UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI VALDECI RIBEIRO DA GAMA O ACESSO MIDIÁTICO DOS DEFICIENTES VISUAIS NA ERA DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS

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1 UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI VALDECI RIBEIRO DA GAMA O ACESSO MIDIÁTICO DOS DEFICIENTES VISUAIS NA ERA DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS SÃO PAULO 2016

2 VALDECI RIBEIRO DA GAMA O ACESSO MIDIÁTICO DOS DEFICIENTES VISUAIS NA ERA DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS Dissertação de Mestrado apresentada à Banca Examinadora, para a obtenção do título de Mestre do Programa de Mestrado em Comunicação, área de concentração Processos Midiáticos na Cultura Audiovisual, Comunicação Contemporânea da Universidade Anhembi Morumbi, sob a orientação da Profa. Dra. Maria Ignês Carlos Magno. SÃO PAULO 2016

3 VALDECI RIBEIRO DA GAMA O ACESSO MIDIÁTICO DOS DEFICIENTES VISUAIS NA ERA DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS Dissertação de Mestrado apresentada à Banca Examinadora, para a obtenção do título de Mestre do Programa de Mestrado em Comunicação, área de concentração Processos Midiáticos na Cultura Audiovisual, Comunicação Contemporânea da Universidade Anhembi Morumbi, sob a orientação da Profa. Dra. Maria Ignês Carlos Magno. Aprovado em ----/-----/----- Profª. Drª. Maria Ignês Carlos Magno - UAM Profª. Drª. Valéria Martin Valls FESPSP Prof. Dr. Vicente Gosciola - UAM

4 AGRADECIMENTO Neste breve agradecimento tentarei contemplar a todos que, de alguma maneira, me ajudaram a concluir mais essa etapa da minha vida acadêmica. O principal agradecimento eu dedico a minha mãe, aos professores do programa, cada um com sua disciplina, se dedicaram para nos ensinar o que aprenderam com sua experiência. Um agradecimento especial a minha orientadora professora e doutora Maria Ignês Carlos Magno que conseguiu e teve paciência para entender o meu propósito inicial e que sempre me ouviu e aconselhou em todos os meus momentos de dúvidas e incertezas. Agradeço também a minha querida corretora Vivian Augusto pela paciência e competência de ler e sugerir as correções necessárias no trabalho. Por último á Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela bolsa de estudos do mestrado.

5 RESUMO Com tema O acesso midiático dos deficientes visuais na era das tecnologias digitais, o presente trabalho busca investigar e refletir a relação existente entre as tecnologias audiovisuais e o deficiente visual, bem como as possíveis transformações e mudanças decorrentes do despontar das tecnologias digitais contemporâneas destinadas ao deficiente visual. A pesquisa está centrada na relação das tecnologias audiovisuais e o deficiente visual através de investigações teóricas e empíricas, observando-se as principais ferramentas tecnológicas disponíveis para que o deficiente visual possa participar de forma igualitária desse mundo cada vez mais midiático e digital. Pesquisar a relação entre as tecnologias audiovisuais e o deficiente visual é descobrir as maravilhas que as tecnologias proporcionam ao ser humano com deficiência. Os métodos empregados no decorrer da investigação foram fundamentados tanto em observações empíricas como em considerações teóricas; as primeiras foram baseadas na constatação de fatos concretos a partir de observações, visitas, entrevistas e aplicação de questionários em três instituições da cidade de São Paulo, quais sejam, ADEVA (Associação de Deficientes Visuais e Amigos), Dorina Nowill e LARAMA; já as considerações teóricas se deram a partir de leituras e reflexões de autores que discutem e pesquisam sobre tecnologias audiovisuais, tais como Henry Jenkins, Hugo Münsterberg, Alvaro Vieira Pinto, Luís Simões Cunha, Pierre Lévy, André Lemos, Erick Felinto, Oliver Sacks, William Gibson, Marshall McLuhan, Jesús Martin Barbero, Jean Baudrillard, Manuel Castells, Steven Johnson, dentre outros. Os resultados alcançados a partir desse arcabouço demonstraram os avanços e ganhos tecnológicos que possibilitam ao deficiente visual participar de forma igualitária em um mundo midiático e digital. A pesquisa identificou ainda, as mudanças, transformações, sociabilidade e interatividade midiática ocorridas com o surgimento da cultura tecnológica digital com diferentes ferramentas disponível para o acesso do deficiente visual. Foi possível perceber também a importância dos sentidos restantes (audição, olfato, paladar e tato) e de elementos inerentes ao ser humano (atenção, memória, imaginação e emoções), bem como a necessidade de conectar estes elementos naturais a fim de obter resultados ainda melhores com o acesso às diferentes tecnologias audiovisuais. Com a conclusão da pesquisa, foi presumível compreender e entender toda a gama de possibilidade proporcionada pelos diferentes meios de comunicação audiovisual, entendendo assim o deficiente visual não como diferente - mas sim como igual. Palavras-chave: Audiovisual. Deficiente visual. Tecnologia digital. Mediações digitais.

6 ABSTRACT With theme "The access media of the deficient ones visual in the era of the digital technologies", the present work search to investigate and to reflect the existent relationship between the audiovisual technologies and the deficient visual, as well as the possible transformations and current changes of blunting of the contemporary digital technologies destined to the deficient visual. The research is centered in the relationship of the audiovisual technologies and the deficient visual through theoretical and empiric investigations, being observed the main available technological tools so that the deficient look can participate in equalitarian form of that world more and more midiático and digital. To research the relationship between the audiovisual technologies and the deficient look is to discover the marvels that the technologies provide to the human being with deficiency. The employed methods in elapsing of the investigation were based in empiric observations and in theoretical considerations; the first ones were based on the verification of concrete facts starting from observations, visits, interviews and application of questionnaires in three institutions of the city of São Paulo, which are, ADEVA (Association of Deficient Visual and Friends), Dorina Nowill and LARAMA; already the theoretical considerations felt starting from readings and authors' reflections that discuss and they research on audiovisual technologies, such like Henry Jenkins, Hugo Münsterberg, Alvaro Vieira Pinto, Luís Simões Cunha, Pierre Lévy, André Read, Erick Felinto, Oliver Sacks, William Gibson, Marshall McLuhan, Jesús Martin Barbero, Jean Baudrillard, Manuel Castells, Steven Johnson, among others. The results reached to leave of that outline demonstrated the progress and technological earnings that make possible to the deficient look to participate in equalitarian form in a world midiático and digital. The research still identified, the changes, transformations, sociability and interatividade midiática happened with the appearance of the digital technological culture with different tools available for the access of the deficient visual. It was possible to also notice the importance of the remaining (audition, sense of smell, palate and touch) senses and of inherent elements to the human being (attention, memory, imagination and emotions), as well as the need to connect these natural elements in order to obtain results still better with the access to the different audiovisual technologies. With the conclusion of the research, it was presumably to understand and to understand the whole range of proportionate possibility for the different means of audiovisual communication, understanding like this the deficient look doesn't eat different - but yes as equal. Word-key: Audiovisual. Deficient visual. Digital technology. Digital mediations.

7 LISTA DE TABELAS Tabela 1 População de deficientes visuais no Brasil...35 Tabela 2 Os graus de comprometimento visual...52 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Olhar e uma estrada. Extraídos da obra Janela da Alma (2001)...61 Figura 2 Arnaldo Godoy. Janela da Alma (2001)...63 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 Porcentagem de deficientes no Brasil...68 Gráfico 2 Entrevistas...69

8 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ADEVA Associação de Deficientes Visuais e Amigos DORINA NOWILL Fundação Dorina Nowill para Cegos LARAMARA Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual OMS Organização Mundial da Saúde IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

9 SUMÁRIO INTRODUÇÃO UM OLHAR SOBRE AS TECNOLGIAS DIGITAIS PARA O DEFICIENTE VISUAL Cultura, técnica e tecnologia A internet na história comunicacional As mudanças culturais na era da internet Vivendo na/com tecnologia audiovisual A SOCIABILIDADE E A INTERATIVIDADE MIDIÁTICA NO AUDIOVISUAL PARA O ACESSO DO DEFICIENTE VISUAL Deficiência visual no Brasil O deficiente visual no mundo digital A rede e o movimento social O desafio da modernidade em transformação VIVENDO COM AS TECNOLOGIAS: Um estudo das instituições ADEVA, Dorina Nowill e LARAMARA Trabalhando com tecnologias audiovisuais A atenção, a memória, a imaginação e as emoções na vida do deficiente visual Mediação da midiatização digital Breves dados da pesquisa empírica...67 CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APÊNDICE ANEXO...92

10 INTRODUÇÃO Com tema O acesso midiático dos deficientes visuais na era das tecnologias digitais, o presente trabalho busca investigar e refletir a relação existente entre as tecnologias audiovisuais e o deficiente visual, bem como as transformações e mudanças decorrentes do despontar das tecnologias digitais contemporâneas destinadas ao deficiente visual. A pesquisa está centrada nas investigações teóricas e empíricas, observando-se as principais ferramentas tecnológicas disponíveis para que o deficiente visual possa participar de forma igualitária desse mundo cada vez mais midiático e digital. Pesquisar sobre a relação entre as tecnologias audiovisuais e o deficiente visual é descobrir as maravilhas que as tecnologias proporcionam ao ser humano com deficiência visual. O desejo de pesquisar sobre tecnologias audiovisuais e deficientes visuais vem de alguns anos atrás, quando estava desenvolvendo a monografia de conclusão da graduação. Depois, continuei os estudos na especialização, na qual pesquisei sobre tecnologia audiovisual e escolas públicas. Assim que finalizei essa pesquisa, comecei a dedicar um tempo a fim de aprofundar as leituras e investigar mais a fundo as tecnologias disponíveis para deficientes visuais. Em outro momento, dediquei tempo em buscas de conteúdos pela internet e pesquisas de bibliografia sobre o tema da pesquisa em bibliotecas da UFRGS, UNISINOS, PUC-SP, PUC-RS, UAM e em Bibliotecas Virtuais; a pesquisa foi realizada também via internet e em sítios especializados em estudos sobre novas tecnologias, comunicação tecnológica audiovisual e deficiência visual. Posteriormente, fiz algumas visitas em escolas, universidades e institutos que trabalham - direta ou indiretamente - com portadores de deficiência visual. O objetivo de tal atividade era ter maior contato e levantar dados junto a instituições que já vêm trabalhando o desenvolvimento do deficiente visual junto às tecnologias contemporâneas. Em outra fase, já no mestrado, aprofundei a pesquisa com visitas e observações empíricas concentradas em algumas instituições que trabalham diretamente com os deficientes visuais no município de São Paulo; visitei algumas vezes as instituições LARAMARA, Dorina Nowill e ADEVA (Associação de Deficientes Visuais e Amigos).

11 11 A justificativa para se pesquisar a relação entre tecnologia audiovisual e deficiente visual é algo que surge do desejo e da preocupação em perceber que o deficiente visual possui as mesmas capacidades de uma pessoa com visão. A partir da pré-observação, tanto em escolas, como em universidades e institutos, foi possível perceber que, para muitos deficientes, a perda da visão acaba se transformando, muitas vezes, em um estímulo para os demais sentidos, ou seja, para superar, assim, a deficiência. Os métodos empregados no decorrer da investigação foram fundamentados em observações empíricas e considerações teóricas. As observações empíricas foram baseadas na constatação de fatos concretos a partir de análises, visitas, entrevistas e aplicação de questionários em três instituições da cidade de São Paulo (ADEVA, Dorina Nowill e LARAMA); as considerações teóricas se deram a partir de leituras e reflexões de autores que discutem e pesquisam sobre tecnologias audiovisuais, tais como Henry Jenkins, Hugo Münsterberg, Alvaro Vieira Pinto, Luís Simões Cunha, Pierre Lévy, André Lemos, Erick Felinto, Oliver Sacks, William Gibson, Marshall McLuhan, Jesús Martin Barbero, Jean Baudrillard, Manuel Castells, Steven Johnson, dentre outros. Marshall McLuhan, por exemplo, acredita que foi por meio da tecnologia da escrita que o homem trocou os ouvidos pelos olhos: o alfabeto praticamente habituou a romper o círculo mágico e encantado, sonoro, do mundo tribal. (MCLUHAM, 1964, p. 161). Mas, para o deficiente visual, a evolução tecnológica digital devolveu a oportunidade de ver de outra forma, rompendo uma barreira que a perda da visão traz, dando assim, liberdade e autonomia ao deficiente. A partir do início da revolução digital, a comunicação entre os homens tem sofrido inúmeras transformações, desde a criação de novos canais comunicacionais até mudanças nas linguagens de alguns meios preexistentes; tais interferências só ocorrem devido aos diversos fatores intrínsecos ao meio digital. Talvez, para o homem com deficiência visual não seja diferente, ele, por sua vez, convive com todas essas transformações e acaba sendo bem mais afetado por tais tecnologias do que o homem que possui visão perfeita. Para Oliver Sacks, o mundo não nos é dado: construímos o nosso mundo através de experiência, classificação, memória e reconhecimentos incessantes. (SACKS, 1995, p. 129). Na verdade, o autor assegura que, em um mundo cada vez mais tecnológico, a imagem, a fotografia, a computação gráfica e a comunicação

12 12 visual vão se tornando cada vez mais predominante, sendo que, pode-se concluir, a cultura do ver é fator que predomina amplamente. Pode-se ainda afirmar, claramente, que a acessibilidade à internet é a flexibilidade do acesso à informação, bem como a interação dos usuários que possuem algum tipo de deficiência ou necessidade especial, no que se refere aos mecanismos de navegação e apresentação das páginas, operação de softwares, hardwares e adaptação de ambientes e situação. (WORLD WIDE WEB CONSORTIUM, 2002). Atualmente, existem vários softwares que auxiliam o DV a ter acesso ao ciberespaço, tais como Dosvox, Virtual Vision e Jaws, só para citar os mais utilizados. Portanto, assim como a internet é um mundo para os videntes, também o é para os deficientes visuais. O desenvolvimento das tecnologias digitais e a grande quantidade de redes interativas - quer queira, quer não - coloca a humanidade diante de um caminho sem volta. As práticas, as atitudes, os modos de pensamento e os valores estão, cada vez mais, sendo condicionados pelo novo espaço de comunicação que surge da interconexão mundial de computadores. Um dos meios de comunicação mais marcantes do século XXI, sem dúvida, são os computadores; é principalmente através deles - isto é, por meio da internet - que a evolução tecnológica digital ganha cada vez mais força na sociedade contemporânea. Diante dessa evolução social e tecnológica, é possível assegurar que, no início da popularização da internet, esta já tinha sua importância para os mais diferentes usuários. Clark James (1999) afirma que a internet tem sua flexibilidade porque facilita o acesso às diversas informações e diferentes interações para quaisquer pessoas que tenham tipos de deficiência ou necessidades especiais. Quanto à questão da navegação, é claramente possível que softwares, hardwares, websites, portais, apps, smartphones, tablets e muitos outros dispositivos sejam adaptáveis para o uso da pessoa com diferentes tipos de deficiência visual. Como se pode observar, James escreveu sobre a internet bem no início de sua popularização. É, portanto, esse desejo de compreender a inserção do deficiente visual não como diferente, mas sim como igual, que move a presente pesquisa no que concerne a esta relação cada vez mais estreita do deficiente visual com as novas tecnologias. E assim, foi possível elaborar os capítulos da presente dissertação. No primeiro capítulo são feitas considerações e observações acerca dos deficientes visuais e das tecnologias digitais, apresentando - de forma geral e sintética - uma breve apreciação histórica das tecnologias digitais, para que assim

13 13 seja possível compreender, de modo mais amplo, as principais vantagens das eventuais mudanças para o homem com deficiência visual. Também são apresentados os esclarecimentos teóricos e as referências, bem como quais autores pautam as definições que permeiam o presente trabalho, ou seja, principalmente os conceitos que transpassam esta pesquisa, quais sejam: conceitos de cultura e técnica e tecnologia para os deficientes visuais. No segundo capítulo, a ênfase é dada ao tema proposto para a pesquisa, ou seja, o de ponderar e refletir acerca da sociabilidade e interatividade midiática do audiovisual (computadores, smartphone e internet) para acesso do deficiente visual. Destaca-se ainda a vida do deficiente visual no mundo digital bem como qual a importância da rede mundial de computadores nesta transformação social. Tendo sido observado, no capítulo anterior, a evolução das tecnologias no decorrer da história, o objetivo do segundo capítulo é mostrar - a partir de observações sobre a realidade dos deficientes visuais no Brasil - e explicitar de forma concisa, as percepções, sensações e emoções provocadas pela sociabilidade e interatividade midiática especificamente para o universo do deficiente visual, o qual se encontra inserido neste novo contexto digital. No terceiro e último capítulo, o destaque se dá no aprofundamento acerca de como os deficientes visuais convivem com as mais diversas tecnologias que têm surgido, principalmente, os chamados gadgets (dispositivos eletrônicos portáteis como celulares, smartphones e tablets). Também são feitos esclarecimentos detalhados da pesquisa empírica, bem como suas transformações tecnológicas e suas consequências para as pessoas com deficiência visual, dando assim um enfoque à relação do deficiente visual com o audiovisual através de seus principais sentidos - olfato, audição, tato, paladar - e relacionando tais sentidos com pesquisa elaborada por Hugo Münsterberg (1916) sobre atenção, memória, imaginação e as emoções, que são elementos essenciais para o desenvolvimento de uma vida mais profícua para o deficiente visual; por último, discutiu-se a importância do aguçamento dos sentidos - por parte do deficiente visual -, elemento este ilustrado pelos entrevistados no documentário Janela da Alma (2001). Deste modo, foi possível avaliar, por meio da pesquisa teórica e empírica, as transformações tecnológicas e as consequências para esse público específico, bem como refletir acerca do papel das mídias digitais na realidade comunicacional dos deficientes visuais da cidade de São Paulo.

