CONCORRÊNCIA SUPRIMENTOS Nº 43/2016
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- Lucca Monteiro Fonseca
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1 CIRCULAR 06/2016 CONCORRÊNCIA SUPRIMENTOS Nº 43/2016 OBJETO: Contratação de empresa especializada para a execução, sob o regime de empreitada por preço global, dos serviços de engenharia necessários à construção da Unidade Integrada do Norte, situada à Rodovia Juazeiro, Sobradinho, Km 0, Distrito Industrial do São Francisco, Juazeiro/BA, de acordo com as condições e especificações constantes do Edital e seus Anexos. JULGAMENTO DE IMPUGNAÇÃO DO MÉRITO Primeiramente cabe destacar que a licitação é um procedimento administrativo formal, obrigatório, com vistas à obtenção da proposta mais vantajosa, assegurando condições de igualdade a todos os interessados. Oportuno ressaltar, ainda que a presente licitação está vinculada, portanto se submetendo, ao Regulamento de Licitações e Contratos do SESI/SENAI, publicado no D.O.U. n.º 177, Seção n.º 03, de , e suas alterações, conforme disposto no Capitulo Terceiro do Edital da Concorrência nº 43/2016. Segundo Marçal Justen Filho, licitação é: O procedimento administrativo destinado a selecionar, segundo os critérios objetivos predeterminados, a proposta de contratação mais vantajosa para a Administração, assegurando a ampla participação de todos os interessados, com observância de todos os requisitos legais exigidos. Em sua peça impugnatória a empresa impugnante alega que a exigência contida no item do edital representa condição restritiva à competitividade, vez que inibe a participação de várias empresas de comprovada capacidade técnica, administrativa, organizacional e financeira, constituindo, destarte, prática anticoncorrencial. Aduz ainda a impugnante, que o instrumento convocatório do referido certame adota índices não usualmente utilizados e que ferem os comandos dos 5º, art. 31, e 1º, do art. 3º, ambos da Lei nº 8.666/93. Seguindo a impugnante, informa que o edital fere dispositivos constitucionais e cria obstáculos ao procedimento licitatório, bem como que em outras concorrências anteriores desta entidade e de outras empresas privadas e órgãos públicos foram praticados requisitos diversos do atualmente adotado. À exemplo: CC 84/2015, CC 89/2014, CC 88/2014, CC 87/2014, CC 76/2016, e demais Institucionais (SESC, SENAC, Companhia de Gás da Bahia, dentre outros).
2 Inicialmente, oportuno ressaltar que as entidades possuem NATUREZA PRIVADA, portanto, não se confunde com a Administração Pública e se submete aos Regulamentos de Licitações e Contratos do SESI/SENAI, publicados no D.O.U. n.º 177, Seção nº 03, de , e suas respectivas alterações, conforme disposto no Capitulo Terceiro do Edital da CC 43/2016. Para corroborar tal compreensão, forçoso é trazer à baila a lição do professor Edgar Guimarães [2], que assim discorre sobre o tema: Tais regulamentos, assim como a própria lei federal das licitações, não esgotam a matéria, ou seja, é possível encontrar algumas lacunas, espaços em branco, os quais, de acordo com nosso entendimento, deverão ser colmatados com a aplicação dos princípios jurídicos aplicáveis ao caso concreto e não com a adoção obrigatória da lei n /93, como pretendem alguns integrantes de órgãos de controle externo. A aplicação subsidiaria da Lei n. 8666/93 aos procedimentos licitatórios instaurados por entidades do Sistema S é, portanto, absolutamente facultativa, tendo em vista a inexistência de norma jurídica que obrigue tais entidades a ela se submetem. Por conseguinte, asseveramos desde já que não há qualquer vinculação da Concorrência nº 043/2016 à Lei nº 8.666/93, mas, sim, apenas aos próprios Regulamentos de Licitações e Contratos do SESI e do SENAI e os princípios neles estabelecidos. Logo, não podemos trazer a disposição do 5, do art. 31 da Lei nº 8.666/93 ao presente caso. No tocante ao item , temos que não merecem guarida os argumentos do Impugnante, vez que o art. 12, III, a, é expresso em autorizar tal exigência, litteris: Art. 12. Para a habilitação nas licitações poderá, observado o disposto no parágrafo único, ser exigida dos interessados, no todo ou em parte, conforme se estabelecer no instrumento convocatório, documentação relativa a: (...) III - qualificação econômico-financeira: a) balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último exercício social, ou balanço de abertura no caso de empresa recém-constituída, que comprovem a situação financeira da empresa, através do cálculo de índices contábeis previstos no instrumento convocatório; Portanto, nem a legislação e nem o RLC fixam os índices contábeis, deixando a cargo da discricionariedade do ente licitante a sua definição, tampouco o dispositivo legal indicado pelo impugnante que exige apenas que os indicadores sejam índices contábeis, objetivos e que estejam devidamente previstos no edital. Vejamos o art. 2º, inciso III, línea a, do RLC:
3 t. 2º, inciso III. Qualificação econômicofinanceira: a) balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último exercício social, ou balanço de abertura no caso de empresa recémconstituída, que comprovem a situação financeira da empresa, por meio do cálculo de índices contábeis previstos no instrumento convocatório; (grifo nosso) Neste sentido, temos que apesar do 5º, do art. 31, da Lei nº 8.666/93, vedar a utilização de índices e valores que não se prestem a correta avaliação de situação financeira suficiente ao cumprimento das obrigações decorrentes da licitação, tal premissa não se coaduna com o caso concreto, conforme passamos a demonstrar. O contrato a ser firmado em razão da Concorrência nº 043/2016 não pode ser aquilatado a um simples contrato de execução de serviços de engenharia, onde o custo e a complexidade são infinitamente inferiores aos exigidos no objeto ora licitado. As atividades a serem desenvolvidas e suportadas pelo Contratado para a execução do objeto licitado demandam grande aporte de recursos, as quais, por esta razão, não podem ser executadas por empresas que não disponham de considerável lastro financeiro. Pela simples leitura do edital e seu termo de referência, verifica-se que para a completa e escorreita execução do objeto o Contratado deverá aportar vultosos recursos financeiros, seja ab initio, para instalação do canteiro de obra, seja no decorrer da obra, para custeio dos materiais e mão de obra necessários. Deste modo, os valores disponibilizados pelo Contratado somente serão ressarcidos à posteriori, mensalmente, em face da apresentação da respectiva fatura e aceite pela fiscalização da etapa executada. Ou seja, a empresa contratada não poderá contar com os valores relativos ao pagamento da entidade para, depois, com o correspondente numerário, atender às obrigações do contrato. Assim, para efeitos do presente certame, foi feita uma vasta pesquisa, com apoio do setor contábil, a fim de definir indicadores econômicos financeiros contábeis hábeis a suportar o alto vulto da contratação e salvaguardar os Contratantes dos riscos de uma inexecução futura. Convém ressaltar que a definição desses índices levou em conta, além da recomendação técnica, o porte da obra, seus custos e a situação econômica que atravessa o país, de forma a garantir que o Contratado possua saúde financeira para concluir a execução do objeto. Tal premissa advém, como dito acima, também da necessidade de lastro financeiro para impulsionar o empreendimento no seu momento inicial, quando os custos são significativamente elevados. Eis uma das razões dos indicadores contábeis utilizados pelos Contratantes. Assim, como se trata de obra de grande porte, empresas que disponham de pouco lastro financeiro não conseguirão executá-la, e sua contratação levaria enormes prejuízos à Administração. A admissibilidade e, até, a necessidade, de que a qualificação econômico-financeira seja compatível com o objeto a ser executado é pacífica na doutrina, com clara explanação nos ensinamentos do professor Marçal Justen Filho, litteris:
4 A qualificação econômico-financeira corresponde à disponibilidade de recursos econômico-financeiros para a satisfatória execução do objeto da contratação. Excetuadas as hipóteses de pagamento antecipado, incumbirá ao contratado executar com recursos próprios o objeto de sua prestação. Somente perceberá pagamento, de regra, após recebida e aprovada a prestação pela Administração Pública. O interessado deverá dispor de recursos financeiros para custeio das despesas (mão de obra, matérias-primas, maquinário, tecnologia) necessárias ao cumprimento das obrigações advindas do contrato. Aquele que não dispuser de recursos para tanto não será titular de direito de licitar, pois a carência de recursos faz presumir a inviabilidade de execução satisfatória do contrato e a impossibilidade de arcar com as consequências de eventual inadimplemento. [3] (grifos nossos) Ou seja, a qualificação econômico-financeira não é um conceito absoluto na seara das licitações. Ao contrário, ela deve se