AMAMENTAÇÃO: um direito da criança, uma ação socioeducativa do Assistente Social
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- Davi Gorjão Conceição
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1 AMAMENTAÇÃO: um direito da criança, uma ação socioeducativa do Assistente Social Bruna Tereza Pereira 1 Naraiana Inez Nora 2 Serviço Social: Fundamentos, Formação e Trabalho Profissional INTRODUÇÃO A construção social da identidade da criança como sujeito que apresenta particularidades e diferencialidades relacionadas ao desenvolvimento humano é premissa para o reconhecimento da criança como sujeito de direito. Este, por sua vez, é uma conquista recente na sociedade brasileira, consolidada juridicamente com a promulgação da Constituição Federal de 1988 e, posteriormente, regulamentada com o Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº8069/1990. Portanto, o novo ordenamento legal resulta de um processo histórico no qual foi se construindo uma imagem social diferenciada da criança em relação ao adulto. O direito humano mais básico garantido à criança é o direito a vida. Desse modo, partimos do pressuposto de que a garantia deste direito passa pela defesa do direito a uma alimentação saudável, desde o nascimento. Alimentação esta, que encontra no aleitamento materno o atendimento de todas as necessidades humanas do recém-nato. Por isso, resulta de vital importância o incentivo e o fomento à prática do aleitamento materno, especialmente o aleitamento materno exclusivo. Dessa maneira, consideramos importante abordar o direito a amamentação como direito da criança à vida e à alimentação, e por isso mesmo a importância do assistente social se apropriar deste tema, como importante instrumento de trabalho que compõe as ações desenvolvidas diretamente com os usuários 3 desde a atenção primária até os serviços de 1 Acadêmica do 4º ano do curso de Serviço Social Unioeste / Toledo. Bolsista do Programa de Educação Tutorial PET/ Serviço Social. Pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisa em Políticas Ambientais e Sustentabilidade GEPPAS ICV- Voluntária. Integrante do Programa de Extensão SEIPAS/Unioeste. btereza@hotmail.com (45) Docente do curso de Serviço Social da UNIOESTE. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Fundamentos do Serviço Social: Trabalho e Questão Social; e Grupo de Estudo e Pesquisa em Marx (GEPEM). naraiananora@gmail.com, (45) Tendo como referência a elaboração de Mioto e Nogueira (2006), o documento Parâmetros para Atuação dos Assistentes Sociais na Saúde, construído em 2010 pelo coletivo da categoria, inscreve a atuação dos Assistentes Sociais na saúde a partir de quatro grandes eixos nos quais se organiza o processo de trabalho: atendimento
2 2 atenção hospitalar, sobretudo materializadas por meio das ações socioeducativas, as quais são elementares no exercício profissional. Neste sentido, compreendemos que as ações de fomento ao aleitamento materno integram as ações socioeducativas do assistente social, todavia se inscrevem também no campo das ações socioassistenciais e das ações de articulação interdisciplinar, haja vista que essas ações não advêm de maneira isolada, mas integram o processo coletivo do trabalho em saúde, sendo complementares e indissociáveis (CFESS, 2010, p. 42). O presente artigo 4 visa debater a amamentação desde uma perspectiva diferenciada, isto é, desde o prisma do direito da criança, ao mesmo tempo em que entende-se que o trato dessa temática no campo do Serviço Social se inscreve como ação socioeducativa. Para tanto, discorremos brevemente considerando as limitações objetivas deste artigo acerca das políticas direcionadas para o aleitamento materno e as ações profissionais do assistente social. DESENVOLVIMENTO A compreensão do direito à amamentação como um direito elementar da criança passa primeiramente pelo próprio reconhecimento da criança como sujeito de direitos. A história nos mostra que durante muitos séculos a infância foi tratada sem relevância e sem distinção em relação à vida adulta, com a negação de peculiaridades pertencentes a essa fase da vida humana, e mesmo, com a negação de sua condição de sujeito. A partir da Constituição Federal de 1988 é conquistado e assegurado à criança e ao adolescente o seu reconhecimento como sujeito de direito, constituindo como dever do Estado, da família e da sociedade salvaguardar os direitos à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, bem como a proteção contra qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Posteriormente, com a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), entra em vigor a Doutrina da direto aos usuários; mobilização, participação e controle social; investigação, planejamento e gestão; assessoria, qualificação e formação profissional (CFESS, 2010, p. 41). 4 O presente artigo aborda elementos que constituem um Trabalho de Conclusão de Curso em Serviço Social, o qual está sendo desenvolvido ao longo deste ano, portanto, o tema geral integra um estudo em andamento.
