CRESCIMENTO E PRODUTIVIDADE DE DUAS CULTIVARES DE MAMONA COM DIFERENTES NÍVEIS DE ADUBAÇÃO NPK E ÉPOCAS DE PLANTIO. II LIMOEIRO DO NORTE - CE
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1 CRESCIMENTO E PRODUTIVIDADE DE DUAS CULTIVARES DE MAMONA COM DIFERENTES NÍVEIS DE ADUBAÇÃO NPK E ÉPOCAS DE PLANTIO. II LIMOEIRO DO NORTE - CE Manoel Alexandre Diniz Neto 1, Francisco José Alves Fernandes Távora 1, Lindbergue Araújo Crisóstomo 2, Belísia Lúcia Moreira Toscano Diniz 1 1UFC, diniznetto@gmail.com, tavora@ufc.br, belisia.diniz@gmail.com, 2 Embrapa Agroindústria Tropical, lindberg@cnpat.embrapa.br RESUMO Objetivou-se com o presente trabalho avaliar em duas cultivares de mamona, crescimento e produtividade com diferentes níveis de adubação mineral e épocas de plantio. O experimento foi conduzido no Instituto Centro de Ensino Tecnológico (CENTEC) em Limoeiro do Norte - CE, em condições de campo, entre janeiro e outubro de Os tratamentos foram compostos por duas cultivares de mamona (BRS nordestina e Mirante 10), quatro doses de adubação NPK ( , e de N-P2O5-K2O) e duas épocas de plantio (plantio antecipado e plantio em sequeiro). O delineamento experimental foi de blocos casualizados, fatorial 4x2x2, com quatro repetições. Foram avaliadas altura de planta, diâmetro caulinar, número de nós, comprimento do cacho, número de cachos por planta e rendimento de grãos. O crescimento vegetativo foi maior com a cv. BRS Nordestina em 22,33%, 58,47% e 63,45% em altura de planta, diâmetro caulinar e número de nós, respectivamente. O comprimento do cacho foi maior na cultivar BRS Nordestina e o rendimento de grãos na cv. Mirante 10 com incremento de 517,06 kg ha -1. A antecipação do plantio com suplementação hídrica aumenta o crescimento vegetativo da mamoneira e incrementa a produtividade de grãos, que na presente pesquisa, aumentou em mais de 800 kg ha -1. Palavras-chave: Ricinus communis, manejo cultural, rendimentos. INTRODUÇÃO Conhecida cientificamente como Ricinus commuis L., a mamoneira é uma planta da família Euphorbiaceae, onde de suas sementes extrai-se o óleo que é seu principal produto em importância econômica e com uma estrutura química peculiar, predominando o ácido graxo ricinoléico em quase 90% de sua composição, conferindo ao composto estabilidade e viscosidade numa larga faixa de temperatura, configurando-se ainda, como fonte alternativa de combustível através do biodiesel, tornando-se uma cultura de grande importância econômica, estratégica e ambiental (FREIRE, 2001; LANGE et al., 2005). Devido ser uma espécie exigente em nutrientes, a mamoneira é sensível à deficiência nutricional em qualquer fase de seu crescimento. Valendo destacar, que devido ao seu crescimento indeterminado, ocorre grande extração de nutrientes do solo, portanto, é uma espécie muito exigente em fertilidade do solo (HERMELY, 1981), sendo ainda tolerante à seca, mas a falta de água em qualquer fase de seu crescimento pode comprometer os rendimentos da cultura.
