EXPERIÊNCIA DE GESTÃO INOVADORA AO NÍVEL DA MANUTENÇÃO DOS ESPAÇOS VERDES DA CIDADE DE VILA DO CONDE
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- Débora Pinheiro Chaves
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1 EXPERIÊNCIA DE GESTÃO INOVADORA AO NÍVEL DA MANUTENÇÃO DOS ESPAÇOS VERDES DA CIDADE DE VILA DO CONDE Author: Fernanda Órfão¹ Affiliation: 1 - Câmara Municipal de Vila do Conde Keywords: Espaços verdes, manutenção, gestão Objetivos: (i) conjugar as boas práticas de manutenção de espaços verdes com uma gestão eficiente dos recursos materiais, humanos e financeiros, obtendo indicadores de gestão que reflitam o sucesso ou os desvios das intervenções, e; (ii) utilizar os resultados obtidos na avaliação dos modelos de concepção de espaços verdes, no aperfeiçoamento do método de gestão e introduzir melhorias/informação no sistema de manutenção dos espaços abertos de Vila do Conde, assim como influenciar o processo de planeamento e gestão urbanística. Conclusões: Hoje é inquestionável o papel fundamental que os Espaços Verdes Públicos representam na coesão territorial, ambiental e social das cidades, assumindo-se como polos de desenvolvimento e fatores imprescindíveis ao bem-estar das populações. Com base neste pressuposto, a Câmara Municipal de Vila do Conde tem vindo a assegurar a qualificação ambiental e paisagística do seu território dotando-o de espaços verdes que defendem a manutenção das funções ecológica-ambientais na paisagem urbana e se constituem como estruturas de suporte às atividades de fruição, recreio e lazer num registo de embelezamento da cidade. Assegurar a sua manutenção numa base de sustentabilidade coloca-nos permanentes desafios no que diz respeito à gestão dos recursos materiais e humanos disponíveis e às, não despiciendas, expectativas funcionais e estéticas que as comunidades têm relativamente aos seus espaços verdes públicos. Igualmente, requerem na sua gestão a observância de conceitos ambientais e de boas práticas de manutenção, que aportem boa governança, responsabilidade social e atualidade de procedimentos. Estas premissas convocam-nos para encontrar soluções inovadoras que apliquem os princípios das melhores práticas de manutenção de espaços verdes e, simultaneamente, uma abordagem organizacional integrada que permita a execução das operações e o planeamento das atividades de uma forma mais informada e um eficiente controlo de custos que assegure a sustentabilidade económica do sector. Nos últimos anos o plano de gestão dos Espaços Verdes e Jardins Públicos do município de Vila do Conde, tem sido acompanhado pelo desenvolvimento e aplicação de um conjunto de
2 instrumentos gestão que permitem otimizar o desempenho do sector. Neste contexto, foi encetado, em 2005, um processo de inventariação de todos os espaços verdes públicos da cidade e do concelho e criada uma Base de Dados Geográfica de apoio à gestão e ao planeamento dos espaços verdes públicos. O modelo de organização dos espaços verdes, assenta na identificação de cinco tipologias de espaços verdes, cujo formulário de intervenção tem por base os atributos de cada tipologia e o seu grau de importância e analogia no contexto urbano. A diversidade de funções, as formas e a dimensão de cada um dos espaços foram conformados a uma moldura regular, que permitiu agrupar os espaços verdes em cinco tipologias: Espaços Verdes com Equipamento Desportivo; Espaço Verde de Enquadramento; Jardim público; Parque, e; Recintos Escolares; e uma categoria de árvores de arruamento. Conf. Fig.1 Fig. 1 - SIG- Exemplo do formato da informação inventariada. Fonte: SIG/CMVC O Sistema de Informação Geográfico é uma ferramenta que nos permite percepcionar o estado da situação atual, estabelecer correlações e interações entre as diferentes tipologias, extrair relatórios de análise histórica, efetuar estudos de evolução, proceder a tratamentos estatísticos e obter indicadores de gestão. Conf. Fig.2
