BELEZA IDEALIZADA E OS DISTÚRBIOS ALIMENTARES

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1 BELEZA IDEALIZADA E OS DISTÚRBIOS ALIMENTARES Andreia Kottwitz 1 - Celer Faculdades Sandra Lucia Zanella 2 - Celer Faculdades Eixo Temático 3: Temas Livres da Psicologia Resumo Esta pesquisa discorre sobre a beleza idealizada e os distúrbios alimentares. Tem como objetivo investigar as relações que se estabelecem nos padrões de beleza ditados pela sociedade e o papel do psicólogo. Os assuntos abordados são: a construção social da beleza, os distúrbios alimentares e a psicologia como forma de tratamento. Tratou-se de um estudo qualitativo e descritivo, sendo realizada uma entrevista semiestruturada com quatro mulheres residentes na cidade de Quilombo, SC. Para a análise dos dados buscou-se o método de análise de conteúdo proposto por Bardin (2008). Os resultados mostram que a mídia possui uma grande e forte influência sobre as mulheres quando trata-se do conceito de beleza, sendo que percebeu-se que as mulheres sofrem impactos físicos e psicológicos quando expostas a esses padrões de beleza. Do mesmo modo, entendeu-se que os distúrbios alimentares estão ligados de forma direta com a busca pela beleza ideal exposta pela sociedade e/ou mídia. Constatou-se também que as participantes não conhecem como é o trabalho de um profissional psicólogo no tratamento de mulheres com distúrbios alimentares, mas reconhecem o mesmo como sendo importante. Palavras-chave: Beleza idealizada. Distúrbios alimentares. Psicologia. 1. INTRODUÇÃO Diariamente convivemos com um apelo muito grande de beleza, e quando trata-se do público feminino esses apelos só aumentam. A insatisfação pelo corpo é algo muito comum nesse público, que a todo momento vivencia a necessidade de pertencer a um grupo onde a estética precisa ser levada a primeiro plano. Menezes (2006, p.1) afirma isso ressaltando que quando abrimos as revistas, ligamos a TV, olhamos outdoors pelas ruas encontramos expostos corpos esquálidos como ideal de perfeição feminina. Neste sentido, quais são os possíveis impactos psicológicos 1 Acadêmica do 9 Período do Curso de Psicologia da Celer Faculdades de Xaxim SC. Atualmente exerce a função de Estagiária na Escola de Educação Especial Paulo Freire Apae Quilombo - SC. de_yah@hotmail.com; 2 Docente da Celer Faculdades de Xaxim SC. Psicóloga. Mestre em educação, PUCRS. Especialista em Magistério superior, TUIUTI PR. Psicopedagogia, UCAM RJ. Comportamento Organizacional UNOESC Chapecó SC, e Planejamento e Gerenciamento Estratégico, PUCPR. E- mail: ramseticb@gmail.com. Membro docente do Grupo de Pesquisa em Psicanálise (GPSIC). Revista Conversatio Volume 2 Número 2 Edição Especial Jan/Jun ISSN Página 61

2 e físicos que os padrões de beleza podem ocasionar em mulheres de 18 (dezoito) á 30 (trinta) anos que não se enquadram neste modelo de beleza atual? Levando isso em consideração este trabalho tem como objetivo geral investigar as relações que se estabelecem nos padrões de beleza ditados pela sociedade e o papel do psicólogo. Para alcançar este objetivo, foram organizados 4 (quatro) objetivos específicos, que são: 1) Investigar qual é o conceito de beleza ideal e os padrões estipulados pela sociedade; 2) Verificar quais são os possíveis impactos físicos e psicológicos sobre o público feminino entre 18 (dezoito) á 30 (trinta) anos de idade, ocasionados pelos padrões de beleza; 3) Compreender os distúrbios alimentares e como estão associados aos padrões de beleza expostos pela sociedade; e 4) Apresentar qual o papel do profissional psicólogo no tratamento de pessoas com distúrbios alimentares ocasionados pelos padrões de beleza. Para alcançar estes objetivos específicos, foram formuladas 3 (três) questões de pesquisa, que são: 1) Os impactos psicológicos e físicos são determinantes para desenvolver os distúrbios alimentares?; 2) O papel do psicólogo pode ser preventivo ou curativo com relação aos distúrbios alimentares no que tange aos padrões de beleza atuais?; e 3) De que forma se associam os distúrbios alimentares e os padrões de beleza? 2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Este trabalho foi desenvolvido a partir da metodologia qualitativa, já que Minayo (2011, p.21) ressalta que a pesquisa qualitativa responde a questões muito peculiares. Ela se ocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ou não deveria ser quantificado, ou seja, ela trabalha com o universo de significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes. Com tipologia descritiva, que de acordo com Gil (2008, p.28), são incluídas neste grupo as pesquisas que têm por objetivo levantar as opiniões, atitudes e crenças de uma população. Com cunho bibliográfico e pesquisa de campo, pois, Marconi e Lakatos (2009, p.188) diz que a pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar. A seleção dos participantes foi por conveniência, os dados foram coletados através de uma entrevista semiestruturada e após foram analisados com base na técnica de conteúdo de Bardin. Revista Conversatio Volume 2 Número 2 Edição Especial Jan/Jun ISSN Página 62

