Sistema de gestão de segurança e saúde no trabalho em uma empresa de fabricação de sucos e polpas de frutas
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- Catarina Conceição Neves
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1 Sistema de gestão de segurança e saúde no trabalho em uma empresa de fabricação de sucos e polpas de frutas Cristiane Kelly F. da Silva(UFPB) criskfsilva@yahoo.com.br Derylene da Fonseca Ferreira (UFPB) derylenefonseca@yahoo.com.br Jacqueline Martins Genuino (UFPB) jacqueline1518@yahoo.com.br Márcia Ramos Luiz (UFPB) marciarluiz@yahoo.com.br Maria Bernadete Fernandes Vieira de Melo (UFPB) beta@producao.ct.ufpb.br Resumo Um novo panorama vem sendo observado no Brasil e os sistemas de gestão surgem como ferramentas para manter as empresas competitivas. O Sistema de Gestão em Segurança e Saúde no Trabalho (SGSST) é uma das ferramentas utilizadas pela indústria alimentícia para garantir a eficiência e qualidade no processo produtivo. Esta pesquisa tem por objetivo identificar o sistema de gestão e para tanto foram realizadas entrevistas e aplicado questionários a profissionais de uma empresa de sucos e polpas de frutas. Palavras chaves: Indústria alimentícia, SGSST, Gestão. 1. Introdução O Sistema de Gestão em Segurança e Saúde no Trabalho (SGSST) é uma das ferramentas utilizadas pela indústria alimentícia para garantir a eficiência e qualidade no processo produtivo,. Gerenciar a Segurança e Saúde no trabalho é realizar o planejamento e controle das condições de trabalho existentes na empresa por meio da identificação, avaliação e eliminação dos riscos existentes no local de trabalho. Esta atividade na indústria de alimentos necessita de um comprometimento de todos os níveis hierárquicos, desde o mais simples até a alta administração, a qual será responsável pela definição da política e objetivos da empresa. A elaboração e implantação de um sistema de segurança do trabalho consiste numa forma estratégica de competência organizacional e o modelo a ser adotado depende muito do foco estratégico da empresa. Esta pesquisa tem por objetivo identificar o SGSST e para tanto foram realizadas entrevistas e aplicados questionários a profissionais de uma empresa de sucos e polpas de frutas. 2. Fundamentação teórica O sistema de gestão, segundo Arantes (1998), é um conjunto de instrumentos que a administração utiliza para facilitar a realização de suas tarefas. Ele auxilia a administração em seus esforços de definir os procedimentos e os métodos para execução das atividades, a deixar e compartilhar os papéis e as responsabilidades entre a equipe, a promover as relações e o entendimento comum. O sucesso de um bom sistema de gestão consiste em obter eficiência e eficácia simultânea na utilização dos recursos organizacionais. Uma empresa pode possuir vários sistemas de gestão, atuando em diversas áreas, de maneira que, quando reunidos, formam o sistema de gestão global da empresa. Tais sistemas de gestão podem ser na área de recursos humanos, recursos financeiros, qualidade, segurança e saúde no trabalho. ENEGEP 2004 ABEPRO 2599
2 Para De Cicco (1999), o sistema de gestão em segurança e saúde no trabalho (SGSST) é composto por instrumentos que permitem à empresa atingir e, sistematicamente, controlar o nível do desempenho da Segurança e Saúde no Trabalho (SST) por ela mesma estabelecido, fornecendo, desta forma, um processo estruturado para atingir a melhoria continua. Através de atividades de planejamento; procedimentos, processos e recursos, para desenvolver, implementar, atingir analisar criticamente e manter a política de SST da empresa. Este autor considera que, o desenvolvimento do SGSST, por si só, não resultará necessariamente, na redução imediata de acidentes e doenças do trabalho, mas irá auxiliar, dando incentivo aos programas de prevenção de acidentes. Para Pacheco Jr. (2000), o sistema de gestão da segurança e saúde no trabalho deve ser visto como um sistema de gestão integrado ao sistema de gestão global da organização, e com a função de,... estabelecer, distribuir e integrar racionalmente os recursos, a fim de haver requisitos mínimos para que a organização conduza e mine as ações, visando atingir seus objetivos específicos da área, em agregação aos de seu negócio, com base em dados do macroambiente, ambiente de tarefa e ambiente interno. (PACHECO JR.,2000) Para De Cicco (1999), a implantação de um SGSST eficaz na empresa pode trazer vários benefícios potenciais, tais como: fortalecer a imagem da empresa e sua participação no mercado, assegurando aos clientes o compromisso com uma gestão de SST demonstrável, reduzir acidentes que impliquem em responsabilidade civil; estimular o desenvolvimento e compartilhar soluções de prevenção e acidentes e doenças ocupacionais; facilitar