Psicologia: Reflexão e Crítica ISSN: Universidade Federal do Rio Grande do Sul Brasil
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1 Psicologia: Reflexão e Crítica ISSN: prcrev@ufrgs.br Universidade Federal do Rio Grande do Sul Brasil Campos, Pedro Humberto; Rouquette, Michel-Louis Abordagem estrutural e componente afetivo das representações sociais Psicologia: Reflexão e Crítica, vol. 16, núm. 3, 2003, pp Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre, Brasil Disponível em: Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe, Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto
2 Abordagem Estrutural e Componente Afetivo das Represen Pedro Humberto Faria Campos 1 Universidade Católica de Goiás Michel-Louis Rouquette Université Paris V Psicologia: Reflexão e Crít Resumo A Abordagem Estrutural das representações sociais define uma representação social como uma organ por diferentes dimensões e não como um conjunto de eventos e processos puramente cognitivos. N propomos o princípio que a dimensão afetiva observa uma relação não-aleatória com o núcleo central. são brevemente descritos, assim como os resultados acerca de três representações, ( menino de rua, família ), com o intuito de apresentar uma perspectiva de estudo que parece indicar que as relações entre e afetivamente carregados não são aleatórias. Os dados corroboram a tese de que o Núcleo Cen organiza igualmente a distribuição das cargas afetivas no conjunto da representação social. As pesqu correspondem a uma primeira aproximação exploratória das relações existentes entre a estrutura e a i elementos de uma representação. Palavras-chave: Representações sociais; abordagem estrutural; cargas afetivas; núcleo central. Social Representations: Affective Impregnation and Structural Approach Abstract The Structural Approach of social representations defines a social representation as an organization w dimensions and not as a group of purely cognitive events and processes. In the present state of theory, w that the affective dimension concerning maintains a random relationship with the Central Core. Two pre described as well as the results concerning three representations ( street children, higher education a present a perspective that seems to indicate that the relationships between semantic and affectivel random. The data seem to confirm the principle that the Central Core of social representations equally o of the affective charges on the social representation as a whole. The studies presented here correspo approach of the relationships between the structure of a representation and the affective impregnation of Keywords: Social representations; structural approach; affective impregnation; central core. Desde que Moscovici (1961, 1976) abriu o campo teórico do estudo das representações sociais, os campos de pesquisa e aplicação vêm se multiplicando. Inúmeros pesquisadores têm se dedicado ao estudo desta teoria, seja em busca do conhecimento de novas representações (no domínio da saúde, da educação, da economia, etc), seja no desenvolvimento teórico-metodológico do próprio campo. Entretanto, se, de um lado, é forçoso reconhecer que muito papel determinante no modo reagem face à realidade, fica evid é dotado de cargas afetivas, é dizer, ativado ) por um compo De fato, é pertinente a críti de modo geral e em específico n sociais, encontra sérias dificuld dos aspectos emocionais ao es
3 436 Pedro Humberto Faria Campos & Michel-Louis Rouquette satisfatoriamente ao campo teórico dos processos sóciocognitivos. Contudo, a crítica de Banchs (1995) à teoria das representações sociais, nos parece um tanto quanto precipitada ao afirmar que:... essa teoria não desenvolve a reflexão sobre o papel que jogam, na construção do self e da realidade (construções que se desenvolvem simultaneamente) os aspectos fundamentais da subjetividade tais como: necessidades, motivações, emoções, afetos, pulsões inconscientes ou conteúdos reprimidos, embora ela não negue a subjetividade individual... (p.97) Gostaríamos de decompor esta crítica em duas: na primeira parte, Banchs (1995) insiste numa visão da teoria das representações como teoria que não desenvolve certos aspectos (as emoções e afetos entre eles), porque não analisa como a subjetividade individual participa na elaboração das representações; na segunda, a autora critica certos autores que insistem em tentar reduzir a emoção a um fenômeno puramente cognitivo, e assimila esta posição à da teoria