER, A. H. Complexo Granuloma eosinofílico. In: TILLEY, L.P & SMITHJR, F.W.K. Consulta Veterinária em 5 minutos. Espécie Canina e Felina. 2ªed. São Paulo: Manole, 2003, p ANAIS 37ºANCLIVEPA p.1047
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