14 14 Nas considerações finais do presente estudo, foi possível perceber - através das pesquisas teóricas e empíricas feitas em três instituições da cidade de São Paulo que trabalham diretamente com tecnologia para deficientes visuais (ADEVA, Dorina Nowill e LARAMARA), pela pesquisa elaborada por Hugo Münsterberg sobre atenção, memória, e emoções e imaginação e pela importância do aguçamento dos sentidos no uso das tecnologias para o deficiente visual - que estes são elementos essenciais para o desenvolvimento de uma vida mais profícua para o deficiente visual. Notou-se ainda que os avanços e ganhos tecnológicos possibilitam ao deficiente visual participar de forma igualitária deste mundo cada vez mais midiático e digital; foi possível perceber também as mudanças, transformações, sociabilidade e interatividade midiática ocorridas com o surgimento da cultura tecnológica digital para o deficiente visual. Deste modo, pôde-se compreender e ver o deficiente visual não como diferente - mas sim como igual.

15 15 1. UM OLHAR SOBRE AS TECNOLOGIAS DIGITAIS PARA O DEFICIENTE VISUAL Em um mundo em constantes transformações, é adequado que as denominações de algo aparentemente novo se tornem conceitos concretos; no entanto, com a atual velocidade da evolução tecnológica, é quase natural que alguns conceitos já consolidados se modifiquem ou até mesmo percam seu sentido e se tornem desnecessários. O termo conceito, segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, é a representação mental de um objeto abstrato ou concreto, que se mostra como um instrumento fundamental do pensamento em sua tarefa de identificar, descrever e classificar os diferentes elementos e aspectos da realidade. Atualmente, conceitos e termos são cada vez mais difíceis de se precisar, mesmo partindo-se da base linguística. Uma das dificuldades em se definir conceitos se dá em relação aos nomes e palavras novas que surgem a todo o momento para denominar uma nova cultura tecnológica. De acordo com o pesquisador Erick Felinto (FELINTO, 2011), ainda não se dispõe de um vocábulo adequado para dar conta das questões prementes da cultura e da sociedade na presente situação. Para se definir a sociedade cultural, já foram utilizados vários conceitos, mas à medida que o tempo passa, esses conceitos se perdem ou até mesmo perdem o sentido, ou ainda, não conseguem mais abarcar o que a cultura atualmente é de verdade. O advento das novas tecnologias da informação e comunicação fez emergir expressões como cibernética, cibercultura, tecnologia da informação, cultura tecnológica, cultura virtual, cultura da mídia e cultura digital, entre outras. Atualmente, os termos e conceitos surgem quase que com a mesma velocidade com a qual são criadas novas tecnologias. Há pouco tempo, o conceito de cibercultura estava em voga, no entanto, alguns pesquisadores tais como Lev Manovich e Siegfried Zielinski - fazem questão de afirmar que este já é um termo superado por várias razões, uma delas é exatamente a falta de necessidade de abarcar o atual momento vivido pela sociedade em relação às tecnologias; vive-se quase sempre em transição de termos, ou melhor, vive-se sempre transitando entre termos novos os quais já não conseguem abarcar o todo, mas que apenas

16 16 denominam um momento vivido pela sociedade tecnológica do século XXI, sendo que o mesmo ocorre também com vários conceitos já citados. Estes conceitos tecnológicos não desaparecem como um todo, mas aos poucos, gradualmente, são adaptados e apropriados pelas culturas sociais. Tais processos se deram, nos últimos anos, de forma bastante acelerada; seja para o homem vidente (que não possui deficiência visual), seja para aquele que possui algum nível de deficiência visual. Atualmente, talvez se possa chamar a cultura contemporânea de cultura tecnológica digital; essa recente cultura deu um novo sentido para a sociedade contemporânea, qual seja, o sentido de interatividade compartilhada, de conectividade e universalidade. Para o deficiente visual, as transformações, as modificações e as adaptações das tecnologias foram avanços significativos para que muitos se tornassem independentes, adquirindo assim, uma liberdade sem precedência na história de vida do deficiente. Desde a criação do sistema Braille isto é, em 1825, o qual foi um marco, uma importante conquista para a educação e para a integração dos deficientes visuais na sociedade até os dias atuais, as descobertas tecnológicas favorecem uma fundamental transformação na vida do deficiente visual. Os conceitos de cultura, técnica e tecnologia definidos no decorrer da história talvez não tenham tido diretamente muita importância e impacto no mundo do deficiente visual. Contudo, o sentido significativo atribuído aos termos de uma nova cultura social conectada com autonomia e liberdade foi de total importância para que, atualmente, o deficiente pudesse ver o mundo por outra perspectiva. Deste modo, no presente trabalho, em seu primeiro capítulo, são feitas considerações e observações acerca dos deficientes visuais e tecnologias digitais, bem como é apresentada - de forma geral e sintética - uma brevíssima apreciação histórica das tecnologias digitais, para que assim seja possível compreender, de modo mais amplo, as principais vantagens das eventuais mudanças para os indivíduos com alguma deficiência visual. No segundo capítulo, dar-se-á ênfase ao tema proposto para esta pesquisa, ou seja, o de ponderar e refletir acerca da sociabilidade e interatividade midiática audiovisual (computadores e internet) para o acesso do deficiente visual; no terceiro e último capítulo, o destaque se dá no aprofundamento acerca de como os deficientes visuais convivem com as mais diversas tecnologias que têm surgido, principalmente, os chamados gadgets

17 17 (dispositivos eletrônicos portáteis como celulares, smartphones e tablets). Assim, será possível avaliar através da pesquisa teórica e empírica as transformações tecnológicas e as consequências para esse público específico, bem como refletir acerca do papel das mídias digitais na realidade comunicacional dos deficientes visuais da cidade de São Paulo. 1.1 Cultura, técnica e tecnologia É importante deixar claro, de forma breve, os esclarecimentos e as referências de como se compreende e em quais autores se está pautando as definições que permeiam a presente pesquisa, e principalmente, os conceitos que a transpassarão, quais sejam, os de cultura, técnica e tecnologia no que concerne aos deficientes visuais. O primeiro conceito abordado é o de cultura; atualmente, suas definições são múltiplas e, às vezes, contraditórias. Partindo deste pressuposto, a fim de que se entenda melhor o conceito, tomar-se-á a definição de cultura expressa por Edward Tylor, bem como algumas considerações de Clifford Geertz, as quais mais se aproxima do trabalho abordado nessa pesquisa. O termo cultura surgiu em 1871 (LARAIA, 1986) como síntese dos termos Kultur e Civilisation. Este último, termo francês que se referia às concretizações materiais de um povo; aquele, termo alemão que simbolizava os aspectos espirituais de uma comunidade 1. Neste mesmo ano, Edward Tylor os sintetizou no termo inglês Culture; com isso, Tylor envolve, em uma só palavra, todas as efetivações humanas bem como afasta a ideia de cultura como uma disposição inata, perpetuada biologicamente. Deste modo, o primeiro conceito etnográfico de cultura da maneira como é utilizado atualmente surgiu com Tylor, que a entendia como um todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade. 2 Como complemento ao conceito expresso por Tylor, Jaques Turgot registrou que o homem é detentor de um tesouro de signos e que tem a capacidade de multiplicá-los de forma infinita, de retê-los, de comunicá-los e transmiti-los aos 1 LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Zahar. Rio de Janeiro, 1986, p Idem

18 18 descendentes como herança 3. Ou seja, em outras palavras, cultura é tudo aquilo que é produzido pela humanidade, seja no plano concreto ou no plano imaterial, desde artefatos e objetos até ideais e crenças. Uma definição mais próxima daquela que se pretende no presente trabalho foi dada por Geertz (1978), o qual acreditava que a cultura nunca é igual, é sempre uma recriação; o ser humano expressa no dia a dia sua experiência vivida. Tal autor asseverava que as especificidades são complexas, possuem um caráter único e as generalizações devem ser feitas com critérios. A fim de compreender o que o ser humano faz, é necessário entender uma ação dentre várias outras e localizá-la, caracterizá-la. No estudo da cultura, a tarefa essencial da construção teórica é tornar possíveis descrições minuciosas, não generalizar através dos casos, mas generalizar dentro deles. Desta forma, Geertz recupera o conceito de Max Weber, o qual afirma que o homem é um ser amarrado em teias de significados que ele próprio teceu. A cultura é, portanto, uma ciência interpretativa, em busca do significado (GEERTZ, 1978, p.15). A cultura tem esta dinamicidade constante que está em transformação contínua. O próximo conceito a ser trabalhado é a tecnologia, a qual é frequentemente usada por pessoas das mais diversas áreas do conhecimento e, muitas das vezes, com propósitos divergentes. Sua importância para a apreensão dos problemas da realidade atual cresce em razão, precisamente, de seu amplo e indiscriminado emprego, o que a torna ao mesmo tempo essencial e confusa. O conceito explicitado por Álvaro Viera Pinto (2005) 4 parece bastante relevante para o enfoque que o presente trabalho propõe. Sobre tecnologia Pinto destaca quatro conceitos que se relacionam, mas será trabalhado aqui apenas três deles, pois estes se complementam e se completam. No primeiro conceito, o significado é etimológico, a tecnologia tem de ser a teoria, a ciência, o estudo, a discussão da técnica, os modos de produzir alguma coisa; no segundo, tecnologia equivale pura e simplesmente à técnica. Como se pode perceber, este último está ligado ao primeiro conceito; já o terceiro, é entendido como o conjunto de todas as técnicas de que dispõe uma determinada sociedade, em qualquer fase histórica de 3 Idem 4 PINTO, Álvaro Vieira. O Conceito de Tecnologia. Rio de Janeiro: Contraponto, 2005, p

19 19 seu desenvolvimento. Em tal caso, aplica-se tanto às civilizações do passado quanto às condições vigentes modernamente em qualquer grupo social (PINTO, 2005). Por último, uma tentativa de esclarecer a técnica moderna. Técnica não é um termo simples de ser definido, mas pode-se afirmar, de uma forma não tão aprofundada, que uma definição ampla de técnica seria: um procedimento que tem como objetivo a obtenção de um determinado resultado, seja na ciência, seja na tecnologia, na arte ou em qualquer outra área, tendo no homem a vontade de transformar seu ambiente. Contudo, para uma definição mais concreta e específica, o presente trabalho será permeado pelas observações da técnica moderna consoante Heidegger. Em seu pensamento sobre a questão da técnica, o filósofo oferece ferramentas que permitem pensar a tecnologia na sociedade contemporânea em sua relação com a natureza, com o mundo, com os objetos e, inclusive, com os próprios elementos tecnológicos vigentes. Franscico Rüdiger (2006), ao discutir a questão da técnica heideggeriana, apresenta um breve conceito de técnica, qual seja: A técnica é o movimento essencial que faz surgir algo e sua essência está em revelar à percepção esse movimento no próprio momento de aparição; é o conhecimento em ato da relação entre o que se revela e o que ainda está velado ou encoberto. A expressão, originalmente, não significa, portanto, um tipo de atividade entendido como finalização da produção, mas o preparo e a prontidão de cada dimensão do desencobrimento. Significa a prontidão do âmbito sempre diverso em que algo se revela, esse âmbito no qual é produzido, via técnica, se revela e se coloca no interior dessa esfera. (RÜDIGER, 2006, p. 79). Segundo Rüdiger, na modernidade o homem coloca toda sua confiança na ciência visando à solução de seus problemas de forma direta. Concernente à concepção de Heidegger, a técnica moderna é: [...] um meio inventado e produzido pelos homens, isto é, um instrumento de realização de fins industriais, no sentido mais lato, propostos pelo homem. A técnica moderna é, enquanto instrumento em questão, a aplicação prática da ciência moderna da natureza. A técnica industrial fundada sobre a ciência moderna é um domínio particular no interior da civilização moderna. A técnica moderna é a continuação progressiva, gradualmente aperfeiçoada, da velha técnica artesanal segundo as possibilidades fornecidas pela

20 20 civilização moderna. A técnica moderna exige, enquanto instrumento humano assim definido, ser igualmente colocada sob o controle do homem e que o homem se assegure do domínio sobre ela assim como da sua própria fabricação. (HEIDEGGER, 1999, p ). Heidegger observa duas formas na questão da técnica moderna. A primeira, é que a técnica se constitui como um instrumento de realizações gerais proposto pelo homem em sua relação com a natureza; a segunda, é a aplicação, na prática, da ciência moderna da natureza fundada sobre um domínio da sociedade moderna. O autor complementa: Seria insensato investir às cegas contra o mundo técnico. Seria ter vistas curtas querer condenar o mundo técnico como uma obra do diabo. Estamos dependentes dos objetos técnicos que até nos desafiam a um sempre crescente aperfeiçoamento. Contudo, sem nos darmos conta, estamos de tal modo apegados aos objetos técnicos que nos tornamos seus escravos. (HEIDEGGER, 1959, p. 23). Heidegger acreditava que a pergunta O que é a técnica? não deve nunca estar separada da indagação O que é o homem?, tendo em vista que o elemento tecnologia é baseado na cultura, no conhecimento humano e na dimensão simbólica. O homem e a técnica interagem na dialética que existe em ambos; com isso, percebe-se que a técnica está no homem e na sua interação com o mundo. A preocupação maior de Heidegger no que concerne à técnica moderna é a inquietação de notar que, aos poucos, a técnica pode se tornar maior que o ser humano e, assim, nossa consciência vai se tornando, paulatinamente, sua serva; tal fato impossibilitaria negociar com ou contra ela, de modo que nos tornaríamos seus reféns. O que é distintivo na técnica moderna é que ela não é mais um mero meio e não está mais apenas a serviço de algo externo. O distintivo é o fato dela ser em si mesma o desdobrar de um tipo de dominação que lhe é intrínseco. A técnica moderna requer ela mesma para si mesmo desenvolvimento intrinsecamente a sua própria forma de disciplina e sua própria forma de percepção imperiosa. (RÜDIGER, 2006) 5. 5 HEIDEGGER, Martin. Hölderlin s hymn ister, (1942), bloomington: IUP, 1996, p. 44. In: RÜDIGER, Francisco. Martin Heidegger e a questão da técnica: Prospectos acerca do futuro do homem. Porto Alegre: Sulina, 2006, p. 158.