das representações sociais. Ora, quanto à primeira crítica, podemos dizer que as emoções e afetos não são aspectos exclusivos da vida privada subjetiva; as emoções vividas em situação de interação coletiva (intersubjetiva) influenciam na elaboração de representações 2 ; quanto à segunda crítica, devemos dizer que a teoria das representações insiste no caráter socialmente partilhado das representações e não no caráter cognitivamente partilhado. Isto significa que buscamos trabalhar na direção do que Rime (1993) chama de partilha social das emoções. As representações são definidas enquanto modalidade de pensamento social, o pensamento social sendo também mediado por uma dimensão afetiva. A abordagem estrutural não concebe as representações como um conjunto de eventos e processos puramente cognitivos; tampouco ela se dedica às tentativas de estabelecer relações de primazia do aspecto cognitivo sobre o afetivo ou vice-versa. A abordagem estrutural tal qual ela é definida por Abric (1994 a, 1994 b, 1998), Flament (1994) e intensamente carregada do ponto de vista pelo grupo, pode, como veremos adiante, p na estrutura da representação (Giraud-He Alguns pesquisadores que trabalham c estruturalista no estudo das representaçõe Rateau, 1995; Rouquette & Rateau, 19 retomada do que genericamente se pode ch afetiva, assimilando esta dimensão ao dimensão atributiva. Para estes pesquisa afetiva é importante à medida que inf organiza ou determina cognições ou c avaliativos. A partir do momento em q produzem uma avaliação do objeto de rep alguns de seus aspectos, pode-se dizer qu afetiva é ativada, dentro de um raciocínio agrada ou isto não me agrada. Em uma restrita de definição do componente afet estrutural apresenta ainda vários exemplos d em Abric (1998), como sobre mudan representações: Parece que, sob a luz dos resultados ob os elementos avaliativos de uma rep constituem a estrutura subjacente de u a um dado objeto; de outro lado, é so influências contra-atitudinais atingem um de uma dada representação (Ex.: a empr que elas podem provocar uma mudanç Apesar do reduzido número de pesqui ao estudo do componente afetivo, o nosso p é o de apresentar estudos empíricos importância da abordagem estrutural na con pistas de estudo. Assim sendo, dois tr (Campos & Rouquette, 2000; Giraud-H resultados de três pesquisas empíricas se afim de ilustrar uma perspectiva de aproxim afetiva, não somente enquanto cognições ou
4 Abordagem Estrutural e Componente A assegura sua função organizadora e estruturante, também em relação à dimensão afetiva. Deste modo, elas compõem a parte inicial de um programa de verificação da hipótese segundo a qual o núcleo central de uma representação organiza e determina a participação estrutural das cognições afetivamente carregadas através de relações de significação. A Representação Social de Multidão em Policiais Responsáveis pela Manutenção da Ordem (Giraud- Herault, 1998) Em seus trabalhos de pesquisa, Giraud-Herault (1998) objetivou estudar a representação social da multidão (ou das massas) em grupos de policiais responsáveis pelo acompanhamento e controle de situações de grande público e a intervenção de fatores emocionais na estruturação desta mesma representação 3. Partindo da noção de sujeito em ação 4, o autor considera que os elementos de uma representação são, dentro de situações sociais específicas, impregnados por uma carga afetivo-emocional, a qual é variada segundo as características de cada elemento, a natureza social do objeto, a natureza da relação dos sujeitos com este mesmo objeto e as características conjunturais da situação. Segundo o autor, estas cognições atualizam a experiência emocional, que foi concretamente percebida pelos sujeitos em ação, sob dois aspectos: o fisiopsicológico, que traduz a intensidade vivida sob a forma de ativação visceral ou de ataque à integridade física dos sujeitos; e o aspecto psicocognitivo, sob a forma de produção verbal, relativa à experiência, mais ou menos intensa, original e singular. Com fundamento nestes pressupostos, o autor distingue cognições quentes e cognições frias, distinguindo cognições afetadas com carga afetivas intensa e cognições pouco impregnadas de cargas afetivas. Do ponto de vista metodológico, a estratégia utilizada para integrar os estudo do componente afetivo ao estudo da estrutura da representação, foi o de classificar as cognições (elementos do conteúdo da representação) em cognições semi-diretivas, centradas nas pr