adequar ao vulto dos investimentos e despesas necessários à execução da prestação, somente podendo ser apurada em função das necessidades concretas de cada caso. É o que se depreende, mutatis mutandis, das lições do já citado Marçal Justen Filho, vejamos: Não é possível supor que qualificação econômicofinanceira para executar uma hidrelétrica seja idêntica àquela exigida para fornecer bens de pequeno valor. Ademais, tal condição é ratificada pelo TCU, que, inclusive, determina que conste no edital este requisito de habilitação: Ressalto, inicialmente, que o estabelecimento de requisitos para aferição da qualificação econômico-financeira das licitantes visa a assegurar que a empresa a ser contratada ao fim do procedimento licitatório disponha de recursos suficientes para a satisfatória execução do objeto contratado, trazendo, por consequência, maior segurança à Administração. Acórdão 296/2008 Plenário (Voto do Ministro Relator) De acordo com o art. 31, 1º, da Lei nº 8.666/93, a exigência de índices limitar-se-á à demonstração da capacidade financeira do licitante com vistas aos compromissos que terá que assumir caso lhe seja adjudicado o contrato. Assim, os índices exigidos devem ser razoáveis e guardar conformidade com o vulto da obra ou serviço licitado. Acórdão 1.917/2003 Plenário (Voto do Ministro Relator)
5 Dessa maneira, o que a legislação veda é, primeiro, que o ato convocatório não defina precisamente o modo de exibição das demonstrações financeiras, o que remeteria a uma avaliação discricionária da Comissão de Licitação quando do julgamento da habilitação, e, segundo, que os índices adotados não se prestem a aferição do exame da situação econômico-financeira do licitante, à luz da contratação pretendida, o que já foi afastado conforme esclarecimentos supra. Corroborando a adequação dos índices ao tipo da contratação pretendida, informa o parecer contábil: Os índices de liquidez adotados no Edital do presente certame compõem o rol de indicadores econômico-financeiros contábeis, recomendados tecnicamente na aferição de disponibilidades, representadas em bens e direitos, para honrar os compromissos das empresas, no curto e longo prazos. A Administração, ao definir os índices de Liquidez Geral, Corrente e Seca, primou pela comprovação da boa situação financeira dos licitantes, capaz de suportar a execução do contrato de forma integral, bem como cobrir eventual dilação de prazo de pagamento. Portanto, os índices contábeis de liquidez adotados são aqueles que, nesse momento, melhor atendem às prerrogativas da instituição na proteção de seus ativos, perante a conjuntura de riscos à que está exposta. Ressalta-se, que a entidade, ao pretender contratar com o mercado, não pode prescindir de adotar critérios técnicos, adequados à segurança do seu patrimônio. Desta forma, a prática adotada demonstra a pretensão da Administração em contratar com empresas que apresentem lastro financeiro suficiente para cumprir com o objeto contratado, a fim de mitigar eventuais prejuízos. É o parecer, no que se refere aos controles que visam à salvaguarda dos Ativos da organização, devidamente fundamentados na doutrina contábil. Portanto, pelos fundamentos até aqui apresentados temos dois pontos que merecem destaque, quais sejam: (i) o RLC que não veda a exigência contida no item ; e (ii) o TCU que admite, que seja a qualificação econômico-financeira aferida em razão da contratação pretendida. Neste sentido é que a exigência contida no item se mostra indispensável à seleção da melhor proposta para os Contratantes, sem, contudo, que isso represente condição restritiva à competitividade, ante o universo incomensurável de empresas capazes de atender a tal requisito de habilitação. Por certo, torna-se impossível universalizar, integralmente, a participação no certame, sob pena de, se assim proceder, estar negligenciando as responsabilidades atinentes à boa gestão dos recursos dos Contratantes e, por conseguinte, comprometendo o resultado dos serviços a serem contratados.
6 CONCLUSÃO Diante do exposto, a Comissão de Licitação declara que a impugnação deve ser admitida, para no mérito, julgá-la improcedente em sua totalidade. A referida Circular encontra-se publicada no site da FIEB ( e no Quadro de Avisos do Sistema FIEB. Salvador, 29 de junho de Comissão de Licitação Sistema FIEB
PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO AMAZONAS (TJAM) COMISSÃO PERMANENTE DE LICITAÇÃO (CPL)
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