3 Fig.2 Dados para a Categoria - Árvores de Arruamento. Fonte: SIG/CMVC Paralelamente, operam no sector duas outras ferramentas auxiliares que permitem otimizar o desempenho da organização: o programa da Contabilidade de Custos (CC) focalizado na gestão dos meios disponíveis, através do registo das atividades e dos recursos alocados; e o Sistema de Gestão da Qualidade (SGS), segundo a norma NP EN ISO 9001:2008 direcionado para os procedimentos e para a sustentabilidade social, na medida em que objetiva a satisfação da população. O sistema de CC é um instrumento de trabalho que regista e reúne os dados operacionais do sector, no que se refere à realização das atividades e aos recursos alocados por entidade (ID), e permite obter informação resumida ou detalhada sobre a utilização dos recursos e a produtividade e o desempenho da organização, sob a forma de indicadores. Conf. Fig. 3
4 Fig. 3 - Exemplo Registo de dados do SCC. Fonte: SCC/DEVJP/CMVC- Ano 2014 Para o universo dos espaços verdes da cidade, podemos de forma expedita, através de gráficos, visualizar a proporção da área afeta a cada tipologia e o peso dos recursos que lhe são alocados, assim como percepcionar as tendências e estudar a relação de correspondência entre outras variáveis. Conf. Fig. 4 Fig. 4 - Tipo de informação extraída do Sistema. Fonte: DEVJP/CMVC- Ano 2014 Quanto ao Sistema de Gestão da Qualidade, este focaliza-se no cumprimento das boas práticas de manutenção dos espaços verdes e na satisfação dos Munícipes, assegura a manutenção adequada e em boas condições de utilização de todos os espaços verdes e jardins públicos, num registo de eficiência e sustentabilidade. A conjugação destes instrumentos de trabalho permitiu uma melhoria significativa da gestão dos recursos materiais e humanos afetos à divisão. Esta abordagem organizacional holística possibilitou igualmente um planeamento das atividades mais informado e um eficiente controlo de custos, os quais se traduzem na otimização de resultados e na reorientação de políticas e práticas de intervenção. Por exemplo, o reconhecimento de situações de excessiva carga de manutenção incita-nos a questionar a eficiência das operações culturais empregues e a procurar estabelecer o uso de novas técnicas de manutenção ou práticas culturais mais ajustadas a um formulário de
5 conservação e de gestão consentâneo com os objetivos da sustentabilidade ambiental e da viabilidade económica. Convoca-nos, igualmente, a reequacionar a composição paisagística dos espaços, a introduzir melhorias e a propor ou a alterar problemas estruturais do desenho de determinados espaços verdes. Interroga-nos ainda sobre o saber e a motivação das equipas de trabalho e a necessidade de implementar ações de formação que torne mais aptos os recursos humanos disponíveis. A evidência dos indicadores, conjugada com o nível de satisfação dos munícipes, permite-nos também, a montante, influenciar o processo de planeamento e de gestão urbanística e a concepção de novos espaços verdes. Conf. Fig. 5 Fig. 5 - Mapa de Indicadores relativos a Fonte: SGQ/DEVJP/CMVC Este persistente esforço de eliminar práticas de gestão pouco formais e insuficientemente documentadas, vai dando lugar a procedimentos normalizados, suportados em bases de dados credíveis e processos bem documentados. Os registos obtidos permitem a consolidação do planeamento, o controlo das atividades e a gestão de recursos, os quais possibilitam por fim otimizar o desempenho da organização e melhor informar os decisores políticos na sua tomada de decisão. BIBLIOGRAFIA A bibliografia que se apresenta refere obras que de alguma forma têm acompanhado o desempenho técnico da proponente e que, neste relatório, foram consultadas para confirmar ou aferir conceitos. ALFAIATE, M. T. (1992). Sistema de Espaços Abertos. Lisboa: Revista Agros.
6 CABRAL C, F. (1993). Fundamentos da Arquitetura Paisagista, Lisboa: Instituto da Conservação da, Natureza. CABRAL C, F. & TELLES, R. G. (1999). A Árvore. Lisboa: Assírio & Alvim. FADIGAS, L. S. (1993). A natureza na Cidade. Uma perspetiva para a sua integração no tecido urbano. Dissertação de Doutoramento, Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa. FRANCO, J. A. (1984). Nova Flora de Portugal, II. Lisboa. LAMAS, R. G. (2004). Morfologia Urbana e Desenho da Cidade. Lisboa: Fundação Caloustre Gulbenkian. LEI de Bases do Ambiente, Imprensa Nacional e Casa da Moeda, 1987, LEI nº 11/87, de 7 de Abril. MAGALHÃES, M. (1992). A evolução do Conceito de Espaço Verde Público Urbano. Lisboa: Revista Agros nº. 2, Dez. MAGALHÃES, M. (2001). A Arquitetura Paisagista. Morfologia e Complexidade. Lisboa: Editorial Estampa. TELLES, R. G. et al. (1997). Plano Verde de Lisboa. Lisboa: Edições Colibri.
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