21 21 Para Heidegger, a questão não seria tentar dominar a técnica ou colocá-la a nosso serviço, mas compreender que sua essência remete ao nosso próprio modo de ser e que, assim como pode reduzir a sua maneira de pensamento, pode também constituir, com ela, uma relação mais aberta, expandindo-se a outros modos de ser. Todas essas definições têm, atualmente, uma importância direta nas tecnologias modernas desenvolvidas para o deficiente visual. Deste modo, com esses conceitos definidos, a preocupação primordial seria relatar acerca de algumas tecnologias que no decorrer da história tiveram alguma importância para o desenvolvimento de novas ferramentas destinadas ao homem deficiente visual. Uma das importantes técnicas no transcorrer da história foi a escrita; com seu desenvolvimento, novas formas de transmissão de informações foram criadas e um dos fatores novos foi que, a partir de então, a história pôde ser registrada em detalhes e as informações podiam viajar mais facilmente, sem necessitar da presença física. Para enviar mensagens a lugares distantes, o homem se utilizava de vários meios, como por exemplo: havia a utilização de pombos-correios, telégrafo (código Morse) 6, entre outros. Na Idade Média, os arautos do rei liam as mensagens em praça pública; tempos depois, foi criado o correio, que durante muito tempo foi uma das formas mais eficazes de se vencer as distâncias. Um dos mais importantes passos na história da comunicação foi dado por Antônio Meucci 7 que, no final do século XIX, inventou um aparelho com o qual era possível se comunicar, sendo que as pessoas podiam falar e ouvir a resposta no mesmo instante; tal aparelho ficou conhecido mundialmente como telefone. Neste momento, abria-se um novo canal tecnológico de comunicação a distância para o deficiente visual. Os primeiros aparelhos telefônicos eram - se vistos pela ótica do homem moderno - um pouco estranhos, dado que eram grandes e pesados, mas com o tempo foram evoluindo; ultimamente, os mais recentes aparelhos de telefones são chamados de (smartphone) e é possível não apenas falar com outra pessoa, mas também enviar documentos através de fax, tirar fotos, escutar músicas, falar e se ver em tempo real, acessar à internet, GPS (Global Positioning System), Apps 6 Foi Samuel Morse quem inventou o telégrafo. 7 O trabalho de Meucci foi reconhecido postumamente, em 11 de junho de 2002, quando o Congresso dos Estados Unidos aprovou a resolução n 269, a qual estabelecia que o inventor do telefone fora, na realidade, Antonio Meucci e não Alexander Graham Bell.

22 22 (Applications) entre outras centenas de possibilidade que um aparelho do tipo smartphone pode proporcionar ao seu usuário. Outra invenção muito importante foi o rádio, pois músicas e mensagens podiam ser enviadas através de ondas invisíveis no ar; já o aparelho de televisão foi popularizado no século XX, transmitindo simultaneamente som e imagem, sendo que faz parte do dia a dia da maioria das pessoas. Atualmente, é possível contar com a ajuda de satélites, que retransmitem mensagens e comunicações por todo o mundo. 1.2 A Internet na história comunicacional A rede mundial de computadores, ou simplesmente internet, surgiu em plena Guerra Fria; fora criada inicialmente com objetivos militares, como uma das formas de as Forças Armadas norte-americanas manterem a comunicação em caso de ataques inimigos que destruíssem os meios convencionais de telecomunicações. Nas décadas de 1970 e 1980, além de ter sido utilizada para fins militares, a internet também foi, no início, um importante meio de comunicação acadêmico, haja vista que estudantes e professores universitários, principalmente dos Estados Unidos, trocavam conhecimento, mensagens e descobertas através das linhas da rede mundial. Foi somente no ano de 1990 que a internet começou a alcançar a população em geral; dois anos antes, o engenheiro inglês Tim Bernes-Lee desenvolveu a World Wide Web, possibilitando a utilização de uma interface gráfica e a criação de sites mais dinâmicos e visualmente mais interessantes. A partir desse momento, a internet cresceu em ritmo acelerado, com um desenvolvimento vertiginoso; muitos afirmam ter sido a maior criação tecnológica depois da televisão, na década de A década de 1990 tornou-se propriamente a era de expansão da internet; surgiram vários navegadores (os chamados browsers) como, por exemplo, o Internet Explorer da Microsoft e o Netscape Navigator. O surgimento acelerado de provedores de acesso e de portais de serviços online também contribuíram 8 ERCÍLIA, M. A Internet (Coleção Folha Explica). São Paulo: Publifolha, 2000; FONSECA FILHO, Cléuzio. História da Computação: o caminho do pensamento e da tecnologia. Editora EDPUCRS, p.

23 23 enormemente para este célere crescimento, sendo que a internet passou a ser utilizada por vários segmentos sociais. Dez anos depois, a internet se transforma também em uma ferramenta para o entretenimento e diversão, como por exemplo, os sites de games; as salas de chat se tornaram pontos de encontro para um batepapo virtual a qualquer momento. Também desempregados iniciaram a busca por vagas através de sites de agências ou mesmo enviando currículos via . As próprias empresas descobriram que a internet poderia ser um extraordinário caminho para melhorar seus lucros, e assim, as vendas online dispararam, transformando a internet em verdadeiros shoppings centers virtuais. Atualmente, todas as atividades realizadas parecem depender de algo associado à rede mundial de computadores, a qual tomou parte dos lares das pessoas do mundo todo, haja vista que estar conectado à rede mundial passou a ser uma necessidade de extrema importância aos indivíduos. 1.3 As mudanças culturais na era da internet Há algum tempo, a palavra cibercultura foi denominada como uma subcultura e, logo depois, como uma nova cultura que emergiu do uso de computadores para a comunicação, entretenimento, educação e negócios. É difícil definir os limites da abrangência da palavra cibercultura, uma vez que o termo usado é flexível e seu emprego em determinadas circunstâncias específicas pode ser controverso. Geralmente, aplica-se às culturas denominadas por comunidades online, mas também se estende a uma gama ampla de assuntos relativos a "cibertópicos", como por exemplo: cibernéticas, informática, internet e a revolução digital. Basicamente, pode se afirmar que a cultura tecnológica cerca o humanomáquina em níveis sociais e culturais, abrangendo o que era popularmente conhecido como ciberespaço. Atualmente, esse espaço é quase inexistente, visto que estamos quase sempre conectados. Numerosos conceitos dessa nova cultura foram formulados por autores diversos, tais como Lev Manovich, Pierre Lévy, Margaret Morse, Arturo Escobar, André Lemos, entre outros. Desde o princípio dos anos 60 até a primeira metade dos anos 90, essa nova cultura tecnológica produziu prontamente suas próprias representações de um mundo cheio de informação avançada e de tecnologias de comunicação.

24 24 De acordo com esse espírito, Arturo Escobar define cibercultura (ESCOBAR, 1994) tendo como pano de fundo as novíssimas tecnologias, em especial, as relacionadas à comunicação digital, à realidade virtual e à biotecnologia. 9 A natureza dessa definição faz com que a cibercultura seja considerada a partir da perspectiva da análise da tecnologia, passando a abranger os fenômenos associados às novas tecnologias de ponta e à nova "tecnologia intelectual" engendrada pelo computador. Tal definição pode ser pensada em relação a Neuromancer, uma das principais obras fictícias que discute acerca a realidade virtual; nesta ocasião, o desenrolar ocorre tanto na vida "real" como na realidade virtual criada pelos computadores envolvidos na trama. Vários personagens possuem seus corpos alterados e "hiper-realizados" por implantes artificiais, tanto de natureza biológica quanto eletrônica, mas também mista. Durante a ação, os personagens entram em contato com drogas de fácil aplicação e de efeitos imediatos, as quais oferecem novos estados de consciência e de percepção. Neuromancer, dessa forma, delineia o retrato de um futuro no qual a vida humana é fortemente permeada pela intervenção da tecnologia, e a questão da identidade individual passa a ser, exacerbadamente, um ato de escolha, de determinação pessoal e, principalmente, de consumo. As raízes da cultura tecnológica são basicamente oriundas de outras culturas; nesse contexto, o significado da cultura tecnológica era a ideia de uma civilização de informação, ou seja, uma cultura na qual a informação fosse o objeto importante, se não o mais vital, tal como se pode notar na cultura global moderna da sociedade atual, testemunhada pelo poder, popularidade e proeminência de conglomerados como a CNN, Rede Globo, BBC etc.; quando os indivíduos se referem a uma sociedade de informação, estão aludindo, de fato, à cultura cibernética. A conexão simultânea dos atores da comunicação em uma mesma rede traz uma relação totalmente nova entre os conceitos de contexto, espaço e temporalidade. Do horizonte do eterno retorno das narrativas e da linearidade das culturas letradas, passa-se a uma percepção do tempo como sendo mais do que linhas lineares, como pontos ou segmentos da imensa rede pela qual se movimenta; vive-se em um ritmo de velocidade pura. Para Lévy, não há horizonte, nem ponto- 9 A inclusão da biotecnologia na definição de cibercultura é conveniente na medida em que toda uma categoria de fatos (os relacionados aos implantes artificiais, manipulação genética, etc.) passa a ser considerada no que diz respeito às suas relações com o imaginário contemporâneo.

25 25 limite, um "fim" no término da linha; ao contrário, vive-se uma fragmentação do tempo em uma série de presentes ininterruptos, os quais não se sobrepõem uns aos outros, como páginas de um livro, mas existem simultaneamente, em tempo real, com intensidades múltiplas que variam de acordo com o momento. Enquanto na era da escrita o lema era "construir o futuro", atualmente, vale o que ocorre neste preciso momento. (LÉVY, 1993). A cultura tecnológica digital é um termo utilizado na definição de agenciamentos sociais das comunidades no espaço eletrônico virtual. Tais comunidades estão ampliando e popularizando a utilização da internet e de outras tecnologias de comunicação, possibilitando assim uma maior aproximação entre pessoas de todo o mundo. Esse termo se relaciona diretamente tanto com a dinâmica política, social, econômica e filosófica dos indivíduos conectados em rede, como com a tentativa de englobar os desdobramentos que esse comportamento requer. A tecnologia digital provém de um espaço de comunicação mais brando do que o produzido pelas mídias convencionais, como por exemplo, emissoras de televisão, rádio, jornal, etc. Em tais mídias, o sistema hierárquico de produção e distribuição da informação seguem um modelo pouco flexível, baseado no modelo um-todos, ao passo que no ciberespaço (atualmente, quase nem se pode mais falar em ciberespaço como lugar, pois se está sempre online), a relação com o outro se desdobra no contexto do todos-todos. (LÉVY, 1996, p. 113). Um indivíduo pode - junto com milhares de pessoas - criar ferramentas para que todos possam ter acesso e, ao mesmo tempo, interagir com mais e mais pessoas. Neste sentido, esse ambiente de comunicação emerge com a potência que comporta o discurso democrático em sua gênese. Muito do que Gibson ilustrou em sua obra Neuromancer já migrou das páginas de ficção científica para as matérias de revistas especializadas em tecnologia e divulgação científica. Mais ainda, com o crescimento exponencial da internet, a mídia de massa passou a tematizar essa nova "revolução tecnológica", trazendo para as camadas médias - sempre ávidas por "atualidade" - os temas da conectividade, da realidade virtual e da cultura da convergência. O virtual pode ser melhor compreendido à luz do esclarecimento que Pierre Lévy apresenta em sua obra O que é o virtual? (LÉVY, 1996). Para o autor, o virtual

26 26 é uma nova modalidade de ser, cuja compreensão é facilitada se considerarmos o processo que conduz a ele: a virtualização. A tradição filosófica utiliza o par de oposições potência/ato para a reflexão sobre os estados possíveis do ser; assim, uma semente é uma árvore em potência, que se atualiza no momento em que se transforma em árvore. Lévy (1999, p. 47) considera essa análise insuficiente para dar conta da questão da virtualização, e passa então a utilizar a distinção entre possível e virtual elaborada por Deleuze, qual seja: o possível associa-se ao real na medida em que aquele é o real sem a existência. A realização, ou seja, a passagem do possível para o real, portanto, não envolve nenhum ato criativo; a diferença entre possível e real reside no plano da lógica, consistindo em um mero quantificador existencial. O virtual, por outro lado, distingue-se do real na medida em que, diferentemente do possível, não contém em si o real finalizado, mas sim um complexo de possibilidades que, de acordo com as condições e os contextos, atualizar-se-á de maneiras distintas. O objetivo de Lévy ao fazer essa migração - entre o par de conceitos possível x real e virtual x atual - é conseguir associar ao processo de atualização o devir, com a interação entre o atual e o virtual. De acordo com o autor, "o real assemelha-se ao possível; em troca o atual em nada se assemelha ao virtual". (LÉVY, 1996, p. 17). O virtual, portanto, não pode ser compreendido como o possível - haja vista este já estar determinado -, mas sim como um "complexo problemático" que dialoga e interage com o atual, transformando-se de acordo com as peculiaridades de cada contexto. Seu exemplo, por excelência, é um programa de computador, no que diz respeito à sua interação com um operador humano; nele, os resultados finais (as atualizações) não estão determinados, pois serão resultados do processo de atualização, efetivado pela interação com a subjetividade do operador. Atualmente, a emergência das tecnologias provoca uma mudança radical no imaginário humano, transformando a natureza das relações dos indivíduos com a tecnologia, bem como entre si. Lévy (1996) defende uma inter-relação muito próxima entre subjetividade e tecnologia, sendo que a primeira influencia esta última de forma determinante, na medida em que fornece referenciais que modelam a forma de representar e de interagir com o mundo. Através do conceito de "tecnologia

27 27 intelectual" 10, Lévy discorre sobre como a tecnologia afeta o registro da memória coletiva social; as noções de tempo e espaço das sociedades são afetadas pelas diferentes formas através das quais esse registro é realizado. O imaginário humano sempre esteve atrelado à tecnologia, sendo que não se pode pensá-la distintamente da sociedade, como um elemento isolável, mas sim considerando um mundo permeado pela técnica, que influencia as formas de sociabilidade. A partir da perspectiva das tecnologias intelectuais, Lévy traça um histórico da humanidade, mostrando de que forma cada uma delas influenciou sua época 11, até chegar à mudança que se vive atualmente: No caso da informática, a memória se encontra tão objetivada em dispositivos automáticos, tão separada do corpo dos indivíduos ou dos hábitos coletivos que nos perguntamos se a própria noção de memória ainda é pertinente. (LÉVY, 1996, p. 118). Ainda inseridos no contexto da linearidade instaurada pela escrita, que determinou os moldes da racionalidade ocidental, vê-se emergir, a partir do surgimento dos meios informáticos, uma nova maneira de ver o mundo, isto é, através de vários elementos, fatores e locais interativos na World Wide Web. 1.4 Vivendo na/com tecnologia audiovisual Para Lemos, as novas práticas comunicacionais e as relações sociais tecnológicas ( s, blogs, chats, listas de discussão, videoconferências, podcasts, jornalismo online, comunidades virtuais eletrônicas, wikis, tecnologias móveis, wi-fi, wireless, bluetooth), a emergência das cibercidades (cidade e espaços de fluxo), as transformações culturais e a ética são as novas configurações comunicacionais (liberação do polo de emissão) presentes na sociedade contemporânea que são claramente manifestações da cultura tecnológica. As tecnologias midiáticas trazem uma nova relação espaço-temporal marcada pela velocidade e pela sensação de instantaneidade e transparência, diminuindo o fosso entre estímulo e resposta comunicacional. Essas tecnologias aceleram a 10 As tecnologias intelectuais permitem compreender como os poderes de abstração e raciocínio formal desenvolveram-se em nossa espécie. Cf. LÉVY, Pierre. As tecnologias da Inteligência, p O autor enumera três tecnologias intelectuais que se sucederam, a saber: a oralidade, a escrita e a informática, descrevendo como cada uma influenciou, a seu modo, o imaginário de sua época.

