Diz o relatório: mais importante do que a natureza do responsável pelos serviços é a regulamentação, que exerce papel-chave no
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- Sabrina de Figueiredo Marinho
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1 Bom dia a todos! Meu nome é Stênio Jacob, sou presidente da Sanepar, companhia de saneamento do Paraná e da Associação das Empresas de Saneamento Básico Estaduais Aesbe, que é uma entidade civil sem fins lucrativos, que representa 24 Companhias Estaduais de Saneamento Básico. Nossas associadas atuam em municípios, atendendo cerca de 110 milhões de pessoas - 76% da população urbana brasileira - com abastecimento de água e mais 80 milhões de pessoas com coleta e tratamento de esgoto. Fundada em 1985, a Aesbe tem dentre os seus objetivos zelar pelo interesse de suas associadas, promover o contínuo aperfeiçoamento técnico mediante o intercâmbio de idéias e experiências, elaborar e divulgar estudos e trabalhos diversos e manter as relações com associação congêneres nacionais e internacionais. A Aesbe atua também na defesa da gestão regional para o saneamento por ser este o modelo que melhor atende aos interesses nacionais. A gestão regional dos serviços de saneamento possibilita aos municípios menores e de baixa renda o acesso à água e ao esgotamento sanitário com melhor qualidade, a preços módico, através da economia de escala e do subsídio cruzado. No Brasil, o saneamento básico vive hoje uma nova etapa. Depois de passar os últimos anos no marasmo, de ver planos governamentais fracassarem e de assistir à saída de operadores internacionais do mercado, o setor viu saltar os gastos na área de três bilhões e cem bilhões de reais em 2005 para cerca de dez bilhões de reais em Neste número estão incluídas as contrapartidas estaduais e municipais.
2 Tal evolução já provoca expressivo impacto no quadro geral do saneamento básico do país. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), divulgado no final de 2007, pela primeira vez a proporção de domicílios brasileiros ligada à rede de esgotos passou de 50%. Embora evoluindo, o cenário ainda reflete as desigualdades sociais do Brasil o Sudeste, por exemplo, apresentava 79,4% de aumento nas ligações, enquanto o Nordeste crescia 29,7% e o Norte apenas 9,8%. É importante destacar que a definição de um novo marco regulatório para o setor foi estratégica para esta evolução. A reorganização começou em 1995, com a Lei de Concessão Passou pela criação das Parcerias Público-Privadas, as chamadas PPPs, em 2004, e pela lei dos consórcios públicos, em 2005, e mudou completamente com a Lei do Saneamento, em janeiro de Fica muito claro que, não apenas para o Brasil mas para nossos vizinhos das Américas e Caribe, que o déficit na cobertura com água tratada e coleta e tratamento de esgoto e a deterioração da infraestrutura do setor são resultado de investimentos insuficientes e, em alguns casos, da ineficiência das empresas. Mas, é importante frisar que isso não significa que conceder os serviços a empresas privadas seja a saída para se oferecer estes serviços básicos com preço justo e qualidade. Uma conclusão que não é minha e nem da entidade que presido, mas do Relatório de Desenvolvimento Urbano, que foi lançado pelo PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento após a realização de um raio-x do setor em 177 países em 2006 Diz o relatório: mais importante do que a natureza do responsável pelos serviços é a regulamentação, que exerce papel-chave no
3 estabelecimento de preços e padrões de qualidade. Ou seja, são as diretrizes formuladas no âmbito de uma discussão entre a esfera política e a sociedade que têm condições de determinar os verdadeiros avanços do saneamento básico. Considero extremamente oportuno que este segundo Latinosan esteja sendo realizado no Brasil, em especial aqui em nosso Estado. É uma honra para nós receber a todos aqueles que se propõem a promover o saneamento ambiental, num momento em que o planeta se vê ameaçado pelos efeitos do aquecimento global. Mais do que nunca, hoje, a questão do saneamento deve estar no centro do debate mundial. A meta de se reduzir, até 2015, a proporção da população sem acesso permanente e sustentável à água potável segura prevista nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da ONU apesar de ser considerada tímida pelos especialistas pode acabar não sendo cumprida. Segundo a Organização Mundial da Saúde, um milhão e oitocentas mil pessoas morrem todos os anos por doenças de veiculação hídrica. Cerca de um bilhão de pessoas possuem água imprópria ou não tem acesso fácil a ela. E o problema está presente especialmente na periferia das grandes cidades. Embora a Aesbe reúna empresas públicas, de economia mista e privadas, quero defender aqui um ponto de vista pessoal que já é bem conhecido de meus companheiros de instituição: água é um bem público e não deve ser objeto de lucro. No Paraná, na condição de presidente de sua companhia estadual de saneamento, tive a oportunidade de ver transformada em lei esta premissa, para garantir que ao longo dos próximos governos, o precioso líquido continue a ser instrumento de saúde e de melhoria de qualidade de vida.