3 3 Proteção Integral 5, como um importante passo na consolidação destes indivíduos como sujeitos que passam a gozar de direitos específicos em relação a sua condição de pessoa em desenvolvimento. O Art. 7º do ECA garante que a criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência. Já o Art. 9º do Estatuto traz a garantia do direito à amamentação, estendido a todas as crianças, inclusive àquelas que nascerem sob o regime de privação de liberdade de suas genitoras: o poder público, as instituições e os empregadores propiciarão condições adequadas ao aleitamento materno, inclusive aos filhos de mães submetidas a medida privativa de liberdade (BRASIL, 2015c). Desta maneira, um dos elementos que contribui para o desenvolvimento físico, mental e social das crianças é a amamentação. Crianças amamentadas com leite materno crescem mais saudáveis e o aleitamento materno, inclusive, é uma das estratégias prioritárias para a promoção da vida, prevenção de doenças e da mortalidade infantil 6. Neste sentido, umas das políticas que atuam para a promoção e proteção da saúde é a Política Nacional de Aleitamento Materno, através do incentivo, apoio e promoção da amamentação. Além disso, entendendo que são direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados (BRASIL, 2015b), a Política Nacional de Aleitamento Materno (PNAM) 7 visa proporcionar as crianças à adequada alimentação e nutrição infantil, requisitos básicos para promoção e proteção da saúde, desde os seus primeiros dias de vida, compreendendo o aleitamento materno como o primeiro direito garantido das crianças a uma alimentação saudável. 5 A Doutrina da Proteção Integral substitui a Doutrina da Situação Irregular, a qual predominava nos Códigos de Menores anteriores, e a qual estava focada nas crianças e adolescentes que se encontravam em determinadas situações consideradas irregulares, com forte viés moralista e conservador. A nova Doutrina inaugura um aparato jurídico sobre a infância e a juventude alicerçado na perspectiva da enunciação de direitos. (VERONESE; RODRIGUES, 2001). 6 O Ministério da Saúde destaca alguns benefícios da amamentação para a criança e para a mãe: evita mortes infantis, diarreia, infecção respiratória; diminui o risco de alergias, de hipertensão, colesterol alto e diabetes; reduz a chance de obesidade; melhora a nutrição; facilita o desenvolvimento da cavidade bucal; possui efeito positivo na inteligência (contribui para o desenvolvimento cognitivo); protege contra o câncer de mama; evita nova gestação; impacta em menores custos financeiros; atua na promoção do vínculo afetivo entre mãe e filho; e proporciona melhor qualidade de vida para ambos. (BRASIL, 2009). 7 Como referência importante para a construção da PNAM foi à homologação da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) em 1999.
4 4 Assim, a PNAM se materializa através de várias estratégias de incentivo e apoio a amamentação, sendo as principais: a Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil, com o objetivo de qualificar o processo de trabalho dos profissionais da atenção primária à saúde, com o intuito de reforçar e incentivar a promoção do aleitamento materno e da alimentação saudável para crianças menores de dois anos; a Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), que tem por objetivo mobilizar os funcionários dos estabelecimentos de saúde para que mudem condutas e rotinas responsáveis pelos elevados índices de desmame precoce (SOUZA, 2006, p.51); o Método Canguru que visa atender os recém-nascidos de baixo peso, através de um modelo de assistência perinatal, onde o bebê permanece unido ao peito da mãe através de uma bolsa especial, sendo retirado somente na hora dos cuidados higiênicos e avaliação da equipe médica, propiciando maior vínculo entre a mãe e o filho e influenciando positivamente a prática do aleitamento materno; a criação da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, na qual processa e distribui leite humano com qualidade e segurança, além de prestar assistência às mães através de informações acerca da amamentação, caso as mesmas tenham dificuldades em amamentar; e o projeto Rede Cegonha que estrutura e organiza a atenção integral à saúde das mães e crianças desde a gravidez, com uma rede de cuidados para assegurar as crianças o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e desenvolvimento saudável, entendendo o aleitamento materno como fator determinante neste processo 8. Com relação a legislação trabalhista, destaca-se que em 2008, foi sancionada a Lei , que cria o Programa Empresa Cidadã e estabelece a ampliação da licença maternidade para seis meses, mediante a concessão de incentivo fiscal, sem