28 28 realidade, virtualizando-a (do mundo dos átomos para o mundo dos bits), trazendo uma percepção de interdependência global, de conexão generalizada. (KERCKHOVE, 1997). Diante de vários conceitos da cultura tecnológica, pode-se afirmar que ela é profundamente a cultura participativa; é, frequentemente, um produto das práticas comunicativas complexas e colaborativas que ocorrem sobre segmentos, variando do tempo e do espaço. Certamente, dentro de uma linha particularmente saudável do listserv 12 - ou espaço do MUD 13, ou ainda, Web site colaborativo - existem as interações dinâmicas, as construções sociais, as negociações políticas e as histórias institucionais. A tecnologia atualmente é, portanto, densa, imensa e está em um estado constante de fluxo e transformação. Supor esse fator é verdadeiro; mas como é possível compreender profundamente no que se constitui a cultura tecnológica, seus limites, bem como determinar suas características? Antes que se intimide frente a uma tarefa tão difícil, deve-se atentar para o fato de que muitas dessas mesmas perguntas às quais se busca responder, outros pesquisadores mais tradicionais da cultura - tais como comunicadores, antropólogos e sociólogos - também buscam. Apesar de tudo, todas as culturas são amplas, intensas e estão sempre em um estado constante de fluxo. A dificuldade se dá porque, frequentemente, o termo é utilizado para descrever as culturas contemporâneas e os produtos culturais que têm alguma relação com a tecnologia. Desse modo, a cultura tecnológica pode ser entendida como uma coleção das culturas e dos produtos culturais que existem sobre (ou são feitos possíveis pela) internet, junto com as histórias proferidas acerca dessas culturas e produtos culturais. Isso tudo é marcado pela circunstância de que a tecnologia penetra em cada aspecto da existência do indivíduo. Muito da discussão teórica acerca dos avanços tecnológicos cresceram exponencialmente desde da década de 80; nesse período, a 12 O propósito básico do serviço listserver é permitir que sejam trocadas informações técnicas, dicas, comentários, humor, etc. através destas mensagens. Disponível em: < Acesso em: 10 jul São termos de jogos de computador, um MUD (sigla para Multi-user dungeon, dimension, ou por vezes, domain) é um RPG multijogadores, que normalmente é executado em uma BBS ou em um servidor na internet. Disponível em: < Acesso em: 11 jul

29 29 evolução da tecnologia coincidiu com as várias edições relacionadas às concepções da teoria contemporânea. Debruçado sobre seus projetos, o homem avança e transforma o presente e o futuro em um constante processo evolutivo, sem que haja a simples substituição de uma técnica por outra, mas sim um deslocamento de centros de gravidade 14. Constata-se que sempre houve movimentos crescentes e sucessivos na história: da oralidade para a escrita, da escrita para a imprensa, desta para o rádio e para a televisão, até se chegar à informática. O aperfeiçoamento dos meios de comunicação e os modos de se veicular a informação foram moldados à necessidade de o homem se comunicar; o ser humano, ao longo de sua história, mantém-se sempre na expectativa de desvelar novos horizontes, de explorar territórios alheios, impulsionado pelo desejo de interação e de novas descobertas. As novas configurações comunicacionais - assim como as diversas formas de relações sociais eletrônicas - estão relacionadas a uma cultura de liberdade bastante difundida nas origens das tecnologias. A cultura tecnológica pode ser compreendida claramente como a forma sociocultural que advém de uma relação de trocas entre a sociedade, a cultura e as novas tecnologias. A cultura tecnológica envolve a sociedade e a interação entre seus agentes e o domínio de uma técnica; o universo sem totalidade. Ela está em um estado constante de fluxo. Naturalmente, o que se chama atualmente de cultura tecnológica pode não existir amanhã. Assim como outras tecnologias novas, as tecnologias de comunicação também estão em constante evolução, e é possível esperar ainda mais inovações. É natural, em um mundo cheio de evoluções tecnológicas, que alguns termos sejam, aos poucos, atualizados, transformados ou até mesmo deixados de ser usados, pois perdem o sentindo real ou ganham um novo sentido. O termo cibercultura é constantemente pensado de uma forma dinâmica e, aos poucos, utilizam-se novos vocábulos a fim de denominar pensamentos mais atualizados de um termo que rapidamente envelhece. Para denominar cultura da tecnologia, atualmente, são usados vários termos, tais como cultura digital, novas tecnologias, 14 Cf. ALMEIDA, Fernando José de. As aparências enganam. In: BRASIL. Salto para o Futuro: TV e Informática na Educação / Secretaria de Educação à Distância. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto, SEED, p. 78.

30 30 cultura da convergência, cultura digital, sociedade em rede, sociedade da informação, sociedade pós-industrial, sociedade do conhecimento, etc. Ao acolher tal fato, perde-se a expectativa de constatar que o ciberespaço ocupe um lugar próprio, fora do mundo ou da cultura já existente. Portanto, já não faz mais sentido falar em cibercultura separada da cultura tecnológica no contexto de oposição, haja vista que ela simplesmente sobrevém para nominar uma fase peculiar da sociedade, assim como relata Lemos: A gente pode empregar como sinônimos cibercultura e cultura digital, que seriam nomes para a cultura contemporânea, marcada a partir da década de 70 do século passado, pelo surgimento da microinformática [ ]. (LEMOS, 2009, p. 136). Olhando por esse prisma, a cibercultura, surgida de uma oposição, associa-se ou se dissipa na cultura contemporânea por excelência, denominando não mais algo pontual, mas sim geral e universal, ainda que conserve a conexão e junção tecnológica que a fez surgir. Não seria estranho para os estudiosos da cibercultura que o termo - aos poucos, como de fato está acontecendo - entre em desuso simplesmente pelo fato de não mais corresponder ou não mais abarcar um novo momento da história da cultura tecnológica digital, ou até mesmo por falta de necessidade de ser aplicado. Talvez não seja justo sugerir ou decidir a obsolescência de determinados termos e seus sentidos, tendo em vista que isso cabe à cultura linguística ou à sociedade que deles fazem uso. Entretanto, cabe ao pesquisador estar atento e reconhecer as modificações semânticas e as alterações na forma e no modo como os termos e os conceitos são empregados. Mesmo assim, a cibercultura coloca a sociedade em um outro patamar na área das tecnologias comunicacionais, levando a perceber, partilhar e conviver em uma cultura da convergência. Na medida em que as tecnologias de comunicação permitem a interatividade, a convergência e a participação dos sujeitos como construtores, produtores de informação e não mais apenas como consumidores, é de se ambicionar que o volume dessas informações cresça; e é exatamente o que está acontecendo, pela primeira vez na história, fala-se em excesso e não em escassez de informação. As informações estão ao alcance de todos, sem distinção de cor ou raça. Com isso, abre-se um leque de oportunidades nunca antes pensado na história dos deficientes

31 31 visuais. As oportunidades vão desde o simples acesso à internet até a liberdade e a mobilidade de um smartphone, permitindo ao deficiente uma autonomia sempre desejada. Neste presente capítulo foram feitas considerações e observações acerca dos deficientes visuais e das tecnologias digitais, bem como foi apresentada - de forma geral e sintética - uma brevíssima apreciação histórica das tecnologias digitais. Deste modo, foi possível compreender de modo mais amplo as principais vantagens das eventuais mudanças para o homem com deficiência visual. A partir das discussões acerca dos deficientes visuais e das tecnologias, que serão realizadas no segundo capítulo, dar-se-á maior ênfase ao tema proposto para esta pesquisa, ou seja, o de ponderar e refletir acerca da sociabilidade e interatividade midiática no audiovisual (computadores, smartphone e internet) para o acesso do deficiente visual.

32 32 2. A SOCIABILIDADE E A INTERATIVIDADE MIDIÁTICA NO AUDIOVISUAL PARA O ACESSO DO DEFICIENTE VISUAL Segundo publicação da Organização Mundial da Saúde, foi criado em 1980 um sistema de classificação de deficiências visando à criação de uma linguagem comum para a pesquisa e para a prática clínica. Tal sistema foi intitulado na tradução portuguesa de 1989 como Classificação Internacional de Deficiências, Incapacidades e Desvantagens (CIDID). Isto posto, pode-se assegurar que a Organização Mundial da Saúde define deficiência como qualquer perda ou anormalidade da estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica. Ou seja, representa a exteriorização de um estado patológico e, em princípio, reflete distúrbios no nível do órgão. Devido a essa definição de deficiência, a CIDID gerou críticas e discussões sobretudo pelo conceito de desvantagem, fator que provocou um processo de revisão -promovido pela própria Organização Mundial da Saúde - que culminou na publicação da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). Embora a CIDID tenha feito essas definições para tentar esclarecer melhor as diferentes duvidas, fica claro que, em relação à desvantagem não decorre do preconceito e exclusão que emanam do contexto no qual a pessoa com deficiência vive; o preconceito e a exclusão são o resultado da deficiência e inabilidade da pessoa de não saber e nem conhecer as diferentes formas de relacionar com pessoas com distintas deficiências. Por isso, foi definido novamente algo mais especifico para cada deficiência; a deficiência visual é definida como a perda total ou parcial, congênita ou adquirida, da visão. O nível de gravidade visual pode variar, o que determina dois grupos de deficiência, a saber: Cegueira - há perda total da visão ou pouquíssima capacidade de enxergar, o que leva a pessoa a necessitar do Sistema Braille como meio de leitura e escrita; e Baixa visão ou visão subnormal - caracteriza-se pelo comprometimento do funcionamento visual dos olhos, mesmo após tratamento ou correção. As pessoas com baixa visão podem ler textos impressos ampliados ou com uso de recursos óticos especiais.

33 33 A questão da nomenclatura também foi algo complexo até chegar a uma definição. Ao longo dos anos, os termos que definem a deficiência foram adequando-se à evolução da ciência e da sociedade. Atualmente, o termo correto a ser utilizado é: pessoa com deficiência visual, expressão que faz parte do texto legitimado pela Convenção Internacional para Proteção e Promoção dos Direitos e Dignidades das Pessoas com Deficiência, aprovado pela Assembleia Geral da ONU, em 2006, e ratificado no Brasil em julho de Sabe-se que a construção de uma verdadeira sociedade inclusiva passa também pelo cuidado com o uso da linguagem, pois através dela se expressa - voluntaria ou involuntariamente - o respeito ou a discriminação em relação às pessoas com deficiências. De acordo com os últimos dados do IBGE , o número de habitantes com deficiência no Brasil é bem considerável; caso se amplie os horizontes e se considere a população de pessoas com deficiência visual no mundo, segundo a OMS, os números atingem cerca de 40 a 45 milhões de pessoas cegas, sendo que outros 135 milhões sofrem limitações severas de visão. Diante desse cenário, muitas empresas tecnológicas começam a desenvolver ferramentas especificas para esse público. Exemplo disso são os apps (ou seja, aplicativos): até pouco tempo atrás não encontrar-se-ia nenhum app específico para deficientes visuais, no entanto, caso se realize atualmente uma pesquisa básica na Play Store ou na Apple Store, é possível encontrar vários aplicativos. Abaixo, no próximo item, é possível conferir alguns dados estatísticos, de acordo com o IBGE (2010). 2.1 Deficiência visual no Brasil Segundo a Organização Mundial da Saúde, as principais causas de cegueira no Brasil são: catarata, glaucoma, retinopatia diabética, cegueira infantil e degeneração macular. 15 Os censos demográficos são planejados para serem executados nos anos de finais zero, ou seja, a cada dez anos. Desta forma o último censo realizado no Brasil foi no ano de No intervalo entre dois censos demográficos, realiza-se a contagem de população.

34 34 IBGE 2010 No Brasil, mais de 6,5 milhões de pessoas têm alguma deficiência visual pessoas são incapazes de enxergar (cegos); pessoas possuem grande dificuldade permanente de enxergar (baixa visão ou visão subnormal); Outros 29 milhões de pessoas declararam possuir alguma dificuldade permanente de enxergar, ainda que usando óculos ou lentes. Deficientes visuais por região Total % população local Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Tabela 1 População de deficientes visuais no Brasil Diante de tais dados estatísticos do IBGE 2010, pode-se perceber que existe um número considerável de pessoas que possuem algum tipo de deficiência. Essa deficiência, até pouco tempo atrás, atrapalhava e limitava de uma forma ou de outra o acesso da pessoa a um enorme campo tecnológico que se descortinava; contudo, felizmente, essas limitações têm diminuído gradativamente, pois o deficiente já utiliza as novas tecnologias digitais da mesma forma que uma pessoa vidente o faz. Uma grande parcela de pessoas com deficiência encontra-se matriculadas em algum curso de tecnologia voltado para o mercado de trabalho - ou mesmo de entretenimento - em uma das dezenas de instituições espalhadas pelo Brasil que trabalham especificamente com pessoas com deficiência visual. A forma de inclusão dessas pessoas se dá ainda de maneira lenta e de configuração desordenada; tramitava no Congresso Nacional, há mais de dez anos, uma lei para aprovar o estatuto da pessoa com deficiência. Após mais de dez anos

35 35 de atraso, a lei nº foi aprovada no dia 6 de julho de 2015 e devidamente promulgada. Apesar do atraso, a supracitada lei trouxe alguns benefícios para a pessoa com deficiência, tais como a inclusão social, cotas e outros mais. Com dez anos de atraso, indubitavelmente, o estatuto chega com algumas desvantagens, contudo, ainda assim proporciona alguns benefícios para a pessoa com deficiência. Há dez anos, o mundo tecnológico era outro; diante dessas mudanças, não há que se falar sobre inclusão social caso não se aborde a inclusão tecnológica e, para isso, muito institutos sem fins lucrativos na cidade de São Paulo têm dado um salto enorme para a qualificação de pessoa com deficiência visando ao mercado de trabalho e à qualidade de vida. 2.2 O deficiente visual no mundo digital A partir do início da revolução digital, a comunicação entre os homens tem sofrido inúmeras transformações, que vão desde a criação de novos canais comunicacionais até mudanças nas linguagens de alguns meios preexistentes. Essas interferências ocorrem devido aos diversos fatores intrínsecos ao meio digital. O desenvolvimento das tecnologias digitais e a grande quantidade de redes interativas colocam a humanidade diante de um novo horizonte: os indivíduos já não são como antes. Isso porque as práticas, as atitudes, os modos de pensamento e os valores estão cada vez mais sendo condicionados pelo espaço de comunicação que surge da interconexão mundial de computadores. A internet é atualmente o lugar no qual praticamente todas as mídias convergem. Esse espaço é fonte primária para comunicação, sociabilidade e interatividade das pessoas vidente e, consequentemente, até pouco tempo atrás foram desenvolvidas ferramentas visando também à inclusão neste novo universo de pessoas com deficiência visual e auditiva. O deficiente visual utiliza a rede mundial de computadores, a internet, para se tornar cada vez mais independente; a liberdade de ir e vir sem necessitar do auxílio de um terceiro é algo que foi sempre desejado e almejado por muitos que vivem com algum tipo de deficiência. A popularização da internet no final dos anos 90, a internet sem fio, os gadgets (dispositivos eletrônicos portáteis como, celulares, smartphones, ipad, iphone e tablets), e, consequentemente, a convergência de várias mídias,

36 36 proporcionaram ao deficiente visual um universo infinito de possibilidades; com isso, uma nova forma de ver e pensar o mundo foi sendo moldada e adaptada para que o deficiente pudesse ter mais e mais acesso à rede mundial de computadores. Com os novos gadgets conectados à internet, o deficiente visual vislumbrou novos horizontes em direção a suas conquistas, adquirindo uma independência e mobilidade nunca antes exequíveis. Diante do constante desenvolvimento da tecnologia, múltiplos conceitos sugiram. Por certo que atualmente existem várias formas de conceituar a tecnologia. Devido essa diversidade de conceitos este capítulo basear-se-á em especial no conceito sugerido por Álvaro Vieira Pinto. Pinto (2005) esclarece em sua obra que o termo tecnologia pode ser enumerado a partir de três conceitos básicos, a saber: o primeiro significado etimológico traz a tecnologia como a teoria, a ciência, o estudo, a discussão da técnica, os modos de produzir alguma coisa. O segundo assevera que tecnologia equivale pura e simplesmente à técnica. Como se pode perceber, para este trabalho, assumir-se-á o significado associado ao primeiro conceito evidenciado pelo autor. Estreitamente ligada aos conceitos explicitados acima está a terceira definição de tecnologia utilizada por Pinto, que é entendida como o conjunto de todas as técnicas de que dispõe uma determinada sociedade, em qualquer fase histórica de seu desenvolvimento. Em tal caso, aplica-se tanto às civilizações do passado quanto às condições vigentes modernamente em qualquer grupo social. Os conceitos citados por Álvaro são fontes de iluminação para perceber o modo como a sociedade se relaciona com novas ferramentas que modificam e transformam a vida. A fim de perceber como a tecnologia tornou-se extremamente necessária para a sociedade, é imprescindível olhar - a partir de seus conceitos - para a significativa evolução do ciberespaço e da internet. O universo do ciberespaço e da internet evoluíram com tamanha velocidade que se tornaram parte da vida do indivíduo, de tal maneia que já não se consegue imaginar o mundo sem eles. Mas é claro que essas são apenas as tecnologias do momento, outras formas já foram acomodadas pela sociedade, de modo que já nem se percebe que elas fazem parte da vida há muito tempo.