2 A mamoneira requer um suprimento adequado de água durante sua fase vegetativa, mas com maiores ganhos quando a água é fornecida em quantidade adequando na fase de florescimento, sendo que o requerimento hídrico aumenta quando a planta atinge o processo de frutificação, diminuindo quando na fase de maturação e secagem dos frutos (ERIE et al., 1968). O sucesso de uma lavoura de mamona depende em muito da época de plantio, em especial, quando se trata de plantio dependente da estação chuvosa (sequeiro) em regiões que apresentam irregularidades pluviais (SOUZA; TÁVORA, 2006) e a antecipação do plantio com suplementação hídrica, pode promover incrementos na produtividade de grãos, devido ao maior tempo disponível de umidade do solo e ao crescimento indeterminado das plantas. Objetivou-se na presente pesquisa avaliar em duas cultivares de mamona, BRS Nordestina e Mirante 10, a influência de diferentes níveis de adubação NPK em duas épocas de plantio no crescimento e produtividade da cultura. MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa foi conduzida na Fazenda Experimental do Instituto Centro de Ensino Tecnológico (CENTEC) em Limoeiro do Norte - CE. Foram avaliadas duas cultivares de mamona, BRS Nordestina, porte médio de altura média de 1,90 m e ciclo tardio de 250 dias e Mirante 10, porte médio, altura média de 1,90 m a 2,00 m com ciclo médio de 210 dias. A adubação foi representada pelos níveis: N0 (sem adubação); N1: ; N2: e N3: kg ha -1 de N-P2O5-K2O, utilizando-se a uréia, o superfosfato simples e o cloreto de potássio. O nível 2 (N2) foi tomado como um nível referencial através da recomendação da análise do solo, onde diminuiu-se em 50% a aplicação dos fertilizantes (N1), mas aumentado na mesma proporção (N3). Os tratamentos com adubação foram aplicados conjuntamente com duas épocas de plantio: plantio antecipado a semeadura foi realizada aproximadamente 30 dias antes do período chuvoso da região com suplementação hídrica de 130 mm utilizando irrigação por aspersão convencional e o plantio em sequeiro a semeadura foi realizada dentro do período chuvoso da região, portanto, o sistema de produção tradicional da região Nordeste com as maiores precipitações mensais registradas nos meses de fevereiro, março, abril e maio do ano de 2006, com mais de 90% do volume acumulado das chuvas (831 mm) registradas nesse período. O solo da área experimental foi classificado como Cambissolo Háplico, com ph de 7,1, P de 5 mg dm -3 e K, Ca +2 e Mg +2 de 0,96, 6,60 e 1,90 cmolc dm -3, respectivamente. Tratando-se de um solo de boa fertilidade natural à exceção do P que foi baixo, textura franco argilo arenoso e baixa capacidade de armazenamento de água. O espaçamento foi 2 m x 2 m e nas plantas da área útil foram avaliadas as variáveis ligadas a fase de crescimento como altura de planta (m), diâmetro do caule (mm) e número de nós até o cacho
3 principal (unid.). As variáveis ligadas a fase reprodutiva foram comprimento do cacho (cm), número de cachos por planta (unid.) e rendimento de grãos (kg ha -1 ). O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados em esquema fatorial do tipo 4x2x2 com quatro repetições. RESULTADOS E DISCUSSÃO As plantas da cultivar BRS Nordestina cresceram mais em altura nos maiores níveis de adubação em relação à cultivar Mirante 10. Comportamento também observado para o diâmetro do caule e para o número de nós, dentro de todos os níveis de adubação estudados. Tal fato é consistente, visto que foi observado, nas plantas da BRS Nordestina, maior crescimento lateral devido ao aumento da ramificação das plantas desta cultivar nos tratamentos avaliados no plantio antecipado, portanto na época de plantio em que as plantas receberam um aumento no tempo de umidade no solo. É importante ressaltar que o crescimento vegetativo da mamoneira está diretamente relacionado à disponibilidade hídrica durante o ciclo da cultura, pois o aumento do fornecimento de água às plantas promove um maior crescimento lateral e conseqüentemente aumenta a competição por luz, induzindo a um maior crescimento em altura (SEVERINO et al., 2006). Com relação às épocas de plantio, foram observadas plantas mais altas, com maior diâmetro da base do caule e com maior número de nós, nos tratamentos com o plantio antecipado dentro de todos os níveis de adubação em relação aos tratamentos em regime de sequeiro. Em valores médios, verificou-se um aumento de 99,38%, 44,71% e 57,35% das variáveis: altura de planta, diâmetro caulinar e número de nós, respectivamente. O crescimento