The Dinner Party Ana Maria Silva Gomes, nº8368 Curso de Ciências da Arte e do Património, 1º ano FBAUL, 2014/2015
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- Vitorino Sacramento Gameiro
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1 The Dinner Party Ana Maria Silva Gomes, nº8368 Curso de Ciências da Arte e do Património, 1º ano FBAUL, 2014/2015 Resumo Explora-se o conceito de sexualidade e feminismo, nomeadamente abordados pelos autores Michel Foucault e Simone de Beauvoir, interligando-os com a obra de instalação The Dinner Party de Judy Chicago, demonstrando assim a influência do feminismo na arte e na sociedade moderna e contemporânea. Palavras chaves: feminismo, sexualidade, arte. Introdução Este trabalho visa estabelecer uma ligação entre os conceitos apresentados por Michel Foucault, relativamente á sexualidade do ser humano e como esta é vista e abordada pela sociedade, e pela abordagem do feminino em Simone de Beauvoir com a obra feminista de instalação de Judy Chicago, The Dinner Party Primeiramente irão ser analisados detalhadamente os conceitos relativos aos respetivos autores, incidindo na ligação do tema da sexualidade na sociedade e o tema do feminismo. Após esta abordagem, irá ser analisada a obra em questão e será interligada com os conceitos referidos e analisados. O trabalho inicia-se assim com uma análise ás obras de M. Foucault e S. De Beauvoir, onde os autores exaltam os conceitos de sexualidade e feminismo, finalizando com uma conclusão acerca da ligação com a obra de Judy Chicago. Desenvolvimento 1. A sexualidade em M. Foucault Michel Foucault inicia o seu livro História da Sexualidade: I A Vontade de Saber, criticando a repressão da sociedade relativamente ao tema do sexo, onde diz que esse estudo sobre a repressão do sexo sustenta-se (...) porque é fácil ser dominado. (...) se o sexo é reprimido com tanto rigor, é por ser incompatível com uma colocação de trabalho, geral e intensa. O autor compara a maneira como a sociedade aborda a sexualidade com a época vitoriana, onde a pudicía imperial figuraria no brasão da nossa sexualidade contida, muda, hipócrita, e onde a sexualidade era encoberta, apenas reconhecida aos casais, casados e com filhos. 1
2 Logo, o autor conclui que a repressão funciona, decerto, como condenação ao desaparecimento, mas também, como injunção ao silêncio, afirmação de inexistência e, consequentemente, constatação de que, em tudo isso, não há nada para dizer, nem para ver, nem para saber. Em suma, o autor resume estas mesmas ideias dizendo: Portanto, não referir uma história da sexualidade á instância do sexo; mostrar, porém, como o o sexo se encontra na dependência histórica da sexualidade. Não situar o sexo no lado do real e sexualidade no lado das ideias confusas e ilusões; a sexualidade é uma figura histórica muito real, e foi ela que suscitou, como elemento especulativo necessário ao seu funcionamento, a noção de sexo. (...) Contra o dispositivo da sexualidade, o ponto de apoio do contra-ataque não deve ser o sexo-desejo, mas os corpos e os prazeres. (Michel Foucault, 1976, p.115) 2. A sexualidade em Simone de Beauvoir Simone de Beauvoir foi uma notável escritora e filósofa feminista. No seu livro O Segundo Sexo, Beauvoir aborda, principalmente, o papel da mulher na sociedade. A autora aborda a sexualidade feminina referindo que: a sexualidade, de resto, nunca nos apresentou como a definir um destino, como a fornecer em si a chave das condutas humanas, mas sim como a exprimir a totalidade de uma situação que contribui para definir (Beauvoir, 1967) O Feminismo Relativamente ao feminismo e ao papel da mulher na sociedade, Beauvoir inicia o seu discurso com esta simples frase: Ninguém nasce mulher: torna-se mulher., afirmando que Nenhum destino biológico, psíquico e económico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade mas sim o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam de feminino, ou seja, o que define o papel da mulher na sociedade é a qualificação que o homem lhe atribui. 2