37 37 Segundo Kevin Kelly (TED, 2005) 16, a tecnologia é algo que faz parte da vida desde o início, ou seja, desde os primórdios da teoria do Big Bang. Com a expansão do universo, também se expande a tecnologia, trazendo diferenças, diversidade, opções, escolhas, oportunidades, possibilidades e liberdade. O que a tecnologia quer? Essa é uma pergunta proposta por Kelly em sua palestra dada no TED. Talvez não se saiba o que tecnologia de fato quer, mas se sabe ao menos aquilo que se pode tirar e querer dela; o que se quer da tecnologia é usá-la de várias formas a fim de facilitar a comunicação, as relações, a interatividade, a sociabilidade, etc. Por exemplo, a internet era um recurso que nem se imaginava que se queria, no entanto, agora, ela parece tão real que pode se dizer que era exatamente isso que humanidade queria da tecnologia. Para, além disso, há também a questão da oralidade; verifica-se um retorno à oralidade, uma vez que o modo como a comunicação se processa na internet (por exemplo, nas salas de chat, Skype, Whatsapp), ou seja, escrevendo como se fala, está muito próximo dessa mesma oralidade, embora pertencente ao domínio da escrita. Contudo, a internet vai muito mais além da mera oralidade, combinando texto, sons e imagens. Por essa razão, a internet muda completamente a comunicação humana e muda particularmente forma como o deficiente visual se relaciona e interage com este novo universo. Na internet encontram-se verdadeiros pontos de encontro, interação e sociabilidade online que contribui para a formação de comunidades virtuais. O conjunto de pessoas (deficientes visuais) que se reúne e interage através de uma sala de chat, blogs e redes sociais experimenta circunstâncias idênticas às acima descritas, mas com uma diferença: o local compartilhado é o ciberespaço. As comunidades virtuais podem ser definidas como sendo aquelas nas quais as relações sociais que se estabelecem ocorrem no ciberespaço através de um contato repetido em um local específico, simbolicamente limitado por um tópico de interesse (por exemplo, uma sala de chat). André Lemos (2002) defende que o ciberespaço não é uma entidade puramente cibernética, e o interesse antropológico do ciberespaço reside justamente no vitalismo social, nomeadamente, interfaces. Ele afirma que o ciberespaço não 16 É uma série de conferências realizadas na Europa, na Ásia e nas Américas pela fundação Sapling, dos Estados Unidos, sem fins lucrativos, destinadas à disseminação de boas ideias que pretendem mudar o mundo.

38 38 está desligado da realidade; é um espaço intermédio. Nele, todos são atores, autores e agentes de interação. E são exatamente essas formas de interagir que facilitam a vida e a forma de comunicação com o deficiente visual. A pessoa com deficiência visual não precisa mais de um terceiro para orientá-la em seus afazeres; atualmente, um deficiente visual senta em frente a um computador - ou mesmo com seu smartphone - conectado à internet e consegue se comunicar de igual para igual com qualquer pessoa, sem que esta perceba que ele tem quaisquer deficiências. A relação pessoa-pessoa através das tecnologias digitais se tornou um grande achado para conectar pessoas pelo o mundo e, com isso, proporcionou à pessoa com deficiência uma experiência sem precedência na história. Segundo Luiz Simões Cunha (2009), através do ciberespaço é possível definir três pilares psicossociais da comunicação pessoa-pessoa, seja ela vidente ou deficiente visual, a saber: 1) a realidade construída na rede; 2) a conversação virtual; 3) a construção da identidade. A rede surge, então, como um espaço verdadeiramente democrático, no qual todos têm igualdade de oportunidades, independentemente de questões de gênero, saúde, estatuto, etnia, deficiência etc. A influência de uns sobre os outros está apenas limitada pela capacidade de comunicação, que depende não só da habilidade verbal, como também dos conhecimentos técnicos obtidos. A rede, de certa forma, unifica os indivíduos como sendo todos iguais, eliminando assim, grande parte das diferenças e limitações. A própria metáfora espacial que se usava para caracterizar a internet como um ciberespaço, remete ao fato de o próprio conceito de espacialidade ser modificado por este meio: as pessoas podem interagir durante dias, semanas ou mesmo anos (através do chat, por exemplo), independentemente de mudanças geográficas que tenham lugar; a comunidade está onde a pessoa estiver. É um ótimo suporte - dentro daqueles que estão atualmente disponíveis - para manter o contato social com pessoas distantes. Em suma, ao criar um meio de circulação de informações, a rede possibilitou uma multiplicidade de formas de comunicação e de criação de sociabilidades e interatividades através da comunicação mediada por computador, tablets, celulares

39 39 smartphones, etc. A rede mundial de computadores possibilitou mudanças nas relações do homem com a tecnologia e entre si, gerando novas formas de comunicação, expressão cultural e de sociabilidade; essas novas formas de sociabilidade estão condicionadas pelo aparecimento de novas identidades sociais. A internet é, simultaneamente, informação e contexto de interação, espaço site e tempo, mas que altera as próprias coordenadas no espaço-temporal a que se está habituado, compactando-as, ou seja, o espaço e o tempo na rede existem na medida em que são construções sociais partilhadas; são, na verdade, espaços que se expandiram, uma nova forma de comunicação, tornaram-se espaço sem dimensão. As redes geram novos espaços de encontro, novos espaços de sociabilidade; há que se questionar em que medida esses novos espaços representacionais recriam as identidades e as práticas culturais e geram um espaço antropológico alternativo. Howard Rheingold assevera que Talvez o ciberespaço seja um dos lugares públicos informais onde possamos reconstruir os aspectos comunitários perdidos quando a mercearia da esquina se transforma em hipermercado. Ou quem sabe o ciberespaço seja precisamente o lugar errado onde procurar o renascimento da comunicação, oferecendo, não um instrumento para o convívio, mas um simulacro sem vida das emoções reais e do verdadeiro compromisso perante os outros. Seja qual for o caso, precisamos de descobri-lo o mais rapidamente possível (RHEINGOLD, 1996, p. 43). Quando Rheingold escrevera sobre o ciberespaço, ainda não era claro afirmar em que se tornaria este espaço. Era difícil precisar o que esperar das recentes tecnologias. Agora sim, pode-se afirmar com mais clareza que a internet se tornou neste lugar aonde se podem construir os espaços, informais, comunitários, educativos e sociais. Na palestra proferida por Kelly, ele um questionamento sobre o que a tecnologia quer. Dando um viés mais específico à pergunta, e se interrogasse o que a pessoa com deficiência visual quer da tecnologia? O que seria conveniente para essa pergunta seria a resposta sobre o que a tecnologia traz: escolhas, possibilidades, liberdade. E é exatamente isso que o deficiente visual quer da tecnologia, é o que ela pode proporcionar dando independência para poder guiar a si próprio com autonomia.

40 40 A tecnologia não trouxe apenas mudança para o vidente, trouxe também transformações, liberdade e independência para a pessoa com deficiência; é exatamente nesse ambiente de tecnologia - e agora, no universo da internet - que o deficiente interage com mais segurança, liberdade e autonomia. Com a popularização da internet surgem novas possibilidade para a comunicação, com uma nova realidade nunca antes imaginada. Os apps (pequenos softwares, geralmente usado nos celulares), por exemplo, surgiram com a expansão da internet sem fio e com a evolução dos telefones celulares (os chamados smartphones). Atualmente, é quase que imprescindível para um deficiente visual que queira ter autonomia, liberdade e independência viver sem um smartphone conectado à internet. Há alguns anos era impossível encontrar apps para o público com deficiência, mas a partir de 2010 este cenário começou a mudar; caso se entre nos dias de hoje na loja virtual do Google - a Google Play - ou da Apple - Apple Store - e se digite as palavras deficiente visual, aparecerá na tela uma grande quantidade de opções de apps voltados exclusivamente para o deficiente visual. Claro que, se for feita uma avaliação, isso não corresponde nem a 10% daquilo que se pode encontrar para o público vidente. Há um crescimento exponencial e também um incentivo para que cada vez mais jovens possam desenvolver aplicativos, e assim, novas possibilidade surgem. Atualmente, uma das plataformas mais populares para se criar um app é o Android, que é um código aberto do Google, isso facilita bastante a criação de novos aplicativos. No entanto, não existe apenas a plataforma Android para a criação de apps, há mais algumas específicas para smartphones, como a plataforma Windows e ios da Apple. Com os apps, as redes e movimentos sociais se expandiram de tal forma que é impossível prever até que ponto elas modificam e transformam ao redor do mundo a vida de milhares de pessoas conectadas sejam elas videntes ou deficientes visuais. A rede transforma seres humanos em seres para os demais, conectados em um universo sem lugar específico, mas com algo que é comum a todos: a vontade de compartilhar e interagir com o universo que ao mesmo unifica os indivíduos, conectando-os e socializando-os. Só de imaginar que você pode - do seu quarto - se comunicar com alguém que está do outro lado do mundo, sem precisar de nenhum esforço, já é uma enorme transformação sem precedência.

41 41 Anteriormente, imaginava-se que no novo século XXI, o homem estaria andado em automóveis voadores para se deslocar mais rapidamente de um lugar para o outro, mas não se imaginava que esse deslocamento seria de outra forma, através das palavras, das imagens, do som. Com essa revolução, ficou mais fácil participar de ideias comuns (por meio de blogs, rede sociais, chats, whatsapp, etc.) em todo planeta, e não precisa ser vidente para isso, existe um grande número de pessoas com deficiências que participam direta e indiretamente de várias redes e movimentos sociais, interagindo e dando sua contribuição na construção de um mundo melhor para se viver. Devido a movimentos como estes, as grandes corporações tecnológicas já trazem em seus aparelhos tecnológicos ferramentas específicas para a acessibilidade; foram anos de luta, pesquisas e reivindicações para que essas transformações acontecessem. Atualmente, percebe-se claramente uma preocupação em adaptar novas ferramentas para a acessibilidade em todos os setores tecnológicos. Mas ainda se está longe de chegar ao nível de acessibilidade de países desenvolvidos; no entanto, há uma nítida vontade de melhor por meio das tecnologias a qualidade de vida para as pessoas com deficiência, seja qual for a deficiência. Estas mudanças são possíveis devido às inovações tecnologias constantes. As redes e movimentos sociais, atualmente, representam uma forma de se dizer o que se pensa e o que se quer para melhorar a sociedade tecnologicamente falando. Por esse motivo, elas agregam pessoas dos mais diversos setores, as quais se sentem interessadas em dar uma contribuição para construir e transformar a sociedade em um lugar mais fraternal e também mais humano. 2.3 A rede e o movimento social Em uma de suas obras, Manuel Castells define rede como um conjunto de nós interconectados. Nó é o ponto no qual uma curva se entrecorta. Concretamente, o que um nó é depende do tipo de redes concretas de que falamos (CASTELLS, 1999, p. 566); é exatamente isso que a rede mundial de computares proporciona a milhares de pessoas conectadas neste exato momento. O deficiente visual se apropriou dessa possibilidade que a rede oferece para ir além dos limites definidos pela falta de visão. A rede deu aos deficientes a possibilidade de olhar o mundo de outra perspectiva, de expandir seus horizontes,

42 42 sendo que os apps deram a eles um pouco mais que isso, deram liberdade, independência e autonomia. Castells mostra ainda que as "redes constituem a nova morfologia social de nossas sociedades e a difusão da lógica de redes modifica de forma substancial a operação e os resultados dos processos produtivos e de experiência, poder e cultura (CASTELLS, 1999, p. 565). É esse processo produtivo que as conexões em rede revelaram, e fez as inspirações e os sonhos de milhares de pessoas com deficiência ganharem uma nova vida, uma nova forma de se comunicarem; elas já não estão mais presas em suas limitações, podem criar asas e voar sem medo de desvendar um mundo totalmente novo e cheio de possibilidades. A relação deficiente visual-computador se desenvolve no sentido de incluir cada vez mais canais sensoriais e motores. Do ponto de vista da ampliação da capacidade de percepção e de apreensão por parte dos deficientes visuais, uma das iniciativas mais fascinantes é o desenvolvimento de interfaces de voz - análogos digitais da figura do ledor humano - que permite aos cegos acessar o conteúdo de textos escritos através de sua tradução para uma linguagem verbal oral. As redes proporcionam ao deficiente visual autonomia e liberdade em uma estrutura social totalmente aberta, criadora de novos movimentos sociais de fáceis interações. Uma estrutura social com base em redes é um sistema aberto altamente dinâmico, suscetível de inovação, sem ameaças ao seu equilíbrio. Redes são instrumentos apropriados para a economia capitalista baseada na inovação, globalização e concentração descentralizada; para o trabalho (CASTELLS, 1999, p. 566). Pode parecer estranho falar em "movimento social" quando se trata de um fenômeno habitualmente considerado como "técnico". Pierre Lévy, em sua obra Cibercultura (1999), tenta sustentar a tese de que: a emergência do ciberespaço é fruto de um verdadeiro movimento social, com seu grupo líder (a juventude metropolitana escolarizada), suas palavras de ordem (interconexão, criação de comunidades virtuais, inteligência coletiva) e suas aspirações coerentes (LÉVY, 1999, p. 123). Talvez ele tenha razão, mas este processo não para estes movimentos, eles estão sempre em transformação. Vive-se em uma sociedade na qual a presença das

43 43 novas tecnologias de informação, comunicação e entretenimento é cada vez maior e, com elas, os conceitos de informação, conectividade e interatividade. Todos esses avanços das tecnologias de comunicação têm como pano de fundo um dos movimentos sociais mais importantes da atualidade: a tecnologia digital que transforma e modifica uma sociedade através de uma nova cultura digital que revoluciona a sociedade contemporânea. Lévy acentua que, mesmo antes da noção de movimento social, pode-se reconhecer a existência de relações - algumas vezes muito estreitas - entre determinados desenvolvimentos tecno-industriais e fortes correntes culturais ou fenômenos de mentalidade coletiva; um exemplo muito simples é o caso do automóvel, que é especialmente significativo quanto a isso: Não é possível atribuir unicamente à indústria automotiva e às multinacionais do petróleo o impressionante desenvolvimento do automóvel individual neste século, com todas as suas consequências sobre a estruturação do território, a cidade, a demografia, a poluição sonora e atmosférica etc. O automóvel respondeu a uma imensa necessidade de autonomia e de potência individual. Foi investido de fantasmas, emoções, gozos e frustrações. A densa rede das garagens e dos postos de gasolina, as indústrias associadas, os clubes, as revistas, as competições esportivas, a mitologia da estrada constituem um universo prático e mental fortemente investido por milhões de pessoas. Se não tivesse encontrado desejos que lhe respondem e a fazem viver, a indústria automobilística não poderia, com suas próprias forças, ter feito surgir esse universo. O desejo é motor. As formas econômicas e institucionais dão forma ao desejo, o canalizam, o refinam e, inevitavelmente, o desviam ou transformam (LÉVY, 1999, p. 123). Lévy destaca aqui a interconexão, sendo ela um dos princípios mais importante para o ciberespaço. Um exemplo disso é se compararmos o automóvel e as tecnologias. Os dois provocaram uma revolução na sociedade; mas, ao contrário do automóvel, a tecnologia não foi decidida - e muito menos prevista - por qualquer governo ou multinacional poderosa. Seu principal motor foi um movimento social visando à reapropriação em favor dos indivíduos de uma potência técnica que, até então, havia sido monopolizada por grandes instituições burocráticas. O crescimento da comunicação baseada na informática foi iniciado por um movimento de jovens metropolitanos cultos que veio à tona no final dos anos 80. Os atores desse movimento exploraram e construíram um espaço de encontro, de compartilhamento e de invenção coletiva. Se a internet constitui o grande mar do

44 44 novo universo informacional, é preciso não se esquecer dos muitos afluentes que a sustentam: redes independentes de empresas, de associações, de universidades, sem esquecer as mídias clássicas (bibliotecas, museus, jornais, televisão, cinema, rádio, etc.). É exatamente o conjunto dessas "redes hidrográficas", que constituem o ciberespaço e a internet (LÉVY, 1999, p. 125). E é precisamente nesse universo tão importante na contemporaneidade que o deficiente visual constrói sua liberdade e autonomia. Podendo assim se relacionar com uma gama de possiblidades que o cerca, mas que não mais o limita, mas sim o liberta para uma nova realidade nunca antes imaginada. 2.4 O desafio da modernidade em transformação A construção do mundo com novas tecnologias, além de assegurar a satisfação das necessidades do homem, constitui-se também como possibilidade da sua liberdade; liberdade em relação à natureza e aos outros homens, seus iguais. A possibilidade dessa liberdade nasce da capacidade dada pela razão prática, que permite ao homem significar o mundo que o cerca (a natureza e os outros homens) e a si mesmo, enquanto orienta o seu agir. É por meio da ação humana que se constrói o mundo humano. A construção de um mundo humano é o que propõe os movimentos e redes sociais espalhadas pelo mundo inteiro. É inegável, para o homem contemporâneo, que a ciência e suas aplicações técnicas constituem atividades principais que constroem e reconstroem este mundo humano, isto é, modificam a cultura. A ciência é humanizante quando crítica, constrói e reconstrói o edifício do saber teórico e prático com pretensão de verdade. É também com base nesta mesma pretensão que a ciência se justifica perante a sociedade; dessa forma, a atividade científica, na medida em que sua pretensão de verdade pode ser reconhecida pela razão prática, constitui para o homem um bem e um valor que orienta o seu agir. A pretensão de verdade, assim entendida, é motivação profunda para uma série de práticas culturais na civilização científico-tecnológica, como a pesquisa, o ensino, o desenvolvimento de novas tecnologias, a produção de objetos técnicos, a implantação de políticas e de sistemas econômicos locais e globais. Ora, essa verdade buscada pela ciência traria em si a normatividade deste mesmo ethos assim fundado; a justificação racional de toda essa série de práticas culturais estaria na própria teoria científica.