nas atividades de acompanham dos eventos de massa, identifi estado de iniciante para o estad não era marcado pelos anos de sobretudo, por um acontecime fogo. Esta expressão é utilizada p momento no qual um policial vez, à uma massa populacional nesta situação os sujeitos deve riscos, ou seja, atuar, de modo controlar o perigo, e de modo controlar o medo. Os resultados a representação de multidão apr semelhante entre os alunos d iniciantes (antes do batismo de segundos, há maior riqueza de e das representações, entre o grup os iniciantes, mostra que a afetivamente carregado e traum provoca um deslocamento da estrutura da representação, enqu de forma dispersa no grupo in vão se concentrar na região ce grupo experiente. Carga Afetiva e Nexus (Cam A noção de nexus, introduz refere-se a uma modalidade de se estrutura como nódulos afeti de referência para uma determ determinada época e funcio etiquetas das situações, capaze a mobilização das massas. Com palavras igualdade/liberdade/ Revolução francesa ou esquerda/ fria. Em um conjunto de pesqui
5 438 Pedro Humberto Faria Campos & Michel-Louis Rouquette e, se funda na associação livre produzida por uma palavra indutora, apresentada dentro de uma pergunta, assim formulada: quais são as palavras ou expressões que vêm espontaneamente à sua mente quando você escuta a palavra.... A evocação de uma representação (e igualmente de um nexus) pode ser provocada tanto por uma palavra indutora quanto por um ícone. Desenvolveu-se então um plano quase experimental com a manipulação de duas variáveis: a indução por ícone ou por palavra e a consigna, uma de orientação padrão (que chamaremos aqui de consigna semântica) e a segunda consigna de orientação afetiva (que chamaremos aqui de consigna atributiva). O efeito das duas variáveis sobre a produção discursiva dos sujeitos foram testados tanto para um nexus quanto para uma representação social. Assim, o plano quase-experimental era constituído pelo cruzamento de duas variáveis, portanto, composto de quatro condições: imagem/semântica; imagem/atributiva; palavra/semântica; e, palavra/atributiva, tanto para um nexus quanto para uma representação. As quatro condições foram aplicadas sobre um objeto de representação (Brasil) e sobre um nexus (imagem e nome do piloto de Fórmula 1, Ayrton Senna); e os sujeitos, estudantes universitários, foram submetidos aos questionários e procedimentos de exposição à imagem. Os resultados comprovaram as hipóteses principais de ativação significativa da dimensão afetiva pela consigna atributiva e pela indução por imagem; e a consigna atributiva apresenta uma tendência a aumentar a concentração das palavras dominantes (aumento do consenso) para um nexus, em contrapartida de uma diminuição desta mesma concentração das palavras dominantes para uma representação social. Isto equivale a dizer que a ativação afetiva de um nexus remete à qualidade de núcleo pré-lógico homogeneizante dos grupos sociais, conquanto a mesma ativação, para uma representação, parece remeter a produção discursiva do grupo à dispersão própria à experiência individual dos afetos, ou seja, a uma diminuição do consenso. ou emoções ). A partir da expressão indu rua, referente ao objeto social assim deno de evocação do tipo padrão (palavras e expre a 136 sujeitos, estudantes universitários; e atributiva (sentimentos ou emoções) foi apli universitários. As duas produções foram submetida juizes (foram utilizados 3 professores língua portuguesa, aos quais foi solicita palavras com conotação afetiva), e verifica nos trabalhos de pesquisa sobre os ne Rouquette, 2000), um aumento significa consideradas afetivamente carregadas. tempo, selecionamos as palavras mais freq questão padrão e as mais freqüentes obtidas atributiva, constituindo assim um único finalidade era de verificar a organização atribuem a um material composto de prod de ativação mista. É importante salientar que, na constr instrumento, não optamos por seleciona freqüentes afetivamente carregadas ; e freqüentes em cada conjunto de respo atributiva. No caso do objeto meninos de r 10 palavras de cada lista. Na realidade, ini pertenciam às duas listas, exigindo uma outras palavras freqüentes. Deste modo a composta com os seguintes itens: abandon miséria, violência, sem-família, pobre, frio Enquanto a lista afetiva ficou assim comp revolta, tristeza, dó, desamparado 5, espe largado e excluído. A partir destas duas listas, construímo tipo constituição de famílias de palavra 1995); apresentando ao sujeito uma lista solicitando-lhes de comporem grupos d combinam. Os dados foram submetidos similitude, sobre a qual obtivemos um gráfic