4 O controle público possibilita, por exemplo, a concessão da tarifa social, diferenciada para os mais carentes, que já chegou a atender quase um milhão e meio de paranaenses. E possibilita que o Paraná tenha hoje cobertura de 100% da área urbana com água tratada e uma média de 60% de atendimento estadual com coleta e tratamento de esgoto. A capital, Curitiba, fechará o ano com 94% da população atendida, enquanto as cidades com mais de 50 mil habitantes estarão superando a marca dos 80% de coleta e tratamento. Universalizar a distribuição da água e a coleta e tratamento sempre foram os objetivos das companhias de saneamento. Muitos avanços foram feitos, grandes metrópoles no Brasil contam com suprimento de água para quase toda a população e avançam rapidamente na questão dos efluentes domésticos Mas para setor de saneamento público dar os saltos que precisa dar, se me permitem o trocadilho, faz-se necessário também ele passar por um processo saneamento. Aliás, uma lição que muitas companhias estaduais e municipais estão fazendo. As iniciativas visam melhorar a gestão destas empresas, reduzir perdas, gerar controle contábil e modernizar equipamentos, entre outros fins. O Ministério das Cidades deve finalizar ao final deste ano o ciclo de investimentos emergenciais de R$ 600 milhões num programa de reestruturação e revitalização de companhias estaduais e prestadores municipais, iniciado em A falta dessa eficiência operacional e administrativa está alijando a maioria das empresas estaduais e municipais das fontes de recursos para obras. Um exemplo desse fenômeno: houve uma queda de 72% na contratação de financiamentos com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para saneamento básico em 2009 sobre Segundo os dados do governo federal, embora o FGTS tenha destinado R$ 7,6 bilhões para saneamento ano passado, com alta de
5 27,73% sobre os R$ 5,95 bilhões de 2008, os contratos somaram R$ 1,046 bilhão. No ano passado, a contratação chegou a R$ 3,748 bilhões. O próprio Conselho Curador do FGTS já reconheceu: o Fundo, na condição de uma das principais fontes de recursos para o setor de saneamento não está encontrando condições de cumprir satisfatoriamente sua missão. Enquanto isso, a grande maioria dos Estados e Municípios, em função desse pouco acesso de suas companhias aos recursos do FGTS, vêm contratando financiamentos no mercado, onerando assim seus respectivos Tesouros Portanto, não basta ter recursos disponíveis. É preciso ter aquela regulamentação citada há pouco e, acima de tudo, a casa arrumada. E como se busca essa eficiência? Não há uma receita, pois a realidade de cada companhia é única e particular. Mas há medidas para deixar as empresas com a saúde financeira em dia e com capacidade de tomar recursos nas fontes existentes. Volto ao exemplo da Sanepar, que no ano passado, pela quarta vez consecutiva, registrou o menor índice de perdas por ligação dos últimos 25 anos. Um conjunto de ações norteadas pelo MASPP Método de Análise e Solução de Problemas em Perdas, que hoje também é utilizado por outras empresas, que possibilitou que não fossem perdidos mais de 53 milhões de metros cúbicos de água no período. Hoje nossa empresa também se aproxima do resíduo zero. Aqui mesmo, em Foz do Iguaçu, temos a unidade piloto Ouro Verde, que transforma o resíduo sólido do tratamento do esgoto em adubo agrícola.
6 Já, os gases são geradores de energia, num processo já certificado pela Agência Nacional de Energia Elétrica Aneel. Além de deixar a estação auto-suficiente, o excedente de energia é repassado à companhia estadual de energia. Para completar este ciclo, até o final do mês colocaremos em operação a ETE Atuba Sul, em Curitiba, onde o resíduo líquido deixa de voltar ao rio e se transforma em água para uso industrial. Poderia dar ainda dezenas de outros exemplos de empresas que estão evoluindo tecnologicamente e encontrando novos negócios para continuarem viáveis economicamente. Caso da Sabesp, companhia de saneamento de São Paulo, que acaba de vencer concorrência internacional para instalar um programa de redução de perdas e melhoria de gestão no Panamá. Ou da Caesb, companhia de saneamento ambiental de Brasília, que está entrando nos mercados de engarrafamento e comercialização de água e de produção de adubo. Novas frentes de negócio que aumentam áreas de atuação e geram novas receitas que serão reinvestidas no setor. Em paralelo aos grandes investimentos que vem sendo feitos especialmente pelo governo federal brasileiro em saneamento e eu espero, desde já um compromisso dos candidatos à sucessão do presidente Lula de que esta política vai continuar. São novas frentes de negócio que aumentam áreas de atuação e geram novas receitas que serão reinvestidas no setor.
7 Em paralelo aos grandes investimentos que vem sendo feitos especialmente pelo governo federal brasileiro em saneamento as empresas do setor vêm demonstrando cada vez mais capacidade e competência tecnológica para aprimorar seus desempenhos. E eu espero, desde já um compromisso dos candidatos à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que esta política tenha continuidade. Porque, saneamento hoje não é apenas mais uma rubrica orçamentária. E vai até além de ser um instrumento de planejamento urbano. É a garantia de condições para o desenvolvimento das nações, dos seus povos e uma questão de respeito ao próprio planeta! Muito obrigado.
AssuntO: Indica ao Poder Executivo Municipal
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