APRENDIZAGEM POR PROBLEMAS: UM MÉTODO CENTRADO NO ALUNO E PROMOTOR DO TRABALHO COLABORATIVO
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- Catarina Freire Sabrosa
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1 APRENDIZAGEM POR PROBLEMAS: UM MÉTODO CENTRADO NO ALUNO E PROMOTOR DO TRABALHO COLABORATIVO Isabel Chagas 1, Gonçalo Pereira 1, Fernando Rebola 2, Dulce Mourato 1, Cláudia Faria 1 1 Centro de Investigação em Educação, FCUL, 2 Escola Superior de Educação de Portalegre michagas@fc.ul.pt, goncalobarreiro@yahoo.com, frebola@gmail.com, dmourato@gmail.com, cbfaria@fc.ul.pt Resumo A prendizagem por Problemas (APP) tem vindo a ser aplicada numa diversidade crescente de contextos tanto a nível superior como nos níveis básico e secundário, resultando num elevado número de variedades de aplicação. A APP apresenta-se actualmente como um método adequado para dar respostas às actuais exigências curriculares, nomeadamente em ciências, em que se advoga que os jovens desenvolvam hábitos de raciocínio, pesquisa e resolução de problemas que lhes permitam ter sucesso num mundo de rápidas mudanças. A presente oficina tem como objectivos promover a discussão acerca da aplicabilidade da APP no processo de ensino-aprendizagem das ciências nos níveis básico e secundário e contribuir para a clarificação da APP no quadro dos métodos de resolução de problemas existentes. Como estratégia procede-se ao trabalho em grupo tutorial centrado na resolução de um problema, seguido de uma discussão geral acerca das implicações deste método no processo de ensino-aprendizagem nas disciplinas de ciências. Introdução O método de Aprendizagem por Problemas (APP) foi delineado há cerca de quarenta anos no âmbito da educação médica como resposta às críticas de então de que as práticas de ensino se estavam a tornar pouco efectivas na preparação dos estudantes, dada a explosão da informação médica e da nova tecnologia, e as necessidades de mudança da prática futura (Boud e Feletti, 1997). A APP foi inicialmente proposta por Barrows e Tamblyn como sendo a base para a estruturação de um currículo promotor de uma educação multidisciplinar, centrado no aluno e orientado para uma aprendizagem ao longo da vida. Este novo método correspondia a um processo de ensino-aprendizagem que partia
2 de cenários problemáticos, encorajando os alunos a comprometerem-se no processo de aprendizagem (Savin-Baden e Major, 2004). Desde a sua criação que a APP tem vindo a ser aplicada numa diversidade crescente de contextos tanto a nível superior como nos níveis básico e secundário, resultando num elevado número de variedades de aplicação. Contudo, apesar de não haver práticas instituídas universalmente para a APP, Boud e Feletti (1997) apresentam o seguinte conjunto de características, subjacentes a este método: envolve o recurso a materiais estimulantes que incentivam os alunos a discutir um problema, questão ou assunto relevante; implica a resolução de um problema que se apresenta como uma simulação ou recreação de uma situação da vida real; promove o pensamento crítico dos alunos através de um processo préestabelecido e sob orientação do professor(a)/tutor(a) que inclui a análise do conhecimento prévio, a proposta e discussão de diferentes possibilidades, a pesquisa em fontes de informação diversas e a avaliação do trabalho desenvolvido no sentido da resolução de um dado problema; encoraja a aprendizagem colaborativa, incentivando os alunos a investir no grupo de forma a, sob a orientação do(a) professor(a)/tutor(a), aprofundar, analisar e discutir a informação colhida quanto à sua pertinência e relevância para a resolução do problema; reforça a autonomia dos alunos que, ao longo do processo, são solicitados a: identificar as respectivas necessidades de aprendizagem, usar os recursos à sua disposição na pesquisa de informação adequada àquelas necessidades, reaplicar o conhecimento adquirido na abordagem do problema original e avaliar o processo de aprendizagem vivenciado. Dahlgren e Dahlgren (2002) descrevem três qualidades do ambiente de aprendizagem APP como essenciais ao desenvolvimento de competências de diferentes domínios (conhecimento, raciocínio, comunicação) e de atitudes positivas relativamente à aprendizagem em geral e às disciplinas em estudo: processa-se em contexto, envolve interacção social e é auto-direccionado. No que se refere à primeira qualidade, na APP, cenários da vida real são usados como ponto de partida para a concepção de um dado problema. O objectivo é encorajar o(a) aluno(a) a desvendar os seus conhecimentos
