Avaliação Qualitativa De Dossel Em Um Fragmento De Floresta Estacional Semidecidual Em Vitória Da Conquista
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- Ana Beatriz Campelo Viveiros
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1 Avaliação Qualitativa De Dossel Em Um Fragmento De Floresta Estacional Semidecidual Em Vitória Da Conquista Adilson Almeida dos Santos (1), Willyan Charles Amaral Batista (2), Emerson Iuri de Paula Araujo (3), Elen Vilaronga de Jesus (4), Alessandro de Paula (5) (1) Mestrando em Ciências Florestais, UFES/Universidade Federal do Espírito Santo (2) Graduando em Engenharia Florestal, UESB/Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (3) Graduando em Engenharia Florestal, UESB/Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (4) Graduando em Engenharia Florestal, UESB/Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (5) Professor Adjunto, UESB/Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia RESUMO A qualidade de copas de árvores ou, mais especificamente, suas relações entre diâmetro, comprimento e forma e incidência de luz, estão diretamente correlacionados com processos estruturais e funcionais da floresta, por esta ser, o principal componente responsável pelos processos de crescimento e produção de uma árvore. Portanto, estudos desse tipo têm contribuído substancialmente para o conhecimento da dinâmica florestal e interações competitivas entre espécies. Neste contexto, este estudo teve objetivo avaliar a alometria de copas em um fragmento de Floresta Estacional Semidecidual, como forma de conhecer o comportamento ecológico dos indivíduos ali presentes e seus efeitos sob a estrutura e a funcionalidade da floresta. O estudo foi realizado em um fragmento de floresta localizado no campus da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia em Vitória da Conquista. Para o alcance dos objetivos lançou-se mão da metodologia descrita por Dawkins (1958), levantando a posição e forma das copas, além do diâmetro a altura do peito. A maior parte dos indivíduos amostrados se concentrou nas menores classes diamétricas. Cerca de 80% dos indivíduos recebiam algum tipo de iluminação superior em sua copa. Já quanto à forma da copa, cerca de 30% foi considerada indesejada. O dossel do fragmento estudado ainda se encontra bastante aberto, devido ao alto índice de espécies que recebem iluminação direta. Palavras-chave: ecologia de dossel; posição de copa; forma da copa. INTRODUÇÃO A incidência de luz, assim como a qualidade da radiação são fatores determinantes no desenvolvimento das florestas tropicais (WHITMORE, 1989; PAIVA, 2009; MEIRA-NETO et al., 2005), sendo outras variáveis dependentes destas. As espécies florestais se comportam diferentemente em determinada condições de luz (DANIEL et al., 1994), devido às suas necessidades diferenciadas e a fatores estruturais dos indivíduos, que permitem maior ou menor utilização da - Resumo Expandido - [226] ISSN:
2 radiação incidente. Assim sendo, o entendimento da estrutura dos indivíduos arbóreos permite inferir sobre o comportamento ecológico dos mesmos, presentes em um dado sistema. Segundo Dawkins (1958), a qualidade do dossel influencia diretamente na recepção de luz, assim como no aproveitamento desta pela planta, sendo que estas situações são otimizadas quando se possui copas bem distribuídas, para todos os lados e quando estas se encontram em posição emergente em relação ao dossel. No entanto, nem sempre se tem copas perfeitas, devido a complexidades de mosaicos das estruturas florestais (NICOTRA, 1999). Tompson (1991) vai mais além e considera que as restrições e demandas impostas pelo ambiente sobre as espécies vegetais selecionam formas, estruturas e fisiologia adaptativas nas mesmas. O fato é que estes processos fazem com que a luminosidade ocorra em diferentes escalas dentro de um mesmo sistema (LERTZMAN et al., 1996), favorecendo assim o desenvolvimento de espécies em diferentes estágios sucessionais e diferentes estratégias de ocupação de espaço e alocação de recursos. Para King (1996), a alometria de copa de árvores, ou mais especificamente, suas relações entre diâmetro, comprimento e forma, estão diretamente correlacionados