a obtenção de licenças e autorizações, melhorando as relações com os sindicatos de trabalhadores. O sistema de gestão em segurança e saúde no trabalho, implantado nas empresas, pode seguir modelos existentes ou formulados pela própria empresa à luz dos modelos existentes. Alguns organismos internacionais já iniciaram estudos sobre a formulação de modelos de normas para gestão da SST. Atualmente, pode-se fazer uso da BS 8800 que, trata-se de um guia de diretrizes publicado na Inglaterra, e que visa orientar as empresas sobre sistemas de gestão da SST. Outra norma utilizada é a OHSAS ce, trata-se de uma norma não certificável e que tem por objetivo fornecer às organizações os elementos para construção de um SGSST eficaz e aplicável a todos os tipos e portes de empresas. Ambas, visam permitir às organizações a integração do SGSST ao sistema de gestão global da empresa. A OHSAS permite à empresa estabelecer e analisar a eficácia dos procedimentos destinados a definir uma política de segurança e saúde no trabalho, atingir a conformidade com eles e demonstrá-la à terceiros. O êxito deste sistema depende do comprometimento de todos os integrantes da empresa, em todos os níveis, especialmente da alta administração. O SGSST apresentado na OHSAS deve ser estruturado segundo os seguintes requisitos: uma política de segurança, planejamento, implementação e operação, verificação e ação corretiva e analise critica pela administração. A política de segurança deve ser determinada pela alta administração e estabelecer os objetivos globais de segurança e saúde e, o comprometimento para melhorar o desempenho da SST. Deve ser documentada, implementada e divulgada a todos os funcionários, de maneira que todos possam ter conhecimento de suas obrigações individuais em relação a SST. O planejamento deve estabelecer os procedimentos para identificar, analisar e controlar os riscos, designar responsabilidades e objetivos e, definir os meios e o prazo dentro do qual os objetivos devem ser atingidos. Estes requisitos competem o programa de gestão da SST. A implementação e a operação é a fase onde se define responsabilidade sobre treinamento, conscientização e competências, sistemas de documentação das medidas adotadas. ENEGEP 2004 ABEPRO 2600
3 A verificação e ação corretiva é a etapa de mensuração do desempenho e identificação da ocorrência de falhas durante o processo. Na analise critica pela administração, é realizada uma avaliação geral do sistema, abordando a necessidade de eventuais alterações nos elementos componentes do sistema de gestão em SST 3. A pesquisa Esta pesquisa foi desenvolvida em duas etapas, na primeira foram feitas entrevistas e na segunda aplicado um questionário (em anexo) baseado nas diretrizes da norma OHSAS ao técnico em segurança do trabalho, ao auxiliar administrativo e a um encarregado de produção, além da observação direta na linha de produção. De posse de dados, ali coletados foi analisado e comparado com a revisão bibliográfica. A empresa de sucos e polpas de frutas X está localizada na cidade de Sapé / PB. A mesma foi fundada em 1997 e tem como forma jurídica responsabilidade limitada, composta por dois sócios. Atua neste ramo exportando seus produtos para a Holanda. Ela está classificada, segundo a classificação nacional de atividades econômicas como grau de risco três. Possui trinta funcionários distribuídos da seguinte forma: 01 secretaria. 02 auxiliares de serviço gerais, 01 porteiro, 01 assistente financeiro, 01 comprador, 01 auxiliar administrativo, 02 empilhadores, 01 eletricista, 01 torneiro, 02 operadores de caldeira, 01 operador de centrifuga, 04 operários (ajudantes de produção), 01 auxiliar de embalagem, 03 operadores de extratores, 02 encarregados de produção, 01 operador de evaporadores, 01 mecânico, um operador de ETA / ETE e 02 funcionários no controle de qualidade. Existem ainda os portadores de serviços: 01 técnico em segurança do trabalho e 01 médico do trabalho. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de acordo como o número de funcionários, a empresa está classificada como de pequeno porte. A gestão da mão-de-obra possui dois ritmos de trabalho, um na safra: em que a produção é realizada no turno da noite; e outro na entresafra que funciona apenas no turno diurno com rodízio de férias entre os funcionários. Para seleção de processo de admissão, a empresa adota o seguinte procedimento: Uma entrevista inicial e possuir conhecimentos práticos específico da função. Com base no questionário abaixo aplicado foi constatado que a empresa acima citada, não possui um sistema de gestão em segurança e saúde no trabalho (SGSST) estruturado e que atenda todos os elementos mencionados na norma OHSAS Os questionamentos feitos foram: Qual a política de Segurança e Saúde do trabalho na empresa? Há um planejamento para identificação de perigos, avaliações e controle de riscos por parte da empresa? Quais as ferramentas que a empresa usa para garantir a Segurança e Saúde no Trabalho? A empresa analisa criticamente em intervalos planejados e regulares o programa de gestão da Segurança e Saúde no Trabalho? A empresa delega a um membro da alta administração para assegurar que o sistema de gestão da Segurança e Saúde no Trabalho está adequadamente implementado? Há registros atualizados e de fácil acesso? A empresa fornece recursos para implementação, controle e melhoria do Sistema de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho? ENEGEP 2004 ABEPRO 2601
