MAMONA EM CONSÓRCIO COM LAVOURA DE CAFÉ RECEPADO
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1 MAMONA EM CONSÓRCIO COM LAVOURA DE CAFÉ RECEPADO Pedro Castro Neto 1 Antonio Carlos Fraga 2 Joadylson Barra Ferreira 3 Hugo Prado de Castro 4 Rogner Carvalho Avelar 5 David Cardoso Dourado 6 Milton Aparecido Deperon Júnior 5 Sadjô Danfá 6 Alexandre Aureliano Quintiliano 6 RESUMO O presente trabalho foi desenvolvido na Universidade Federal de Lavras, Lavras, Minas Gerais, com a finalidade de avaliar a produção de mamona cultivada em consorcio com lavoura de café submetido a poda baixa (recepa) para renovação da lavoura cafeeira. Os resultados mostraram que não houve diferença na brotação dos cafeeiros, que a produtividade da mamona é dependente da forma de semeadura, se por sementes ou por mudas, e que o plantio de mamona nas entrelinhas do café submetido a poda é uma opção viável. PALAVRAS-CHAVE: café, mamona, consórcio, biodiesel. 1 INTRODUÇÃO O Brasil apresenta, atualmente, 5,4 bilhões de covas de café. Grande parte dessas 1 Professor Titular DEG-UFLA, pedrocn@ufla.br 2 Professor Titular DAG-UFLA, fraga@ufla.br 3 Eng. Agrônomo, Sec. Mun. do Café e Agricultura Varginha/MG, joadylson@yahoo.com.br 4 Eng. Agrônomo, Sec. Mun. do Café e Agricultura Varginha/MG, hugoagricultura@bol.com.br 5 Acadêmicos de Agronomia UFLA, rogner@oi.com.br, miltondp1@ig.com.br 6 Acadêmicos de Engenharia Agrícola UFLA, davidssp@yahoo.com.br, sadjodanfa@hotmail.com, alequinradar@hotmail.com.br 256
2 lavouras não recebeu, nos últimos anos, a adequada reposição de nutrientes ao solo, em decorrências dos baixos preços obtidos no mercado do café. Assim, muitas das lavouras, principalmente as mais velhas, entram em um processo de degradação, exigindo para sua recuperação a aplicação de podas. A recepa é uma poda baixa, efetuada à altura de 0,4 a 1 m, sendo indicada para cafezais com fechamento adiantado, cujas plantas sofreram perda quase total da saia. É empregada também para a renovação de cafeeiros, cuja copa se encontra completamente deformada, esguia e com poucos ramos plagiotrópicos saindo do tronco e para lavouras atingidas por geadas severas, fenômeno com grande probabilidade de ocorrência no País. A recepa baixa é feita mais ou menos a 0,40 m de altura, com pequena recuperação da produção no segundo ano e com boa produção no terceiro ano (Matiello, 1991). A recepa apresenta a vantagem de permitir a renovação da copa dos cafeeiros e o aproveitamento da lenha, porém, tem a desvantagem de reduzir a produção durante dois anos, ser trabalhosa, aumentar a área com necessidade de controle de ervas invasoras e exigir tratos culturais diferenciados. Por outro lado, a prática favorece os cultivos intercalares, o tratamento contra pragas de raízes e o replantio ou dobra da lavoura. A mamona pertence à família Euphorbiaceae, que engloba vasto número de tipos de plantas nativas da região tropical, sendo a espécie Ricinus communis L. a única conhecida (Savy Filho et al., 1999; Savy Filho, 2003). É uma planta de hábito arbustivo, com diversas colorações de caule, folhas e racemos (cachos), podendo ou não possuir cera no caule e no pecíolo. Os frutos, em geral, possuem espinhos e, em alguns casos, são inermes. As sementes apresentam-se com diferentes tamanhos, formatos e grande variabilidade de coloração, e delas se extrai industrialmente um óleo de excelentes propriedades, de largo uso como insumo industrial (Rodrigues Filho, 2000). A colheita da mamona deve ser realizada quando pelo menos 2/3 dos frutos estiverem secos, sendo feitas três a quatro colheitas para as cultivares deiscentes ou apenas uma para as variedades indeiscentes. Depois de colhidos, os frutos são levados para terreiros para completar a secagem, após o que as variedades de frutos indeiscentes devem ser descascadas mecanicamente (Savy Filho et al., 1999; Rodrigues Filho, 2000). O processo de produção do biodiesel a partir de frutos ou sementes oleaginosas foi primeiramente patenteado por um brasileiro, o professor Expedito José de Sá Parente, da 257