com processos estruturais e funcionais da floresta, por esta ser, o principal componente responsável pelos processos de crescimento e produção de uma árvore (TONINI & ARCO-VERDE, 2005). Portanto, estudos desse tipo têm contribuído substancialmente para o conhecimento da dinâmica florestal e interações competitivas entre espécies. Neste contexto este estudo teve por objetivo avaliar a alometria de copas em um fragmento de Floresta Estacional Semidecidual, como forma de conhecer o comportamento ecológico dos indivíduos ali presentes e seus efeitos sob a estrutura e a funcionalidade da floresta. MATERIAL E MÉTODOS Área de estudos O estudo foi realizado em um fragmento de Floresta Estacional Semidecidual (Mata de Cipó), localizado no campus da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), no município de Vitória da Conquista. A área situa-se no Planalto da Conquista a 876 m de altitude, nas coordenadas geográficas de latitude Sul e de longitude Oeste. O solo predominante na região é do tipo Latossolo Amarelo Distrófico. Segundo a classificação de Koppen, o clima da região varia do tipo sub-úmido ao semi-árido. As temperaturas mínimas para Vitória da Conquista variam de 9 a 15ºC, no mês mais frio (julho), enquanto no verão as temperaturas máximas registradas oscilam de 22 a 30ºC, no mês mais quente (janeiro). A Mata de Cipó do Planalto da Conquista é uma floresta relativamente baixa, com árvores que apresentam uma altura média de 10 a 15 metros. De modo geral, a vegetação apresenta-se com adaptações para a aridez, com folhagens esclerófilas de pequeno tamanho e gemas protegidas por pêlos, mas a maioria das espécies não apresenta acúleos (SOARES FILHO, 2000). Entre os meses de março e outubro a vegetação apresenta gradiente de caducifólia decidual, em torno de 50%, devido principalmente às elevadas temperaturas e ao déficit hídrico do solo, decorrente das baixas e irregulares precipitações. Com o início das chuvas mais intensas, no mês de novembro, a vegetação volta a sua condição normal. Amostragem e análise dos dados O estudo foi realizado em uma área de 0,5 ha. Na amostragem foram incluídos apenas os indivíduos com diâmetro à altura do peito (DAP), superior a 5 cm. A avaliação foi realizada a partir da observação de três variáveis, sendo duas inerentes a copa (posição e forma) e a outra ao fuste (DAP). - Resumo Expandido - [227] ISSN:
3 A determinação da posição e forma da copa foi realizada conforme Dawkins (1958), em função da incidência de luz (Figura 1) e de irregularidades apresentadas no contorno da copa (Figura 2), respectivamente. Figura 1. Classificação de posição de copa (modificado de Dawkins, 1958). Figura 2. Classificação de forma de copa (modificado de Dawkins, 1958). - Resumo Expandido - [228] ISSN:
4 Número de Indivíduos O DAP foi determinado com auxílio de uma fita métrica e os indivíduos amostrados foram agrupados em oito diferentes classes diamétricas, determinadas a partir da regra empírica proposta por Sturges (1926). Os dados foram coletados na estação chuvosa, como forma de evitar os efeitos do déficit hídrico sobre as copas. RESULTADOS E DISCUSSÃO Segundo Soares Filho (2010) a estrutura vertical do fragmento estudado caracteriza-se por árvores de médio porte (10 a 15 metros). Quanto à distribuição diamétrica, os 810 indivíduos se concentraram em sua maioria nas menores classes de diâmetro (Figura 3), indicando tendência de distribuição em J-invertido, que é típica das florestas naturais inequiâneas. Para Lima & Leão (2013) isso se deve à capacidade de regeneração das espécies vegetais. Centro de Classe de Perímetro (cm) Figura 3. Distribuição diamétrica dos indivíduos de um fragmento de florestal estacional semidecidual em Vitória da Conquista, Bahia. Quanto à incidência de luz, 77% dos indivíduos amostrados apresentavam algum tipo de iluminação superior (Tabela 1), o que mostra uma intolerância a sombra por parte da maioria dos mesmos. Gonçalves et al. (2010) sugeriram que os indivíduos que se encontrem nesta situação certamente pertencem ao grupo das pioneiras e das secundárias iniciais. Por outro lado, 2% dos indivíduos não recebiam nenhum tipo de iluminação direta, podendo esta tolerância a sombra ser devido ao estado sucessional da espécie, ou uma adaptação da mesma ao sombreamento contínuo neste sistema (GONÇALVES, 2010). Tabela 1. Posição das copas de indivíduos arbóreos em um fragmento de Floresta Estacional Semidecidual em Vitória da Conquista, Bahia. Posição da Copa Nº de indivíduos % Sem iluminação direta (1) 16 2,0 Alguma iluminação natural (2) ,0 Iluminação superior parcial (3) ,0 Iluminação superior completa (4) ,5 - Resumo Expandido - [229] ISSN:
5 Emergente (5) 53 6,5 Quanto à forma da copa, cerca de 30% dos indivíduos apresentaram formato indesejado (Tabela 2). A má qualidade de forma de copa pode indicar deformidades devido à falta de luz direta em indivíduos de espécie não adaptada a ambientes sombreados (GONÇALVES, 2010) Tabela 2. Forma das copas de indivíduos arbóreos em um fragmento de Floresta Estacional Semidecidual em Vitória da Conquista, Bahia. Forma da Copa Nº de indivíduos % Intolerável (1) 71 8,8 Pobre (2) ,9 Tolerável (3) ,4 Boa (4) ,4 Perfeita (5) 85 10,5 A incidência ou não de luz parece estar diretamente relacionada com a forma da copa, já que os percentuais de copas que recebem iluminação superior e de copas consideradas com forma de tolerável a perfeita são bastante próximos. A forma e o tamanho das copas amostradas sugerem que cerca de 20 a 30% dos indivíduos amostrados tem sua capacidade fotossintética reduzida, sendo esta capacidade condizente ou não com a necessidade fisiológica do indivíduo. CONCLUSÕES O dossel do fragmento estudado ainda se encontra bastante aberto, devido ao alto índice de indivíduos que recebem iluminação direta, sendo que a maioria dos indivíduos presentes são de espécies características de estados sucessionais iniciais e intermediários. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DANIEL, O.; OHASHI, S. T.; SANTOS, R. A. Produção de mudas de Goupia glabra (Cupiúba): efeito de níveis de sombreamento e tamanho de embalagens. Revista Árvore, 18(1):1-13, DAWKINS, H. C. The management of natural tropical high forest with special reference to Uganda. Oxford: University of Oxford, Imperial Forestry Institute, p. GONÇALVES, D. A.; SCHWARTZ, G.; POKOMY, B.; ELDIK, T. V. O uso da classificação de copa de Dawkins como indicador do comportamento ecológico de espécies arbóreas tropicais. Florestal, 40(1): , KING, D. A. Allometry and life history of tropical trees. Journal of Tropical Ecology, 12:25-44, LERTZMAN, K. P.; SUTHERLAND, G. D.; INSELBERG, A.; SAUNDERS, S. C.; Canopy gaps and the landscape mosaic in a coastal temperate rain forest. Ecology, 77(4): , LIMA, J. P. C.; LEÂO, J. R. A. Dinâmica de crescimento e distribuição diamétrica de fragmentos de florestas nativa e plantada na Amazônia Sul Ocidental. Floresta e Ambiente, 20(1):70-79, Resumo Expandido - [230] ISSN:
6 MEIRA-NETO, J. A. A.; MARTINS, F. R.; SOUZA, A. L. Influência da cobertura e do solo na composição florística do sub-bosque em uma florestal estacional semidecidual em Viçosa, MG, Brasil. Acta Botanica Brasilica, 19(3): , NICOTRA, A. B.; CHAZDON, R. L.; IRIATES, S. V. B. Spatial heterogeneity of light and Woody seedling regeneration in Tropical West Forests. Ecology, 80(6): , PAIVA, P. M. V.: A coleta intensiva e a agricultura itinerante são ameaças para os castanhais da reserva extrativista do Rio Cajari? Dissertação (mestrado) Fundação Universidade Federal do Amapá, Programa de Pós Graduação em Biodiversidade Tropical. Amapá, p. SOARES FILHO, A.O. Estudo fitossociológico de duas florestas em região ecotonal no Planalto de Vitória da Conquista, Bahia, Brasil., Instituto de Biociências - Universidade de São Paulo, Dissertação de Mestrado. STURGES, H. A. The Choice of a Class Interval. Journal of the American Statistical Association, 21:65-66, THOMPSON, J. D. Phenotipic plasticity as a component of evolutionary change. Trends in Ecology & Evolution, 6: , TONINI, H.; ARCO-VERDE, M. F. Morfologia da copa para avaliar o espaço vital de quatro espécies nativas da Amazônia. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 40: , WHITMORE, T. C. Canopy gaps and the two major groups of forest trees. Ecology, 70: , Resumo Expandido - [231] ISSN:
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