45 45 Desde esse evento, o domínio englobante do significado, a pretensão do tudo, a tentativa de instaurar o mesmo sentido em cada lugar está, para a sociedade, associada ao universal. Com a chegada do computador e, logo em seguida, a internet, o universal fica cada vez mais próximo de ser alcançado; esses dois veículos provocaram uma revolução nos meios de comunicação. Atualmente, a cada minuto novas pessoas acessam a internet, novos computadores se interconectam, novas informações são injetadas na rede, através de blogs, websites, redes sociais, Twitter, Toutube, etc. Quanto mais o ciberespaço se estende, mais universal se torna e, portanto, menos totalizável. O deficiente visual é parte deste universo; seus conhecimentos e sua autonomia se expandem na mesma velocidade em que aumentam as novas formas de comunicação em rede. Talvez um dos fenômenos mais marcantes deste século seja a convergência da cultura e da técnica, sinais de uma requisição geral da experiência pela técnica. De maneira crescente, muitos setores do conhecimento contemporâneo podem ser supridos, complementados e proferidos pelas novas tecnologias ao mesmo tempo em que surgem novos domínios, totalmente técnico, tal como a internet. Assim, o novo é a possibilidade de exprimir o analógico em digital, que se autonomiza num espaço próprio. Essa era uma das preocupações de Heidegger. A preocupação dele era que um dia o homem poderia perder o controle da técnica, então aconteceria um rompimento entre homem e técnica, sendo assim, aos poucos o homem seria dependente da técnica. Há sim, certa preocupação e questionamentos em relação a essa dependência. Ao mesmo tempo em que novos elementos técnicos surgem disponibilizando autonomia eles também condicionam os usuários. Portanto, para o deficiente visual as tecnologias acessíveis podem ser uma faca de dois gumes, por um lado o deficiente que deseja liberdade e autonomia e por outro risco de se tornar dependente de uma tecnologia. A melhor opção diante disso é poder conviver em harmonia com as novas descobertas técnicas sem perder a relação reciproca com a mesma. A atualidade está, portanto, por ser intensamente marcada pelas novas tecnologias digitais. Isso ilustra, quase sem nenhuma pretensão, que se começou a falar de cibercultura, de cultura digital, de experiência virtual, dentre outros conceitos

46 46 associados. Como será viver nesta contemporaneidade com novas tecnologias e experiências que surpreendem a cada instante? Os novos meios destroem o tempo e o espaço; agora estão a impor a imediaticidade. Com isso, aparecem novas categorias quase invisíveis, mas enormemente estruturantes, como aquelas que opunham presença e ausência, longe e perto, lugar e não lugar, real e irreal, online, off line, etc. Não se pode negar que a internet, além de trazer um profundo impacto nos processos de comunicação, pode ter colaborado com a consolidação desse fenômeno cibernético. A internet propicia aos deficientes visuais e aos videntes diferentes formas de comunicações distintas daquelas que as mídias clássicas mostraram ao longo desses anos; tem-se, agora, um espaço de comunicação que permite acessar, disponibilizar, acrescentar e encontrar diferentes tipos de informações para os mais diversos públicos. Com o advento das novas tecnologias a cultura foi, paulatinamente, se transformando na chamada cultura tecnológica ou cultura digital, na qual tudo tem a ver com o sistema (desculpe, mas o sistema caiu; desculpe, o sistema não está funcionando). Como se tudo fossem movidos pelo o novo sistema tecnológico. Essa mesma cultura é, atualmente, uma cultura que acompanha o desenvolvimento do ciberespaço, da internet, mas também de novas técnicas de representação (imagens numéricas, realidade virtual e tele virtual, comunidades virtuais, dentre outras). Todo esse movimento, evidentemente, transforma e impacta a vida do deficiente visual no planeta. Essa nova cultura é fundamentalmente ligada a mundialização em curso e às mudanças culturais, sociais e políticas induzidas pela mesma. Mas, sem dúvida, o mais importante é que essa nova cultura provoca o indivíduo e o obriga a lançar novamente velhas questões: que civilização se quer construir neste novo século? De que solidariedades, interatividade, associabilidade se tem necessidade em um mundo doravante interdependente intimamente? Qual o lugar do ser humano (deficiente visual) neste mundo cibernético? São perguntas que ajudam a pensar que tipo de tecnologia ainda surgirá e como ela afetará o indivíduo e o afeta neste exato momento. O que o futuro reserva? As novas tecnologias estão cada vez mais rápidas, de modo que é imprevisível apontar o que o homem será capaz de inventar. Debruçado sobre seus projetos, o homem avança e transforma o presente e o futuro num constante processo evolutivo sem que haja a simples substituição de

47 47 uma técnica por outra, mas um deslocamento de centros de gravidade. Constatase que sempre há movimentos crescentes e sucessivos na história: da oralidade para a escrita, da escrita para a imprensa, desta para o rádio e para a televisão, até chegar-se à informática. O aperfeiçoamento dos meios de comunicação de veicular à informação foi criado pela necessidade do homem se comunicar. O ser humano, ao longo de sua história, mantém-se sempre na expectativa de desvelar novos horizontes, explorar territórios alheios, impulsionado que é pelo desejo de interação e de novas descobertas. Diante destes novos desafios da modernidade, a sociabilidade e interatividade midiática para o acesso do deficiente visual é sim uma realidade à qual todas as pessoas com deficiência visual podem e devem usufruir; é uma nova porta que se abre e uma nova realidade para viver em um mundo cada vez melhor, com liberdade e autonomia. São as interconexões, inclusões e interatividade que a internet proporciona a todos, sem diferenciação de cor, raça ou deficiência. No próximo capítulo será possível perceber a relação da sociabilidade e a interatividade midiática no audiovisual para o acesso do deficiente visual por meio de fatores; primeiramente, por pesquisas - visitas, aplicação de questionários e entrevistas - feitas em três instituições da cidade de São Paulo que trabalham diretamente com tecnologia para deficientes visuais (ADEVA, Dorina Nowill e LARAMARA); segundo, por meio de pesquisa elaborada por Hugo Münsterberg (1916) sobre atenção, memória, imaginação e as emoções que são elementos essenciais para o desenvolvimento de uma vida mais profícua para o deficiente visual; por último, pela importância do aguçamento dos sentidos para o deficiente visual, fator ilustrado pelos entrevistados no documentário Janela da Alma (2001).

48 48 3. VIVENDO COM AS TECNOLOGIAS: UM ESTUDO DAS INSTITUIÇÕES ADEVA, DORINA NOWILL E LARAMARA É notório que, nas últimas décadas, a rede mundial de computadores revolucionou o acesso às novas informações digitais e, principalmente, as diferentes formas de comunicação. Tais transformações e mudanças se deram, principalmente, a partir do início da revolução digital, não obstante os homens tenham vivido inúmeras mudanças, desde a criação de novos canais comunicacionais até a modificação das linguagens de alguns meios preexistentes. Decerto que muitos dos jovens nascidos já na era digital talvez nem percebam o quão grande foram essas mudanças; no entanto, para aqueles nascidos antes da popularização da internet, esta transição do sistema analógico para o digital se faz bastante presente. Presenciar as transformações tecnológicas constantes no mundo é quase parte essencial da contemporaneidade, haja vista o fato de, a cada dia, serem criadas novas ferramentas a fim de facilitar a vida do homem moderno. Tais ferramentas favorecem também o fortalecimento da midiatização. O termo midiatização foi aplicado, primeiramente, por Kent Christer Asp - pesquisador sueco da comunicação e também professor da Göteborgs Universitet, na Suécia - em referência ao impacto dos meios de comunicação na política. Ele assevera: O termo midiatização foi aplicado, pela primeira vez, ao impacto dos meios de comunicação na comunicação política e a outros efeitos na política. Asp foi o primeiro a falar sobre a midiatização da vida política, referindo-se a um processo pelo qual um sistema político é, em alto grau, influenciado pelas e ajustado às demandas dos meios de comunicação de massa em sua cobertura da política. (ASP, 1986, p. 55) 17. Outra definição do conceito de midiatização é dada por Jairo Ferreira, para quem midiatização é uma análise do dispositivo midiático que se configura a partir de uma matriz primária triádica. (FERREIRA, 2007, p. 8). Deste modo, essa 17 Extraído da Revista Matrizes - Revista do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Universidade de São Paulo - USP, ano 5, nº 2, jan./jun. São Paulo, Disponível em: < Acesso em: 15 jul

49 49 configuração englobaria três sistemas, a saber: o social, o tecnológico e o de linguagem. A midiatização seria, então, qualquer veículo de comunicação que se desse nas relações entre os três sistemas. Já o sociólogo John B. Thompson (1995) compreende a midiatização como parte integral do desenvolvimento da sociedade moderna. O Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa, em sua versão online, apresenta o conceito do vocábulo midiatização como sendo a ação ou o efeito de midiatizar; e midiatizar, por sua vez, é difundir qualquer informação por meio dos veículos de comunicação. Portanto, a midiatização é uma forma de difusão de informação. Deste modo, o que se pretende neste capítulo é mostrar, de forma concisa, o modo pelo qual os impactos, percepções, sensações e emoções são provocados por meio da midiatização digital direcionada aos deficientes visuais que estão inseridos neste atual contexto midiático. Iniciar-se-á, primeiramente, com uma breve descrição acerca da questão dos graus de deficiências e de como ela se constitui bem mais complexa do que se pode imaginar, esclarecendo-se, assim, o processo que se deu na pesquisa empírica realizada nas instituições ADEVA (Associação de Deficientes Visuais e Amigos), Dorina Nowill e LARAMA. Em um segundo momento, destacar-se-á alguns pontos fulcrais do trabalho de Hugo Münsterberg, em sua obra intitulada The Photoplay: a psychological study (1916), a saber: a importância da atenção, memória, imaginação e as emoções no ambiente do deficiente visual, bem como o modo pelo qual fazem usos destes recursos a fim de viverem em uma sociedade cada vez mais imagética. Münsterberg se tornou autor referencial teórico no presente trabalho a partir da realização das pesquisas empíricas e as de campo; diante delas, foi possível observar e estabelecer uma conexão relacionando com o trabalho sobre atenção, memória, imaginação e as emoções que estão ligadas, à princípio, com o cinema e o audiovisual. Ainda que o texto de Münsterberg seja tão antigo (1916) e utilizado por ele apenas a partir da perspectiva do cinema, foi possível atualizá-lo e relacioná-lo por meio das diferentes tecnologias contemporâneas; destarte, relacionando a pesquisa empírica com o texto de Münsterberg, foi possível perceber a atemporalidade de sua obra. Emoções, imaginação, atenção e memória são inerentes ao ser humano e, por muitas vezes, foram citadas pelos deficientes visuais como essenciais para uma

50 50 vida mais ativa com o mundo das tecnologias. Derradeiramente, serão abordados significativos fragmentos do documentário intitulado Janela da Alma, obra dos diretores João Jardim e Walter Carvalho, na qual apresentam um grupo de artistas, diretores e cientistas com diferentes graus de deficiência visual, bem como tratam da forma como estes veem o mundo. Portanto, será traçado neste capítulo a relação do trabalho desenvolvido por Münsterberg, as entrevistas concedidas no documentário Janela da Alma e as entrevistas-pesquisas realizadas nas principais instituições do município de São Paulo que desenvolvem trabalhos associando as tecnologias audiovisuais ao deficiente visual. 3.1 Trabalhando com tecnologias audiovisuais As pesquisas empíricas foram realizas em três diferentes instituições da cidade de São Paulo, quais sejam: ADEVA (Associação de Deficientes Visuais e Amigos), Dorina Nowill e LARAMA. Após levantamento das instituições existentes no município, foram realizadas visitas a fim de poder conhecer melhor o trabalho realizado por essas instituições. No dia 31 de julho de 2015 na ADEVA; nos dias 04 e 11 de agosto na Dorina Nowill; e, por fim, no dia 29 de setembro na LARAMA 18. Após essas visitas, foram realizadas algumas conversas e entrevistas com 15 deficientes visuais (com diferentes graus de deficiência) das três instituições, respectivamente. A questão dos graus de deficiência é bem mais complexa do que se pode imaginar; até mesmo para um deficiente visual é difícil compreender a quantidade de regras e números sugeridos para se classificar e descobrir qual o grau de uma determinada deficiência. Portanto, não se aprofundará aqui em questões mais específicas, mas será realizado um pequeno esclarecimento e uma ilustração - feitos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) - acerca deste assunto. Em novembro de 1972, a OMS reuniu, em Genebra, o Grupo de Estudos sobre a Prevenção da Cegueira, o qual criou as categorias de deficiência visual atualmente utilizadas em todo o mundo. De acordo com esta definição, o termo visão subnormal aplica-se às categorias (1 e 2) do quadro a seguir, enquanto o 18 As cartas comprobatórias encontram-se ao final do trabalho, no Anexo.

51 51 termo cegueira relaciona-se às categorias (3, 4 e 5) e a perda de visão sem qualificação, à categoria (9). No quadro a seguir 19 é apresentada a classificação da gravidade do comprometimento visual recomendada pelo Grupo de Estudos sobre a Prevenção da Cegueira da OMS 20. Graus de comprometimento visual Acuidade visual com a melhor correção visual possível Máxima menor que: Mínima igual ou maior que: 6/18 6/60 1 Deficiência visual moderada 3/10 (0,3) 1/10 (0,1) 20/70 20/200 6/60 3/60 2 Deficiência visual grave 1/10 (0,1) 1/20 (0,5) 20/200 20/400 3/60 1/60 (capacidade de contar dedos a 1 metro) 3 Cegueira 1/20 (0,05) 1/50 (0,02) 20/400 5/300 (20/1200) 1/60 (capacidade de contar dedos a 1 metro) 4 Cegueira 1/50 (0,02) Percepção da Luz 5/300) 5 Cegueira Ausência da percepção da luz 9 Cegueira Indeterminada ou não especificada Tabela - 2 Os graus de comprometimento visual 19 Quadro elaborado a partir das referências propostas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). 20 WHO Technical Report Series nº 518, In: Organização Mundial da Saúde. CID-10 Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. 10a rev. São Paulo: Universidade de São Paulo; vol. 1. p. 443.

52 52 A partir de então, quase em todo mundo essa tabela é utilizada como referência a fim de se definir melhor os graus de deficiência visual de cada pessoa. Nas pesquisas empíricas, foram entrevistadas pessoas com diferentes níveis de cegueiras e de baixa visão, desde deficiência visual moderada até a cegueira total. Algumas perguntas realizadas (seis) foram sugeridas a fim de direcionar melhor o trabalho de campo. 21 Essas perguntas foram feitas com o objetivo de saber qual o nível de conhecimento e de uso tecnológico das mídias digitais e audiovisuais das pessoas com diferentes graus de deficiência visual, bem como conhecer o modo pelo qual elas conseguem perceber a imagem em movimento, os gadgets móveis. A seguir, têm-se os seis questionamentos realizados aos entrevistados: 1 - Quais as tecnologias mais usadas em seu dia a dia? Quantos graus de deficiência (em porcentagem) visual você tem? 2 - Os gadgets (dispositivos eletrônicos portáteis como PDAs, celulares, smartphones, ipad, iphone e tablets) são, atualmente, uma forma natural para que o deficiente visual possa participar desse mundo cada vez mais midiático e digital? 3 - Como você percebe a imagem em movimento em seu gadget? 4 - Qual a importância da tecnologia para sua vida? 5 - Quais as vantagens e as desvantagens de se utilizar as tecnologias digitais no processo de liberdade e autonomia do DV? 6 - Qual a importância dos outros sentidos (audição, olfato, paladar e tato) e outras sensações que você usa para se comunicar? Essas perguntas foram respondidas de forma muito semelhante pelos 15 participantes da pesquisa nas três diferentes instituições pesquisadas; 6 na ADEVA, 5 na Dorina Nowill e 4 na LARAMARA; no decorrer da pesquisa, era perceptível que todos os participantes estavam na mesma sintonia e possuíam as mesmas ideias ao responderem as perguntas. As perguntas foram sugeridas apenas como forma de direcionamento da pesquisa, pois assim seria mais fácil manter o objetivo desejado. Os entrevistados estavam bastante à vontade para falar do tema e, por isso, as 21 As entrevistas, bem como todas as citações feitas pelos entrevistados, encontram-se disponíveis na transcrição integral no apêndice.