3 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Após estudar, aplicar as entrevistas e analisar os dados coletados, constatouse que as mulheres quando expostas a padrões de beleza são fortemente influenciadas, de modo que desencadeiam efeitos físicos e psicológicos como autoimagem negativa e autoestima baixa, o que resulta em procurar meios ou técnicas para modificar suas formas físicas, sendo que as mais comuns entre elas são o uso de dietas e os exercícios físicos. O que contradiz com o conceito de beleza ideal dito por elas, pois verificou-se que todas as participantes relataram como conceito ideal, sentir-se bem consigo mesmo e gostar-se, sendo ressaltado por duas participantes que não preocupavamse com os padrões de beleza ditados pela sociedade, que traz como belo e ideal o corpo magro, do mesmo modo que não sentiam-se influenciadas com a opinião das demais pessoas. Quando na prática todas elas já se submeteram a algum recurso para atingir algum modelo de beleza, por não estarem satisfeitas com suas formas corporais, sendo que todas afirmaram que buscavam com o uso desses recursos diminuir medidas. Verificou-se também que os distúrbios alimentares estão diretamente ligados aos padrões de beleza, pois de acordo com os relatos das participantes, entendeuse que as mesmas só começaram a comer de forma compulsiva quando se consideraram fora do modelo de beleza dito pela sociedade como ideal, tentando assim resolver seu conflitos internos saciando-se com a alimentação, e após isso ocorreu a busca dos recursos para se modificar fisicamente, do mesmo modo, ocorreu com a participante que restringiu sua alimentação. No mesmo sentido, contatou-se que as mesmas acham importante o processo de acompanhamento psicológico, mas não possuem uma idéia clara de qual é o papel do psicólogo no processo de tratamento dos distúrbios alimentares. Porém verificou-se na teoria que o papel do mesmo pode ser preventivo, de modo que pode auxiliar no reconhecimento do seu valor enquanto pessoa, assim como, pode ser curativo quando já estão estabelecidos os distúrbios alimentares, com diversas técnicas, sendo ressaltada no trabalho a Terapia Cognitivo- Comportamental como forma de tratamento. 4 CONCLUSÃO Conclui-se que faz-se necessário o trabalho de uma equipe multiprofissional Revista Conversatio Volume 2 Número 2 Edição Especial Jan/Jun ISSN Página 63

4 nesse processo de tratamento, mas que o do profissional psicólogo é indispensável seja de forma preventiva ou após o desencadeamento de algum transtorno alimentar associado a beleza idealizada. Sendo assim, este estudo implica em aproximar mais o entendimento da relação dos distúrbios alimentares com a beleza idealizada imposta pela sociedade e influenciada pela mídia. Deste modo, este trabalho poderá contribuir para as futuras pesquisas relacionadas ao tema da beleza idealizada e os distúrbios alimentares, sendo que é uma área muito ampla e com diversas demandas de investigações relacionadas. IDEALIZED BEAUTY AND EATING DISORDERS Abstract This research expatiate on the idealized beauty and eating disorders. It has as objective to investigate the relations established on the beauty patterns dictated by society and the role of the psychologist. The subjects covered are: the social construction of beauty, the eating disorders and psychology as an option of treatment. It is a qualitative and descriptive study, being performed a semistructured interview with four women residing in the city of Quilombo, SC. For the research data analysis it was used the content analysis method proposed by Bardin (2008). The results showed that media has a great and strong influence on women when speaking of beauty concepts, realizing that women suffer physical and psychological impacts when exposed to such beauty patterns. In the same way, it was understood that the eating disorders are connected in a direct manner with the search for the ideal beauty exposed by society and/or the media. It was also found that the participants do not know how the work of a professional psychologist in the treatment of women with eating disorders, but recognize the same as being important. Keywords: Idealisticbeauty. Eatingdisorders. Psychology. REFERÊNCIAS ANDRADE, N. S.; GONÇALVES, C. M.; BRETAS, S. M. Padrões estéticos e transtornos alimentares. Portal dos psicólogos: BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa. 70 ed BATALINI, B. R.; SILVA, C. B.; NEGRISOLLI, G. F.; GUIDINI, P. A influência da mídia nos padrões de beleza atuais. Faculdades Integradas Antônio Eufrásio de Toldo, Presidente Toledo, São Paulo, DUCHESNE, M.; ALMEIDA, P. E. de M. Terapia cognitivo-comportamental dos transtornos alimentares. Revista Brasil Psiquiatria, São Paulo, GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. São Paulo: Atlas, MENEZES, J. A. Ditadura da beleza. Epistemo-somática: Belo Horizonte, MINAYO, M. C. S. (org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ: Vozes, Revista Conversatio Volume 2 Número 2 Edição Especial Jan/Jun ISSN Página 64

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