6 Abordagem Estrutural e Componente A Figura 1. Organização dos elementos da representação social de menino selecionados a partir de lista mista representação. Neste ponto, gostaríamos de relembrar que compreendemos que os elementos, ditos afetivos, são também semânticos, e vice-versa; o que estamos estudando é o fato que alguns elementos são impregnados de forte carga afetiva e outros o são com baixa intensidade. Nosso objeto são as relações entre elementos intensamente impregnados de cargas afetivas e elementos centrais na estrutura da representação. No caso específico estudado, o gráfico parece indicar que a dimensão afetiva observa uma certa independência em relação aos outros elementos, ou seja, os elementos afetivamente carregados permanecem reagrupados entre si, formando dois blocos, quase autônomos, ligados entre si pelo elemento abandonado (o qual também pertencia, originariamente à lista afetiva, sendo a palavra mais freqüente nas duas condições). Trabalhos de pesquisa anteriores (Abric & Campos, 1996; Campos, 1998a, 1998b) permitem afirmar situado no cruzamento da noçã miséria, no interior desta re educadores sociais. O gráfico também que o termo aband cruzamento das dimensões sem Estudo da Dimensão Afeti Representação Social de Es Métod Utilizando o mesmo métod questões, uma na condição p atributiva, com a expressão ind Superior, em 54 sujeitos, estu cada condição. A Tabela 1 mo palavras com conotação afetiv palavras mais freqüentes nas d
7 Palavras Padrão Atributiva 440 Pedro Humberto Faria Campos & Michel-Louis Rouquette Tabela 2 Listas das Palavras mais Freqüentes nas duas Condições Ativação padrão Realização Melhores empregos Status Dinheiro Mercado de trabalho Profissão Oportunidade Conhecimento Vitória Respeito Melhores salários Dedicação Inteligência Conquista Esforço Responsabilidade Ativação atributiva Realização Alegria Felicidade Satisfação Conquista Responsabilidade Orgulho Vitória Medo Emprego Independência Ansiedade Dinheiro atributiva ou condição padrão). Segundo a abordagem estrutural (Teoria do Núcleo Central), os elementos pertencentes ao sistema central deveriam permanecer relativamente estáveis, posto que se tratam de elementos não-negociáveis. No caso específico, apenas uma palavra muito freqüente, nas duas condições, apresenta estabilidade, a palavra realização. Para proceder uma análise comparativa entre centralidade e dimensão afetiva, aplicamos em 97 sujeitos, estudantes universitários, um teste de centralidade clássico, com dupla negação (Abric, 1994 a; Moliner,1992; Ro 1998), cujos resultados são apresentados base no teste de centralidade, identificamo que, muito provavelmente, compõem da representação de diploma superior : e profissão. Nota-se, de início, que ne elementos pertence à lista afetiva. Co uma questão de constituição de famíl com 20 itens, correspondendo às 1 freqüentes na lista padrão e as 10 Tabela 3 Variação das Palavras mais Freqüentes nas duas Condições, Objeto Diploma Superior
8 oriundas da lista afetiva. Um grupo de 97 respondeu à questão de constituição de famílias de palavras, e os dados foram submetidos a uma análise de similitude, da qual extraímos o seguinte gráfico: Os resultados deste estudo, embora exploratórios, Estudo da Dimensão Afe Representação Social de Fam Métod Abordagem Estrutural e Componente A Tabela 4 Teste de Centralidade, Objeto Diploma Superior Elemento Conhecimento Profissão Emprego Status Alegria Conquista Salário Realização Muito provavelmente é um diploma de curso superior 02 (02 %) 03 (03%) 07 (07%) 09 (09%) 10 (10%) 06 (06%) 06 (06%) 08 (08%) Não sei dizer 20 (21%) 23 (24%) 53 (54%) 55 (56%) 60 (61%) 66 (67%) 68 (69%) 68 (69%) Muito não é u cur Status Figura 2. Organização dos elementos da representação social de diploma su
9 442 Pedro Humberto Faria Campos & Michel-Louis Rouquette Tabela 5 Efeito da Ativação Afetiva, Objeto Família Questão padrão Questão atributiva Palavras neutras (conotação não-afetiva) 59,4 % 37,1 % Palavras afetivas (conotação afetiva) 27,4 % 49,4 % Palavra Tabela 6 Listas das Palavras mais Freqüentes, nas duas Condições Ativação padrão União Amor Amizade Respeito Confiança Compreensão Companheirismo Segurança Conflito Fraternidade Apoio Carinho Solidariedade Alegria Convivência Responsabilidade Ajuda Tabela 7 Variação das Palavras mais Freqüentes, nas duas Condições, Objeto Família Palavras Amizade Respeito Confiança Segurança Conflito Apoio Responsabilidade Padrão Ativação atributiva Amor União Compreensão Carinho Amizade Companheirismo Respeito Alegria Confiança Felicidade Fraternidade Harmonia Afeto Segurança Paz Ajuda Atributiva