prejuízo do emprego e do salário (BRASIL, 2008). Na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), a partir da inclusão da Lei Nº 229/67, fica declarado no Artigo 389º, Parágrafo IV e Inciso 1º que: os estabelecimentos em que trabalharem pelo menos 30 (trinta) mulheres com mais de 16 (dezesseis) anos de idade terão local apropriado onde seja permitido às empregadas guardar 8 Diante dessas estratégias, a legislação brasileira é considerada uma das mais avançadas na proteção ao aleitamento materno e no direito da criança à amamentação até os seis meses de vida. Em 1988, foi criada a Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças de Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras (NBCAL), com o objetivo de assegurar o uso apropriado de bicos, chupetas e mamadeiras para que não haja interferência na prática do aleitamento materno, além de proibir a promoção comercial, por qualquer meio de comunicação, de alimentos e produtos que concorrem com a amamentação. Em 1993, tem-se a aprovação das Normas Básicas para a implantação do sistema de Alojamento Conjunto que consiste em um sistema hospitalar em que o recém-nascido sadio, logo após o nascimento, permanece ao lado da mãe, 24 horas por dia, num mesmo ambiente, até a alta hospitalar esta prática estimula e motiva o aleitamento materno, de acordo com as necessidades da criança e puérpera. (BRASIL, 1993).
5 5 sob vigilância e assistência os seus filhos no período da amamentação (BRASIL, 2015a), ou seja, esta exigência poderá ser suprida pela implementação de creches nos locais de trabalho. No artigo 396º da CLT fica assegurado o direito, durante a jornada de trabalho, a dois descansos especiais de meia hora cada, destinados a amamentação. Diante disso, como estratégia complementar das políticas de saúde pública, a educação em saúde voltada para a prática do aleitamento materno é uma das atribuições e competências do profissional assistente social nos espaços sócio-ocupacionais na esfera da saúde. A inserção dos assistentes sociais neste lócus é oriunda do significado sócio-histórico da profissão e pelas demandas a ela inerentes no bojo da reprodução social da sociedade capitalista, mediadas pelas manifestações que assume a questão social e as condições históricas que assume a política de saúde no Brasil, de modo que o objetivo da profissão na área da saúde passa pela compreensão dos determinantes sociais, econômicos e culturais que interferem no processo saúde-doença e na busca de estratégias político-institucionais para o enfrentamento dessas questões (CFESS, 2010, p. 28). Neste sentido, cabe ao assistente social potencializar a orientação social com vistas à ampliação do acesso dos indivíduos e da coletividade aos direitos sociais (CFESS, 2010, p.44). Assim, as ações de fomento ao aleitamento materno integram as ações socioassistenciais, as ações de articulação interdisciplinar, e, sobretudo, as ações socioeducativas, do assistente social, ações estas em que predomina o atendimento direto aos usuários. No entorno da interdisciplinaridade, cumpre ressaltar a especificidade da profissão, pois o assistente social dispõe de ângulos particulares de observação na interpretação das condições de saúde do usuário e uma competência também distinta para o encaminhamento das ações (CFESS, 2010, p. 46), tal particularidade o diferencia e o singulariza em relação aos demais trabalhadores da saúde. Por isso que a abordagem do assistente social sobre o aleitamento materno não é de cunho biológico, médico-clínico, mas desde a ótica do direito, seja o direito da criança à vida, à alimentação, seja do direito da mulher em ter garantido o acesso às informações que lhe permitam amamentar, desmistificando crenças e preconceitos, seja buscando fortalecer os vínculos familiares e promover a saúde. Se situa, pois, na ótica das ações socioeducativas, as quais consistem em orientações reflexivas e socialização de informações realizadas por meio de abordagens individuais,
6 6 grupais ou coletivas ao usuário, família e população de determinada área programática (CFESS, 2010, p.54), e, portanto, se constituem também em práticas de educação em saúde. Neste sentido, estas ações envolvem: Participar [...] de ações socioeducativas nos diversos programas e clínicas, como por exemplo: na saúde da família, na saúde mental, na saúde da mulher, da criança, do adolescente, do idoso, da pessoa com deficiência (PCD), do trabalhador, no planejamento familiar, na redução de danos, álcool e outras drogas, nas doenças infectocontagiosas (DST/AIDS, tuberculose, hanseníase, entre outras) e nas situações de violência sexual e doméstica (CFESS, 2010, p.54, grifo nosso). Por fim, é oportuno destacar