3 Universidade Federal do Ceará (Parente, 1983). Consultando o site de Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), foram encontradas mais duas patentes, concedidas no ano de 2001, mostrando variações na forma de obtenção do biodiesel, tendo sido uma requerida por Nei Hansen de Almeida e outra pela Petrobrás (PI e PI , respectivamente). Sob a coordenação do Ministério da Ciência e Tecnologia, pela sua Secretaria de Política Tecnológica e Empresarial, está sendo elaborado o Probiodiesel, cujo objetivo é o de criar as condições necessárias para se viabilizar a introdução deste combustível na matriz energética brasileira. No âmbito do Probiodiesel, definiu-se que este produto será inicialmente comercializado misturado ao óleo diesel na proporção de 2% em base de volume, cabendo à Agência Nacional do Petróleo (ANP), que participa deste grupo, a responsabilidade de elaborar a especificação deste combustível, garantindo a sua qualidade e preservando os interesses do consumidor brasileiro (Nogueira & Pikman, 2002). Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo geral avaliar o plantio de mamona consorciada com café recepado. 2 MATERIAL E MÉTODOS O ensaio foi conduzido na Universidade Federal de Lavras, Lavras, Estado de Minas Gerais, utilizando diferentes formas de semeadura, por meio de sementes e mudas, para o plantio de mamona variedade AL-Guarany A cultura da mamona foi conduzida nas linhas e entrelinhas de uma cultura de café, variedade Catuaí, plantada no espaçamento de 2,8 x 1,0 m, recepada a mais ou menos 0,40 m de altura, na segunda quinzena do mês de outubro de RESULTADOS E DISCUSSÃO Considerando-se que a lavoura de café tenha uma vida útil de 25 anos, número que muitas vezes representa um valor superestimado, pode-se prever uma renovação de 4% das lavouras a cada ano, o que representa, para o Brasil, uma renovação esperada de mais ou menos 216 milhões de covas, ou cerca de ha. Considerando ainda que a poda baixa ou recepa permite o cultivo de mamona por dois anos consecutivos, tem-se a incorporação de ha produzindo mamona, 258
4 mantendo o agricultor no campo com renda, gerando empregos, otimizando o aproveitamento da estrutura (terreiros, secadores, máquinas e outros), sem a abertura de novas áreas agrícolas. As análises realizadas nos dados já obtidos não mostraram diferença significativa para altura da brotação dos cafeeiros e no número de brotações por planta. Analisando-se a produtividade obtida nos cachos primários e secundários colhidos até o momento, obteve-se uma produtividade média de mamona em baga de 1.160kg.ha -1 no tratamento de semeadura com mudas de mamona nas entrelinhas do café e de 1.400kg.ha -1 no tratamento de semeadura com sementes de mamona. Atribuindo-se ao custo de produção da mamona a sua implantação, e condução, bem como parte da adubação referente à área total, pode-se ver claramente, aos preços praticados atualmente no mercado de mamona, que a utilização do cultivo consorciado de mamona na recuperação de áreas de café submetidos a poda baixa para totalmente os custos de recuperação e ainda permitem um retorno financeiro considerável. 4 CONCLUSÕES A partir das observações efetuadas até o momento, pode-se concluir que a utilização de cultura intercalar de mamona não interferiu no crescimento da brotação do cafeeiro, que a produtividade de mamona em plantio intercalar é dependente da forma de implantação da cultura. 5 AGRADECIMENTOS - À Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG); - Ao Governo Municipal de Varginha; - À Universidade Federal de Lavras. 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FREIRE, R.M.M. Ricinoquímica. In: O agronegócio da mamona no Brasil. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, p MATTIELLO, J.B. O café, do cultivo ao consumo. São Paulo: Globo, p. NOGUEIRA, L.A.H.; PIKMAN, B. Biodiesel: novas perspectivas de sustentabilidade. Conjuntura & Informação, Agencia Nacional do Petróleo, n.19. ago-out de p
5 PARENTE, E.J.S. Processo de produção de combustíveis a partir de frutos ou sementes oleaginosas biodiesel, Patente: Privilégio de Inovação, PI , 14 de junho de 1983 (depósito); 08 de outubro de 1983 (concessão). RODRIGUES FILHO, A. A cultura da mamona. Belo Horizonte: Emater-MG, p. (Boletim técnico). SANTOS, R.F.; BARROS, M.A.L.; MARQUES, F.M.; FIRMINO, P.T.; REQUIÃO, L.E.G. Análise econômica. In: O agronegócio da mamona no Brasil. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, p SAVY FILHO, A. Mamona. Campinas: Instituto Agronômico, abril de p. (folheto) SAVY FILHO, A.; PAULO, E.M.; MARTINS, A.L.M.; GERIN, M.A.N. Variedades de mamona do Instituto Agronômico. Campinas: Instituto Agronômico, p. (Boletim técnico, 183). 260
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