3 prévios, a identificar o que precisa de saber e a integrar as novas informações numa estrutura significativa de conhecimento. A segunda qualidade da APP, apontada por aqueles autores, é a ênfase em fazer com que os alunos reflictam acerca de e verbalizem o seu conhecimento. A forma básica de trabalho é a tutoria, em que um grupo pequeno de alunos trabalha em grupo com um tutor. As discussões em grupo, nas quais os alunos, eles próprios, têm de clarificar a sua compreensão e identificar as suas necessidades de aprendizagem, são consideradas importantes para a formulação, síntese e avaliação do conhecimento. O papel do professor passa do tradicional transmissor de conhecimentos ao de tutor, em que a sua tarefa principal é facilitar as aprendizagens dos alunos, monitorizando e questionando todos os processos nos quais as tarefas de aprendizagem são formuladas e relatadas. O processo de aprendizagem é assim tornado explícito e acessível à meta-cognição e reflexão pelo(a) aluno(a). A terceira qualidade da APP refere-se às situações de ensino-aprendizagem que gera, promotoras da construção e da aquisição de uma consciência meta-cognitiva, permitindo que os alunos se tornem independentes e responsáveis pela sua própria aprendizagem ao longo da sua vida. Para o conseguir os alunos exercitam capacidades de formular os seus próprios objectivos de aprendizagem, de identificar recursos adequados para os atingir, de escolher estratégias apropriadas, e de avaliar os resultados conseguidos. Dadas as suas características e qualidades a APP apresenta-se actualmente como um método adequado para dar respostas às actuais exigências curriculares, nomeadamente em ciências, em que se advoga que os jovens educados para o século XXI precisam de desenvolver hábitos de raciocínio, pesquisa e resolução de problemas que lhes permitam ter sucesso num mundo de rápidas mudanças. Estrutura da Oficina Objectivos: - promover a discussão acerca da aplicabilidade da APP no processo de ensinoaprendizagem das ciências nos níveis básico e secundário; - contribuir para a clarificação da APP no quadro dos métodos de resolução de problemas existentes. Estratégia: Resolução de um problema em grupo tutorial.
4 Discussão em grupo e alargada aos participantes, centrada no processo vivenciado. O processo de ensino-aprendizagem segundo a APP pode seguir vários modelos. O modelo designado por Seven-jump (van der Vleuten, 2000 citado por Dias, 2004), esquematizado na Figura 1, compreende os seguintes passos: 1. clarificação de termos; 2. definição do problema(s); 3. análise do problema(s) (brainstorm); 4. estruturação de ideias; 5. formulação de objectivos de aprendizagem; 6. recolha de informação nova (fora do grupo); 7. relatório, síntese e avaliação da informação adquirida. Figura 1 Modelo APP Seven-Jump (van der Vleuten, 2000 citado por Dias, 2004) Programa: Duração Actividade 15 min Percepções dos participantes acerca da APP 45 min Trabalho de grupo: discussão tutorial 30 min Discussão geral: - a dinâmica colaborativa gerada no grupo tutorial; - implicações nas práticas de ensino em ciência
5 Referências Boud, D. & Feletti, G. (1997). The challenge of problem-based learning (2 nd ed.). London: Kogan. Dahlgren, M. & Dahlgren, L. (2002). Portraits of PBL: Students experiences of the characteristics of problem-based learning in physiotherapy, computer engineering and psychology. Instructional Science, 30, Dias, M. (2004). A aprendizagem por problemas na formação em tecnologias da saúde: Um caso de inovação curricular. Tese de mestrado, Universidade de Lisboa, Lisboa. Savin-Baden, M. & Major, C. (2004). Foundations of problem-based learning. Maidenhead: Open University Press.
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