10 Abordagem Estrutural e Componente A Tabela 8 Teste de Centralidade, Objeto Família Amor Amizade Respeito Confiança União Companheirismo Compreensão Muito provavelmente é uma família 01 (01 %) 03 (03 %) 03 (03 %) 01 (02 %) 01 (01 %) 02 (02 %) 04 (04 %) Não sei dizer 21 (22 %) 21 (22 %) 23 (24 %) 27 (28 %) 52 (54 %) 52 (54 %) 62 (65 %) M freqüentes mostra que dois elementos (os mais freqüentes nas duas condições) permanecem estáveis (Tabela 7). Os resultados do teste de centralidade nos indica que dois elementos muito provavelmente pertencem ao núcleo central da representação: amor e amizade (Tabela 8). Como se havia previsto, o fato de se tratar de um objeto social de natureza mais explicitamente afetiva, obteve-se um elevado índice de palavras com conotação afetiva, oriundos tanto da questão padrão quanto da atributiva (amor, união, carinho, respeito, compreensão, confiança, amizade, companheirismo e fraternidade). Podemos observar, em primeiro lugar, que, os quatro elementos identificados como muito provavelmente centrais, são palavras muito freqüentes nas duas listas; em segundo, que, dentre as palavras freqüentes na lista padrão, apenas 6 não são freqüentes na lista atributiva (segurança, conflito, apoio, responsabilidade, ajuda, e solidariedade); e, finalmente, que 5 palavras freqüentes na lista atributiva, não apresentam alta freqüência na paz, alegria e harmonia). Os resultados da questão de palavras são apresentados no g 3). Neste caso, os dados obtid forte correspondência entre carregados e núcleo central. Discus Em um texto recente, Mosc representações sociais têm uma e de crenças-nucleares que ger uma seqüência, por assim dize explica como os sujeitos podem a básicas (estruturantes), e, ao m experiências individuais, a r COMPREENSÃO
11 444 Pedro Humberto Faria Campos & Michel-Louis Rouquette individuais. Esta diversidade, uma vez introduzida no campo da representação, pode vir a ser partilhada e, assim explicar como as representações sociais se transformam. São, como denominadas por Dennet, crenças-nucleares, que são armazenadas e produzem uma massa de outras quando necessário, assim como, a partir de um pequeno número de frases que conhecemos, nós produzimos uma grande quantidade de frases novas. (Moscovici, 2002, p.19) Para ele, então as questões fundamentais que se colocam são relativas aos processos pelos quais certas crenças se fixam e se tornam nucleares, enquanto outras se tornam periféricas; relativas também aos processos cognitivos e sociais que difundem certas crenças e proposições no espaço público. De nossa parte, podemos afirmar que uma questão fundamental, no campo da Teoria da Representações Sociais, é a de compreender aquilo que, de forma genérica, Flament (1994, 2002) designa como a dinâmica das representações sociais. Focando estas idéias no objetivo proposto pelo presente trabalho, podemos então destacar que, evidentemente, o processo de engajamento dos sujeitos nas práticas relativas a um determinado objeto social, não é um processo aleatório, ao acaso; nem poderia sr explicado por uma espécie de associacionismo básico, a exemplo do behaviorismo social. Se este engajamento é claramente marcado por processos sociais (produzidos pela estrutura social), ele é marcado também por uma ou várias motivações. Assim, voltamos ao ponto de início de nossas interrogações: as representações são marcadas por cargas afetivas, as quais não podem ser consideradas meros epifenômenos. Podemos afirmar que, os trabalhos aqui descritos (Campos & Rouquette, 2000; Giraud-Herault, 1998) e os resultados empíricos apresentados, indicam que as cargas afetivas, identificadas pelos próprios sujeitos, não se encontram distribuídas de forma aleatória na estrutura das representações estudadas. Considerando a natureza exploratória destes estudos, os resultados têm alcance reservado. Contudo, eles parecem apontar para o fato que ele, reforçam as perspectivas de uma p emoções e de não se tratar as repre estruturas cognitivas no sentido restrito do t Os trabalhos apresentados parecem t possibilidade de se estudar a dimens necessariamente estarmos restritos aos metodológicos do tipo coleta de indicad (das emoções), observações comportamen do tipo clínico. Não se trata de recusar o va na pesquisa empírica, mas de produzir i articulem de modo satisfatório e objetivo, o e os dados relativos particularmente à Evidentemente, sob este aspecto, o campo apresentado deve ser ainda consolidado. Os resultados descritos (sobretudo aqu nas Figuras 1, 2 e 3) parecem indicar que elementos intensamente impregnados d mantém uma relação não-aleatória com o representações estudadas. Assim, nos p propor que, o núcleo central, sendo resulta histórica de valores (Abric, 2002) e respo do significado do conjunto da representa o resultado da partilha histórica das emoçõ valores e práticas desenvolvidas. Em tod afirmar que nossos dados vão na direção outros pesquisadores citados neste t significado (significado das represent afetividade não se encontram dissociad representação. É claro que as relações, en e dimensão afetiva, estão ainda por serem e nossos dados, apesar de provisórios, pare nossa hipótese de que o sistema cen afetivamente carregados, componham um cognitivo-afetivo coerente. Referências
12 Abordagem Estrutural e Componente A Banchs, M. A. (1995). O papel da emoção na representação do self e do outro em membros de uma família incestuosa. Em S. T. M. Lane & B. B. Sawaia (Orgs.), Novas veredas da psicologia social (pp ). São Paulo: Educ/ Brasiliense. Banchs, M. A. (1996). El papel de la emoción en la construcción de representaciones sociales: Invitación para una reflexion teorica. Textes Sur les Représentations Sociales, 5(2), Campos, P. H. F. (1998a). Pratiques, représentations e exclusion: Le cas des éducateurs des enfants de rue du Brésil. Tese de Doutorado não-publicada, Curso de Pósgraduação em Psicologia Social, Universidade de Provence. Aix-en-Provence, France. Campos, P. H. F. (1998b). As representações sociais de meninos de rua : Proximidade do objeto e diferenças estruturais. Em. A. S. P. Moreira & D. C. Oliveira (Orgs.), Estudos interdisciplinares de representação social (pp ). Goiânia: AB. Campos, P. H. F. & Rouquette, M.-L. (2000). La dimension affective des représentations sociales : Deux recherches exploratoires. Bulletin de Psychologie, 53, Flament, C. (1986). L analyse de similitude : Une technique pour les recherches sur les représentations sociales. Em W. Doise & A. Palmonari (Orgs.), Les représentations sociales (pp ). Lausanne: Delachaux et Niestlé. Flament, C. (1994). Aspects périphériques des représentations sociales. Em C. Guimelli (Org.), Structures et transformations des représentations sociales (pp ). Lausanne: Delachaux et Niestlé. Giraud-Herault, J. (1998). Pratiques professionnelles, charge affective et représentation de la situation de foule chez les CRS. Tese de Doutorado não-publicada, Curso de Pós-graduação em Psicologia Social, Universidade de Provence. Aix-en- Provence, France. Lane, S. T. M. (1995). A mediação emocional na constituição do psiquismo humano. Em S. T. M. Lane & B. B. Sawaia (Orgs.), Novas veredas da psicologia social (pp ). São Paulo: Educ/Brasiliense. Moliner, P. (1992). La représentation comme grille de lecture. Aix-en-Provence: Publications de l Université de Provence. Moliner, P. (1996). Images et représentations sociales. Grenoble: Presses Universitaires de Grenoble. Moscovici, S. (1961/1976). La psychanalyse, son image, son public. Paris: PUF. Moscovici, S. (2002). Pourquoi l étude des représentations sociales em psychologie?. Psychologie et Société, 4, Pereira de Sá, C. (1996). Núcleo central da Vozes. Pereira de Sá, C. (1998). A representação depois do plano real. Em A. S. P. Mo interdisciplinares de representação social (p Rateau, P. (1995). Dimensions descript représentations sociales. Une étude ex Sociales, 4, Rime, B. (1993). Le partage social des émo (pp ). Lausanne: Delachaux e Rouquette, M.-L. (1994). Sur la connaissanc Grenoble : Presses Universitaires de G Rouquette, M.-L. & Rateau, P. (1998). Intro Grenoble : PUG. Tura, L. F. R. (1998). Aids e estudantes: A Em D. Jodelet & M. Madeira (Orgs. 154). Natal: EDUFRN. Verges, P. (1989). Représentations soci connaissances. Em D. Jodelet (Org.), L Paris: PUF. Verges, P. (1992). L évocation de l argent noyau central d une représentation. B 209. Verges, P. (1994). Approche du noyau c structurales. Em C. Guimelli (Or représentations sociales (pp ). La Verges, P. (1995). Représentations sociales p d une minorité: Méthodes d approch Sociale, 28,
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