4 A empresa promove a compreensão, interesse, divulgação e treinamento apropriado para todos os funcionários sobre o sistema de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho? Com que freqüência é realizada este treinamento? A empresa toma providências para assegurar que as atividades são executadas com segurança e de acordo com o planejado? Os funcionários são envolvidos no desenvolvimento e análise crítica das políticas e procedimentos para a gestão de riscos? Os funcionários são consultados quando existirem quaisquer mudanças que afetam sua segurança e saúde no local de trabalho? Os funcionários são representados nos assuntos de segurança e saúde? Os funcionários são informados sobre è (são) seu (s) representante (s) nos assuntos de Segurança e Saúde no Trabalho e sobre o representante nomeado pela administração? Com base nas respostas dadas pelos entrevistados a este questionário pode-se verificar que a política de segurança e saúde no trabalho da empresa não está definida e formalizada. O planejamento de ações da empresa segue as diretrizes do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e programa de controle médico e saúde ocupacional (PCMSO), que são os instrumentos usados como base, porém os mesmos servem apenas para cumprir requisitos legais, pois a devida implantação destes programas na empresa não ocorre. Quando se trata da definição de responsabilidade e alocação de recursos, a empresa não tem uma postura de compromisso voltada para assegurar que as atividades sejam executadas com segurança de acordo com o planejado. Os treinamentos são realizados anualmente e os assuntos abordados são relativos à segurança e saúde no trabalho, noções de higiene pessoal e coletiva, prevenção de incêndios, entre outros. Os mesmos são ministrados pelo técnico em segurança e saúde no trabalho em parceria com o SESI e SENAI a um número reduzido de funcionários e os dirigentes raramente participam. A participação e o comprometimento dos funcionários com as ações desenvolvidas na empresa é precária. Visto que não são realizadas reuniões periódicas para avaliação de ações de segurança e saúde no trabalho. Os resultados são discutidos informalmente entra a gerência e os responsáveis pelo setor. Não são realizadas auditorias para avaliar se o sistema em vigência está em conformidade com o planejado. Há apenas uma análise a qual é feita pelo técnico de segurança do trabalho com dados registrados em atas e questionários aplicados aos funcionários após o treinamento. Por fim, os resultados demonstram que inexiste integração entre a área de segurança e a alta administração da empresa. A participação da administração central é primordial para que um sistema de gestão de SST tenha êxito. É necessário que ela perceba a importância de um ambiente de trabalho saudável e sua influência na produtividade, qualidade de vida ao operário e qualidade do produto final. 4. Conclusão De acordo com o que foi observado e relatado nas entrevistas e questionários, pode-se verificar o desconhecimento sobre o quê é, como funciona e quem participa de um sistema de gestão de segurança e saúde no trabalho. A empresa não tem estabelecido um objetivo à segurança e saúde no trabalho, nem planejamento algum, apenas procura cumprir a legislação vigente com o PCMSO e PPRA, e ainda sim, inadequadamente. ENEGEP 2004 ABEPRO 2602
5 Para a elaboração de um Sistema de Gestão de Saúde e Segurança no Trabalho SGSST sugere-se realizar uma análise organizacional procurando conhecer os pontos fortes e fracos em relação e a partir disto fazer um planejamento organizacional que envolva todos os níveis hierárquicos da empresa. 5. Bibliografia consultada ARANTES, N. (1998) - Sistema de gestão empresarial. São Paulo: Atlas. DECICCO, F. M. G. A. F & FANTAZZINI, M. L. (1999) - Introdução à engenharia de segurança de sistemas. 3 ed. São Paulo, FUNDACENTRO. PACHECO JR. W. (2000) - Gestão da segurança e saúde no trabalho: contexto estratégico, análise ambiental, controle e avaliação das estratégias. São Paulo: Atlas. ENEGEP 2004 ABEPRO 2603
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