53 53 entrevistas renderam outros momentos proveitosos de discussão sobre cultura e tecnologia. O uso de tecnologias por parte dos deficientes visuais é quase que unânime; durante a entrevista, todos - sem exceção - estavam conectados à internet por meio de seus smartphones ou tablets. O smartphone é, indubitavelmente, a ferramenta mais usada por eles. Atualmente, viver sem tecnologias, sem estar conectado, é algo quase impossível para a maioria dos entrevistados. A vida do deficiente visual em grandes cidades do Brasil - como, por exemplo, em São Paulo - é uma vida em conexão, quase sempre com seus inseparáveis smartphones, mesmo assim, muitos não dispensam o acompanhamento da boa, velha e indispensável bengala, ainda que algumas sejam digitais. As bengalas digitais vão, aos poucos, ganhando o gosto no meio dos deficientes visuais; a maioria delas possui um sistema de navegação via GPS que fornece a seu usuário a possibilidade de registrar a rota realizada, podendo, assim, repeti-la quantas vezes forem necessárias. Muitas também contam com uma tecnologia de sensores que avisam sobre obstruções no percurso ou ainda, mudanças de declive no solo. Um elemento que contribuiu para a presente pesquisa foi a percepção clara da relação existente entre o deficiente visual e as mais recentes tecnologias disponíveis no mercado. Mesmo diante dessas circunstâncias, foi possível apreender que neste convívio com as tecnologias mais recentes, softwares e Apps, algumas coisas básicas ainda são necessárias; quando foi feita a última pergunta da série de seis questões propostas, a qual versava sobre a importância dos outros sentidos (audição, olfato, paladar e tato) bem como sobre outras sensações que eles usam a fim de se comunicar, muitos se depararam com essa necessidade básica e alguns outros nem haviam pensado que não precisam da tecnologia para usá-los, usavam sem nem mesmo perceber o quanto estes sentidos são importantes. Os outros sentidos são exigidos e bastante aguçados a fim de suprir a falta da visão, de modo que só se percebe a importância destes quando perdemos um ou mais deles. Deste modo, para melhorar cada sentido restante é necessário perceber a evolução e as mudanças naturais que acontecem com aqueles que restaram. Aplicando os sentidos que sobraram com algo que é intrínseco a qualquer ser humano - a imaginação, atenção, emoções e a memória - faz com que o deficiente visual, aos poucos, se adapte à sua nova realidade e passe a agir de forma natural, como se

54 54 realmente tivesse todos os sentidos; é como se a junção de todos estes elementos tornassem a vida do deficiente visual simplesmente natural. Diante dessa conectividade destes elementos, muitos dos deficientes visuais entrevistados acreditam que a atualidade é muito melhor do que o tempo anterior às novas tecnologias, pois eles são capazes de trabalhar igualmente às pessoas que enxergam; o único fator negativo lembrado por muitos deficientes visuais sobre como essa igualdade se distancia, é a forma como as outras pessoas os subestimam tanto no trabalho como no dia a dia. A subestimação da pessoa com deficiência é o que há de mais desanimador para um deficiente visual que trabalha com outras pessoas que enxergam normalmente. Na maioria das vezes, as pessoas não acreditam que os deficientes visuais são capazes de realizar aquilo que estão fazendo. É o que afirma, com convicção, Lucas Radaelli 22 em entrevista cedida no dia 30 de dezembro de 2015 ao jornal Folha de São Paulo: Uma vez que a gente tem o conhecimento absorvido, conseguimos produzir e ser eficientes no trabalho da mesma forma que qualquer outra pessoa que enxergue. As pessoas sempre me perguntam se eu acho que ainda existe preconceito no mundo. E eu acho que o que mais existe, na verdade, é a subestimação de pessoas com deficiência. Saio de casa com meus amigos, e as pessoas perguntam se a gente é irmão. Saio com a minha namorada, e as pessoas perguntam se ela é minha irmã. É como se a pessoa com deficiência não pudesse ter amigos ou namorada, mas a verdade é que essas pessoas têm uma vida normal. Acabam subestimando todos nós ao imaginar que a gente não tem uma vida que nem a delas, uma vida em que a gente trabalha, estuda, tem amigos, namorada, sai de casa, faz a mesma coisa que todo mundo. Não acho que sou um exemplo para outras pessoas com deficiência visual porque eu acredito que elas, com as chances certas e oportunidades certas, e com força de vontade, conseguem fazer a mesma coisa que eu fiz. Mas é importante conscientizar as pessoas que não vivem com essa deficiência de como a gente vive, para diminuir essa subestimação que a gente encontra sempre por aí. (FOLHA DE SÃO PAULO ONLINE). É exatamente o desenvolvimento e o aguçamento dos outros sentidos e a conectividade com a atenção, memória e imaginação que faz com que o deficiente conquiste cada vez mais o seu lugar neste mundo cada vez mais tecnológico. 22 Deficiente visual e programador do Google, em Belo Horizonte.

55 A atenção, a memória, a imaginação e as emoções na vida do deficiente visual A partir das entrevistas empíricas realizadas, é válido afirmar que a atenção, memória, imaginação e as emoções são elementos essenciais para o desenvolvimento de uma vida mais profícua para o deficiente visual. A atenção, memória, imaginação e emoções são conceitos e métodos da psicologia utilizados por Hugo Münsterberg a fim de explicar, no início do século XX, o efeito de realidade que o cinema produz no espectador e quais elementos psicológicos são suscitados pela narrativa cinematográfica. O deficiente visual que consegue aprimorar o domínio desses elementos apontado por Münsterberg - juntamente com os sentidos que lhe restaram - faz com que sua vida se torne cada vez menos dependente, pois se torna ativo e autônomo na sociedade. Münsterberg fez seus estudos de forma geral, sem especificar o tipo de pessoa que foi analisada; assim sendo, partindo-se das referências gerais por ele citadas, foi possível - através das visitas e das perguntas previamente feitas - observar a importância da atenção, memória, imaginação e emoções, bem como a relação destas com os sentidos e as tecnologias na vida do deficiente visual. Hugo Münsterberg, nascido em Danzig, na Alemanha, era psicólogo e professor de Harvard; foi um dos pioneiros a realizar críticas relacionadas à cinematografia. Em sua obra intitulada The Photoplay: a psychological study (1916), ele analisa a relação entre cinema e espectador, bem como os elementos que a sustentam, tais como a atenção, a memória, a imaginação e a emoção. Foi Münsterberg quem antecipou a chamada Teoria da Recepção (teoria de análise do fato artístico ou cultural que enfoca sua investigação no receptor) ao explorar o entendimento de que os filmes produzem eventos mentais. Tais eventos não estão apenas na tela do cinema, mas na mente daqueles que a observam. Münsterberg acreditava que elementos fílmicos como close-up e cut back (voltar atrás) são movimentos de câmera geradores de significados, os quais podem agir de diversas formas sobre o espectador. Neste sentido, consoante o psicólogo, há uma objetivação das funções da memória, haja vista que no cut back vê-se claramente o ato mental de recordar, de lembrar; já no close-up, percebe-se o ato mental de

56 56 prestar atenção. Ele afirma ainda que, desta forma, era possível demonstrar o impacto que o cinema possui sobre o espectador ao atacar seus sentidos. Münsterberg utiliza a atenção, memória, imaginação e as emoções para explicar o efeito de realidade que o cinema causa no espectador. A atenção, por exemplo, seria uma das funções internas que mais criam significados do mundo exterior. Por isso, foi bastante considerada pelos entrevistados na pesquisa realizada. A atenção é considerada por Münsterberg como a mais fundamental, pois seleciona aquilo que é mais significativo e relevante. O deficiente visual desenvolve a atenção desde o primeiro momento em que se torna cego, ou mesmo aqueles que já nasceram sem visão, acabam desenvolvendo a atenção de forma impressionante, ainda que muitos levem um determinado tempo para notar ou perceber o quanto sua atenção foi desenvolvida. Para muitos, a atenção e a imaginação são elementos que ajudam a construir uma possível imagem que surgirá na mente: Não sei como é para uma pessoa que nunca enxergou como ela constrói essa imagem. Talvez ela precise que alguém descreva realmente como é um objeto para que ela possa tentar na sua mente construir a sua própria imagem daquilo que ela imagina que seja o que seus sentidos estão capitando. É assim que eu consigo colocar toda a minha atenção em algo para que eu possa compreender da melhor forma possível. Essa é uma forma de olhar a imaginação. (Entrevistado 4) 23. A pessoa sem visão constrói a sua forma de ver utilizando exatamente os outros sentidos, dando assim uma importância muito grande à atenção. Münsterberg (1991, p. 28) divide a atenção entre voluntária e involuntária; a voluntária é quando as impressões partem de ideias pré-concebidas as quais se almeja colocar no foco de observação; já a involuntária é diferente da primeira, pois a influência diretiva lhe é extrínseca, de modo que o foco de atenção é dado pelos objetos percebidos. Tudo aquilo que mexe com os instintos naturais assume o controle da atenção. O segundo item analisado por Münsterberg (1991, p. 36) é a memória, a qual seria a fonte de ideias e da imaginação; a memória atuaria na mente do espectador evocando coisas que dão sentido pleno, situando melhor cada cena, cada palavra e cada movimento. Os elementos que trazem significado ao deficiente é, em sua 23 Todos os trechos de falas dos entrevistados aqui mencionados são parte integrante da transcrição da entrevista, tal qual foi falado pelo entrevistado.

57 57 maioria, coisas que eles podem captar com seus sentidos. Daí, é possível notar a importância desses sentidos para uma pessoa com deficiência visual, conforme relatam dois entrevistados: Todos os sentidos são muito importantes para que possamos comunicar melhor entre nós mesmo e com as pessoas videntes. Usamos muito a imaginação para construir nosso próprio mundo de uma forma diferente para cada um. (Entrevistado 1). Eu acredito que colocamos todos os outros sentidos para funcionarem e eles funcionam muito bem. A imaginação é quando eu crio a imagem no meu cérebro, eu construo a imagem dentro da minha cabeça. (Entrevistado 3). Münsterberg afirma que a memória se relaciona com o passado e a imaginação com o futuro. Deste modo, a cinematografia agiria de forma análoga à imaginação, já que possui ideias que não estão subordinadas às exigências concretas dos acontecimentos externos, mas sim às leis psicológicas das associações de ideias; assim, a memória pode se correlacionar com a imaginação. O terceiro e último item analisado por Münsterberg (1991, p. 46) é a emoção. Ao ler o trabalho de Münsterberg, é possível distinguir com clareza dois grupos diferentes: de um lado, as emoções que comunicam os sentimentos dos atores e de seus respectivos personagens no filme; de outro, as emoções que as cenas do filme suscitam no espectador, podendo ser inteiramente diversas, ou até mesmo, as emoções expressas pelos personagens. Esses métodos da psicologia utilizados por Münsterberg para explicar o efeito de realidade que a cinematografia causa ao espectador é central na percepção do ser humano. Münsterberg mostra em seu trabalho um método psicológico especificamente aplicado à cinematografia, mas também faz comparações com o teatro. Contudo, se se considerar bem atentamente, é possível perceber e entender que tais técnicas desenvolvidas por ele também podem ser aplicadas e problematizadas em relação aos novos veículos de comunicação audiovisual mediados pela midiatização digital, tais como smartphones, tablets e, sobretudo, em relação à internet. Esta, por sua vez, é uma dessas ferramentas à qual se pode aplicar perfeitamente o que Münsterberg propôs para a cinematografia.

58 58 Como seria, então, a aplicação dessas técnicas para a percepção dos efeitos e dos impactos que elas provocam na pessoa com deficiência visual? Para uma pessoa com deficiência visual é bastante natural que essas sensações (atenção, memória, imaginação e as emoções) germinem com mais facilidade, haja vista estes sentidos serem mais aguçados e perceptíveis na pessoa com deficiência visual. Tais sensações surgem quase que naturalmente para o deficiente visual; sendo assim, ele acaba desenvolvendo outras formas de ver e perceber o mundo, estimulando - de forma instintiva - os outros sentidos, a fim de suprir a ausência do sentido que lhe falta. A visão é muito imediatista e ela faz o controle de muitas coisas na gente. Por exemplo, quando você perde a visão você fica muito desorientado disso, mas aí você se acerta, todos esses sentidos ajuda você compor a situação que você tem. É natural e perceptível. Tem várias coisas de olfato e de ouvido que só agora eu percebo melhor e com isso você vai aprimorando seus sentidos. Despertando assim sua atenção emoções e imaginação. (Entrevistado 10). No deficiente visual, essas sensações são mais acentuadas, seja por meio do cinema - como relata Münsterberg - ou ainda, em outros veículos de comunicação audiovisual como a internet smartphones e tablets. A internet pode ser considerada, atualmente, uma das ferramentas mais utilizadas para facilitar inserção do deficiente visual, seja no mercado de trabalho que cada vez é mais exigente, ou mesmo para a vida em sociedade; diante do poder que a internet proporciona atualmente à sociedade, o deficiente visual pode se aproveitar deste recurso tecnológico e aplicar sua atenção desenvolvida para compreender, de forma clara, o que ele está acessando nos mais diferentes portais, com total confiança. Para navegar na rede mundial de computadores, o deficiente visual atualmente tem à disposição os mais diferentes leitores de telas (tais como DOXVOX, Jaws, Virtual Vision, Windows-Eyes, NVDA e vários outros disponíveis no mercado). O deficiente visual se utiliza da memória e da imaginação aguçada para recordar o que já fora visto anteriormente, pois, se ele não memorizar, terá que voltar a todo instante a fim de saber o que foi visto na página anterior e com isso perderá muito tempo; assim, além de exercitar a memória, também exercita a imaginação, bem como as emoções, que provocam um estímulo pela realização de algo perceptível e apreendido. É exatamente aquilo que Münsterberg expõe em sua

59 59 pesquisa o que o deficiente visual faz todos os dias para sobreviver em um mundo cada vez mais tecnológico visual. A comunicação mediada pela midiatização digital é uma das possibilidades do audiovisual para o deficiente visual. As novas ferramentas tecnológicas agregam novos elementos aos conceitos trabalhados por Münsterberg, quais sejam, a atenção, memória, imaginação e emoções, conceitos estes, a priori, aplicados ao cinema. Tais elementos eram usados pelos deficientes visuais de modo pleno quando não existiam estas novas técnicas de se comunicar mediadas pelas tecnologias, momentos estes retratados de forma muito fidedigna em várias passagens do documentário intitulado Janela da Alma (2001). Na citada obra, dos diretores João Jardim e Walter Carvalho, estes métodos da psicologia utilizados por Münsterberg estão bastantes presentes. Janela da Alma apresenta dezenove pessoas com diferentes graus de deficiência visual - desde a miopia discreta à cegueira total -, as quais relatam o modo como se veem, como veem os outros e como percebem o mundo. O documentário aborda a visão de forma subjetiva, atribuindo a ela os diferentes sentidos de interpretação da realidade de cada um; mostra ainda como cada pessoa lida com a realidade relacionada às suas experiências de vida, percepções e demais influências presentes no cotidiano. Ao comparar as entrevistas realizadas, o trabalho de desenvolvido por Münsterberg e o documentário Janela da Alma, é extremamente notório perceber como estes três elementos se complementam e se interconectam. Vê-se pelas as pessoas entrevistadas no documentário - e pelas observações feitas por Münsterberg - que estas têm as mesmas sensações e percepções das pessoais entrevistadas nas instituições selecionadas (ADEVA, Dorina Nowill e LARAMA). Com isso, é possível perceber esta conectividade entre pesquisas realizadas em diferentes períodos e em diversas realidades, mas que se completam e se interligam. A imaginação, tanto para Münsterberg como no documentário e nas entrevistas realizadas nas instituições, é o ponto central para que qualquer ser humano possa mergulhar em um universo particular e construir, por si só, um mundo diferente e cheio de emoções, manifestadas principalmente por pessoas com deficiência visual.