que as competências e atribuições privativas do assistente social necessitam estar vinculadas aos processos sócio-históricos e ao redimensionamento do espaço profissional decorrentes das configurações contemporâneas da sociedade capitalista burguesa. Configura compromisso ético, técnico e político do assistente social, desenvolver no campo da saúde, ações que visem promover a melhoria das condições de vida e de saúde da população, articulando as dimensões teórico-metodológicas, ético-políticas e técnicooperativas da profissão. CONSIDERAÇÕES As ações voltadas para o incentivo e efetivação do aleitamento materno configuram uma das formas de garantir a saúde da criança desde os seus primeiros dias de vida, bem como garantir o direito à vida e à alimentação expressos no ordenamento jurídico que embasa o direito infanto-juvenil no país. A adoção de políticas em apoio à amamentação constitui-se em estratégia complementar das políticas de saúde pública, com resultados positivos sobre a mulher e a criança acerca da promoção, proteção e recuperação da saúde, e como direito garantido a criança a uma alimentação saudável para o seu pleno desenvolvimento, como sujeitos de direitos. Assim, as ações desenvolvidas pelos assistentes sociais devem ir além do caráter emergencial e burocrático, devem ter uma direção socioeducativa por meio da reflexão com relação às condições sócio-históricas a que são submetidos os usuários e mobilização para a
7 7 participação nas lutas em defesa da garantia do direito à Saúde (CFESS, 2010, p.43), isto é, com uma atuação no sentido de politização dos espaços de atenção à saúde. Muito embora a apropriação do tema da amamentação não integre a formação profissional do assistente social de modo direto e nem poderia pela especificidade mesma da matéria indiretamente se configura como extremamente válido, haja vista o fato de ser um profissional que atua na defesa dos direitos humanos e sociais, portanto, esta é uma temática que atravessa o exercício profissional, especialmente quando de sua inserção em espaços sócio-ocupacionais que abrangem a área da saúde. Destarte, uma atuação crítica e comprometida, sobretudo direcionada para o fortalecimento das demandas e das lutas dos segmentos populares, assume fundamental papel na correlação de forças da sociedade capitalista, através de um trabalho que vá além da mera assistência, que se constitua em processo educativo, em um bem e não em um produto a ser consumido (VASCONCELOS, 2002). [...] Para a democratização das informações necessárias à potencialização das escolhas pelos usuários, faz-se necessário não só o conhecimento dos textos e leis que garantem estes direitos, mas o detalhamento destes direitos no cotidiano da população, a partir das demandas que colocam, das dúvidas e desinformação que revelam na utilização dos serviços de saúde. (VASCONCELOS, 2002, p. 518) Portanto, trabalho profissional que sintetize a capacidade de antecipar, de projetar, de uma possibilidade não acabada, mas em permanente construção, pois as possibilidades de trabalho para o Serviço Social na política de saúde são vastas, e envolvem o desenvolvimento constante e qualificado das competências técnicas, éticas e políticas. REFERÊNCIAS BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. Lei nº , de 01 de maio de Brasília, DF: Senado, 2015a (atualizada). BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 2015b (atualizada). BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei nº , de 13 de julho de 1990 Brasília, DF: Senado, 2015c (atualizado). BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde da criança: nutrição infantil: aleitamento materno e alimentação complementar. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009.
8 8 BRASIL. Portaria nº 1.016, de 26 de agosto de Normas básicas de Alojamento Conjunto. Brasília: Ministério da Saúde, BRASIL. Programa Empresa Cidadã. Lei nº , de 09 de setembro de Brasília, DF: Senado, CFESS. Parâmetros para Atuação de Assistentes Sociais na Saúde. Brasília: Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), SOUZA, L. A. Promoção apoio ao aleitamento materno: binômio ou antítese? Uma caracterização das práticas do profissional de saúde na perspectiva da mulher no processo do aleitamento materno p. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) USP, São Paulo, VASCONCELOS, A. M. A prática do Serviço Social: cotidiano, formação e alternativas na área da saúde. São Paulo: Cortez, VERONESE, J. R. P.; SOUZA, M. P.; MIOTO, R. C. T. (orgs.). Infância e adolescência, o conflito com a Lei: algumas discussões. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2001.
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