3 A autora inicia assim o seu livro com uma reflexão sobre a infância, onde explora a sexualidade na criança, O mundo apresenta-se, a princípio, ao recémnascido sob a figura de sensações imanentes, relativamente ao início de vida, posteriormente Enquanto existe para si, a criança não pode apreender-se como sexualmente diferençada. De seguida enumera as outras fases da mulher, desde a adolescência, a iniciação da vida sexual, a vida de mulher casada, mãe, até á maturidade e velhice., abordando temas como a homossexualidade, a vida social e a prostituição. Incide principalmente na temática da mulher independente, pelo facto de que os homens começam a conformar-se com a nova condição da mulher, em que não se sentindo condenada a priori, acha-se à vontade: hoje a mulher que trabalha não negligencia por isso a sua feminilidade e não perde a sua atração sexual, finalizando com a frase já é tempo, pelo seu interesse e o de todos, de deixá-la enfim correr todos os riscos, tentar a sorte. 3. The Dinner Party A artista Judy Chicago é uma das principais artistas contemporâneas feministas. A instalação The Dinner Party, foi orquestrada pela própria artista e contou com a execução de 400 mulheres. A obra consistiu numa homenagem ás muitas mulheres que, segundo a artista, foram ignoradas pela história; para tal efeito, Judy Chicago investigou os passados, com todo o pormenor e minúcia (...) estão dispostos 39 lugares, 13 em cada lado, honrando uma mulher significativa, e pelo menos mais 919 outras mulheres mencionadas por toda a obra. Esta instalação consiste, portanto, numa mesa triangular, com um pavimento revestido a azulejo e, como referido em cima, com 39 lugares, 13 de cada lado, e em cada lugar foi colocado um prato cerâmico onde foi pintada uma vagina, ao estilo da época específica referente ao estilo do período histórico a que se refere a personagem retratada ; dando como exemplos: O órgão reprodutor da poetisa norte-americana Emily Dickinson (...) foi rodeado de renda, e o da rainha francesa Leonor da Aquitânia encerrado numa fleur-de-lis. Os materiais utilizados nesta obra foram os meios tradicionalmente associados ás mulheres porcelana pintada, cerâmica e bordados, em contraste aos materiais utilizados pelos artistas masculinos nos seus environments, que consistiam 3
4 em bulldozers, serras mecânicas, gruas e equipamento de soldadura, o que confere á obra uma enorme beleza e elegância ; funciona também a uma escala épico, em que abrange um período de vários milénios. Nesta obra encontra-se, também, presente um sentido de comunidade e ritual, uma vez que sentimos que J. Chicago se apropriou do tema masculino da última Ceia, transformando-o numa comunhão espiritual de mulheres. (P. Davies, W. Denny, F. Hofrichter, J. Jacobs, A. Roberts, D. Simon, 2007) Em suma, esta obra foi, portanto, um culminar do tema do feminismo na arte, como abordado por Beauvoir e muitos outros autores do seu tempo e posteriores. O feminismo teve uma grande influência na arte, introduzindo temas de reflexão sobre o papel da mulher na sociedade e como esta é vista, promovendo a igualdade de géneros e a importância da mulher. Figura 1: Judy Chicago, The Dinner Party, Técnica mista, 0,9x17,6x12,8 m. Brooklyn Museum of Arts, Nova Iorque 4
5 Conclusão Através da análise e definição de sexualidade de Foucault, podemos ver a repressão da sociedade relativamente a esse assunto, não só a sociedade em que o autor se encontrava inserido, mas também a nossa sociedade contemporânea. Ao abordar este tema, o autor permite uma maior abertura em relação ao que entendemos por sexo e sexualidade e de que maneira se insere no nosso dia e na nossa vida. Analisando Simone de Beauvoir e o seu discurso sobre o feminismo, conferenos a capacidade para compreender o papel da mulher na sociedade e como esta se insere e é vista pelo homem. No final, a instalação de Judy Chicago insere-se como uma ode ao feminismo e a todas as mulheres, ignoradas ou reprimidas ao longo da história, iniciando assim um novo rumo na arte, mais aberta ás artistas femininas, que passaram a singrar num mundo de homens. Referências CHICAGO, Judy (1979) The Dinner Party, Brooklyn Museum of Art, Nova Iorque; DU BEAUVOIR, Simone (1967) O Segundo sexo ; FOUCAULT, M. (1999) História da Sexualidade- I A vontade de saber ; J. E. DAVIES, P., B. DENNY, Walter, HOFRICHTER, F.F, JACOBS, Joseph, ROBERTS, Ann M., SIMON, David L. (2004) A Nova História da Arte de Janson. 5
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