vegetativo excessivo da mamoneira submetida ao aumento da disponibilidade hídrica e de nutrientes é um comportamento comum para a maioria das cultivares de mamona de portes médio e alto (AZEVEDO et al., 2001) e impõe desafio adicional ao melhoramento de plantas: sintetizar cultivares com maior índice de colheita, que ao mesmo tempo tenha como características distintivas de menor crescimento arbustivo, maior produtividade de baga e de óleo e uso eficiente de adubos e corretivo (SEVERINO et al., 2006). Outro ponto a ser observado, é o crescimento abaixo do normal das plantas exploradas no plantio em sequeiro. Tal comportamento pode estar associado à menor disponibilidade de água no solo, mesmo com o índice pluviométrico dentro do ideal para a cultura (831 mm), fato que pode estar associado a capacidade do solo em armazenar água. A falta de água no solo prejudicou o crescimento normal das plantas nessa época de plantio e como o florescimento da mamoneira é do tipo simpodial, encerrando em cada ramo uma inflorescência (SAVY FILHO, 2005), o rendimento de grãos diminuiu significativamente, pois coincidiu com a fase reprodutiva dos racemos secundários.
4 O maior comprimento de cachos das plantas da BRS Nordestina dentro de todos os níveis de adubação NPK, não influenciou o rendimento de grãos que, em valores médios, foi inferior à Mirante 10 em 44,43%. Este comportamento estar relacionado com a maior precocidade da cultivar Mirante 10 para iniciar seu florescimento, participando na produção final de grãos com ordens de racemos mais elevadas. Comparando as épocas de plantio, verificou-se maior comprimento de cacho das plantas exploradas em plantio de sequeiro, o que não proporcionou aumento do rendimento de grãos, sendo este influenciado pela aplicação dos tratamentos no plantio antecipado, devido ao aumento do tempo de disponibilidade de água às plantas, proporcionando um incremento no rendimento de grãos superior a 100% em relação ao plantio em sequeiro. Outro fato que pode estar relacionado com o menor rendimento de grãos no plantio em sequeiro é a baixa capacidade do solo em armazenar água, o que proporcionou uma menor participação dos racemos secundários na produção final de grãos. Com relação ao número de cachos por planta, não houve diferença significativa nem para cultivares, nem para épocas de plantio. CONCLUSÃO O crescimento vegetativo foi maior nas plantas da cultivar BRS Nordestina devido ao seu ciclo tardio, promovendo aumento de 22,33%, 58,47% e de 63,45% em altura de planta, diâmetro caulinar e número de nós, respectivamente; A adubação mineral não tem influência nos componentes de crescimento e de produção da mamoneira em solos de boa fertilidade; O comprimento de cacho aumentou com as plantas da cultivar BRS Nordestina, mas o rendimento de grãos foi maior com a cultivar Mirante 10 devido à participação de racemos de ordens mais elevadas na produção final de grãos com um incremento médio de 517,06 kg ha -1 de grãos; A antecipação do plantio com suplementação hídrica aumenta o crescimento vegetativo da mamoneira e em áreas onde o armazenamento de água no solo é baixo, este comportamento é de extrema importância para manter o potencial produtivo das plantas e incrementar o rendimento de grãos, que na presente pesquisa aumentou em mais de 800 kg ha -1, correspondendo a 133%. Agradecimentos: À UFC e a CAPES pela concessão de bolsa ao primeiro autor e apoio financeiro ao projeto, a Embrapa Agroindústria Tropical e Algodão e ao CENTEC pelo apoio logístico.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ERIE, L. J.; FRENCH, O. F.; HARRIS, K. Consumptive use of water by crops in Arizona. Arizona: University of Arizona p. (Technical Bulletin 169). FREIRE, R. M. M. Ricinoquímica. In: AZEVEDO, D. P. de; LIMA, E. F. (Ed.). O agronegócio da mamona no Brasil. Campina Grande: Embrapa Algodão; Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, p HEMERLY, F. X. Mamona: Comportamento e tendências no Brasil. Brasília: Embrapa Departamento de Informação e Documentação p. LANGE, A.; MARTINES, A. M.; SILVA, M. A. C. da; SORREANO, M. C. M.; CABRAL, C. P.; MALAVOLTA, E. Efeito de deficiência de micronutrientes no estado nutricional da mamoneira cultivar íris. Pesq. agropec. bras., Brasília, v. 40, n. 1, p , jan SOUZA, A. dos S.; TÁVORA, F. J. A. F. Antecipação de plantio e irrigação suplementar na mamoneira I- efeito nos componentes de produção. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 2, 2006, Aracajú. Anais... Campina Grande: Embrapa Algodão, CD-ROM.