60 60 A imaginação é também um dos elementos fulcrais abordados pelo documentário. O neurologista Oliver Sacks, um dos entrevistados no documentário, afirma em sua linha de estudo que o limite do olhar não é a janela da rua, ou seja, a visão de fora; não se limita a olhar o visível, mas também o invisível, algo imaginado pela mente, deste modo, acrescentar visões de mundo - do mundo ao redor e ao seu exterior - não tem limites. Para Sacks, a imaginação é algo que está em nós, sendo que alguns a manifestam mais e outros menos. Para os deficientes visuais, é natural que a imaginação ganhe mais força e acabe sendo mais aguçada a fim de compreender e entender o que se passa a sua volta; a imaginação relatada no filme aumenta a visão de mundo que cerca o indivíduo. Atualmente, as imagens, principalmente aquelas oriundas do cinema, televisão e internet (imagem em movimento) já estão prontas, sem grandes margens para a atuação da imaginação. A partir do documentário supracitado, é possível perceber que o olho, na verdade, não é apenas passivo. Se for considerado como a janela da alma, é também ativo, pois as imagens não entram, mas vêm de dentro para fora. O ver vem de dentro; a alma é a imaginação que sai. O que se vê é quase sempre modificado tanto pelos sentidos, como pelos conhecimentos, emoções, desejos e, principalmente, pela cultura na qual o indivíduo está inserido. Figura Olhar e uma estrada. Extraídos da obra Janela da Alma (2001). É exatamente neste contexto em que o deficiente visual estava inserido até o advento das novas tecnologias; com o surgimento das novas ferramentas tecnológicas, o universo do deficiente se expandiu e, atualmente, ele pode usufruir 24 Estas imagens são oriundas de print screen extraídos do próprio filme em formato DVD.

61 61 de vários instrumentos, apps (aplicativos) voltados especificamente para os deficientes visuais. Ou seja, a midiatização contribuiu e continua a contribuir para uma enorme ampliação do acesso do deficiente em ambientes diferentes, revolucionando sua forma de se comunicar como o mundo; essa foi uma posição relatada por muitos dos deficientes visuais entrevistados na pesquisa. A pessoa cega e com baixa visão a tecnologia ajudou muito não só para estudar. Antigamente a pessoa só tinha livro em Braille. Era difícil. Hoje com a tecnologia temos várias opções. A tecnologia virou para o deficiente uma ferramenta de trabalho deixando a sua vida melhor. Por exemplo, algumas pessoas me perguntam se eu uso apenas sites adaptados para deficiente visual, no meu caso e uso quase todos os sites; no Facebook, por exemplo, eu mexo sem medo consigo mexer muito bem. (Entrevistado 2). Juntamente com os outros sentidos, a atenção, memória, imaginação e emoções - conceitos e métodos da psicologia usados por Hugo Münsterberg - eram a base para o deficiente se comunicar. O deficiente visual se utiliza exatamente destes sentidos para compensar a perda da visão; é impressionante perceber que, fazendo uso destes sentidos, o deficiente visual desenvolve suas sensibilidades de forma única, conseguindo escutar, sentir, cheirar, perceber o espaço físico com uma qualidade muito superior à de pessoas que enxergam perfeitamente. Foi possível juntar o conjunto dos sentidos com o uso das tecnologias, não para que um diminuísse ou outro, mas sim para agregar, dado que um não exclui o outro. Com as tecnologias, o deficiente viu seu universo comunicacional se expandir de maneira nunca antes imaginada; a tecnologia entrou no mundo do deficiente como uma forma de ampliá-lo, dando novas possibilidades de interação em um mundo cada vez mais digital. No documentário Janela da Alma, o vereador Arnaldo Godoy relata - em uma breve conversa com o motorista que está o conduzindo para o lugar da entrevista - justamente essa forma diferente de ver a "realidade": Arnaldo: Aí você vai virar a primeira à esquerda. Motorista: Arnaldo, como é que você sabe, assim, o caminho todo, se você não está vendo? Arnaldo: A gente vai fazendo um mapa na cabeça. Eu fiz uma maquete de Belo Horizonte. Logo onde você puder parar aí, pegar uma moça que está neste prédio aí. Motorista: Vocês estão vendo, né? Eu tenho que ficar ligado em outras referências.

62 62 Figura 2 Arnaldo: Descida, subida, gira, barulho de rua são os meus sinais. Eu vou construindo essas referências nas ideias... Arnaldo Godoy. Janela da Alma (2001). Arnaldo relata exatamente a forma pela qual o deficiente visual vai se apropriando do espaço onde vive para poder enxergar de outra forma, usando os seus sentidos e também os conceitos e métodos da psicologia desenvolvidos por Hugo Münsterberg, quais sejam, a atenção, memória, imaginação e emoções. O documentário cumpre, de modo satisfatório, sua função de reforçar a ideia de que a memória visual bem como toda forma de percepção estão, impreterivelmente, ligadas à emoção. O olhar é uma interpretação mediada pelos conceitos, valores, cultura, meio, enfim, pelo ponto de vista do espectador, assim como foi observado nas entrevistas feitas com os deficientes visuais nas instituições. 3.3 Mediação da midiatização digital O que Münsterberg, o documentário Janela da Alma e as entrevistas realizadas mostram é apenas a ponta do iceberg para uma infinidade de possibilidades que as novas tecnologias trazem a fim de facilitar ao deficiente o acesso, de forma mais prática e ágil, ao mundo audiovisual: isto tudo através da comunicação mediada pela midiatização digital. A nova tecnologia digital, aplicativos e softwares são, atualmente, importantes ferramentas para que o deficiente visual possa se tornar cada vez mais livre, autônomo e independente.

63 63 Eu acho que o uso das novas tecnologias só agregou, antes a pessoa vivia mais isolada ainda, hoje você pode se comunicar com muitas pessoas. Aqui, por exemplo, cada uma é de um lugar diferente de São Paulo, se não fosse a ADEVA e a tecnologia acredito que nenhum de nós teria nos conhecidos. Até meus vinte anos eu não conhecia ninguém com o mesmo problema que eu tenho, agora eu conheço várias pessoas e posso comunicar tranquilamente com elas. Todos nós aqui viemos em busca de inclusão digital, de conhecimento, de trabalho e a tecnologia ajudou muito nisso tudo. (Entrevistado 4). É claro que não é possível ver apenas benefícios com a chegada de novas tecnologias, existem também algumas dificuldades. Junto ao advento da internet, aos poucos, foram sendo desenvolvidas novas ferramentas de mediação para um público específico (aquele com algum tipo de deficiência), mas certamente tais ferramentas não são criadas na mesma velocidade com a qual se produzem inovações voltadas para o público vidente. O desenvolvimento de um software para uma determinada deficiência leva tempo, dinheiro e vontade para que seja concebido e nem sempre os governantes estão dispostos a investir no desenvolvimento de aplicativos que facilitem a vida de uma minoria da sociedade. No entanto, atualmente, alguns softwares e apps são desenvolvidos por entidades sem fins lucrativos ou até mesmo por pessoas com alguma deficiência e que se interessam em mudar um pouco o mundo. Primeiro eu acredito que as instituições e fundações são muito importantes na formação para o uso tecnológico dos DVs eles acreditam que as instituições com curso e ferramentas são de extrema importância na formação e na orientação para o uso das ferramentas tecnológicas. Existem vários cursos desde as ferramentas disponíveis até o software mais sofisticados para o desenvolvimento do trabalho. As instituições servem como ponto de referência para mostrar aos DVs as descobertas tecnológicas mostrando ao deficiente um novo caminho de como usar diversos aplicativos whatsapp, facebook, internet, curso, trabalhos etc. (Entrevistado 9). Existia, há alguns anos, uma enorme diferença na quantidade de apps produzidos para o público vidente e para o deficiente visual. Porém, atualmente este cenário está mudando, ainda que de forma lenta, contudo constante - sendo possível já se notar essa diferença. Se for efetuada uma breve busca no Google Play digitando-se as palavras-chave aplicativos para deficientes visuais, os

64 64 resultados obtidos serão milhares de aplicativos - tanto grátis como pagos - voltados ao deficiente visual. Mas obviamente, tal disponibilidade de aplicativo não era tão abundante há alguns anos; conforme aumenta a procura, aumenta também a vontade dos desenvolvedores em criar novos apps. No início da popularização da internet, ou seja, ao final da década de 90, os aplicativos existentes eram destinados apenas para computadores, até porque as redes sem fios (wi-fi, 3G e 4G) só se tornariam populares um pouco mais tarde. A popularização dos apps só foi difundida com toda a sua intensidade a partir de 2008, período em que surgiram os primeiros apps voltados para celulares. Hoje em dia, os apps são ferramentas de enorme importância para a transformação da vida do deficiente visual e de pessoas com algum outro tipo de deficiência; é por meio desses aplicativos que o deficiente visual encontra mais uma forma de se comunicar e ver o mundo a sua volta. É mais uma ferramenta tecnológica que faz a mediação do deficiente com as mais diferentes maneiras de se comunicar no século XXI. Atualmente, além das formas não técnicas citadas no decorrer desta pesquisa - sentidos e atenção, memória, imaginação e as emoções -, o deficiente visual dispõe de formas técnicas que facilitam o acesso a uma nova realidade. Realidade esta que possibilita ao deficiente uma liberdade e autonomia para uma interação mediada com o mundo, a qual nunca fora pensada anteriormente. Liberdade talvez seja o termo apropriado para se designar a aspiração que o deficiente visual sempre almejou. E com a liberdade, vem à autonomia de poder ir para onde se quer; de poder assistir a um filme, navegar na internet, ler (escutar) um jornal, um livro, ir com segurança às praças, ruas e avenidas, sem a interferência de terceiros. Os computadores, softwares, apps, smartphones, tablets e a internet são ferramentas tecnológicas que revolucionaram a forma pela qual o deficiente visual interage com a realidade; todo esse meio tecnológico se tornou uma forma de mediação para que o ele tenha total autonomia, transformando assim o mundo dos deficientes visuais em pequenas, médias e grandes telas invisíveis, mas que os guiam com segurança e liberdade. Em um mundo tudo tela - conforme denominação de Gilles Lipovetsky (2009) - é impossível que mais de 7 milhões brasileiros deficientes visuais (IBGE, 2013) fiquem à margem dessa nova midiatização digital que as telas proporcionam.

65 65 A tela invadiu o mundo; o cinema, smartphone, tablet e a internet revolucionaram a forma de se usar a tela. Para o deficiente com baixa visão, esse mundo tudo tela é mais uma oportunidade para que ele consiga ir, aos poucos, dando passos neste universo tão tecnológico que transforma a vida do ser humano. Eu perdi a visão há pouco tempo. Quando eu tinha baixa visão eu usava a imagem perto de mim mesmo que ficava um pouco embaçada. Depois no computador eu comecei a usar alguns programas para aumentar a tela, então isso facilitava muito. Pra algumas pessoas que têm baixa visão é melhor enxergar no escuro, para outras é melhor no claro. Também tem vários tipos de baixa visão, no meu caso eu não consigo enxergar de frente, eu olho fixo para seu rosto ele some. Foi à visão central que foi afetada. Tem gente que não enxerga do lado. (Entrevistado 5). Talvez, atualmente, possa-se afirmar que a contemporaneidade é repleta de possibilidades tecnológicas - seja para deficientes visuais ou para videntes. O smartphone conectado à internet é uma das ferramentas atuais mais importantes utilizadas pelos deficientes visuais para se manterem conectados à nova realidade contemporânea; estar com o smartphone conectado à internet é quase indispensável para que o deficiente visual possua quase total autonomia. Uma das perguntas realizadas nas entrevistas foi sobre qual aparelho tecnológico era mais usado no dia a dia e a resposta dada pela grande maioria foi a seguinte: Smartphone e computador. Mas eu uso mais o celular porque é a ferramenta tecnologia que tem a possiblidade de poder ser portátil e a mobilidade facilita muito poder ter tudo em um pequeno aparelho. Tive descolamento de retina em olho e depois tive no outro e agora estou zerado. (Entrevistado 9). Se os videntes, de uma forma geral, tornaram-se dependentes do smartphone, os deficientes visuais encontraram no celular uma forma segura de mobilidade e de interação com o universo do ciberespaço. Os deficientes visuais viam o mundo por meio da atenção, memória, imaginação, emoções, corpo, Braille e outros sentidos, os quais sempre usaram para poder se comunicar e interagir com o mundo. Atualmente, as tecnologias digitais oferecem ao deficiente novas maneiras e formas de agir, de interagir e de se comunicar com o mundo de uma forma totalmente autônoma. Claro que o deficiente

66 66 é grato, e muito, aos avanços obtidos no meio tecnológico, por isso veem também na tecnologia - apesar de algumas desvantagens - a possibilidade de continuar melhorando a cada dia. Tem vantagens e desvantagens. No meu ponto de vista, por exemplo, o áudio book tem ponto bom e ponto ruim. O ponto bom é que você é que eu estou igual a você escutando o áudio book lá igual a você; agora o ponto ruim é que muitos deficientes sentem dificuldade de aprender o Braille porque na hora de escrever você tem dificuldade de escrever uma palavra correta. Por quê? Por que você não trabalhou sua leitura. Se você tem uma visão ampliada você trabalha o seu conhecimento em conjunto com a tecnologia e as outras coisas que ajuda você no aprendizado. E assim você trabalha o seu cérebro para que ele não se esqueça daquela palavra. (Entrevistado 2). Mas também foi visível durante a pesquisa empírica que muitos dos deficientes visuais entrevistados perceberam mais vantagens do que desvantagens no uso das tecnologias em seu dia a dia. Isso foi claramente possível de perceber, pois em todas as instituições visitadas os entrevistados estavam munidos de seus smartphones ou tablets, mostrando claramente a importância da adesão ao acesso à internet e a importância da mobilidade que essas novas ferramentas proporcionam a todos. Portanto, é possível perceber que tanto nos estudos de Münsterberg, no documentário e nas entrevistas feitas nas instituições pesquisadas, as tecnologias não acabam com aquilo que foi ou que ainda é desenvolvido automaticamente pelo deficiente visual (a atenção, memória, imaginação e emoções), elas se tornam parceiras e se conectam com os outros sentidos existentes no deficiente visual (olfato, audição, tato, paladar) e, assim, transforma-se em um grande fluxo de interação e conhecimento pelo qual a comunicação audiovisual é transmitida, de modo que o deficiente visual possa aproveitar os benefícios oferecidos a fim de viver melhor, sem preconceitos e sem ser subestimado em sua capacidade de contribuir cada dia mais e melhor neste universo cada vez mais tecnológico e digital. 3.4 Breves dados da pesquisa empírica Segundo dados da OMS e do IBGE A população estimada de pessoas com deficiência visual no mundo é de 285 milhões, sendo 39 milhões cegos e 246

67 67 milhões com baixa visão. Previsões atuais estimam que o número de pessoas cegas dobre até o ano Isto se deve a fatores como o crescimento populacional mundial, com um aumento do número de pessoas acima dos 65 anos, além da falta de diagnóstico de algumas doenças crônicas como o glaucoma e de uma maior sobrevivência de bebês prematuros que podem vir a ter a retinopatia pediátrica, a segunda maior causa de cegueira infantil. Os deficientes estão assim distribuídos nas regiões do país. De acordo com dados do IBGE de 2010 do total da população brasileira, 23,9% (45,6 milhões de pessoas) declararam ter algum tipo de deficiência. Entre as deficiências declaradas, a mais comum foi a visual, atingindo 3,5% da população. Aproximadamente vivem hoje no Brasil mais de 6,5 deficientes visuais (menos de 30% tem acesso a algum tipo de tecnologia). As entrevistas, visitas e o questionário foram feitos em três instituições da cidade de São Paulo (ADEVA, LARAMA e Dorina Nowill) % % % Deficiência visual no Brasil Dados de 2010 IBGE % % Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Gráfico 1 Porcentagem de deficientes no Brasil

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