6 Tabela 1. Valores médios de altura de planta, diâmetro de caule e números de nós até o primeiro cacho de duas cultivares de mamona exploradas em duas épocas de plantio, com diferentes doses de adubação NPK. Limoeiro do Norte - CE, Cultivares Épocas de plantio Nível de BRS Nordestina Mirante 10 Plantio antecipado Plantio de sequeiro adubação Altura de planta - m N0* 2,44 A 2,33 A 3,26 A 1,51 B N1 2,32 A 2,31 A 3,00 A 1,63 B N2 2,64 A 1,88 B 3,07 A 1,44 B N3 3,13 A 2,10 B 3,44 A 1,80 B Média 2,63 A 2,15 B 3,19 A 1,60 B Diâmetro do caule - mm N0* 44,5 A 32,4 B 45,9 A 31,0 B N1 45,5 A 32,3 B 44,7 A 33,0 B N2 50,6 A 29,2 B 48,5 A 31,3 B N3 57,9 A 31,5 B 52,5 A 36,9 B Média 49,6 A 31,3 B 47,90 A 33,10 B Nós até o 1 o cacho - n o N0* 16,22 A 11,71 B 16,97 A 10,95 B N1 16,83 A 10,82 B 17,09 A 10,55 B N2 17,04 A 10,47 B 17,30 A 10,21 B N3 18,03 A 10,90 B 17,12 A 11,81 B Média 17,03 A 10,97 B 17,12 A 10,88 B Médias seguidas pela mesma letra nas linhas não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. *(N0) sem adubação; (N1) ; (N2) ; (N3) kg ha -1 de NPK;
7 Tabela 2. Valores médios de comprimento de cacho, número de cachos por planta e de rendimento de grãos de duas cultivares de mamona exploradas em duas épocas de plantio, com diferentes doses de adubação NPK. Limoeiro do Norte - CE, Nível de adubação Cultivares Épocas de plantio BRS Nordestina Mirante 10 Plantio antecipado Plantio de sequeiro Comprimento do cacho - cm N0* 40,85 A 28,33 B 32,95 A 36,22 A N1 43,62 A 30,40 B 33,04 B 40,98 A N2 41,31 A 28,89 B 35,31 A 34,89 A N3 48,85 A 33,30 B 39,15 A 43,00 A Média 43,66 A 30,23 B 35,11 B 38,77 A Cachos por planta - n o N0* 36,21 36,65 38,32 34,54 N1 37,10 41,41 37,44 41,07 N2 44,74 36,92 45,27 36,38 N3 50,53 44,24 48,21 46,57 Média 42,15 A 39,80 A 42,31 A 39,64 A Rendimento de grãos - kg ha -1 N0* 650,86 B 1.260,88 A 1.370,50 A 541,24 B N1 693,76 B 1.406,98 A 1.431,69 A 669,06 B N2 939,91 A 1.157,51 A 1.499,55 A 597,87 B N ,52 B 1.620,90 A 1.872,65 A 841,77 B Média 844,51 B 1.361,57 A 1.543,60 A 662,48 B Médias seguidas pela mesma letra nas linhas não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. *(N0) sem adubação; (N1) ; (N2) ; (N3) kg ha -1 de NPK.
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